"A Crónica: Águias vão do 3 ao 13 para serem os segundos nos quartos
O SL Benfica foi à Póvoa de Varzim vencer por 2-0 e garantir a presença nos quartos-de-final da Taça de Portugal. Os poveiros viram chegar ao fim o sonho tornado ambição de estar este ano no Jamor, mas fica a boa prestação nesta partida e na prova até aqui.
Não sofrer golos – ou pelo menos adiar o mexer do marcador pelo SL Benfica – era um dos imperativos dos varzinistas para a conquista da vitória. Grimaldo não estava para imperativos, no entanto, e preferiu inaugurar o marcador logo aos três minutos, fruto de uma execução de livre direto tão exímia que fez com que os pitões de Ricardo ficassem cravados na relva do Estádio do Varzim SC.
O golo madrugador permitiu que as águias assentassem praça no meio-campo contrário, mas a primeira parte veio e foi sem qualquer calafrio mais para a defensiva poveira. O segundo tempo presenteou os mais de seis mil adeptos in loco com um equilíbrio maior na disputa territorial, apesar de a proximidade às balizas, com perigo, ter permanecido uma raridade. Aos 65 minutos, o Varzim SC assustou Vlachodimos com um cruzamento quase-remate e dois minutos depois o SL Benfica respondeu com uma boa jogada culminada com o remate intercetado de Chiquinho.
Era notório o contraste do calor das bancadas com a temperatura bem morna do teatro de operações. Interessava ao SL Benfica completar a missão, mas tardava a aparecer quem fizesse de herói. Até que apareceu o golo de um herói que vestiu a pele de vilão nos últimos dias: Enzo concluiu com sucesso, a passe de Chiquinho, uma jogada a dois tempos dos encarnados, iniciada pela direita e que teve o contributo vital de Aursnes, Bah e João Mário, além dos referidos assistente e marcador.
Morria, assim, aos 78 minutos, a esperança varzinista. No relvado e nas bancadas, vingou o domínio encarnado até final. Resta saber se assim será até à final. Para já, segue-se SC Braga ou Vitória SC. O Varzim SC regressa, compenetrado, a uma luta pela subida à Segunda Liga que tem tudo para ser bem-sucedida.
A Figura
Fredrik Aursnes – o prémio podia ter ido para Chiquinho ou até para o ambiente de Taça que se viveu de forma exemplar na Póvoa, por exemplo. Mas Aursnes continua a impressionar pelo que faz em campo. O que faz ao certo? Tudo e tudo da forma mais simples. Está em todo o lado, seja com bola, seja sem bola, seja em momento ofensivo, seja em momento defensivo. No início da transição (ofensiva ou defensiva), ele está lá. No fim da transição, ele está lá. No meio da transição, ele está lá. Fica difícil perceber se o jogo passa por ele ou se ele é o jogo. Fácil é perceber que joga muito e, hoje, não de forma tão clara, talvez, mas justa, parece-me, foi o melhor em campo.
O Fora de Jogo
Julian Draxler – o SL Benfica não pagou pela sua chegada e mesmo assim está a ficar caro. O internacional alemão tardou em mostrar os seus pergaminhos e continua a revelar-se um elemento a menos sempre que está em campo – em mera figura de corpo presente, diga-se. Não será surpreendente se neste momento correr pelas hostes benfiquistas a célebre frase de “Casablanca”: “Teremos sempre Paris”. Talvez o melhor seja mesmo a devolução antecipada de um produto, até ver, com defeito.
Análise Tática – Varzim SC
Tiago Margarido procurou contrariar o favoritismo encarnado com um 5-4-1 compacto, tentando não dar espaços interiores e entrelinhas aos homens do meio do SL Benfica, que procuravam ser dinâmicos e móveis para desmontar esse bloco compacto dos poveiros. Na circulação, o foco maior dos alvinegros era o duplo pivô de meio-campo, com especial incidência para Paulo Moreira no primeiro momento de construção, fruto do futebol mais diferenciado do “30” do Varzim SC (até à saída precoce do médio português).
As amarras que o SL Benfica impunha aos poveiros na sua construção eram várias vezes mitigadas pela criatividade dos seus homens da frente. Na segunda parte, também fruto da desvantagem, o Varzim SC surgiu muito mais pressionante, sem receios de tentar sufocar o adversário no seu primeiro terço. A turma de Tiago Margarido mostrou também, no segundo tempo, muito mais capacidade para ter bola e colocar em sentido o líder do primeiro escalão.
XI Inicial e Pontuações
Ricardo (6)
Tito Júnior (5)
João Faria (6)
Bruno Bernardo (5)
Carlos Tovar (5)
Bonilla (6)
Rúben Gonçalves (6)
Paulo Moreira (5)
João Vasco (6)
Osemene (5)
Léo Teixeira (6)
Sups. Utilizados
Diogo Ramalho (6)
Hélder Barbosa (5)
Rui Areias (5)
Vilela (5)
Ludovic (5)
Análise Tática – SL Benfica
Os encarnados alinharam no seu habitual 4-2-3-1, com Chiquinho e Enzo como médios mais recuados e Aursnes um pouco mais adiantado (em teoria, já que na prática eram frequentes as trocas de posição no terreno entre o português e o norueguês). Quer Neres, quer Draxler fugiam bastante das alas, com incursões interiores, permitindo aos laterais benfiquistas encontrarem a profundidade e a largura em corredores muito livres, contrastantes com o bem povoado corredor interior.
A pressão do conjunto primodivisionário após a perda da posse da bola causou dificuldades à turma varzinista, que sentia constrangimentos na circulação em ataque posicional e no transporte em transição rápida, fruto desse sufoco imediato.
XI Inicial e Pontuações
Vlachodimos (5)
Bah (6)
Lucas Veríssimo (5)
Morato (5)
Grimaldo (6)
Aursnes (7)
Enzo (6)
Chiquinho (7)
Neres (6)
Draxler (4)
Gonçalo Ramos (5)
Sups. Utilizados
João Mário (5)
Florentino (6)
Ristic (5)
Henrique Araújo (-)
Gil Dias (-)
BnR na Conferênica de Imprensa
Varzim SC
Bola na Rede: O Varzim voltou recentemente a competir. Passou pela procura ainda da melhor da condição física dos jogadores as mudanças que procurou fazer em relação ao último jogo, e em especial no ataque?
Tiago Margarido: Não, as alterações que fizemos em relação ao último jogo foi estratégica. Pretendíamos características diferentes para aquilo que era a nossa estratégia inicial para o jogo, portanto as alterações deveram-se a isso. A questão do jogo e da gestão que foi feita em substituições foi para mexer com o jogo e criar dificuldades diferentes ao Benfica.
SL Benfica
Bola na Rede: O Benfica encontrou uma equipa que procurou sempre defender com muitos homens e foi difícil encontrar zonas com superioridade numérica. Ainda assim, os laterais conseguiram ter oportunidades de cruzamento, embora sem muito perigo. A dificuldade em jogos amarrados como este de conseguir colocar a bola na área é algo que o deixa preocupado e que tentará trabalhar ou é algo que sente que é causado pela especificidade deste jogo e que é mais exceção do que regra?
Roger Schmidt: Penso que temos que respeitar sempre o adversário, o Varzim esteve bem. Não é coincidência que sofram poucos golos, tem sempre muitos homens atrás da bola e na área e às vezes é difícil colocar a última bola, tens sempre que trabalhar bem, finalizar de forma mais inteligente algumas vezes, com mais precisão que força. No fim, fomos capazes de criar muitas oportunidades, às vezes tens poucas chances e marcas quatro ou cinco golos e outras tens muitas e marcas só um ou dois, como hoje e na sexta. Faz parte do futebol e não estamos preocupados com isso."