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segunda-feira, 13 de julho de 2015

Menos mística, por favor

"Durante muitos anos o Benfica teve um problema: excesso de mística. Não me entendam mal, não sou contra o conceito de 'mística'. Bem pelo contrário, o Benfica é também uma ideia que assenta, em importante medida, numa comunhão com uma realidade espiritual, 'ser benfiquista'. Há neste movimento, é claro, muito de misticismo. Uma verdade que só alcançamos através da história daqueles que vestiram e honraram as camisolas vermelhas.
A questão é outra: a mística sugere uma certa passividade, algo que surge num momento de dificuldade, que nos ultrapassa e que compensa os nossos falhanços na vida real. Enquanto apostamos na mística, num qualquer recurso redentor, passa para segundo plano tudo aquilo que nos pode guiar à vitória. E o Benfica andou demasiados anos a depender da mística, de um conjunto de ideias salvíficas, que surgiriam para contrariar todos os sinais que iam sendo dados em campo, mas também na organização do futebol.
Não digo que não seja fundamental transformar o Benfica numa comunidade de pertença, baseada na história popular e corajosa dos nossos fundadores e na glória dos que fizeram do SLB um clube grandioso. Aliás, quando fizermos o balanço da actual direcção, a forma como soube recuperar as velhas glórias e dar-lhes o papel central que merecem no presente do Benfica será certamente um dos seus legados mais relevantes.
Estamos perante mais um daqueles casos em que a asserção de George Orwell é verdadeira: 'Quem controla o presente, controla o passado, controla o futuro'. No caso não se trata de nenhuma distopia, mas sim da construção de um futuro que só será feito de vitórias se estiver ligado intimamente ao nosso passado: ao Cosme Damião, ao Rogério Pipi, ao Zé Águas, ao Mário Coluna, ao Eusébio, ao Simões, ao Toni, ao Humberto, ao Shéu Han, ao Nené, ao Bento, ao Chalana, ao Diamantino, ao Vítor Paneira, ao Rui Costa.
Mas as ideias místicas não são a matéria de que são feitas as vitórias. Um presente e um futuro ganhadores constroem-se com opções estratégicas claras, com rumo, com trabalho e uma fidelidade ao clube que vai bem para além daqueles que transitoriamente representam as nossas cores.
Precisamos de menos mística, porque precisamos de mais talento, profissionalismo e suor em campo, de mais capacidade estratégica de quem dirige, de estabilidade nas escolhas que vão sendo feitas e de fervor dos adeptos. Enquanto dependíamos do manto protector da mística perdíamos; o bicampeonato que ainda celebramos e que abre portas para o 'tri' não foi conquistado com mística. Ela, é verdade, esteve presente e fez diferença. Mas o que nos colocou na senda vitoriosa que hoje nos acompanha de novo foi o suor do Maxi, o talento do Gaitán, a liderança do Luisão, a estabilidade das escolhas estratégicas da direcção e, claro, o colinho dos adeptos.
Tudo realidades bem materiais e que de pensamento mágico nada têm."

Pedro Adão e Silva, Mística

Renovações...

São boas notícias, as renovações dos nossos jovens, ainda por cima quando dois destes jogadores (Teixeira, Semedo), têm quase garantida a presença no plantel principal, e o próprio Nuno Santos vai ter a pré-época para se apresentar...
Pessoalmente, acho que o Guzzo vai ser emprestado, porque temos muitos jogadores para aquela posição, e porque em comparação com as outras alternativas, o Guzzo, defensivamente, não tem a intensidade e a velocidade para jogar a '8'...

Branco...

De sonho!

"A nossa imensa ambição e vontade de conquistar sempre algo mais não deve toldar o espírito ao ponto de não perceber e rejubilar com a presente época desportiva do nosso Benfica.
Desde que nasci, e infelizmente já vai algum tempo desta era de Cristo, que nunca nenhum clube português conseguiu algo parecido.
O Futebol foi campeão (e venceu a Taça da Liga e a Supertaça). O Basquetebol foi campeão (e venceu todas as cinco provas nacionais). O Voleibol foi campeão (ganhando tudo em Portugal e chegando a uma final europeia pela primeira vez na nossa história). O Futsal foi campeão, fazendo a 'dobradinha'. O Hóquei em Patins foi campeão, fazendo também a 'dobradinha'. O Atletismo foi campeão nacional.
É impressionante!
De sonho esta época desportiva de futebol e modalidades. Deixem-nos festejar e festejem connosco.
Nunca uma edição da Mística foi tão pequena para tantos títulos que precisa de cotar e cantar. Neste número, que festeja êxitos e relança expectativas para os da próxima época, não deixem de ler o artigo de opinião de um dos nossos melhores, Pedro Adão e Silva, que vem a estas páginas com uma 'censura' ao nosso título. A não perder a pena afiada de um dos benfiquistas com mais 'mística'.
Sincero obrigado a todos os campeões, de todas as modalidades, em todos os escalões, que fizeram deste ano um ano de sonho para a nação encarnada.
E como por vezes cantam os nossos adeptos: 'Para o ano há mais'."

Sílvio Cervan, in Mística