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domingo, 5 de junho de 2011

Por um Portugal "à Benfica"

"Tem sido lembrado nas páginas da Mística, amiúde e com propriedade, que o Benfica é o melhor de Portugal. O que não tem sido suficientemente referido é que o Benfica não é só o melhor de Portugal como é o melhor que Portugal. Retorquirão alguns que o afirmo de forma leviana; concedo, censuro-me, e corrijo: o Benfica é muito melhor que Portugal. E para o demonstrar basta analisar o que foram os últimos anos desta nação. E de Portugal também.

Na última década, Portugal cresceu sempre menos que o resto da Europa e hoje está a viver a maior crise financeira de que há memória. Já o Benfica, no mesmo período de tempo, ultrapassou a maior crise financeira de que há memória e entrou no clube dos mais ricos da Europa. Cenário que se vislumbra impossível para Portugal. A única forma de Portugal entrar no clube dos mais desenvolvidos é acontecer ao País aquele fenómeno inexplicável que aconteceu ao Benfica nos anos 90 do século passado, e que permitiu a um King, a um Simanic e a dois Luíses Gustavos entrarem no nosso clube. Mas a prova irrefutável da superioridade do Benfica face a Portugal, neste aspecto, é a relação de ambos com os mercados: Portugal está nas mãos dos mercados; o Benfica tem os mercados a seus pés, nomeadamente o inglês - maravilhado com David Luíz e Ramires -, o espanhol - rendido a Di Maria -, e todos, em geral suspirando por Fábio Coentrão.

O que nos leva ao ponto seguinte. Face à crise em que Portugal está mergulhado, é unânime que o País tem de apostar em produzir bens para exportação. Algo que o Benfica já está a fazer, e de forma brilhante. Com a melhor matéria-prima portuguesa, brasileira ou argentina, o nosso clube produz jogadores de altíssima qualidade, que depois vende por essa Europa fora, encaixando chorudas mais-valias. Em termos de eficiência, o Benfica é a economia alemã do mundo do futebol.

Agora, que Portugal não espere ainda mais ajuda financeira da nossa parte. É que nos últimos dez anos só o contributo do Benfica para o Serviço Nacional de Saúde, por exemplo, foi enorme: a redução drástica da prevalência de problemas cardíacos nos benfiquistas - na maioria da população portuguesa, portanto - representou uma poupança para o Estado de muitos milhões de euros. Já para não falar no apoio que o Benfica tem concedido às empresas privadas. Basta ver o que temos apoiado a Olivedesportos ao cedermos as transmissões televisivas dos nossos jogos com cerca de 75% de desconto.

Portanto, se Portugal pretende sair da situação calamitosa em que se encontra, a solução é simples: é pôr os olhos no Benfica. Mas se o quiser fazer ao vivo é melhor despachar-se, porque vai ser complicado arranjar lugar. É que, ao contrário do que acontece com Portugal, de onde sai cada vez mais gente à procura de melhores condições de vida, no Estádio da Luz entra cada vez mais gente ansiosa por soberbos espectáculos de futebol."


Tiago Dores, in Mística