"“Quem é aquele maluco? Está pensando que é o Cristo?” E Moisés, encolhendo os ombros: “Não. Está pensando que é Pelé...”.
Uma das mais longas conversas que tive com Pelé decorreu em Londres, na véspera de um jogo entre Inglaterra e Brasil, para o Mundialito que serviu de preparação para o Euro-96. Ficámos longamente na taramela até ser quase madrugada. Ele era amigo de uma boa piada. Trocámos algumas, embora me falte de absoluto a capacidade de contar anedotas. Já o nosso Edson Arantes do Nascimento tinha chiste. Ouvi-o com agrado contar uma graçola sobre ele próprio. Que tem a sua pilhéria e era mais ou menos assim: Cristo e Moisés estão do Rio de Janeiro e resolvem dar uns toques na bola num campo baldio junto à Lagoa Rodrigues de Freitas que tinha uma baliza mal-amanhada, mas era uma baliza e chegava. Um bocado mais mandão do que o seu companheiro, o Messias agarra a bola e manda o outro fazer de guarda-redes. Diz:
“Vou pôr-me a 30/40 metros de distância e marcar um golo como aquele que o Pelé ia marcando contra a Checoslováquia no Mundial de 70. Moisés resignou-se com a farronca do fulano dos milagres e colocou-se entre os postes. Cristo nem tomou balanço – deu um chutão, o bola foi por alto, passou sobre a trave e foi cair no meio da lagoa. Moisés riu-se: “Nem de milagre! És maluco! Podemos ficar aqui até à eternidade, se não tiveres mais nada para fazer.”
Dirigiu-se à lagoa, fez aquele truque do Mar Vermelho e abriu as águas para ir buscar a bola. Jesus agora estava irritado.
“Já vais ver! Já vais ver! Pelé não é melhor do que eu. Os meus milagres são melhores do que os dele.”
Coloca-se em posição, chuta com toda a força, a bola sobe, passa sobre a barra e cai outra vez no meio da lagoa. Moisés enxofrou-se.
“Não vou lá outra vez buscar a bola. Vai tu, se quiseres”.
Espumando pela boca, Jesus faz aquele truque de andar sobre as águas quando passa um maltrapilho e solta uma gargalhada:
“Quem é aquele maluco? Está pensando que é o Cristo?”
E Moisés, encolhendo os ombros:
“Não. Está pensando que é Pelé...”."
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