"1 – Depois de termos sido campeões da Europa, é normal que as expectativas em relação à prestação da Selecção Nacional no Mundial fossem altas. A própria equipa de Fernando Santos é que nos foi dando essa confiança ao longo dos últimos anos, de jogo para jogo. No entanto, a prestação portuguesa ficou-se pelos oitavos-de-final. Uma participação digna, com altos e baixos, e que poderia ter tido outra história se tivéssemos saído vencedores do grupo.
Após uma estreia interessante com a Espanha, onde Portugal sofreu, mas também produziu bons momentos, a intensidade e dinâmica apresentadas nas partidas com Marrocos e Irão não estiveram ao nível do que a nossa equipa e seus jogadores são capazes. O empate com o Irão (resultante de uma decisão muito duvidosa do VAR) acabou por impedir a vitória no grupo, o que nos colocaria na parte mais acessível da eliminatória, onde poderíamos, talvez, ter mais possibilidades de sucesso (mesmo assim, a Espanha acabou eliminada).
Infelizmente, e apesar de termos feito o nosso melhor jogo frente ao Uruguai, encontramos uma equipa muito inteligente e eficaz, que soube aproveitar os nossos deslizes e defender quase sempre de forma eficiente. Os jogadores portugueses deram o seu melhor, mas não foi possível chegar à vitória. É tempo de perceber o que falhou e como melhorar. Talento não falta. A novíssima Liga das Nações da UEFA chega em Setembro e teremos rivais fortes pela frente: Itália e Polónia.
2 – Sobre as 8 selecções resistentes neste Mundial da Rússia, Brasil e França surgem como as grandes favoritas ainda em prova (possível encontro marcado nas meias-finais), Inglaterra, Croácia e Bélgica, com muito talento individual, surgem numa segunda linha de favoritismo, enquanto que o rigor táctico de Uruguai e Suécia, faz também com que tenham uma palavra a dizer. E a Rússia, contra todos os prognósticos, está a tirar proveito do factor casa e da forte motivação dos seus atletas.
Uma palavra para o percurso impressionante dos suecos. Numa equipa com vários campeões europeus de sub-21 (final ganha a Portugal em 2015), a sua disciplina defensiva tem permitido equilibrar jogos potências maiores. Na fase de apuramento, venceu a França e deixou a Holanda fora do Mundial. Depois eliminou a Itália no playoff. Vendeu cara a derrota com a Alemanha na fase de grupos, mas venceu o grupo e afastou os germânicos. E acaba de superar uma talentosa equipa da Suíça. A par da Rússia, é a grande surpresa deste Mundial.
3 – O futebol não para. Com a Selecção Nacional de regresso a casa é tempo de voltar a olhar para os clubes, que já iniciaram os trabalhos de preparação para a nova época. Com muita coisa por definir nos elencos que as equipas vão apresentar na temporada 2018-19, é altura de começar a afinar as máquinas do ponto de vista físico e táctico, integrar os novos elementos no seio dos grupos e introduzir as principais ideias dos técnicos, para definir a personalidade que terão as equipas ao longo dos próximos meses.
FC Porto e Benfica parecem mais adiantados no planeamento das respectivas formações, mas com o mercado de transferências aberto (e o ávido interesse de clubes mais endinheirados nos seus jogadores) tudo pode mudar de um momento para o outro. Já o Sporting corre contra o tempo para formar a sua equipa. A pouco mais de mês do início das competições, possui alguma margem para recuperar terreno, mas terá de ser rápido nas decisões a tomar.
O Craque – Novo desafio?
Depois de tudo conquistar ao serviço do Real Madrid, Cristiano Ronaldo poderá estar em vias de protagonizar uma das transferências mais marcantes dos últimos anos. Itália pode ser o próximo destino, com a Juventus pronta para o receber de braços abertos. Aos 33 anos, tem ainda muitas épocas de alto nível pela frente e vai a tempo de marcar uma era no "esquecido" futebol italiano, com as atenções a poderem voltar de novo para a liga transalpina e, em particular, para os jogos do melhor jogador do Mundo. Falta saber se o seu futuro passa por aí.
A Jogada – A escolha do Sporting
Numa fase como a que vive o Sporting, com muitas indefinições relativamente à equipa de futebol e um processo eleitoral a caminho, era importante que o treinador da equipa principal fosse alguém conhecedor da realidade do clube e do futebol português, de modo a rapidamente se adaptar e colocar a máquina em andamento. José Peseiro foi o homem escolhido. Não é uma escolha consensual, mas trata-se de um treinador competente, que no passado levou o clube a uma final europeia e que gosta de futebol ofensivo. É uma opção válida e com lógica.
A Dúvida – Treinador a prazo?
Ainda sobre o Sporting, e depois de já ter prescindido de Sinisa Mihajlovic, a possibilidade de os candidatos à presidência do clube prometerem a vinda de novos treinadores, como aconteceu ontem, coloca muitas reservas sobre as condições que José Peseiro terá para executar o seu trabalho nestes primeiros 2 meses. Não é justo para o treinador que está agora a começar este projecto, mas é certo que o futuro presidente terá a legitimidade de escolher o timoneiro com quem quer trabalhar. Terá a atual equipa técnica a estabilidade necessária para trabalhar em plena campanha eleitoral?"