Últimas indefectivações

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lama negra sobre o azul

"Não faltarão agora aqueles que, de costume, após uma derrota realmente difícil de engolir, sobretudo quando sentimos de certa forma nascida de estranhos erros próprios, vêm exigir cabeças para o cadafalso.
Nada de mais injusto. Nada de mais disparatado.
Se é certo que é nos próprios desaires - e às vezes, nos mais dilatados e mais inconvenientes - que devemos procurar as alavancas dos maiores triunfos futuros, 'a quente' jamais sabemos usar do discernimento suficiente para avaliar as razões e causas, e ainda menos, as terríveis consequências de uma derrota pesada.
Diria, aliás, como recomendava o prudente Wellington - grande general britânico de todas as guerras da primeira metade do séc- XIX - que o mais adequado é que a serena avaliação acerca do real estado das nossas capacidades perante um adversário, seja oportunamente feita, com prudência, sensatez e frieza, antes do confronto se realizar. E não depois. Ou durante.
Mas o que não é aceitável, muito menos no que se refere directamente aos verdadeiros generais em expedição, é que, por causa de uma batalha perdida no terreno (mesmo que por muitos...), logo o povo ponha em causa a capacidade de raciocínio ou o próprio espírito competitivo dos cabos de guerra. Sobretudo quando não há terceiros a influir nas decisões.
Os historiadores que se referem às estrondosas vitórias de Arthur Wellesley, o 1º. Duque de Wellington (ou às suas sucessivas derrotas políticas como tory, nos gabinetes de Londres), não tiveram que recensear ao tempo, quaisquer árbitros ou juízes, desses que, em Portugal e no futebol dos nossos dias, vivendo às custas dos seus artistas, tantas vezes ditam inapelavelmente as leis das vitórias e das derrotas, segundo as ordens de patrões inatingíveis e impunes...
E a verdade é que quando, no contexto da luta (em que ainda somos nós os Campeões) chegámos a esta última batalha que viemos a perder com estupor, já estes 'rapazes de preto' tinham cumprido há muito os serviços sujos que o nosso adversário lhes encomendara: apesar dos números inusitados do domingo passado, a lama negra manchará indelevelmente, para sempre, o azul deste campeonato de 2010/11.
Não o podemos perder de vista. E não seja o melindre por que passamos momentaneamente, que degenere em qualquer desespero, tipo 'noites de cristal'. Em vez de fragilizarmos os nossos, saibamos não esquecer que a maior vergonha, afinal, é a da cabazada que surdamente já se desenhara com a deferência da justiça e da política, muito antes dos jogos e fora de qualquer campo de torneio."

José Nuno Martins, in O Benfica

A noite de Gaitán

"Esta semana muitas pessoas me perguntaram se tinha deixado de gostar do mister, dado o fim do namoro que aqui ditei no rescaldo do Dragão. Gosto muito do mister, e acho muito bem que Luís Filipe Vieira afirme que JJ “não está a prazo”. Para mim, apesar da emotividade com que vivo o meu Glorioso, ninguém passa de bestial a besta assim. E vice-versa. Mas o mister errou.

Ontem foi uma noite de constatações. Há algumas verdades populares incontornáveis e uma delas é que em equipa vencedora não se mexe. Sem capitão mas com quase toda a gente no lugar, vencemos a Naval por 4-0. Não sem esforço de Roberto que, mais de 600 minutos depois, acho finalmente bestial. Mas o ponto de interrogação foi-me perseguindo partida afora. Saviola fez o que só ele sabe e na 5.ª assistência para golo serviu Kardec aos 10’: mister, por que raio ficou El Conejito no banco, há uma semana? 5’ depois Gaitán assiste Aimar, e lá vem a interrogação: mister, por que é que no Porto o Gaitán só entrou após o intervalo? E a questão ganhou força aos 47’ e aos 62’, com dois belos golos do argentino.

A Naval nunca se resignou, mas se no Dragão metemos água ontem nem a vencer por 3 pusemos água no jogo. O nosso meio-campo recuado ressentiu-se da falta de Javi e mostrou pouca consistência, e o contra-ataque trouxe-nos perigo. Airton não ocupa espaço, não trava ou recupera como Javi. Confirmaram-se as parcas competências de Sidnei e David Luiz ainda está de cabeça perdida. Mas, como dizia o meu amigo António Machado, velha glória do Benfica de Castelo Branco, a noite era de Gaitán. Provou-se que o flanco esquerdo, com a dupla

Coentrão/Gaitán, faz bonito e não vale a pena inventar. Nuno Gomes entrou, marcou e chorou. Aos 89’ chorei com o 21. A noite acabou em festa grande. Até Aveiro."


Marta Rebelo, in Record

PS: Aqui está o post numero 1000 d'O Indefectível !!!

SOS

"Era um daqueles jogos que só poderiam roçar a perfeição. Sabia-se que o FC Porto estava forte, consistente, empolgado. Sabia-se que o Benfica, em franca desvantagem pontual, teria que se aproximar do líder ou, no mínimo, não permitir que se acentuasse a diferença. Exigia-se um Benfica no limite da competência, do esforço, da ambição.
O jogo até nem começou mal, pautado pelo equilíbrio. Só que um quarto de hora bastou para que o adversário sentenciasse o despique.
Sorte? Sorte, também.
Que dizer a três oportunidades e outros tantos golos?
Ainda assim, surpreendentes e fatais fragilidades defensivas do conjunto 'encarnado', hipotecando a discussão da partida.
Depois, conta pouco.
Do ponto de vista emocional, o Benfica como que se entregou à desventura, nem valerá a pena protestar um penálti falso ou o desigual critério disciplinar do árbitro, que as contas, essas, já estavam há muitos encerradas.
E agora?
Agora é que se vai perceber o peso real do benfiquismo, o valor efectivo dos adeptos. Não pode haver renúncia no mês de Novembro, quando a temporada termina em Junho.
SOS vermelho?
Para levar a sério, para cumprir sem indecisões."

João Malheiro, in O Benfica

Culpa própria

"Sou benfiquista para o melhor e para o pior, para as alegrias e para as tristezas. E, portanto, foi como benfiquista - habituado a ganhar mas que também aprendi a perder - que me entristeceu a pesada derrota no Porto porque, desta vez, merecemos perder. Não foram os erros do árbitro - que os houve - nem a brutalidade ou faltas arrancadas a ferros pelo adversário - que foram muitas e algumas decisivas - que justificaram a pesada derrota de domingo passado. O Benfica perdeu por culpa própria- Há que dizê-lo, pois de nada serve enterrar a cabeça na areia. E a única maneira do Benfica ser forte é reconhecer as suas fraquezas, aprender com os erros, emendar a mão quando falha.
Uma derrota no Porto não é nada que afaste o Benfica dos seus objectivos, como se viu no ano passado. Mas o Benfica saiu do campo com uma equipa condicionada por castigos para as próximas jornadas. Ou seja, o Benfica poderá ter perdido mais do que um simples jogo num desafio em que entrou mal e - depois de um período de algum equilíbrio - saiu ainda pior.
Apesar de considerar que desta vez o árbitro não teve influência no resultado, há uma atitude de Pedro Proença que não pode passar sem referência. Falo da benevolência e até dos sorrisinhos, que as câmaras de TV registaram, com que o árbitro tomou conhecimento da saraivada de bolas de golfe que atingiu a zona da baliza - e algumas o guarda-redes Roberto - antes do início da segunda parte. E aqui estarei para ver o que acontece, face à apreciação do árbitro e do delegado da Liga, ao estádio do clube onde agressões desse tipo a uma equipa adversária se sucedem impunemente.
Quando ao Benfica, a mais urgente e necessária vitória será longe da nossa vista, no balneário."
João Paulo Guerra, in O Benfica

A 'guerra' está por vencer

"Depois de um fim-de-semana aziago será necessário um momento de reflexão e bom senso entre as hostes benfiquistas. De facto, o jogo do Dragão não nos correu bem. Perdemos, porque naquele jogo o adversário foi superior e porque teve uma margem de aproveitamento muito grande, o que nos custou um resultado negativo e profundamente doloroso. Quero antes de mais deixar um reparo. Fui dos primeiros, entre amigos que comigo assistiam à partida, a partilhar e a aceitar o 'onze' de Jorge Jesus para a partida. Seria fácil estar aqui a crucificar - depois do jogo terminar - A ou B pelas opções. Não o quero fazer porque não sou ingrato a quem me deu já tanta alegria. Para mim, fazia sentido colocar o nosso melhor defesa a 'tapar' as investidas de Hulk, avançando Coentrão para o meio. Com esta opção o Benfica podia ganhar maior elasticidade no ataque e Coentrão ficaria mais vezes perto da baliza adversária. Por outro lado, a inclusão de Carlos Martins ao lado de Javi Garcia com Aimar mais avançado era outra opção com sentido. O Benfica preenchia com três unidades (que sabem circular bem a bola) uma zona nevrálgica do terreno e equilibrava aquele sector que via no lado oposto Moutinho, Belluschi e Guarin a alimentar o jogo ofensivo adversário. A inclusão de Salvio, no lado direito, compreende-se pelo factor surpresa e, acima de tudo, pela exibição positiva que tinha registado uns dias antes frente ao Lyon. Mas a equipa não se conseguiu soltar, raramente criou oportunidades e nunca agarrou o domínio da partida.
Teremos de levantar a cabeça e continuar a lutar pelos objectivos, nunca deitando a toalha ao chão. A história gloriosa deste Clube fez-se, também, nos momentos de adversidade, e a sua imensa massa adepta sempre soube reagir. Quando perdemos por 7-1 em Alvalade demos a volta por cima a acabámos campeões. O Campeonato, à 10ª- jornada, apesar de difícil, está longe de estar entregue e temos de continuar a acreditar. Ao contrário de outros que se 'pelam' por um resultado negativo para sair da toca e criticar tudo e todos, eu prefiro dar a cara, assumir os erros que foram cometidos, e partir para uma nova batalha de cabeça bem erguida e a pensar que a guerra está ainda por vencer.
Nota final: Profundamente lamentáveis as declarações do presidente da Assembleia Geral do Sporting, Rogério Alves, na segunda feira ao almoço à Rádio Renascença sobre o resultado do 'clássico' de domingo, mostrando uma atitude de gozo e brejeirice no discurso, pouco consentâneo com as responsabilidades do cargo que ocupa. Chegou ao ponto lastimável de apelidar o nosso clube de fanfarrão. Esqueceu-se porém de um pormenor. Faltava ao Sporting jogar e vencer o V. Guimarães. Lá diz o ditado que quem ri por último, costuma rir melhor."
Luís Lemos, in O Benfica

Tiro ao Roberto

"From: Domingos Amaral

To: Comissão de Disciplina da Liga

Caros Comissários de Disciplina,

Pelos vistos, os senhores nunca pegaram numa bola de golfe, mas eu explico-lhes o que é uma bola de golfe: um objeto pesado e duro, que atirado a alta velocidade e a uma curta distância, se pode tornar numa arma mortífera. Pelos vistos, os senhores nunca levaram com uma nas costas, ou na cabeça, e portanto não acham isso muito grave. Contudo, o que se passou no passado domingo no estádio do Freixo foi um ato gravíssimo de violência, um atentado ao desporto.

Não viram? Eu conto: a claque dos Super Dragões, um bando de energúmenos e cobardes, atirou uma saraivada de bolas de golfe na direção do guarda-redes do Benfica. Esses perigosos projéteis não só perturbaram o Roberto, como o atingiram nas costas, tendo o jogo sido interrompido e ele assistido. A sua integridade física foi posta em causa, e só por acaso os danos não foram mais graves. Caso os senhores não saibam, se uma das bolas lhe tem acertado na cabeça, o guarda-redes do Benfica poderia estar hoje ferido gravemente, incapacitado para a sua profissão, ou até pior. Mas, é óbvio que para os senhores nada disto é grave e não merece mais que uma mísera multa.

Noutro país, o estádio do Freixo ficaria interdito uns jogos, mas os senhores voltaram a ser um órgão manso, cobarde, e nas mãos do FC Porto. E é graças a pessoas como vocês que a onda de violência azul e branco não vai parar.

PS: Srs. Miguel Sousa Tavares e Rui Moreira, têm coragem para se colocarem a 20 metros de mim, para eu vos atirar bolas de golfe? Pois, bem me parecia..."

Domingos Amaral, in Record

A extraordinária história da sobrevivência dos Prosegur's !!!

RAP final

Grande Ricardo !!!