Últimas indefectivações

domingo, 14 de setembro de 2025

Goleada...

Benfica 4 - 1 Estrela


Começamos a perder, mas com 'calma' construímos uma goleada, merecida.
Algumas alterações no 11, a maior parte dos jogadores estiveram nas Seleções jovens, o que 'obrigou' a alguma rotação, até porque Terça temos jogo Europeu!

Estou curioso para perceber qual será o 11 na Youth League!

Injusto...

Felgueiras 2 - 1 Benfica
Melro


Mais um resultado enganador, com o Benfica a jogar mais do que o resultado aparenta! Primeira parte equilibrada, mas no 2.º tempo fomos melhores, e o golo da derrota, foi mesmo contra a corrente do jogo!

A inexperiência desta equipa é grande, muita juventude, na minha opinião a atitude tem sido boa, e acredito que os resultados vão mudar... agora, temos que ser mais eficazes!

Esperado...

Sporting 42 - 32 - Benfica
20-13

Derrota pesada, esperada. O Sporting já tinha ganho por 7, contra os Corruptos. Continuam com a melhor equipa nacional, a diferença no marcador é um bocadinho exagerada, devido à impunidade total que os Lagartos têm, principalmente na Defesa... 
No caso do Benfica, fizemos uma revolução no plantel, temos alguns jogadores lesionados e outros a regressar de pequenas lesões, podemos melhorar no entrosamento, mas dificilmente vamos conseguir resolver o problema dos Centrais...
Vamos lutar pelo 2.º lugar, na Taça de Portugal depende do Sorteio, e na Europa, com esta Defesa vamos ter muitos problemas!

Manteigas #9 - Um ano à Benfica

Duas coisas...

Lage contra a lógica, o Benfica contra si próprio


"Identidade continua a ser de equipa de transição e a maior parte das decisões são ainda contranatura

É mais ou menos público que a minha opinião sobre Bruno Lage é que, numa visão macro, não é o treinador certo para o Benfica. Por muito que lhe reconheça dedicação e até um certo lado estratégico que tenho por hábito valorizar.
Não é um técnico emblemático, um treinador de projeto, mas mais um de circunstância, como o foi das duas vezes em que foi chamado a ser o responsável pela primeira equipa dos encarnados. É verdade que estes também há muito primam por não ter realmente um projeto e aqui até se pode dizer que a lógica impera, mas não a razão.
Passemos aqui as atenuantes: é o início do campeonato, ganhou a Supertaça ao bicampeão depois de ter lutado por todas as competições na última temporada, ganhando a Taça da Liga; não teve pré-época adequada; jogou à sexta-feira e não houve tempo para preparar o jogo com o Santa Clara; os reforços e os outros não se conhecem. Tudo certo. Mas há o resto. Não só Lage continua a ser um treinador de contra-ataque, confortável quando lhe dão espaço, precisamente o que as equipas que defrontam as águias não querem dar, como o técnico gosta de desafiar a lógica, o que coloca o Benfica contra si próprio.
No mercado, chegaram dois laterais, Dedic e Obrador, e Dahl assumiu o lugar de Carreras. A dinâmica e apetência ofensiva do bósnio mudaram o centro de gravidade para a direita, tornando-o, tal como era o espanhol, com outros argumentos, um dos primeiros desequilibradores da equipa. Depois, entraram dois médios, Enzo e Ríos, com o objetivo de fazer subir os níveis de agressividade nos duelos, e aumentar a qualidade da organização (com o argentino) e a de transporte (com o colombiano). Na frente, Ivanovic juntou-se a Pavlidis, Henrique Araújo regressou e Lukebakio será o sucessor de Di María no flanco direito, mas sobretudo na condição de condutor de transições e no salto para o 1x1, em vez de lançador. Finalmente, Sudakov oferece o toque de criatividade necessário.
Ou seja, na janela de verão, o Benfica apostou em quatro elementos de transição e desequilíbrio individual (Dedic, Ríos, Lukebakio, Ivanovic), e dois de organização, sendo um ainda numa primeira/intermédia fase de construção (Enzo) e outro sim para o último passe (Sudakov). Se considerarmos que Schjelderup e Aursnes são os únicos no onze habitual com algumas características para o ataque posicional, ao qual a equipa estará obrigado em quase todos os jogos da Liga, volta a parecer curto. Na realidade, parece um plantel construído para a Liga dos Campeões e o papel de underdog, quando haverá a necessidade de recuperar o domínio a nível interno. Um plantel totalmente alinhado por equipa técnica e direção, como assumiu Bruno Lage.
Se houvesse dúvidas como este quer jogar, o mercado complementou-nos a resposta. Quando não houver espaço, não será o coletivo a descobri-lo, mas sim as individualidades. É a minha leitura.
Depois, há aqui decisões que não abonam em favor do treinador. Se Tomás Araújo é o melhor a construir desde a primeira linha, seja no passe curto ou no longo, porque lhe pede para dar largura no ataque posicional, onde dificilmente fará a diferença? Se Pavlidis é melhor a ligar com o meio-campo porque é Ivanovic quem faz esses movimentos, lembrando, de certo modo, o que aconteceu com Raúl de Tomás no ano do descalabro após a conquista do título? Tal como achou antes quando esteve perante resultados adversos, Lage acredita que dois homens na área sem haver quem os alimente será suficiente para chegar ao golo.
E, já agora, em que medida retirar Ríos para colocar Barreiro — não se trata dos nomes, mas do perfil de quem entra e quem sai — aproxima a equipa do controlo do jogo? Sem bola, isso torna-se impossível. E não é apenas uma fezada, o técnico já o fez várias vezes. É Lage contra a lógica, contra si próprio, o que prejudica claramente os encarnados. Claro que pode melhorar e tal até deverá acontecer, mas a longo termo a questão é bem mais estrutural. E os sinais de evolução, ainda que com outros jogadores, ao longo destes meses, praticamente não existem.

P.S. Outra coisa que o mercado não resolveu mais uma vez foi uma possível remodelação do eixo da defesa. O que nos leva novamente a Otamendi. Já escrevi várias vezes que o ciclo do argentino há muito terminou. Percebo que os adeptos e até colegas valorizem a generosidade física, mas um central de equipa grande é sobretudo alguém que posiciona muito bem, tem boa qualidade de construção e, sobretudo, abordagens eficazes. Como diria Cruijff se ainda fosse vivo: 'se estiveres sempre a correr de um lado para o outro é porque estás mal posicionado'. Além disso, a braçadeira eleva a fasquia. O argentino não é um exemplo em nada disto. Aquele erro — foi só mais um —, custou dois pontos ao seu clube. E as desculpas de nada servem se não mudar de abordagem. O que, com a idade que tem, nunca irá acontecer."

Farioli e o déjà-vu que assombra o Dragão


"Chegou ao FC Porto com a mesma energia contagiante com que entrou em Nice e, mais recentemente, em Amesterdão. O arranque é promissor, a equipa respira entusiasmo, o Dragão parece ter reencontrado vitalidade. Mas, por detrás do sorriso do técnico italiano, existe uma sombra que o próprio não esconde: o trauma de ter perdido um campeonato que parecia ganho, na Holanda, ao serviço do Ajax, na última temporada

No início de abril, a vantagem de nove pontos sobre o PSV parecia definitiva para conquistar a Eredivisie 2024-25. O telefone não parava de tocar, a carreira parecia encaminhada para voos maiores. Podia dar-se ao luxo de escolher entre a Premier League, a Serie A e até mesmo a Arábia Saudita. Um mês depois, tudo desmoronou. Oito bolas nos postes em dois jogos, golos sofridos no final, desgaste, sobranceria de um clube habituado a dominar. Uma mistura fatal. Farioli não esquece e reconhece que, nesse momento, a linha entre sucesso e fracasso mostrou-se mais fina do que nunca.
Essa experiência, amarga, mas formativa, poderá ser uma arma no presente. No FC Porto, o cenário tem semelhanças no ponto de partida: entusiasmo imediato, integração rápida, confiança no plano de jogo. Mas o italiano parece determinado a alterar o guião. Sublinha a importância de se adaptar à cultura do clube, que descreve como carnal, feita de sacrifício e um público em combustão, e acrescenta-lhe a sua marca, o seu ADN: organização, jogadas codificadas, detalhe tático. Um equilíbrio entre o fogo emocional e a estrutura racional.
Herdeiro de princípios de treinadores como Roberto De Zerbi, Farioli aposta numa ocupação racional dos espaços, numa construção pensada e numa pressão agressiva, mas coordenada. A sua maior virtude talvez resida na inteligência situacional: lê o jogo com clareza, ajustando blocos e posicionamentos em função do adversário e das exigências de cada momento. O FC Porto de Francesco Farioli representa um salto qualitativo em relação à equipa da época anterior, orientada por Anselmi. Hoje vemos um conjunto mais cerebral, mas também mais intenso, com processos claros e uma identidade bem definida.
O 4-3-3 surge como sistema de referência, mas nunca de forma rígida: a estrutura é constantemente animada por rotações dinâmicas. O médio defensivo recua para auxiliar a saída de bola, enquanto os interiores alternam entre apoio e atração, assegurando uma circulação fluida e a exploração consciente dos espaços. Farioli privilegia a construção desde trás, envolvendo centrais e guarda-redes, e não hesita em atrair a pressão adversária para depois explorar os espaços deixados livres mais à frente. Essa flexibilidade permite ao FC Porto jogar tanto em apoio curto, com paciência, como variar rapidamente para passes longos sempre que a construção curta é bloqueada.
No momento ofensivo, o treinador valoriza o envolvimento coletivo: normalmente, consegue colocar cinco jogadores no último terço, criando densidade suficiente para gerar desequilíbrios, seja por dentro ou pelas alas. Quando a pressão se torna sufocante, a equipa recorre ao passe longo estratégico, atraindo o adversário e libertando espaço para explorar nas costas da defesa.
Defensivamente, o Porto mostra-se camaleónico: pressiona alto quando sente que pode recuperar de imediato, mas sabe resguardar-se em bloco médio ou baixo, mantendo os sectores compactos. Na dinâmica ofensiva, os laterais surgem muitas vezes por dentro, oferecendo apoios interiores, enquanto os extremos dão largura e alongam o campo, abrindo corredores de progressão.
Entre as figuras em ascensão destaca-se Samu: o jovem avançado internacional espanhol, de apenas 21 anos, combina altura, velocidade e potência com mobilidade e técnica, sendo letal na finalização. Um perfil moderno que encaixa perfeitamente no plano do treinador italiano.
E os resultados ajudam a sustentar o discurso. O FC Porto lidera o campeonato após quatro jornadas, ostentando o segundo melhor ataque, com 11 golos marcados, apenas atrás do Sporting, que soma 13, e a segunda melhor defesa, com apenas um golo sofrido, apenas superada pela muralha do Famalicão, que ainda não foi batida. A vitória em Alvalade, frente ao eterno rival e bicampeão em título, teve sabor especial: não só pelos três pontos conquistados, mas pelo impacto moralizador que representa num grupo em construção. Foi mais do que um triunfo, foi um sinal de força, de maturidade e de capacidade para enfrentar os grandes jogos desde o início da época.
Existiu, por parte de Farioli, algo de simbólico na escolha do FC Porto para relançar a carreira. André Villas-Boas, um presidente com alma de treinador, não hesitou em apostar no ex Ajax sem pedir justificações sobre o colapso holandês. Um sinal de confiança, mas também de exigência: aqui, não há margem para repetir finais trágicos. No Dragão, os adeptos não se contentam com boas ideias ou arranques vibrantes, exigem títulos, consistência e a capacidade de vencer em todos os momentos.
O Ajax de Farioli brilhou enquanto teve frescura e confiança, mas colapsou quando as dificuldades apertaram. No FC Porto, a época é longa e impiedosa, marcada não só pela luta interna pelo título, mas também pela exposição europeia e pela necessidade de afirmar uma nova era. O treinador italiano terá de provar que é mais do que um entusiasmador de arranques, que consegue dar estabilidade, rotinas sólidas e soluções para os períodos inevitáveis de menor fulgor.
Por isso, este arranque deve ser lido com cautela. É verdade que Farioli trouxe alegria, intensidade e um futebol mais arejado. Mas a história ensina-nos que as épocas não se decidem em setembro ou outubro. O teste virá em março, abril e maio, quando o desgaste apertar, as pernas pesarem e os jogos se decidirem em detalhes de nervo, concentração e eficácia.
A pergunta impõe-se: este arranque ‘à Farioli’ vai resistir até ao fim? A história recente diz-nos que a montanha pode abanar. Mas também nos mostra um treinador que aprendeu à custa da dor e que traz consigo cicatrizes que podem ser transformadas em força. O FC Porto, um clube que sempre soube reinventar-se na adversidade, pode ser o palco ideal para esse novo desfecho.
Se conseguir domar o entusiasmo inicial, manter a intensidade, equilibrar emoção com estratégia e continuar a somar os três pontos no término dos 90 minutos, Farioli tem todas as condições para não só começar bem… como terminar melhor. E é isso que fará a diferença entre ser mais um treinador de passagem pelo Dragão ou o homem que devolveu títulos e identidade a um clube que vive para os conquistar."

Empate ao cair do pano


"O Benfica empatou a um golo na receção ao Santa Clara. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Insatisfação
O treinador do Benfica, Bruno Lage, afirma: "As responsabilidades deste empate são todas minhas. É um resultado que não queríamos e que nos penaliza. Estamos completamente insatisfeitos com aquilo que aconteceu durante os 90 minutos. Agora, é recuperar. Temos já um jogo na terça-feira para vencer os 3 pontos aqui em casa."

2. Infortúnio
Otamendi partilha o que lhe vai na alma: "Isto irrita-me, tínhamos o jogo controlado. Não tínhamos cometido erros e, lamentavelmente, por um erro meu, não conseguimos obter os 3 pontos. A equipa estava tranquila e, de uma má jogada, que acontece, surge o empate."

3. Homem do jogo
Veja os melhores lances de Pavlidis, autor do golo benfiquista e considerado Man of the Match.

4. Ângulo diferente
Veja, de outro ângulo, o golo do Benfica marcado ao Santa Clara.

5. Outros resultados
No jogo de apresentação aos sócios, a equipa feminina de voleibol do Benfica ganhou ao Leixões, por 3-2. A equipa masculina de basquetebol apurou-se para a final do Torneio Internacional de Lisboa ao vencer, por 100-87, ante o UMF Álftanes. Esta manhã, a equipa B visitou o Felgueiras e perdeu, por 2-1. Os Sub-23 receberam o Estrela da Amadora e venceram, por 4-1. Os Iniciados atuaram no campo da Académica e triunfaram, por 0-2.

6. Jogos do dia
Há dérbi de andebol entre Benfica e Sporting no Pavilhão João Rocha (18h30). A equipa feminina de futsal tem deslocação ao reduto do Futsal Feijó (20h00). Em hóquei em patins, visita à AD Oeiras (18h00).

7. Protagonista
Leia a entrevista a Madalena Lousa, atleta do polo aquático benfiquista.

8. Casa Benfica 2.0 Santarém
Veja o segundo episódio do "Pelas Casas do Benfica" da BTV sobre esta embaixada do benfiquismo."

BF: O Benfica aposta na formação?

5 Minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Observador: E o Campeão é... - "A culpa não é de Otamendi, é do mau futebol do Benfica"

El Mítico - Ideias#1 - Manteigas...

ESPN: Futebol no Mundo #490 - Brasil com Ancelotti, Noruega próxima da Copa e tudo sobre eliminatórias

O sorriso do Roberto


"Sou do tempo em que Portugal disputava fases de qualificação para Europeus e Mundiais e, no final de cada mini-torneio, ficava a ver os mais cotados pela televisão. Foi assim na Argentina e em Espanha. A exceção do México, após a genialidade do pontapé de Carlos Manuel, em Estugarda, demonstrou à evidência o quão pouco preparada estava a estrutura da FPF para se abalançar a cometimentos de grande vulto. Saltillo fez saltar a tampa e perceber-se as insuficiências organizacionais do organismo, então, da Praça da Alegria.
Itália e Estados Unidos (em 1990 e 1994), voltaram a colocar à evidência as dificuldades de apuramento para uma grande competição internacional, tal como França, quatro anos volvidos. Não me esqueci do Euro-84, mas ele correspondeu a uma genial geração de jogadores, para os quais, em cada problema, parecia estar uma solução milagrosa, ao ponto de Portugal quase ter atingido a final de uma competição que, em boa verdade, podia até ter ganho.
Por isso, convém não ter memória curta e perceber que a habituação das novas gerações à constante presença em fases derradeiras das principais competições surge com a viragem do século, a partir do Euro-96, em Inglaterra, e do Mundial-2002, na Coreia do Sul e no Japão.
Portugal foi ganhando músculo. E isso tem a ver, claro, com a qualidade crescente dos jogadores, com a sua dimensão internacional, refletida nas sucessivas contratações por emblemas de topo do futebol internacional, pela experiência adquirida em campeonatos verdadeiramente competitivos e aliciantes, pela evolução das estruturas de apoio, pela profissionalização da Federação Portuguesa de Futebol, pela capacidade crescente de atração de valor para o negócio e para o espetáculo.
Só no século XXI, em boa verdade, é que o edifício do futebol português, no seu topo, se tornou forte, temido, brilhante em determinados momentos e, sobretudo, consequente e consistente nas suas propostas e desafios competitivos. Por isso, é quase uma obrigação circunstancial o recorrente apuramento para as fases finais de Europeus e Mundiais, por força de um ranking notável e de um conjunto (vasto) de jogadores de alto nível à disposição dos sucessivos selecionadores nacionais.
Ademais, com o aumento para 48 do número de seleções presentes em fases finais de Mundiais, efetivo a partir de 2026, é quase obrigatório considerar-se o percurso de qualificação como mero pro forma.
Porém — e é aqui mesmo que quero chegar —, posições privilegiadas não ganham jogos, perspetivas não marcam golos, hipóteses não conseguem pontos. É preciso trabalhar, porfiar, encontrar pontos de equilíbrio entre coração e razão, projetar com rigor tudo o que é controlável no ecossistema competitivo internacional, ter a noção e o talento de perceber espaço e tempo de desenvolvimento e de aplicação de novas estratégias e modelos, que, por um lado, aproveitem o inato formalmente reconhecido talento da geração atual, mas surpreendam tendências e adversários.
Continuar a ganhar é muito mais difícil do que começar a ganhar.
E importa, neste passo da nossa conversa semanal, recordar que Roberto Martínez, o espanhol de Balaguer que se esforçou por aprender rapidamente a língua portuguesa e por entoar as estrofes de Alfredo Keil, conseguiu o quase impensável: um apuramento imaculado para o Euro-2024, apenas com vitórias, mas também com convicções.
Se olharmos bem (coisa que compete ao jornalista, e talvez não compita tanto aos adeptos), a sustentabilidade do projeto protagonizado por Martínez e pela sua equipa técnica mede-se na exata e direta proporção da capacidade revelada para se adaptar, para compreender a idiossincrasia muito própria do português, na sua íntima relação com o futebol, e por, no limite, apresentar resultados compatíveis com a dimensão da empreitada que (ele sabia-o), iria encontrar em Portugal.
Sejamos justos: Martínez tem sido brilhante na maioria dos dias, das opções, dos diálogos, da sensatez e do acompanhamento que faz de uma Seleção à qual, em rigor, só é preciso dar um bocadinho de gás.
Vi Roberto conquistar, em Wembley, uma Taça de Inglaterra, ganhando com o modesto Wigan Athletic a final de 2013, por 1-0, ao Manchester City. Vi-o chegar à Bélgica e conseguir um inédito terceiro lugar com os diabos vermelhos no Mundial de 2018, na Rússia, mantendo, depois, a seleção belga a um nível muito elevado.
Com Portugal, ninguém poderá, com bom senso e ponderação, questionar a qualidade final (entenda-se, resultados obtidos) da colaboração de Martínez com a FPF. O Euro da Alemanha não correu mal, se formos equidistantes e frios na análise de todos os aspetos que concorrem para o sucesso de uma campanha, e a vitória na Liga das Nações sublinhou a excelência da geração disponível mas, também, da qualidade da equipa técnica que a orienta e motiva.
Roberto Martínez, está na altura de te elogiar. Trato-te por tu porque esse, felizmente, é o mais familiar tratamento na tua língua materna. Olhar, perceber, integrar, desenvolver, não estragar, ganhar. Tem sido assim a tua carreira em Portugal. A memória não pode ser curta. E o teu sorriso em Wembley, há doze anos, é o mesmo que permite agora a Portugal poder sonhar. Afinal, o Mundo é já ali.

Cartão branco
Cobri pela primeira vez um Mundial de hóquei em patins em 1989, em San Juan, na Argentina. Voltei a fazê-lo oito anos mais tarde, na cidade alemã de Wuppertal. Modalidade sempre querida dos portugueses, desde o cinco mágico (Ramalhete, Sobrinho, Rendeiro, Chana e Livramento). Talvez tenha parado um pouco no tempo, e a evolução bem recente nas regras do jogo pode ser alavanca para um renascimento.
A conquista do 22.º título de campeão da Europa representa esforço, dedicação, empenho. O jogo está talvez mais equilibrado, e a França é o mais acabado exemplo de evolução. Fica o reparo: o modelo competitivo é caricato. Aí, o selecionador (português) de França tem razão: Portugal ganhou dois jogos nos 50 minutos, perdeu três e empatou um. Pode ser campeão da Europa? Pode, porque esse é o regulamento. Porém, como tudo na vida, é questionável e, quem sabe, alterável."

Seleção? ‘Tou nem aí!’


"Uma sondagem divulgada dia 2 pelo instituto Ipsos-Ipec, em parceria com o jornal O Globo, pediu a dois mil brasileiros de 132 municípios que avaliassem, de zero a 10, o grau de fanatismo pela seleção. Metade, 48,5%, respondeu através de notas de zero a 4. Quase um terço, 32,4%, optou mesmo pelo zero. Porquê?
«Uma das razões é o crescente desgosto com a vida no Brasil, a política, as instituições e a seleção, único símbolo universal do país, acaba recebendo, indiretamente, muito do que as pessoas sentem», resume Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gere a carreira de centenas de atletas.
Para Bruno Brum, CMO da Agência End to End, empresa de soluções para o mercado desportivo, «a seleção, que por décadas foi sinónimo de identidade nacional, hoje compete em desvantagem com os clubes, que oferecem experiências mais próximas, constantes e personalizadas». «Para reconquistar relevância, a CBF precisa pensar a seleção como uma marca viva, que dialogue de forma contínua com as novas gerações, em vez de aparecer apenas em janelas de competição.»
«Primeiro, é inviável comparar a paixão que os brasileiros têm pelo seu clube com o que eles sentem pela seleção, segundo, os jogos são esporádicos, o que dificulta a criação de uma comunicação contínua, terceiro, a falta de resultados positivos nas últimas edições do Mundial e a ausência de grandes ídolos também levam ao distanciamento do torcedor», acrescenta Sara Carsalade, co-fundadora da Somos Young, empresa que realiza o atendimento a sócios de clubes.
«Os insucessos no Mundial afastam gradualmente os simpatizantes, que não podem ser confundidos com torcedores, e que, segundo evidências históricas, lidam mal com derrotas», concorda Thiago Freitas. Mas o executivo da Roc Nation Sports acrescenta «o êxodo cada vez mais precoce dos atletas mais talentosos sem criar vínculos com as torcidas dos clubes brasileiros» como outro fator de distanciamento.
Todos concordam também que os casos de corrupção — e afins — protagonizados por sucessivos presidentes da CBF, como Ednaldo Rodrigues, Coronel Nunes, Rogério Caboclo, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero ou Ricardo Teixeira, não passam impunes aos olhos dos brasileiros.
Atenção: a sondagem foi divulgada já em setembro mas efetuada ainda em junho, antes de Carlo Ancelotti se estrear como selecionador. Talvez o efeito Carletto, que já se notou na atmosfera diferente no Maracanã na vitória por 3-0 sobre o Chile, possa ter mudado alguma coisa…"

De heróis a vilões


"Miguel Oliveira ficou esta semana a saber que não continuará na Prima Pramac no próximo ano e que dificilmente terá lugar na grelha do MotoGP de 2026

Lembro-me da primeira vez que falei com Miguel Oliveira. Tímido, mas não muito, o miúdo mexia na moto, numa tenda no fim da linha do velhinho autódromo do Estoril. Ia com a missão de fazer a cobertura do Grande Prémio de MotoGP com paragem obrigatória em Portugal que recebia mais uma vez estrelas como Valentino Rossi, Sete Gibernau ou Alex Barros.
O saudoso Domingos Piedade fez a visita guiada e disse-me: «Devia falar com um miúdo português que vai chegar longe». Segui o conselho, pouco confiante, confesso, que fosse desta que encontraríamos um piloto capaz de se tornar uma estrela mundial.
Passaram-se anos, muitos, continuei a acompanhar o miúdo e o seu sonho repetido de querer chegar ao MotoGP. Para a maioria das pessoas eram apenas palavras. A primeira experiência, ainda nas 125cc, mostrava como seria difícil entrar naquele restrito clube. Correu mal, mas o miúdo não desistiu. Fui a Espanha à sua apresentação na primeira equipa de Moto3. Em Portugal, muitos continuaram a desdenhar.
O miúdo, de mão dada com o pai, continuou a dizer que queria chegar ao MotoGP. Quando passou para o Moto2, os olhares distraídos viraram-se para Miguel Oliveira. Quando começou a vencer, os aplausos começaram a ouvir-se. Quando se sagrou vice-campeão mundial, o aeroporto estava cheio para o receber. Há seis anos, o MotoGP recebeu o primeiro português e todos passaram a conhecer o Falcão, o piloto de Almada que voou para a maior e mais mediática competição de motociclismo do Mundo.
Quando venceu na Áustria, pela primeira vez, abriu telejornais. Seguiram-se tempos difíceis, com escolhas que podem não ter sido as melhores, acidentes provocados, na maioria das vezes por outros — no ano passado o MotoGP revelou, como sempre faz, os pilotos que mais vezes caíram ao longo da época, e, surpreendam-se, Miguel Oliveira foi quem menos caiu.
Esta semana, o piloto soube que não ficará na Prima Pramac e que dificilmente encontrará um lugar na grelha para o próximo ano.
Podia ter arriscado mais? Se calhar podia. Podia ter tido mais sorte com a Yamaha de que os quatro pilotos se queixam? Se calhar podia. Podia ter feito outras opções? Se calhar podia.
Mas deixou de ser o primeiro português a conseguir algo histórico no motociclismo? Mas poderia ter contornado o azar de ter nascido num País que não tem milhões de pessoas ou euros para lhe encher uma mala? Ou um mercado atraente? Não. Continua a ser o miúdo, tímido, mas não muito, que foi atrás do sonho e conseguiu concretizá-lo.
A velocidade com que os heróis da nossa vida passam a vilões é assustadora."

CULPA TODA NOSSA!


"BENFICA 1 - 1 Santa Clara

Pré-jogo 1 - fomos o clube com mais jogadores nas seleções, veremos como Lage preparou este jogo.
Pré-jogo 2 - a lesão de Dedic, que felizmente não é tão grave como chegou a desconfiar-se, é bem a prova concludente de que prefiro que os nossos jogadores não sejam chamados às seleções. É egoísmo de adepto? É. Mas quem investe neles e lhes paga os ordenados é o Benfica.

BORA LÁ AO JOGO (hoje fora da Catedral, pela televisão)
07 posse e mais posse e mais posse e toma lá uma jarda do Ríos, de pé esquerdo, que perigo, o redes deles a aplicar-se, magnifica defesa!
11 mais uma jarda do Ríos - é um flop! - e mais uma defesa apertada do redes. Um a rematar forte - Ríos - e outro - Barrenechea - a fazer grandes aberturas milímetricas.
20 bem, que cacetada de cotovelo na cara do Otamendi, vale que o nosso capitão é mais duro que uma rocha, ainda está para vir o dia que vá ao chão e não se levante para voltar à luta.
25 cuidado com a velocidade do 11 deles, uma moto, o Otamendi que o diga.
30 só de longe conseguimos apertar com o redes deles, o nosso jogo está muito previsível, faltam roturas nas movimentações atacantes. Assim basta-lhes o autocarro estacionado.
33 este pé alto, em riste, no Tomás Araújo, se fosse em Alvalade já tinha dado expulsão. Olha que o VAR parece que está a ver a coisa, chamou o João Pinheiro. Vamos jogar contra dez.
38 o Ivanovic tem que treinar a receção de bola: tem-lhe fugido dos pés vezes demais.
43 como é possível o Santa Clara com dez criar a melhor oportunidade do jogo até agora?
45+2 o nosso jogo parece andebol jogado com os pés, andamos ali à volta da área de um lado para o outro e asdim os nossos avançados raramente recebem a bola em condições de rematar com perigo.
46 falta criatividade ao nosso futebol? Está Sudakov no banco, não sei como está psicologicamente, sei que treinos com os colegas é mentira. Lage aposta para já em Prestianni para o lugar de Tomás Araújo.
55 e a falta que eu estou a sentir do Dedic? Malditas seleções!
58 amarelo para o Barrenechea, lá está...
59 Otamendi nas alturas, como só ele, e na recarga PA-VLI-DIIIIIIIIS!!! Ainda não tinha visto o grego no jogo, os grandes pontas-de-lança são assim. Um-zero. O mais difícil está feito.
64 ui, que assistência do Schjelderup, que pena o Ivanovic não ter chegado a tempo. O autocarro não saiu de lá, mas com dez quem esperava diferente?
72 eis Sudakov - e a Luz rende-lhe uma homenagem!
76 ai o perigo criado pelo Santa Clara, estão vivos no jogo mesmo com dez.
80 o jogo está uma pastelice, estamos a gerir esforços 59.507 nas bancadas, somos grandes!
90+2 no melhor pano cai a nódoa: ó Otamendi, o que foi isto??? Um-um, sem tempo para mais nada, dois pontos perdidos.
90+4 acabou, este é o tipo de jogos em que não se podem perder pontos, contra uma equipa mais fraca que jogou com dez dois terços do jogo. Lá vem carga sobre Lage. E com razão. Veremos o que nos diz o treinador."

Quando se joga em serviços mínimos, fica-se à mercê do risco. O erro de Otamendi empatou Benfica e Santa Clara em noite de assobios


"À semelhança do visto em Alverca ou na Amadora, as águias apresentaram um futebol pobre, mas desta vez escorregaram mesmo (1-1) diante do Santa Clara. Os açorianos ficaram com 10 aos 38', Pavlidis parecia que ia dar os três pontos aos encarnados, só que um deslize de Otamendi levou à igualdade aos 90+2'

À entrada do período de descontos do Benfica-Santa Clara, a época da equipa de Bruno Lage era um êxito estatístico. Nove jogos, oito vitórias, um empate numa eliminatória que foi superada. Entrada na Liga dos Campeões, triunfo na Supertaça, a caminho dos 12 pontos em 12 em disputa no campeonato.
Mas os números, na sua frieza objetiva, podem esconder sensações. Podem camuflar a ideia que ficara na Amadora, quando o Benfica ficou a centímetros do empate, ou em Alverca, palco de outra exibição com muitos minutos de desconforto.
No regresso da I Liga, as águias foram, novamente, uma entidade de mínimos, poucochinha, tímida. Uma expulsão para o adversário, um golo a favor, adeus, está feito. Quando assim é, quando não se cavalga a teórica superioridade para marcar distância, uma escorregadela marca tudo, porque tudo caminha sobre um arame fino, sobre uma base do um-a-zero-ísmo.
Foi, literalmente, uma escorregadela. Minuto 90+2. Bola longa do Santa Clara, Otamendi a falhar o atraso para Trubin, Vinícius Lopes isolado. Remate, empate, assobios. Menos dois pontos, o resultado que poderia ter-se dado na Amadora ou em Alverca a chegar em plena Luz, diante de quem atuava há dezenas de minutos com menos um.
O Santa Clara tinha na Luz o ponto de começo de um novo momento da sua temporada. Após a pequena aventura europeia, com seis jogos sem chegar à fase regular da Liga Conferência, os açorianos tentam apoiar-se nas bases do passado recente: defesa sólida, agressividade, solidariedade. Mantiveram o treinador, este onze tinha somente dois reforços, a aposta é claramente na fórmula do êxito.
O arranque do Benfica não foi muito inspirado, abrindo caminho a um primeiro tempo em que se escutaram assobios vindos do público da casa. Começaram cedo, ganhariam intensidade- Ríos, insistente nos remates de longe e nos passes falhados, testou Gabriel Batista em duas ocasiões nos primeiros 15’, mas as águias não criaram muitas dificuldades aos visitantes.
Se o Benfica é uma equipa de mínimos por incapacidade, o Santa Clara é uma equipa de mínimos por vocação, um coletivo de redução, de atrito, de causar fricção e problemas na engrenagem rival. Foi quinta na época passada apesar de ter somente o 10.º melhor ataque e conseguiu levar a noite para uma zona de pouca continuidade no jogo dos lisboetas.
As duas caras novas que os de Vasco Matos apresentaram na equipa titular estiveram em destaque. Brenner apresentou um futebol com velocidade de Usain Bolt, mas uma relação pouco íntima com a bola. Desequilibrou, mas resolveu sem eficácia as situações que o próprio criou. Mas o instante marcante da etapa inicial deu-se aos 38’, quando Paulo Victor foi apanhado nas malhas do VAR após lance com Tomás Araújo e foi expulso.
A superioridade numérica não deu vantagem imediata aos locais. Bem pelo contrário. Em cima do intervalo, o Santa Clara dispôs da melhor oportunidade até ao descanso. O espírito de Beckenbauer entrou no corpo de Venâncio, que galgou dezenas de metros até à área local. Aproveitando a passividade defensiva, o central atirou para defesa de Trubin, com Gabriel Silva a não ter pontaria na recarga. Era o aviso para um Benfica desconexo.
O Benfica da parelha Ivanovic-Pavlidis é um Benfica que não parece saber como deve atacar. A dupla, que passou os minutos antes do recomeço em diálogo, parece viver em comprimentos de onda diferentes. O grego tocou meras 15 vezes na bola no primeiro tempo, o menor registo para um jogador de campo na etapa inicial.
Não obstante a falta de caudal ofensivo, o 1-0 chegou aos 59'. Otamendi, o protagonista da noite, foi lá acima cabecear um livre lateral. Gabriel Batista defendeu e, na recarga, o 18.º toque de Pavlidis no desafio levou ao golo. 
Antes e depois do 1-0, o encontro teve momentos em que parecia um loop, uma repetição constante. Posse de bola do Benfica, circulação para as alas, cruzamento, lance perdido. Sem grande rasgo de uns e sem capacidade de outros, o relógio foi avançando com escassas oportunidades. Ivanovic atirou forte para boa defesa de Gabriel Batista, minutos antes de Sudakov se estrear pelo emblema que reforçou no final do mercado de transferências.
O Santa Clara teve o enorme mérito de nunca deixar de olhar para Trubin. Vasco Matos foi mexendo com a equipa e os açorianos nunca se encolheram, ameaçando através de Calila ou Serginho. Aos 92', houve ecos de 23 de junho de 2020, quando, em plena pandemia, um golo de Zé Manuel aos 90+5' deu a única vitória do Santa Clara diante do Benfica, num 4-3 que contribuiu decisivamente par ao despedimento de Bruno Lage.
Na sequência do erro, Otamendi penitenciou-se perante o público da Luz. O 1-1 foi como um fantasma que vinha perseguindo o Benfica, uma hipótese não concretizada em rondas passadas mas que, agora, se materializou. Talvez seja melhor não entrar na roleta russa dos mínimos e maximizar vantagens."

Satisfeitos com a tangente e atraiçoados pela secante


"É fácil crucificar Otamendi pelo erro garrafal que esteve na base do empate açoriano, aos 90+2. Mas a equipa de Bruno Lage não teve engenho e arte para, a jogar contra dez durante mais de uma hora, colocar-se a cobro de qualquer percalço. Como se o sufoco de Alverca não tivesse sido na jornada anterior...

Não foi nem a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que o Benfica de Bruno Lage brincou com o fogo e acabou chamuscado. É uma tentação pelo abismo a que a equipa parece não querer fugir, colocando-se a jeito para um qualquer golpe de teatro. É certo que, para quem quiser ver só a jusante, neste jogo com o Santa Clara foi um erro individual a transformar uma vitória benfiquista em empate; mas para aqueles que olham também para montante, faltou muito ao Benfica para engordar o resultado, com um futebol mais pressionante e objetivo, em vez de passar o tempo como demasiada posse de bola estéril (75 por cento), como se estivesse a golear por um a zero. Fica por saber se é uma questão de mentalidade dos jogadores, o que é pouco crível, ou se se trata de um calculismo do treinador, que prefere a prudência à proatividade. E se analisarmos bem o jogo, de quantas oportunidade de golo claras dispôs o Benfica ao longo dos 90 minutos? Três boas defesas de Batista, a remates do meio da rua, e pouco mais. Não houve nenhum golo cantado e o autocarro açoriano, primeiro em 5x4x1, depois da expulsão de PV em 5x4, e apenas a partir dos 81 minutos em 5x3x1, com Carter à procura da felicidade que foi ter com Vinicius, não pode ser explicação para tudo pela simples razão de que, num campeonato tão desequilibrado em valores como o nosso, 80 por cento dos adversários que os encarnados defrontam, com maior ou menor rigor, fecham-se em copas à procura de um pontinho.

OPÇÕES INICIAIS
Do ponto de vista teórico, Bruno Lage, ao optar por um 4x4x2 com Ivanovic ao lado de Pavlidis, fez o que a defesa reforçada do Santa Clara estava a pedir. Porém, como a dinâmica não foi boa, não há tática que resista: as alas encarnadas, na primeira parte, foram quase inofensivas, com Schjelderup e Aursnes, demasiadas vezes a pisar terrenos interiores, a retirarem a largura à equipa que Tomás Araújo e Dahl não eram capazes de dar-lhe. Neste contexto, bastou ao Santa Clara não se desunir para ir passando pelos minutos sem outros sobressaltos que não fossem dois remates de meia distância de Ríos, controlando com alguma facilidade as investidas, demasiado redondas, do Benfica. E, provavelmente, a mais flagrante oportunidade de golo da primeira parte até pertenceu ao Santa Clara, quando Frederico Venâncio arrancou da retaguarda, ultrapassou o meio-campo do Benfica como cão por vinha vindimada, e rematou para grande defesa de Trubin, desperdiçando, na recarga, de baliza aberta, o golo, Gabriel Silva.

MELHOR, MAS...
No início do segundo tempo, Prestianni surgiu na vaga de Tomás Araújo, passando Aursnes para a lateral direita. Sabendo-se que uma equipa que joga em vantagem numérica deve aproveitar a largura do terreno, pensou-se que o jovem argentino ia cavalgar a ala até à linha de fundo. Puro engano. Prestianni foi colocar-se em terrenos interiores (o mesmo sucedendo com Schjelderup do outro lado), o que manteve o jogo do Benfica afunilado e nada objetivo, feito de muita parra e pouca uva. Mesmo assim, a irreverência do argentino agitou mais as águas e foi de uma bola parada por falta sobre ele que Aursnes cruzou para Otamendi cabecear, o guarda-redes defender para perto e Pavlidis recargar com êxito. Estavam jogados 59 minutos, o Santa Clara estava com uma unidade a menos e o seu treinador optou, após o golo encarnado, por manter tudo na mesma, apenas refrescando a equipa, e o que fez o Benfica? Apelou ao ‘killer instinct’ e resolveu a partida? Não. Deixou andar, controlando, é certo as operações, mas permanecendo sempre em estado de risco, à distância de um erro individual ou de uma bola parada.
E esta vontade de Bruno Lage manter a situação controlada foi tão grande que a tripla substituição realizada aos 72 minutos (um minuto antes Ivanovic obrigara Batista a boa intervenção), manteve tudo, do ponto de vista da ideia de jogo, na mesma: Henrique Araújo foi fazer de Ivanovic, Barreiro ficou na posição de Ríos e Sudakov foi exilado para a meia-esquerda, onde não conseguiu ser influente no jogo. Aos 76 minutos, através de um remate perigoso de Calila, que Trubin defendeu para canto, o Santa Clara fez prova de vida. E, finalmente, aos 81 minutos, os açorianos arriscaram alguma coisa, com um 5x3x1 que parecia ser insuficiente para incomodar demais o Benfica. Mas se isto era verdade, não era menos verdade que os donos da casa pareciam satisfeitos com a vantagem tangencial, o que acabou por lhes ser fatal. Tivesse o Benfica sido mais afoito, vertical, incisivo e pressionante, e Otamendi até poderia ter falhado como falhou, e esse lapso não passaria de uma nota de rodapé. Assim, o argentino fica associado à primeira perda de pontos do clube da Luz no Campeonato, num jogo que o Benfica só empatou porque não soube, em tempo útil, ganhá-lo. Uma sensação de ‘déjà vu’ para quem tem memória da época 2024/25 dos encarnados."

A vida e o futebol são assim, caro Nico...


"Otamendi era, até ao minuto 90+2, o nosso melhor em campo. Depois, com azar/aselhice, falhou o que parecia simples e o Santa Clara empatou.

(6) Trubin - Noite tranquila, em que, na maior parte do tempo, poderia ter levado uma cadeirinha para assistir ao jogo, em que, a 70 metros à sua frente, o Benfica ia tentando criar perigo. Recebeu duas bolas quase mortas ainda no primeiro tempo e, no segundo, aos 76 minutos, Calila enviou-lhe uma bola bem viva, obrigando-o a um desvio firme pela linha de fundo. Pensou-se que seria o último lance perigoso para a baliza encarnada, mas o azarado Otamendi não estava pelos ajustes…

(4) Tomás AraújoA missão era pesada: regressar ao lado direito da defesa (jogara com Tondela e Alverca ao lado de Otamendi) e, sobretudo, substituir o melhor jogador do Benfica neste arranque de temporada, o bósnio Amar Dedic. As coisas não lhe correram bem. Jogou quase sempre em terrenos muito adiantados, quase parecendo um médio-ala. Teve uma ou duas iniciativas atacantes, sem sequência positiva, sentindo dificuldades ao fechar a defesa, nomeadamente perto do intervalo, num mau corte que quase deu golo ao Santa Clara. Saiu ao intervalo para entrar Prestianni, quando os açorianos já jogavam com apenas 10 homens, por expulsão de Paulo Victor, precisamente por falta sobre Tomás Araújo.

(5) António Silva - Sempre certinho e imperial a defender o pouco que teve para defender. Excelente lançamento, perto do intervalo, para o desvio de cabeça, demasiado fraquinho, de Pavlidis.

(4) – Otamendi - Tem 1,83 metros, mas parece ter mais dez ou quinze centímetros, tal a forma como, mesmo a caminho dos 38 anos, se mostra imperial no jogo aéreo, tanto a defender quanto a atacar. Bons cortes no primeiro tempo, mas sem velocidade para travar Brenner, lançado pela esquerda. Saltou tão alto e rematou de cabeça com tanta força que Gabriel teve imensas dificuldades para segurar a bola, aparecendo Pavlidis, na sequência, a marcar golo. (Era esta a análise prevista para Otamendi até ao minuto 90+2 e quase certo melhor em campo). Neste minuto, teve uma tentativa caricata de cortar de cabeça a bola vinda de Gabriel e desviada depois pela cabeça de Carter, que ofereceu o golo do empate a Vinicius Lopes. Passou do muito bom ao péssimo em meio segundo. É assim o futebol, é assim a vida, caro Nico.

(5) Dahl Primeiro tempo sofrível, atacando sem perigo e quase nada tendo para defender, a não ser num corte sobre Brenner ao minuto 16. Melhorou na segunda parte, mas ainda a anos-luz do que foram Grimaldo e Carreras e longe do que parece valer como lateral.

(6) Aursnes - Não sabe jogar mal, mas já jogou muito melhor. Sem erros, sem lapsos, mas, excluindo o livre que antecedeu o golo de Pavlidis, não soltou qualquer pontinha de genialidade.

(6) Ríos - Teve sempre a alça preparada para rematar, fosse de onde fosse, na direção de Gabriel. Sempre com perigo, mas nunca com a bola colocada de forma perfeita nos ângulos mais mortos da baliza. De pé esquerdo ou direito, mas sem golo. Tentou diversos lançamentos para os homens da frente, como tem feito desde que chegou ao Benfica, mas ainda não tem o calibre exato para chegar ao golo.

(5) Barrenechea Com o adversário sempre muito perto da baliza de Gabriel e, mais tarde, com menos um homem do outro lado, esperava-se mais do médio argentino.

(5) SchjelderupPrimeiro tempo sofrível, segundo tempo apenas razoável, talvez porque passou a defrontar uma equipa com menos um jogador.

(5) Ivanovic Começou por dar nas vistas a meio do primeiro tempo, num arranque de quase 30 metros com a bola sempre controlada, servindo de detonador para o apoio das bancadas. Teve mais duas ou três tentativas para chegar ao golo, mas sem sorte. Saiu aos 72’ para entrar Henrique Araújo.

(5) PavlidisEstava a passar totalmente ao lado do jogo, sem bola e, por isso, sem poder criar perigo, quando, ao minuto 59, a bola lhe apareceu a saltitar à frente, depois de defesa apertada de Gabriel a remate de cabeça de Otamendi. O grego desviou de pé esquerdo para a baliza deserta, num dos golos menos complicados da carreira.

(6) Prestianni Entrou para trazer irreverência e imprevisibilidade ao jogo monótono e desinspirado que o Benfica mostrou na esmagadora maioria dos primeiros 45 minutos. Teve muita bola para criar magia, mas ficou sempre longe de o fazer.

(5) SudakovPouco mais de 20 minutos em campo e percebe-se que adora a bola e a bola adora-o. Mostrou-se dinâmico e irreverente, embora sem criar grande perigo. A bola saiu-lhe redondinha para a entrada perigosa de Prestianni na direita.

(4) Henrique AraújoEntrou para o lugar de Pavlidis e não teve tempo nem bola para mostrar que, por enquanto, pode ser mais do que terceiro avançado-centro.

(4) Leandro Barreiro Pouca bola, nenhuma capacidade para segurar ou criar perigo junto da baliza adversária."

Esteves: Santa Clara...

Terceiro Anel: Santa Clara...

Vinte e Um - Como eu vi - Santa Clara...

BI: Santa Clara...

Observador: A Força da Técnica e a Técnica da Força - Santa Clara...

BF: Santa Clara...

5 Minutos: Santa Clara...