Últimas indefectivações

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

As lágrimas das carpideiras...

"O Benfica rubricou uma exibição muito boa contra o V. Guimarães. Tanto a exibição como os três pontos aumentaram a esperança de conquistar o Campeonato a uma jornada do fim da primeira volta.
O Campeonato tem saído quase sem mácula, não fosse aquele azar de Artur contra o Sporting, alguma infelicidade contra o SC Braga e vivíamos o reino da perfeição pontual. Mas faltam 54 pontos para disputar, mais de metade do Campeonato, teremos de concluir que a procissão ainda vai no adro.
Falo em procissão, porque há quem fale em andor e, como se sabe, são as carpideiras aquelas que mais perto ficam a fazer ruído. O problema das carpideiras é que são pagas para chorar, não são verdadeiras nem naturais as lágrimas que vertem, não há nem razão nem sentimento no que representam e por isso é ancestral uma generalizada repulsa social pela actividade, que ainda assim subsiste com alguns patrocínios. Sob o ponto de vista etnográfico é até giro o estudo das causas e das motivações.
Domingo, vamos onde perdemos o ano passado, tradicionalmente difícil os Barreiros são o ponto de viragem do campeonato. Dobrar o Bojador com seis pontos de vantagem era excelente.
É sempre muito arriscado fazer análises individuais numa equipa que vale essencialmente pela ideia de jogo e pela consistência com que se apresenta, mas Jonas é um jogador que não pára de surpreender. Corre como um miúdo, luta como um batalhador, tem o feeling dos craques e o profissionalismo dos grandes jogadores. Somadas as provas (que não foram todas) e os jogos (muitos não jogou) no fim da época vai fazer mais de 20 golos e dar outros tantos aos colegas de equipa.
Na próxima quarta-feira, em Moreira de Cónegos, espero que o objectivo seja permanecer em prova, por isso jogar para ganhar num estádio difícil e chegar à meia-final da Taça da Liga."

Sílvio Cervan, in A Bola

Um tiro aos fundos

"A Federação Internacional de Futebol decidiu proibir a utilização de fundos na propriedade dos direitos económicos dos futebolistas. Em nome da transparência e com o beneplácio da UEFA, esta alteração está a provocar um aceso debate no seio do Futebol internacional.

A FIFA, através da sua Circular n.º 1464, de 22 de Dezembro de 2014, veio proceder à alteração do seu Regulamento sobre o Estatuto e Transferência de jogadores (RETJ), em ordem a proibir a propriedade por parte de terceiros dos direitos económicos sobre futebolistas.
De uma forma sintética, os direitos económicos podem ser definidos como o direito de um terceiro, através da concessão de um empréstimo monetário, se fazer credor de um clube/SAD que pretende adquirir - ou adquiriu - os direitos federativos sobre um jogador, tendo em vista a posterior cedência desses mesmos direitos a outro clube/SAD por um valor superior, por forma remunerar o empréstimo concedido com lucro.
Com efeito, os direitos federativos sobre um jogador - o direito de um clube/SAD o inscrever numa competição desportiva - envolvem um conteúdo patrimonial, como é visível pelo valor envolvido nas transferências. E, se estes direitos apenas podem ser propriedade de um único clube/SAD, já os direitos económicos que dele emanam podem estar sujeitos a um regime de multipropriedade, isto é, a sua titularidade é divisível por vários proprietários (este sistema é conhecido: 'third-party ownership of players' economic rights - TPO').
A FIFA entende que este sistema - por comodidade vamos referir-nos a ele apenas pelas siglas TPO - coloca em causa a transparência das competições e as regras de uma competição sã. Sem nos atermos à bondade destes argumentos - mas dizendo de uma forma frontal que a decisão da FIFA, apoiada pela UEFA e por algumas ligas de Futebol, apenas visa limitar a capacidade competitiva dos clubes/SAD que têm no recurso ao TPO uma forma de capitalização desportiva e económica - interessa, sobretudo, verificar se a mesma é compatível do direito comunitário e nacional.
Sendo o Desporto profissional - e o Futebol em particular - considerados uma actividade económica, não só é lícito como aceitável - desportiva e economicamente - que os clubes/SAD recorram a instrumentos financeiros que não são exclusivos do Desporto, por forma a ultrapassarem as limitações que as suas fontes de receita lhe impõem.
O recurso ao TPO, através da celebração de contratos com fundos de investimento, foi uma das formas encontradas, em particular em Portugal e Espanha, para poder obter essas receitas que faltavam, tendo em vista a contratação de jogadores o que, de outra forma, não seria possível.
É certo que a origem do sistema TPO - na América do Sul - levou a situações de abuso, obrigando a FIFA, num primeiro momento, a intervir, através da introdução do artigo 18.º bis ao RTJF (em causa estava o caso Tévez - West Ham United, onde uma empresa detinha os direitos económicos do jogador e controlava os seus direitos laborais, uma vez que o clube não podia transferir o futebolista sem o seu consentimento expresso).
Mas, sem prejuízo do respeito pelas regras próprias do Futebol - no caso, a inviolabilidade dos direitos federativos -, existe uma obrigação dos regulamentos da FIFA em estarem conformes com a legislação comunitária, isto é, a especificidade do Desporto tem limites materiais.
Ora, esta decisão da FIFA - que se traduz na alteração aos artigos 18.º e 18.º bis do RTJF, bem como à introdução da definição de TPO - colide, em nossa opinião, não só com o ordenamento jurídico português mas, sobretudo, com o direito comunitário vigente, onde este tipo de operações está prevista e regulamentada.
Na prática, esta decisão da FIFA pode vir a ser objecto do 'crivo' por parte das instituições da União Europeia, em particular da Comissão e do Tribunal de Justiça e, em última análise, tal proibição pode não vigorar no espaço comunitário.
Mas a decisão da FIFA também colide com a jurisprudência firmada pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS/CAS), pela qual se admite expressamente, que «os 'Direitos Económicos' relativos ao jogador podem ser objecto de contitularidade e por tanto, parcialmente transferidos» (neste sentido vão os acórdãos Maiorca SAD vs Clube Atlético Lanús e Espanhol de Barcelona vs Clube Atlético Vélez Sarsfield).
Talvez por saber que a sua decisão é tudo menos pacífica, a FIFA optou por manter funcionamento o grupo de trabalho para o TPO (bem como um período de transição até à efectiva aplicação da proibição), o qual irá apresentar um novo relatório no 65.º Congresso da Organização.
O assunto, se bem nos parece, está longe de se encontrar encerrado, podendo sim evoluir da proibição para a regulamentação, como forma adequada para proteger todos os interesses envolvidos e evitar abusos.
Foi um tiro nos fundos, mas sem os afundar..."

José Fanha Vieira, in O Benfica

Inferno no Pavilhão!

"A nossa equipa de Futebol, com manueis e com joaquins, leva já 43 pontos em 16 jornadas. Melhor, só em 1984, ou seja, há mais de 30 anos. O caminho é o do título, e todo o apoio será pouco para garantir que a saga termine como desejamos. Mas também nos pavilhões, o Benfica 2014-15 vai dizimando a concorrência.
Em Hóquei, aquela que será, porventura, uma das melhores equipas da história encarnada, conta 13 vitórias em 14 jogos - das quais, as últimas três, 7-3 no Porto, 10-0 ao Valongo e 7-0 ao Sporting, são bem elucidativas da força e da classe que por ali abunda. Amanhã discute-se na Luz o 1.º lugar do grupo europeu com o Barcelona. Não andaria longe da verdade se afirmasse estarmos perante os dois melhores conjuntos do momento em todo o mundo. Para quem gosta de Hóquei, este será um petisco a não perder. E também as meninas, lideres destacadas cá no burgo, têm compromisso internacional, igualmente na Luz, diante do Voltregá.
O Basquetebol, já com dois troféus no bolso, vai passeando pelo campeonato, rumo ao Tetra. Espera-se que neste sábado alcance a 11.ª vitória em 12 jogos, precisamente sobre o único adversário que não derrotou na primeira volta: o Galitos. O jogo é em casa.
O Voleibol também joga na Luz, com o Esmoriz, e procura o 12.º triunfo em 13 partidas. Outra marca impressionante na caminhada para o Tri. A renovada equipa de Futsal tem arrasado todos os adversários. Já leva 16 vitórias em 17 jogos, grande parte delas por números esclarecedores. Este sábado inicia a luta pela conquista da Taça, em Braga.
O Andebol mantém vivas todas as esperanças para o Play-off. Amanhã enfrenta o Passos Manuel, a fechar uma grandiosa jornada à Benfica nos nossos Pavilhões.
O trabalho que tem sido feito por esta gente merece a presença em massa dos benfiquistas. Este sábado, temos uma boa oportunidade para demonstrar gratidão, por tantas vitórias; e confiança, de que elas se traduzam em títulos.
Basquete, Volei, Hóquei, Andebol e mais Hóquei. Das 15.00h às 23.00h. Força Benfica!"

Luís Fialho, in O Benfica

Incontornável

"Uma equipa incontornável foi o que mais se ouvia relativamente ao Benfica na última semana. Estivemos perante o melhor Benfica desta época 2014/2015. Um meio campo sereno e dominante, uma estrutura ofensiva que, concretizada por um insaciável Jonas, melhora de semana para semana e, sobretudo, uma linha defensiva que revela esse trabalho magnífico de Jorge Jesus ao comando do plantel.
O V. Guimarães era o terceiro classificado da Liga, a realizar uma época magnífica como resultado de um trabalho de articulação que vem já da época passada. Não foi o Vitória que esteve diferente! Foi a equipa da Luz que não deixou jogar: o Benfica jogou praticamente o jogo todo no meio campo da equipa adversária e, aos 15', poderia já ter uma vantagem de três golos, com um domínio da bola incontestável.
É hoje inegável que o Vitória de Guimarães apresenta um conjunto de activos de grande valor e em processo de aperfeiçoamento desportivo. Basta olhar para os últimos jogos da equipa para perceber elementos tão distintivos como a dinâmica ofensiva de André André, a capacidade de transição de bola de Tomané ou o perigo dos lances de bola parada de Ricardo Gomes.
Ora, não foi este Vitória que deixou de existir, por magia, à entrada do Estádio da Luz. Foi o Benfica que não deixou jogar a equipa de Rui Vitória. Um incontornável Benfica.
Hoje devemos reconhecer as verdades como elas são: a magia a que assistimos no último sábado não se deveu a apenas à capacidade de concretização de Jonas, ao toque artístico de Gaitán ou às centenas de minutos de Júlio César sem sofrer golos. Foi a construção táctica e técnica de Jorge Jesus que permitiu que chegássemos ao ponto em que nos encontramos hoje: mesmo sem o capitão Luisão, a linha defensiva mostrou-se quase imbatível.
E hoje temos de sublinhar a capacidade inesgotável de adaptação e manutenção de qualidade desportiva. Um incontornável Jorge Jesus!"

André Ventura, in O Benfica

Sempre Eusébio

"Podemos interrogar-nos sobre o que será uma instituição cultural.
Muitas teses existem sobre esta matéria e continuarão a existir, por uma simples razão, porque cada ser humano é diferente do outro ser humano. Possui uma individualidade indelével.
David Hume opôs-se ao célebre Descartes. Aquele defendia a aplicação do método experimental aos fenómenos mentais, enquanto que este último, defendia a célebre tese do 'Penso, logo existi!'.
A primeira teoria, aplicação do método experimental aos fenómenos mentais, não é mais do que a máquina de eléctrodos que hoje observa de forma fantástica o cérebro. Afinal, a imagiologia do cérebro.
É curioso que um dos grandes defensores da inteligência emocional fosse um português radicado nos Estados Unidos, António Damásio, o qual revolucionou o uso das máquinas para o estudo do cérebro humano.
A eternidade cerebral existirá, ou morre quando o corpo deixa de funcionar?
O que é afinal a eternidade?
Numa palavra, diria que é Eusébio.
Como Cosme Damião, também Eusébio perdurará, entre os vivos e nos cérebros dos que morreram, porque simplesmente se tornou uma imagem viva em cada um de nós.
E como na Natureza, nada se perde, nada se cria, mas tudo se transforma, é fácil de perceber que Eusébio andará em cada 'beca' de oxigénio que inspiramos, em cada objecto que tocarmos e mesmo, como motivação de alguns comportamentos que tomemos.
Aos vivos, caberá acentuar essa importância, reforçando a possibilidade de perdurar com mais e mais força na morte.
O Futebol é uma arte! Como a pintura, a escultura, a engenharia, o canto, a música, sei lá, uma infinidade de coisas. Até ser adepto do Benfica requer uma arte muito especial.
Escrevi no meu artigo de há 1 ano que:
Desde lições de humildade, genialidade, grandeza, traços esculturais e divinos, tudo se transformou numa simbiose entre ti e o Benfica e o Benfica e tu. Portugal e tu e tu e Portugal. O Mundo e tu e tu e o Mundo!
Como se diz hoje na juventude perdida, 'estavas muito à frente' naquela época!
Consciência de te ver jogar nos primeiros anos da minha existência que distam de 1963, não tenho! Mas a palavra, os gestos, a mística passada pelo meu Pai e pela minha Mãe, foi mais que suficiente para apreender a diferença entre a realidade vivida e o sonho!
Algures no tempo, recordo em consciência de te ver jogar a primeira vez. Para mim, já eras um mito vivo!
Ora, a utilização de mito e vivo, são dois vocábulos antagónicos, mas apenas o são aparentemente.
E é esta imortalidade que aparenta ser uma vivência imortal, que te caracteriza e caracterizará para todo o sempre.
Faz realmente falta a tua presença física junto de determinados eventos.
Se na altura em que jogaste existisse a ciência da imagiologia, certamente que a mesma permitira concluir pela perfeição psicomotora, que possibilitava a perfeição dos gestos que preenchiam as fotografias dos jornais.
Tecnicamente perfeito, já se dizia na altura. Mas para se ser tecnicamente perfeito, tem obrigatoriamente de se ser nessa área, cerebralmente perfeito.
Cérebro sem corpo não é nada e corpo sem cérebro nada é.
E cérebro não é sinal de cultura, nem o contrário!
O mais extraordinário é que provindo de uma zona pobre, muito pobre, podem-se criar seres perfeitos através de conjugação de sabe lá o quê!
Escrevi há 1 ano que:
Os miúdos da Rua, da minha Rua, gritavam pelo teu nome e jogavam à bola num 'campo' inclinado, tentando imitar-se nos teus remates! Mas a debalde o faziam porque Eusébio só havia um! Eras tu!
As tardes de domingo no Estádio da Luz eram a minha casa e em 1976, ingressei nos Iniciados do Benfica, vindo dos Infantis do Mister Biri, porque tinha interiorizado um Clube que hoje ainda amo e tu tinhas criado a vontade de jogar Futebol aos Portugueses.
É do que hoje tenho mais saudades, de voltar a poder sentir-me feliz, jogando na minha Rua, num campo inclinado, mas sempre esperançado que no imaginário motivacional estaria e estava, uma genialidade como tu.
O Benfica cumpriu todos os teus desejos quanto à forma como querias que o teu funeral fosse feito. Fez tudo, como pediste. Nisso Luís Filipe Vieira é e foi um 'gentlemen'.
Mas também milhares de adeptos prestaram-te uma homenagem fantástica. Linda e bonita.
Escrevi há 1 anos que:
Ficam duas emoções muito diferentes! Ao ver a homenagem que te fizeram no Estádio da Luz, percebi que existirás sempre em nós! E que o Benfica é uma instituição que trata bem os seus! E que organização fabulosa que em tão pouco tempo se construiu para te homenagear!
As pessoas que espectacularmente trabalharam nessa organização merecerão o teu carinho para o resto da vida. Porque para todos nós, tu sempre existirás!
A outra emoção, é aquela que sentimos quando estamos mais sozinhos e realistas! Não te vou poder ver mais! E cada vez que olhava para ti, só via juventude, genialidade e Benfica!
Guardo religiosamente uma fotografia tua, com a minha mãe e o meu pai, também ambos já partidos deste Mundo!
E guardarei para todo o sempre o que me ensinaste a sentir na vida.
O Benfica viveu em ti, renasceu em ti e renasceu das cinzas tornando-se novamente no que sempre foi!
Uma religião!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Universal



PS: Se calhar ainda vai aparecer um 'pai' a fazer uma queixa à PGR, ou ao Ministério da Educação Coreano!!!