"O copo do Benfica está meio cheio ou meio vazio? Entre defeitos e virtudes, Rui Vitória está obrigado a uma cuidada gestão...
O Benfica arrancou ontem, na pedreira onde Souto Moura viu antes dos outros um estádio de futebol, uma vitória importantíssima, que merece ser dissecada. Neste momento, parece claro que o copo do Benfica tem água pela metade, o que nos remete para a dúvida clássica: está meio cheio, ou pelo contrário, está meio vazio? Se olharmos a questão pelo prisma dos resultados nos dois últimos jogos, ambos de dificuldade muito elevada e ganhos pelo mesmo score, a conclusão a que se chega é a de que está meio cheio, com tendência para encher; e se avaliarmos a arterialidade entre jogadores e a forma como se dão ao combate, também haverá razões para pensar positivamente em relação à equipa de Rui Vitória; finalmente, se juntarmos às dificuldades a ausência de duas pedras nucleares, Ederson e Jonas, os substitutos saem com nota alta e a equipa não terá sofrido qualquer erosão.
Porém, se compararmos o controlo do jogo que o Benfica já teve noutras alturas da temporada em curso com o que consegue hoje, a tentação será dizer que o copo está meio vazio; ao mesmo resultado se chega se levarmos em linha de conta número de bolas perdidas a meio-campo e a tremenda dificuldade em sair a jogar sob pressão; e há outro problema, a equipa jogo muitas vezes com as linhas demasiado longe e o jogo (como aconteceu ontem) parte-se com enorme facilidade.
É nesta ambivalência que vai vivendo o Benfica, sem que se possa dizer com precisão quais quais são as cenas dos próximos episódios. Mais do que nunca, Rui Vitória precisa de ir fazendo uma gestão de motivação jogo a jogo, procurando fazer a sintonia fina do momento de forma de cada um dos seus jogadores, especialmente os que labutam na casa das máquinas. Há um ano, com Renato Sanches e Fejsa em grande forma, o Benfica arrancou para uma das conquistas mais épicas da sua história. Hoje, terá de encontrar no colectivo a resposta para a ausência de um jogador com as características do actual jogador do Bayern e isso nunca será tarefa fácil.
Quanto à arbitragem, por mais que os responsáveis encarnados façam ouvir a sua indignação, não podem permitir que o ruído chegue à cabina. Os jogadores devem preocupar-se com outras coisas e se estiverem preocupados com o árbitro perdem foco e qualidade.
ÁS
Rui Patrício
Chegou ao jogo 400 do leão ao peito, o que é uma marca fantástica, capaz de fixá-lo como o quinto cavaleiro das redes leoninas, depois de Azevedo, Carlos Gomes, Carvalho e Damas. Marcou esse feito com uma exibição superlativa, ganhando o jogo ao Rio Ave. Com Portugal sempre grato, o Sporting a seus pés (e mãos...).
ÁS
Kostas Mitrolgou
Era uma vez em grego que fintou metade da cidade de Braga dentro de uma cabina telefónica e tirou um coelho da cartola em forma de golo que valeu ao Benfica a manutenção da liderança da Liga. Com a luta pelo título entre águias e dragões ao rubro, este pode ter sido uma dos momentos do campeonato...
DUQUE
Luís Ferreira
O árbitro da AF Braga passa por um período complicado, onde erra por manifesta falta de confiança, sucumbido à pressão exterior. Ainda estão no ar os ecos da catastrófica arbitragem do Benfica, 3 - Boavista, 3 e já soam os tambores da contestação às decisões erradas que tomou no FC Porto, 4 - Tondela, 0.
O que Jesus provavelmente quereria dizer
«As boas equipas são as que ganham sem jogar bem!»
Jorge Jesus, treinador do Sporting
Jorge Jesus sabe muito de futebol. Porém, muitas vezes, não consegue verbalizar exactamente aquilo que está no seu pensamento. Após o jogo com o Rio Ave, se não o conhecêssemos, tenderíamos a dizer que era tonto. Porque as boas equipas são as que jogam bem. Pelo menos a maior parte das vezes. Mas são também capazes de ganhar sem jogar ao melhor nível. Coisas diferentes...
A magia irrepetível da Taça de Inglaterra
A Taça de Inglaterra é tão especial que numa jornada em que o campeão em título da Premier League foi eliminado pelo sétimo do terceiro escalão (Milwall, 1 - Leicester, 0), o principal destaque pertenceu ao Lincoln, da quinta Divisão, que varreu o Burnley, primodivisionário. Impossible is nothing, o sonho é o limite!
Um herói português
O Pavilhão Carlos Lopes (1932), joia da arquitectura e local emblemático do desporto nacional, está recuperado (parabéns a Fernando Medina!) e fez coincidir a reabertura com o septuagésimo aniversário do atleta que lhe deu nome (em 1984, passou de Pavilhão dos Desportos a Pavilhão Carlos Lopes). Um dia feliz para o campeão que nos fez vibrar e sofrer na final dos 10 mil metros de 1976, perdida para Viren, em Montreal, e nos levou ao Olimpo, oito anos depois, em Los Angeles, na madrugada mais doce de que há memória no desporto português..."
José Manuel Delgado, in A Bola