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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Vítor Pereira, o próximo alvo...

"A estratégia de Porto e Sporting tem como primeiro objectivo que o Benfica não conquiste este campeonato.

A Madeira do meu descontentamento
Neste Inverno do nosso descontentamento - ainda com a esperança de que outros nos consigam devolver a alegria - não me apetece, compreenderão os mais avisados, falar de custos de insularidade...
Custos de uns, por causa dos árbitros, custos de outros por culpa própria...
Que a saibamos assumir, a distância do mar ou outra, mas que seja a nossa, numa recordatória de que no princípio não estará o verbo... mas a mensagem e o jogo.
Ou, numa versão, menos intelectualizada, não me falem dos vários bailinhos da Madeira a que assistimos nos últimos dias...
Mea culpa, mea culpa, mea culpa, se, em nome do Benfica, todas as semanas, tivesse que fazer a antevisão da jornada!

Estratégias
Por isso, hoje, prefiro escrever sobre... estratégias! Porque - essa é a razão - temos assistido a um conjunto de factos, de declarações e de omissões que provam que Porto e Sporting têm uma estratégia bem definida. 
Essa estratégia não passa, como seria natural, para que cada um deles ganhe...
A estratégia de Porto e Sporting tem como primeiro objectivo que o Benfica perca este campeonato!
Só depois, cada um deles, e por si, se vai preocupar em ganhar o título deste ano.
É verdade que temos vindo a ajudar mas, por eles, a terem de escolher alguma opção, a primeira sempre seria que o Benfica não fosse Tricampeão!
Poderão, este ano, nem precisar de grandes esforços...
Mas essa mesma estratégia interessa ao Porto, porque percebe que a manutenção da sua situação de não conquista de nenhum título - ainda não familiar, para aqueles lados... - será um rombo grande na imagem de quem liderou o futebol nas últimas décadas.
Já o Sporting não pode ficar mais anos sem ser campeão... seria o falhanço total de uma época em que a estratégia aparentemente mudou!
Cada um deles, embora coincidam nesse ponto (e objectivo) específico, têm seguido por caminhos diversos e estratégias bem diferentes.

A estratégia do Porto
O Porto assentou essa mesma estratégia num reforço da equipa, a par da tentativa de eliminação dos que, exercendo as presidências da Liga, do Conselho de Arbitragem da FPF e da própria Federação, consideram como grandes obstáculos ao retomar desse mesmo poder, de forma a que os organismos do futebol português percam a sua capacidade de serem equidistantes.
Para que isso acontecesse, foi fundamental, como se sabe, tirar Luís Duque da Liga, como fundamental será, por exemplo, tirar Vítor Pereira do Conselho de Arbitragem... já que, tanto quanto se percebe, o ódio a Fernando Gomes não será suficiente para concretizar um (desejado) afastamento.
Não obstante o esforço desenvolvido pela estrutura para afinar a estratégia, o calcanhar de Aquiles será a teimosia do seu presidente em manter... um treinador tão contestado.

A estratégia do Sporting
Sem saber para onde ir, o Sporting começou a atirar contra tudo e contra todos, num primeiro ensaio estratégico.
Aliás, naqueles que foram os primeiros litígios desta nova Direcção, até contra o Porto dispararam! 
Percebida a falência do modelo e o erro dessa estratégia, o Sporting virou-se para um novo alvo, o Benfica, apoiado numa condicionante temporalmente limitada, que foi o desinteresse do Benfica em Jorge Jesus... e a tentativa de potenciar o ódio de Jorge Jesus a tudo o que tenha a ver com quem, no Benfica, não apoiou a sua renovação.
Uma estratégia que não passou de uma mera atitude de vingança...
Vingança por vingança, assente num complexo de inferioridade, face ao Benfica, sempre recorrente, sempre presente sempre renovado, porque dele têm a percepção de continuar a valer apoios cegos e incondicionais, apenas e só pelo facto de ser... contra o Benfica!!!
A estratégia do Sporting, com muita acção e nada sustentada num pensamento organizado e estruturado (tipo cavalaria...), afunda-se em aquisições de jogadores velhos... ou mais experientes, para não ferir susceptibilidades... ou seja, tudo aquilo que Jorge Jesus sempre quis com um único objectivo imediato, assente nesse voluntarismo do próprio técnico.
Essa estratégia, e tanto quanto é possível perceber, passa pelo apoio a Pedro Proença, desta vez (e curiosamente!), ao lado do Porto.
Um caminho que será, de forma tão abrupta quão imediata, interrompido como apoio do Porto a Paulo Costa, na sua imanente candidatura ao Conselho de Arbitragem.
Mesmo assim, e apesar desse desatino todo, não será surpresa para ninguém que Sporting e Porto se vão unir... passando o Sporting a ser um elemento estratégico do Porto para despachar Vítor Pereira... porque acha que será uma acção contra o Benfica.
No que à Liga diz respeito, tenho para mim que irão (tentar) manter Pedro Proença refém da sua própria maioria presidencial.
Pedro Proença - e digo isto correndo o risco de não ser bem interpretado no universo benfiquista -, apesar de ter sido tão ferozmente criticado por mim enquanto árbitro, e não obstante a simpatia enquanto pela pessoa, tem de perceber que para ficar na história da presidência da Liga terá de considerar esgotada, de imediato, a maioria presidencial que o elegeu. Sob pena de correr o risco de voltar, repetidamente, a ver-se acusado de incapacidade, como o foi, por exemplo, na questão da centralização dos direitos televisivos... 
Ficando, se tal se repetir, e se não for capaz de se autonomizar, ficar recordado como líder de uma facção... ou, pior ainda, de ficar conhecido como peão da estratégia urdida por essa mesma facção!

Os próximos tempos...
Qual o próximo passo? Para uns... e se a análise estiver certa - como pensamos estar - o próximo passo será correr com Vítor Pereira.
Para outros, o próximo passo será também correr Vítor Pereira porque... não tendo estratégia, ouviram dizer que isto ser-lhes-ia útil...
Ou seja, os próximos tempos serão fundamentais para perceber se o futebol português - e em última instância, os clubes portugueses - acreditam nos cantos de sereia... correndo com Vítor Pereira.
Ou melhor, fazer crer a Fernando Gomes, nas próximas eleições para a FPF, que terá muito a ganhar em não se vincular a qualquer lista, a qualquer candidato... no que não deixaremos de avaliar em termos objectivos.
Para um bom entendedor...

PS:
AINDA TONEL:
Ao contrário do que escrevi - apoiado numa fonte em que confiava e que, por isso, não verifiquei (erro meu, que assumo!) -, o Tonel não participou no jogo Dínamo de Zagreb-Lyon.
Não tenho qualquer relutância em reconhecê-lo e, por ser a verdade, impõe-se que o faça!
Deixo aqui, por isso, o reparo que se exige.
E, a propósito deste tema, que não espero retomar, aproveito para esclarecer os mais afoitos na interpretação das minhas palavras (que deixaram de reflectir a minha opinião, para passarem a querer dizer o que quem as comenta pretende) que nunca tive intenção de imputar ao Tonel deslealdade para com o seu clube.
Disse apenas que um jogador experiente como Tonel nunca poderia ter cometido aquela falta. E a circunstância de o ter feito apenas pode resultar de um ato intencional e não fortuito - o que foi, aliás, confirmado pelo árbitro que assinalou o penalty.
A intenção que lhe atribuo é a do cometimento da falta (que tem como consequência o facto de o Sporting beneficiar de uma grande penalidade). Isto é indiscutível e foi identificado por todos os que analisaram o lance.
Disse o que disse e nada mais... assumo a inteira responsabilidade pelo que disse, mas já não das imputações que outros me pretendem atribuir."

Rui Gomes da Silva, in A Bola

A teoria dos sorteios

"Os últimos dias não faltaram sorteios. No Europeu de selecções, na Liga dos Campeões e na Liga Europa. Um grande sortido de tal sorte que houve quem tivesse sido bafejado pela sorte e quem tivesse tido má sorte. Num sorteamento puro, quer dizer com as bolas todas iguais e termicamente constantes, ao que consta.
Assim Portugal vai defrontar em França, provavelmente (em teoria) os piores de cada um dos outros potes. Sorte que já nos acompanhou na fase de qualificação. Depois, no mata-mata talvez continuemos a ser sortudos.
Na Liga dos Campeões o Benfica teve em sorte um adversário menos inacessível, embora eu tivesse preferido o Manchester City, que tem grandes artistas sem ter equipa. Na Liga Europa, o Porto e o Sporting apanharam com os sorteados poderosos germânicos que, certamente, prefeririam não ter pela frente. O Sporting de Braga foi o verdadeiramente contemplado com a sorte grande.
Tudo isto em teoria. Há um ponto que sei que é inultrapassável, mas que aqui levanto. Um campeonato em que todos jogam contra todos, o sorteio é quase uma formalidade, em que todos conhecem igual sorte. Já nas provas que, a partir de certo ponto, são a eliminar, os sorteios podem ser determinantes para o sucesso ou o fracasso. Veja-se, por exemplo, os jogos Barcelona-Arsenal, PSG-Chelsea e Bayern-Juventus. Três candidatos vão sair precocemente. Ao invés o jogo Gent-Wolfsburg permitirá a uma destas equipas seguir em frente. E se o SLB passar os russos, como seria excelente, no próximo sorteio, calhar o Wolfsburg ou, ainda melhor, os belgas!
Mas, repito: tudo isto é em teoria. Ou em tese."

Bagão Félix, in A Bola