Últimas indefectivações

domingo, 24 de novembro de 2019

Voto e vergonha

"Srs. deputados do PS, BE e Livre.
Antes de mais, deixem-me contar-vos uma história. (Não sei se a conhecem, uma coisa já eu sei: que não conhecem Bernardo Silva). O pai de Guilherme Espírito Santo era negro, a mãe era branca. No Benfica de Luanda descobriu o jeito para o futebol - e vindo (em 1936) estudar para Lisboa trouxe carta com pedido de teste no Benfica. Meia dúzia de minutos bastaram para que lhe dessem a ficha para assinar. Problema de varizes obrigou Vítor Silva a largar o futebol, Herczka logo chamou Espírito Santo para o seu lugar - e assim se lhe abriu caminho à eternidade. (Indo, fugaz, ao atletismo tornou-se também recordista nacional na altura, no comprimento e no triplo). Algures por 1949, foi, o Benfica, jogar ao Funchal. Ao vê-lo, ao Guilherme, bem como a Alfredo Melão, o recepcionista do hotel atirou, rançoso, ao director do clube que tratava do check-in.
- Neste hotel, não podem entrar pretos. Menos ainda, dormirem. Por isso, aqueles dois senhores terão de ficar instalados no anexo que serve para os criados de quem cá fica...
e, de fogacho, recebeu em réplica:
- E esse anexo tem espaço suficiente para nos instalarmos todos nós, lá?
Percebendo a ironia, chamou atabalhoado, o responsável pelo hotel - e ninguém dormiu no anexo. Não, não tenho dúvidas de que se passasse por circunstâncias assim, Bernardo Silva seria o primeiro a saltar contra os «pretos atirados para o anexo». Por isso, aquilo que os srs. fizeram no Parlamento: impedir a aprovação de um voto de solidariedade para com «vítima» (sim, vítima!) de uma «condenação injusta por acto que nunca cometeu, nem cometeria» devia envergonhar-vos. Envergonhar-vos por na estúpida decisão da federação inglesa se obrigar até o Bernardo a «curso educacional» - e por, tal como a FA, também vocês, srs. depurados do PS, BE e Livre, não saberem «separar o que é racismo de uma mera brincadeira entre amigos que se estimam e respeitam». Que foi, pois, o que deu na injustiça e na vítima."

António Simões, in A Bola

Justiça, criatividade e etc.

"«A beleza e a fealdade, o brilho ou pouco brilho de uma coisa, não entram nas contas da balança»

Sobre as decisões com peso ou sem ele
1. A balança quando trabalha não distingue ouro nem prata.
- Que bonito.
- Sim?
- A balança é uma máquina, modesta sim, nada de vanguardismos... não é propriamente uma máquina de última geração... mas mesmo assim tem importância, e muita.
- Também me parece.
- É uma máquina que sente pesos: que diz, por via dos números: isto é pesado, isto é leve.
- Diz? Como? Podem os números falar?
- Sim, claro. Falam e muito. Podes traduzir os números em linguagem. Uma tradução entre duas áreas aparentemente bem distintas, palavras e números, mas sim, é possível.
- Pois então...?
- Sim?
- Voltemos à frase.
- A balança quando trabalha não distingue ouro nem prata.
- Isso mesmo: ela está obcecada pelo peso que as coisas exercem sobre o mundo. A balança como se fosse a mão que sente o peso, mão cega que não distingue se o peso é belo ou feio, valioso ou não.
- A beleza e a fealdade, o brilho ou pouco brilho de uma coisa não entram nas contas da balança.
- Parece-me muito bem: a balança pesa, mas é cega.
- O peso de uma coisa é indiferente à beleza ou à fealdade dessa coisa.
- O peso de uma coisa é indiferente à importância ou insignificância dessa coisa.
- O peso é cego.
- Isso.
- A balança. Justa, portanto. Como um juiz ou um árbitro.
- Exacto.
- Poderíamos imaginar um mundo em que o valor das coisas dependesse exclusivamente do seu peso.
- Parece-me bem e justo.
- E haveria duas hipóteses...
- Duas?
- Sim quanto maior peso mais valioso, ou...
- Ou?
- Ou: quanto menor peso mais valioso.
- Ok.
- O peso brutamontes como a grande referência. Por exemplo, adorar as montanhas.
- Sim.
- E a grande leveza como grande referência. Alguém, ou uma comunidade, que adorasse nuvens, por exemplo.
- Duas comunidades bem diferentes.
- Os adoradores de nuvens.
- Adoram o que é leve.
- E os adoradores das montanhas.
- Adoram o que é pesado.
- Os adoradores daquilo que tem muito peso e por isso não se mexe.
- E os adoradores daquilo que é muitíssimo leve e por isso nunca está parado.
- Isso.
- Os adoradores da montanha e do peso: são os adoradores da calma.
- Sim.
- E os adoradores das nuvens e da leveza: os adoradores da inquietude.
- Dois tipos de seres humanos.
- Exactamente.
- Quase duas espécies humanas distintas.

Os homens com muitas ideias.
2. A boa cabeça nunca faltam chapéus.
- Isso.
- Os chapéus são múltiplos e variados.
- Eu diria...
- Diga.
- Que só não há chapéus para quem não tem cabeça.
- Isso é um facto.
- Mas não falamos da cabeça fisicamente, da cabeça concreta.
- Nada disso, claro.
- Falamos, sim, das ideias de um sujeito.
- Isso.
- Um sujeito com boas ideias, com boa cabeça, encontra sempre uma solução.
- Exacto.
- Uma boa solução, ou seja... um chapéu.
- À boa cabeça nunca faltam chapéus.
- À boa cabeça nunca faltam soluções.
- Só uma?~
- Uma. Duas, no máximo.
- Uma cabeça só com uma solução.
- Pobre cabeça. Ideia fixa.
- Uma cabeça onde só cabe um tipo de chapéu.
- Só um. Só um, só um.
- Pois."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

O TC e o TAD

"Foi publicado em Diário da República, no dia 21.11, o Acórdão n.º 543/2019 do Tribunal Constitucional (TC) que, em traços gerais, não julga inconstitucionais as normas constantes da Portaria n.º 301/2015, de 22 de Setembro, que fixa a taxa de arbitragem e dos encargos do processo no âmbito da arbitragem necessária do TAD.
Como se sabe, os custos associados ao recurso ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) são muito elevados que os decorrentes do regime geral previsto no Regulamento das Custas Processuais.
O TC entende que o serviço prestado pelo TAD revela um nível de especialização e rapidez que, sendo imposto por razões de interesse público com relevância constitucional, beneficia directamente os operadores do sistema desportivo. Entende ainda que não se afigura censurável a fixação de um valor mínimo de custas que reflicta a maior capacidade económica presumida dos potenciais litigantes e permita cobrir os custos específicos mais elevados do serviço de justiça prestado pelos tribunais arbitrais. Por isso, não se afigura que a diversidade de valores vigentes para as custas dos processos arbitrais necessários e para as custas judiciais seja, só por si, passível de um qualquer juízo de censura constitucional.
Existe uma declaração de voto que, em resumo, defende que não é adequado recorrer a uma fundamentação que diga respeito à arbitragem necessária, os cidadões não têm escolha a não ser recorrer ao tribunal arbitral e, assim sendo, seria de confirmar o juízo de inconstitucionalidade por violação do princípio da proporcionalidade e do princípio da tutela jurisdicional efectiva."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

É preciso mais

"Mesmo com a expulsão, o Vizela não alterou mas o Benfica mudou. A quebra física fez o resto.

O Benfica das outras provas
1. Samaris de volta (estranheza na sua escassa utilização esta época, porém entende-se depois de uma primeira parte de baixo nível), Jota com oportunidade para se afirmar (pouca utilização, precisa de tempo de maturação), RdT ainda a aperfeiçoar o seu desempenho com o intuito de ser solução para a Europa (mas de facto, a pouca simplicidade prejudica-o). Um retorno à competição conta um Vizela ambicioso mas consciente que defrontava o campeão nacional. Os primeiros minutos revelaram um Vizela agressivo sem bola e muito objectivo na transição ofensiva, alcançando o golo num fantástico remate de Samu. O Benfica acordou e foi conseguindo que o Vizela recuasse aos poucos no terreno, principalmente através da colocação da bola em zonas vitais na profundidade (corredores laterais), já que o Vizela fechara o espaço interior, não permitindo que a linha média do Benfica ligasse o jogo.

Um exercício de transições
2. Demasiadas oportunidades para os dois lados, nos primeiros 20 minutos de jogo. Ambas as equipas optaram por um jogo de aproveitamento constante, onde o Benfica, por estar em desvantagem, não tomou as melhores decisões, e o Vizela, bem organizado, explorou as falhas existentes na linha média (precedentes de acções incongruentes - como por exemplo o timing de pressão defensiva dos dois avançados). Aos 25' a expulsão de Ericson (duas faltas num espaço temporal de 8') foi crucial para o Benfica conseguir respirar de alívio, ainda precocemente no jogo. Quando se tem menos um elemento na equipa, os treinadores avaliam momentaneamente o que fazer, pois as opções vão-se esgotando com o tempo. Isto se Francis Cann, Diogo Ribeiro e Kiki Bondoso não se tivessem encarregado de expandir a resiliência por todos os seus colegas, surpreendendo constantemente nas transições rápidas para o ataque. O Benfica demorou a perceber que o espaço para atrair os adversários estava fora, e subsequentemente encaminhar o jogo para zonas interiores.

Solucionar para passar
3. O Vizela não mudou, já o Benfica alterou (saída de um médio defensivo para a entrada de avançado - Vinícius).O Vizela continuou fiel à sua estratégia, estabilizando e coordenando a sua linha defensiva de forma eficaz, retirando soluções de continuidade pelo espaço interior e levando o Benfica para fora. Desta forma, Samu e Evrard conseguiam recuperar a sua posição e auxiliavam no equilíbrio defensivo da equipa. O Benfica com RdT e Vinícius foi mais perigoso e na única falha de Matheus e Aidara o jogo ficou em igualdade, numa situação de cruzamento.

Após empate, discernimento
4. O Vizela caiu drasticamente em termos físicos, o que promoveu inúmeras sequências ofensivas do Benfica, umas mais elaboradas, outras mais direccionadas. A incapacidade para responder face às dificuldades (com menos um jogador desde muito cedo) levou o Vizela a cometer um dos maiores riscos defensivos (linha defensiva acima do expectável para o contexto situacional emergente) quando se joga com equipas de um elevado nível. Quando a equipa mais forte está em vantagem numérica é usual possuir mais situações de bola aberta, ou seja, a definição do jogador não apresenta constrangimentos, tal como aconteceu com Caio Lucas, assistindo Vinícius para o segundo golo do Benfica, que valeu a vitória na eliminatória. O controlo emocional determina a qualidade para avaliar e decidir sob pressão, quer nos jogadores quer nos treinadores. Parabéns ao Vizela pela imagem que deixou do Campeonato de Portugal. O Benfica terá que demonstrar mais para ter na Europa o sucesso que todos os portugueses esperam."

Hugo Falcão, in A Bola

(...) não recrimina os jogadores do Benfica, quando ele próprio estava distraído com o Flamengo

"Zlobin
Percebeu que o jogo não era a feijões quando uma bola rematada por um indivíduo chamado Samu entrou na sua baliza. A partir daí foi estirou-se arduamente na tentativa de defender todo e cada remates, incluindo alguns que saíram pela linha lateral. Percebo. Eu também me esforço demasiado para compensar quando cometo um erro.

André Almeida
Os seus cruzamentos para fora quase provocaram um aluimento de terras atrás da baliza do Vizela. 

Jardel
Ajudou a segurar as pontas enquanto os colegas se esfalfavam para emendar a mão.

Ferro
Adormeceu no lance do golo do Vizela, mas não o posso censurar. Eu próprio estava distraído a ver o Flamengo.

Grimaldo
Cedo percebeu que estávamos perante um colosso europeu e talvez por isso se tenha desunhado para oferecer soluções ofensivas à equipa. Foi sempre um dos mais inconformados, uma daquelas apreciações que todos gostaríamos de evitar no que toca a exibições do Benfica.

Samaris
Ok, então é por isso que não tem jogado. Está explicado, mister.

Gabriel
Às vezes o nosso onze tem um centrocampista chamado Gabriel que parece jogar para os colegas e para os adeptos, como se soubesse quase sempre aquilo que o jogo pede e aquilo que o cidadão comum sentado na bancada, no sofá ou na taberna aprecia ver.

Pizzi
Muito bem a sacar o segundo amarelo a um caceteiro do Vizela. Esteve melhor na segunda parte, ajudando a encostar o Vizela às cordas, excepto nas ocasiões em que quase sofremos novo golo. Talvez esperasse sair do relvado menos cansado, mas não é dramático. Pode descansar na quarta-feira.

Chiquinho
Está a precisar de um golinho, ele e nós.

Raúl de Tomás
Disfarçou muito bem após o empate. Apressou-se a pegar na bola e dirigiu-se rapidamente para o centro do relvado, sempre com ar de quem não fez mais do que a sua obrigação, Como Se Não Tivesse Acabado De marcar Um Golo, Porra.

Jota
Às vezes dá a sensação de poder vir a tornar-se reforço. Se nos basearmos na noite de hoje, a receita para o sucesso é simples: encostar o rapaz a uma ala e obrigá-lo a ficar lá até chorar de alegria. 

Vinicius
uns anos tive que recorrer à Chaves do Areeiro depois de horas a tentar abrir a porta de minha casa. Foi embaraçoso. O tipo chegou lá com uma radiografia e abriu aquilo em 10 segundos. Senti-me envergonhado pela minha inaptidão, mas muito feliz por poder entrar em casa. Paguei uma fortuna, mas acabou por parecer-me barato.

Caio Lucas
Entrou com aquela desenvoltura própria de alguém matematicamente despromovido, o que lhe permitiu assistir Vinicius em duas ocasiões, a segunda das quais resultando no golo da vitória. Tem tudo para dar certo no Vitória de Setúbal."

FC Vizela 1-2 SL Benfica: Remontada em jogo com cheiro a Taça

"O Sport Lisboa e Benfica deslocou-se a Vizela para defrontar o líder do Grupo A do Campeonato de Portugal nesta quarta ronda da Taça de Portugal. Bruno Lage optou por um 11 próximo daquele que tem sido o titular, fazendo regressar Samaris ao meio-campo e dando as despesas ofensivas a Jota e RDT. A baliza ficou entregue ao Zlobin.
Já o Artur Pacheco, técnico do Futebol Clube Vizela, mesmo perante um desafio histórico, também optou por fazer algumas alterações.
O jogo começou de forma surpreendente mas sem surpresas. Como tem sido hábito esta época, qualquer equipa tem sido capaz de criar, sem grandes dificuldades, lances de perigo contra este SL Benfica. Aos seis minutos, depois de dois avisos consecutivos, a equipa da casa chegou à vantagem com um remate de fora da área do médio Samu.
Esperava-se uma reacção encarnada mas a verdade é que os jogadores do FC Vizela foram conseguindo tratar a bola e construir jogadas de forma muito mais confortável do que os do SL Benfica.
A primeira boa noticia para os encarnados veio de um encarnado. Aos 26 minutos o médio Ericson levou o segundo amarelo e foi expulso do jogo.
Contra 10 nada realmente mudou. A equipa do Campeonato de Portugal jogou mais fechada mas sempre a explorar saídas rápidas e a equipa do SL Benfica continuou sem conseguir mostrar qualquer tipo superioridade.
Um primeira parte vergonhosa da equipa de Bruno Lage. Inexplicável, não surpreendente e totalmente vergonhosa.
Para o segundo tempo, sempre tendo em perspectiva o facto do FC Vizela estar a actuar com menos um jogador, Bruno Lage optou por retirar o médio mais defensivo – Samaris – e lançar o ponta de lança Vinicius. Percebe-se. Não era expectável um FC Vizela ofensivo nem a atacar com mais de três jogadores.
Sim a equipa encarnada entrou melhor, conseguiu alguns lances de futebol apoiado mais entusiasmantes mas nada de especial. Os jogadores da casa continuaram a conseguir manter a defesa encarnada em alerta e o futebol benfiquista continuou demasiado morno.
Na mesma lógica da substituição feita ao intervalo, aos 65 minutos, Bruno Lage fez entrar o Caio Lucas para o lugar do Gabriel. Uma tentativa de povoar o último terço do terreno com jogadores que pudessem abrir a defesa vizelense. As mexidas deram resultado e aos 69 minutos Jota pela direita conseguiu num cruzamento rasteiro isolar o Raul de Tomas que, antecipando-se a toda a defesa, empatou o jogo. Um golo que veio remediar a exibição horrível do avançado espanhol.
Depois do empate as coisas tornaram-se mais acessíveis para os homens de Lage. A equipa do FC Vizela começou a mostrar poucas forças para colocar jogadores suficientes no ataque de forma a criar situações de finalização e, sem grandes esforços, já depois de uma bola do Grimaldo na barra, o SL Benfica chegou finalmente à vantagem. Caio Lucas isolou o Vinicius que aguentou a carga do defesa adversário e finalizou pelo poste do guarda-redes Cajó.
Este jogo pouca história tem para se contar. Ficou uma exibição muito esforçada de um FC Vizela que conseguiu fazer frente ao Sport Lisboa e Benfica mesmo jogando quase todo o jogo com 10 jogadores.
Do lado do SL Benfica fica mais uma exibição pobre, sem criatividade, sem inspiração e totalmente sem um fio de jogo. Uma exibição que todos os adeptos quererão esquecer mas que deixa ainda mais sinais de perigo para o jogo da próxima quarta-feira.
A incapacidade que a equipa de Bruno Lage continua a mostrar de criar jogo interior é exasperante. O meio-campo não funciona e os avançados actuam sozinhos na defesa adversária.

Onzes Iniciais e Substituições
FC Vizela: Cajó; João Pedro, Matheus, Aidara e Kiki, Samu (Landinho 74′), Evrard (A. Soares 81′), Ericson, Cann, Kiko Bondoso, Diogo Ribeiro (A. Fall 58′)
SL Benfica: Zlobin, A. Almeida, Jardel, Ferro, Grimaldo, Samaris (Vinicius 45′), Gabriel (Caio Lucas 65′), Pizzi, Chiquinho, Jota, Raul de Tomas.

A Figura
Samu Toda a equipa do FC Vizela poderia estar aqui incluída pois o seu jogo valeu pelo esforço colectivo, um esforço não só fisico mas principalmente de colocar em campo tudo aquilo que foram treinando ao longo da semana. Destaco o médio Samu porque além do golo, foi o jogador que foi sempre fazendo a diferença no meio-campo. Boa qualidade com a bola no pé, capaz de pausar o jogo e de libertar a equipa em lances perigosos de ataque.

O Fora de Jogo
Gabriel Difícil não colocar o colectivo encarnado mas depois desta vitória optei por escolher aquele que voltou a repetir neste jogo os erros de jogos passados. Gabriel continua a desperdiçar lances atrás de lances com passes longos completamente sem sentido. Uma necessidade extrema de esticar o jogo que não só retira a bola à equipa como ainda lhe retira possibilidades de um futebol mais apoiado e criativo."

Quem é o líder do quê, mesmo?

"O Benfica sofreu a bom sofrer para conseguir avançar na Taça, depois de ter estado a perder com o Vizela, líder da série A do Campeonato de Portugal, desde os seis minutos de jogo. Já com dez jogadores em campo, o anfitrião acabou por não conseguir evitar os golos de Raúl de Tomás e Carlos Vinícius

O Benfica, além de ser o atual campeão nacional, é o líder da Liga NOS, e é, enfim, o Benfica. O Vizela, sem desprimor, pois claro, é "apenas" o líder da Série A do Campeonato de Portugal, ou seja, do 3º escalão do futebol português, uma prova que nem é totalmente profissional.
Mas, esta noite, em Vizela, ninguém percebeu bem quem era o líder do quê. Porque a verdade é que foi David a superiorizar-se contra Golias, mesmo que, no final, o resultado não o mostre.
Com uma entrada muito personalizada em campo, foi o Vizela a pegar nas rédeas do jogo, aproveitando a enorme passividade benfiquista, particularmente no meio-campo.
Com Zlobin, André Almeida, Jardel, Ferro, Grimaldo, Pizzi, Samaris, Gabriel, Jota, Chiquinho e Raúl de Tomás, Bruno Lage mostrava que levava a 4ª eliminatória da Taça de Portugal a sério, mas houve quem não o acompanhasse.
Como Gabriel, que, logo aos seis minutos, ficou a ver Samu passar e rematar, à entrada da área de Zlobin, para o 1-0.
Na verdade, o resultado só surpreendia quem não estivesse atento ao jogo. Repetidamente, o Vizela de Álvaro Pacheco - alinhando com Cajó, João Pedro, Aidara, Matheus, Kiki, Zag, Ericson, Samu, Cann, Diogo Ribeiro e Kiko Bondoso - criou problemas ao Benfica, saindo para o ataque de forma assertiva e quase sempre perigosa - Samu voltou a estar perto do golo, aos 15'.
Já o Benfica, além de uma gritante incapacidade para estancar o ataque adversário - teve sempre muitos problemas na transição defensiva -, raramente criou perigo: os únicos lances dignos desse nome surgiram através de dois livres directos de Grimaldo, por cima da baliza adversária.
Se a noite parecia correr de feição ao Vizela, a história começou a mudar aos 26 minutos. Depois de uma falta sobre Pizzi, Ericson viu amarelo. O problema é que o médio já tinha visto amarelo... seis minutos antes. Ou seja, o Vizela ficou a jogar com 10 jogadores, logo aos 26 minutos.
Aí, a reviravolta do Benfica podia parecer uma questão de tempo, mas a verdade é que mesmo com 10 jogadores foi o Vizela a continuar a ser a melhor equipa em campo. Num contra ataque perigoso após um canto benfiquista, foi Francis Cann quase a fazer o 2-0, mas Zlobin estava atento.
Um remate torto de Jota foi o melhor que o Benfica conseguiu num período em que a desorientação era notória: Grimaldo foi amarelado por reclamar com o árbitro, Gabriel foi amarelado por pontapear a bola com o jogo parado e Bruno Lage chamou Vinícius do banco aos 40 minutos, mas depois decidiu não colocá-lo logo em campo.
Ao intervalo, Vinícius entrou mesmo, para o lugar de um apagado Samaris, mas o Benfica continuou com muitas dificuldades para se superiorizar perante um adversário que nem parecia ter um jogador a menos.
Depois de uma bola de Grimaldo - quase sempre o mais activo da equipa - à trave, e de um cabeceamento de Vinícius para defesa de Cajó, o Benfica chegou finalmente ao empate, aos 70', numa finalização fácil de RDT na área, depois de um excelente trabalho de Jota no corredor direito. 
O Vizela ainda ia tentando sair para o ataque, nunca se limitando a defender o resultado, mas não conseguiria voltar a marcar - e não conseguiria impedir o 1-2, já aos 86'. Depois de um óptimo passe de Caio - entrou para o lugar do também apagado Gabriel -, Vinícius desmarcou-se na profundidade e, perante Cajó, fez o golo.
Estava reposta a "normalidade", por assim dizer, do aspecto teórico da 4ª eliminatória da Taça, com o Benfica a avançar na prova. Mas a verdade é que, na prática, a exibição da noite foi mesmo do Vizela.
E o Benfica, a jogar assim, quarta-feira, com o Leipzig, poderá ter mais uma noite europeia para esquecer."

A estreia de Mourinho, a Libertadores de Jesus, e um Benfica apurado


"(...)
- Inacreditáveis as facilidades que o Vizela sentiu durante muito tempo no jogo com o Benfica – Cada situação de 1×1 foi tendo sucesso ofensivo;
- Impressionante a facilidade com que chegou às imediações da baliza de Zoblin, com um Benfica incapaz de estancar as constantes saídas em contra ataque, mesmo quando em vantagem numérica; 
- RDT marcou mas voltou a estar a um nível baixo. Começa a parecer ser um caso perdido, e o Benfica fica completamente dependente da qualidade de Vinícius, aquele que por agora demonstra ser o único que ainda poderá acrescentar – Apesar das limitações, é o melhor finalizador e aquele que em zonas de criação percebe o que é capaz ou não de fazer, simplificando as suas acções;
- Mais um jogo temerário de Samaris, que vai confirmando ter sido a temporada passada um ano excepcional na sua passagem por Portugal;
- Jota com maior capacidade de desequilíbrio, ainda assim por vezes demasiado precipitado – Criou o empate e agitou o jogo, mas quando “acalmar” e não procurar colocar vertigem em todas as posses, nem pensar que tem de provar valor a cada toque na bola, tornar-se-à bem mais útil, porque tem talento para isso!
- Salvou o resultado e percebeu que Vinícius tem de ser imprescindível, e confirmou Chiquinho como o mais capaz – Foram as notas positivas a salientar de um jogo que se complicou de forma inesperada para o Benfica."

Cadomblé do Vata

"1. Começar pelo elogio ao Vizela... com 10, sem anti jogo e a dar chocolate, precisamos ďe 37 milhões para os derrotar.
2. Continuar com a crítica ao Benfica... está safo o prémio de jogo, não é meus caralhos?
3. Terminar com um sorriso ao comentador... perdi a conta às vezes que o rapaz da RTP disse "Hélder Malheiro está a exagerar nos amarelos... mas amarelo bem mostrado".
4. Apesar desta miséria não ter desculpa, é preciso entender que o Vizela tinha um conhecimento aprofundado da equipa do SLB... são treinados pelo João Gonçalves do blog Red Pass e comentador BTV.
5. Cardozo, Mitroglou, Seferovic e Vinícius... o erro com Raúl de Tomás foi ninguém ter reparado que ele é destro."

Vizela FC - SL Benfica

"A festa da taça levou-nos até ao distrito de Braga para defrontar o primeiro classificado da Série A do Campeonato de Portugal. No 11 apareceram Chiquinho e RdT juntos no ataque pela primeira vez e a dupla de meio campo com Samaris e Gabriel. Entrámos a perder logo aos 6 minutos e nem com a expulsão do jogador do Vizela aos 26 conseguimos ter uma boa exibição. Jogo muito preso, com muitas faltas e muitas bolas perdidas. O Benfica só conseguiu reagir a partir do minuto 70 foi o suficiente para passar mais uma eliminatória . Umas notas sobre o jogo.
1. RdT. Finalmente (!!!) surgiu o primeiro golo em competições nacionais com a camisola do Benfica. Depois de uma excelente jogada do Jota pelo lado direito o espanhol só teve de encostar à boca da baliza. Golo importante para ele. De resto, teve um jogo um pouco apagado. Não conseguiu combinar com o Chiquinho na primeira parte e na segunda ao lado do Vinicius esteve quase sempre de costas para a baliza ou bastante marcado pelos centrais do Vizela. Tem que se dar mais ao jogo e procurar mais a bola, raras são as oportunidades que tem para rematar à baliza. Que este golo seja o primeiro de muitos, estamos à espera.
2. Vinicius. Saltou mais uma vez do banco ao intervalo para marcar o golo decisivo. Começa a tornar-se uma peça fundamental no plantel. Tem golo e tem-no mostrado nos últimos jogos. Hoje, a sua parceria com o RdT não correu da melhor forma mas ambos saíram de Vizela com um golo.
3. Jota e Caio Lucas. Ambos assistiram hoje. Cada uma das suas assistências foram mais de meio golo. Tem faltado bastante o último passe esta época mas hoje não foi o caso. Jota tem uma excelente jogada na direita que acaba em cruzamento para Rdt e o Caio Lucas faz um passe perfeito por cima da defesa do Vizela a isolar o Vinicius. Jogaram os 2 de forma bastante constante, a procurar muito a bola e a tentar criar os desequilibrios necessários para furar a defesa adversária.
4. Grimaldo. Dos melhores esta época e hoje é mais um exemplo disso. Procura muito o jogo e não tem medo de assumir nenhum lance. Hoje podia ter marcado mais um excelente golo mas a bola esbarrou na trave. Está em forma.
Passamos aos oitavos de final da Taça de Portugal. Não jogamos bem e o Vizela podia ter marcado mais mas isso de pouco vale. As exibições pobres não são de agora e em Portugal vai dando para camuflar esse factor com vitórias. Quarta-feira vamos à Alemanha jogar com o Leipzig. As contas da Champions estão muito complicadas mas se queremos pelo menos segurar a Liga Europa é necessário pontuar. Uma nota para o ambiente que se viveu nas bancadas do estádio. Apoio a ambas a equipas do início ao fim do jogo. A taça de Portugal é isto."

Benfica After 90 - Vizela...

Benfiquismo (MCCCLXII)

O destro canhoto!!!

Vermelhão: demasiado difícil...!!!

Vizela 1 - 2 Benfica


Vitória, estamos na próxima eliminatória da Taça de Portugal, mas voltámos a fazer um jogo bastante abaixo do esperado.

Nestes jogos, já sabemos que os nossos adversários, vão 'entrar' no jogo com 'tudo', não é segredo para ninguém! Até acaba por ser normal, jogar contra o Benfica é bastante motivante! Mas este facto, aparentemente não foi interiorizado pela nossa equipa... A forma 'fácil' como o Vizela, chegou várias vezes com perigo junto da nossa área, é difícil de explicar...

É verdade que o nível de agressividade muitíssimo acima do aceitável com que o Vizela jogou, pode explicar alguma coisa, mas não explica tudo... A nossa transição defensiva, no meio-campo foi horrível!!! Com destaque para o Gabriel, que está num momento de forma de meter medo!!!

Mesmo com o Vermelho mostrado ao Vizela aos 26 minutos, continuamos a dar demasiado espaço para os contra-ataques do adversário! Mesmo reconhecendo que os nossos jogadores tiveram que ser 'inteligentes' e evitar de toda a maneira e feitio os contactos, porque o árbitro tudo fez para 'compensar' o Vermelho (bem mostrado), tínhamos que ser mais agressivos!

Com a entrada do Vinícius, ganhámos peso na frente... Já com o Santa Clara, o Chiquinho tinha demonstrado muita dificuldade a jogar contra um adversário com duas linhas defensivas muito próximas e povoadas... e as cruzamentos começaram a ter 'destinatário'!!!

Com o desgaste do jogo, o Vizela começou a dar mais espaço, e a reviravolta acabou por ser natural... Com a entrada do Caio e a passagem do Jota para a direita (o melhor jogo do Jota na equipa principal...), ficámos finalmente com dois Alas de 'drible'!!! Bem ou mal, com dois jogadores que arriscam o um para um junto das linhas, muda muita 'coisa', especialmente na forma como o adversário defende, obrigando neste caso, o Vizela a dar 'apoio' aos seus Laterais, abrindo mais espaço no 'meio'!!!

O 11 de hoje não me surpreendeu (talvez o Pizzi...), o Lage não podia 'rodar' muito, o prolongamento teria sido um presente envenenado (principalmente para o Pizzi!!!). Quarta-feira em Leipzig, vamos ter o regresso do Ody, do Rúben, do Cervi e do Tino... (vamos ver quem será o avançado!!!) mas o mais importante será a intensidade: vai ter que mudar, senão seremos passados a ferro... e muito sinceramente não sei se vamos conseguir mudar o chip!!!

Qualificação importantíssima...

Benfica 28 - 24 Nexe
(12-10)

Sinceramente, depois de saber que o Djordjic não jogava, não acreditava! E nem fizemos um grande jogo, voltámos a cometer vários erros, mas não desistimos... A melhor imagem do jogo é mesmo o Ristovski, que voltou a fazer um jogo abaixo do normal, mas na recta final acabou por ser decisivo!!!

A forma épica como garantimos a qualificação, no 'último' segundo, com um 54-54 no somatório dos dois jogos, desempatando nos golos marcados fora, resultou em grande festa, mas a equipa tem que melhorar... Ainda por cima na Europa, onde mais uma vez, depois de uma arbitragem super-caseira na Croácia, hoje na Luz, voltámos a ter que remar contra o apito (mas atenção: aquele último lance, com o Moreno, foi bem decidido). Até porque, mesmo não sendo a Champions, se não subirmos o nível, arriscamos a não vencer um jogo na próxima fase, porque o grau de dificuldade, vai aumentar significativamente...

Era muito importante esta qualificação para a fase de Grupos da Taça EHF. A equipa precisa de competitividade, andar a fazer jogos 'fáceis' durante a época toda, e depois defrontar os nossos dois principais adversários com rodagem da Champions, era um handicap... Tanto os Lagartos como os Corruptos, começaram a ganhar 'estaleca' aqui na Taça EHF, antes de se qualificarem para a Champions...