"O Benfica não tem treinador: assim sentenciou Jesus, em tempo de Epifania, por ocasião da apoteose dos Reis Magos (Quercus, Octavius e Augustus) e da expulsão de Caius Lopeteguis, entretanto feito senador por Jesus. E tudo por causa de uma pergunta ardilosa, certamente a mando de um qualquer Judas Iscariotes.
Em jeito bíblico, poderia ter-se acrescentado que, no SLB, não há solução tipo «odre novo em vinho velho». Ou, parafraseando, Luís XV, «depois de mim, o dilúvio». Muita tinta vai correr pelos pergaminhos e crónicas do Reino dos Homens. Deixo, pois, a sentença pública para os especialistas.
Apenas anoto dois pontos.
Estes confrontos, reais ou presumidos, autênticos ou forjados, ingénuos ou interesseiros, devem-se, em farta razão, às famigeradas conferências de imprensa que, semanalmente (nestes 8 dias, porém, tivemos 3 por treinador!), são agora o prato forte da informação. Tanto tempo assim, cedo ou tarde, de improviso ou planeado, sai inconveniência ou asneira. São mesmo o único espaço televisivo, onde não há restrição de tempo, sempre alongado, com perguntas e respostas absolutamente inúteis. Já no resto da actualidade ouvimos sempre os clássicos «não há tempo para mais» ou «tem 30 segundos para concluir».
O outro ponto relaciona-se com o efeito dominó destas querelas e questiúnculas. Sim, porque tratando-se de treinadores, o seu bom ou mau exemplo resvala não apenas para os dirigidos, como acicata as claques e os adeptos, adensando o já de si mau ambiente no nosso futebol. Assim se envenena um simples espectáculo, pelo qual alguns treinadores são pagos principescamente."
Bagão Félix, in A Bola