Últimas indefectivações

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Pedro Pichardo

Creio que quem não acompanha o Atletismo terá dificuldade em compreender o significado desta contratação!!! Pedro Pichardo é um dos maiores fenómenos do Atletismo Mundial... Ultrapassou a mítica marca dos 18 metros no Triplo antes dos 23 anos (algo que o Évora nunca conseguiu)!!! Neste momento só o Americano Cristian Taylor se pode comparar com o Pichardo (em condições normais sem lesões), mais ninguém está ao mesmo nível... são dois autênticos E.T.'s!!!!

Creio que o Benfica 'aproveitou' bem, a opção de 'deserção', dando ao atleta alguma segurança quanto ao seu futuro a curto prazo! Recordo que neste momento existem ex-Cubanos nas Selecções Espanholas, Italianas, Turcas... mesmo em Portugal, noutras modalidades temos ex-Cubanos, portanto no fundo acaba por não ser uma novidade...
Pelo que se sabe, existem outros Cubanos a treinar na secção de Atletismo do Benfica, portanto até podemos ter mais 'novidades' nos próximos tempos... Sendo que a própria Selecção Nacional, a médio prazo poderá beneficiar...

O Triplo Salto é tradicionalmente um 'exercício' que provoca lesões graves com alguma regularidade. Na última época o Pedro teve vários problemas, e competiu pouco...
Devido a esta inscrição tardia, o atleta não poderá competir no Nacional de Pista no próximo Verão, só em 2018... Mas tendo conta as palavras de todos os envolvidos, estamos perante um investimento a longo prazo... e se assim for, é de facto uma grande contratação!

O eterno 'derby'

"Tudo começou mal e a desoras. Grupúsculos digladiaram-se em nome da mais gratuita violência. Desta vez, com uma morte a lamentar.Quando veremos os clubes expulsar do seu seio pessoas que só alimentam e estimulam o ódio?
Mas falemos de futebol. Contra previsões de mais confusão e quezílias, o derby lisboeta decorreu com normalidade. No resultado, no ambiente do estádio cheio e, sobretudo, a atitude exemplar de todos os jogadores, lutadores até ao limite, mas respeitando-se como colegas de profissão. No meio das guerras, os atletas continuam a ser os mais respeitáveis.
Foi, pois, bom. Talvez decepcionante para os arautos - que os há, abundantemente - do desalinho por tudo e por nada. Os treinadores fizeram o seu papel com galhardia, mesmo não se cumprimentado, ou seja, sem serem hipócritas. Não houve ajuntamento nem rebuliço junto dos bancos. Os apoios a cada equipa contiveram-se nos limites mínimos da decência.
Ederson não deixou o Benfica estar mais de 384 dias sem sofrer um penalty, assim  retirando pretexto para mais excitações dos propagandistas oficiais de clubes, especializados em insultos e chalaças. Nas redes sociais das habituais queixinhas e azia só houve indisfarçáveis e frustradas bolas para canto. Nas TV especializadas em acicatar desavenças houve 7 (!) penalties (4 a favor do SCP!) e a bola na falta de Lindelof marcou brilhantemente estava fora do sítio para aí uns 15 cm! Que mais se vai inventar?
Rui Vitória foi, mais uma vez, um senhor. E até tinha motivos, por demais evidentes, para cair na tentação de não o ser. Mas foi, e isso envaidece os benfiquistas. Obrigado, Rui Vitória!"

Bagão Félix, in A Bola

O melhor do futebol

"Nestes dias de chumbo por que estão a fazer passar o futebol português, alguns sinais positivos têm o condão de não deixar a esperança morrer, raios de luz num horizonte carregado, pedaços de humanidade que emergem dos destroços e da miséria moral vigente. Estas palavras duras traduzem o desencanto de quem acredita no poder do desporto como elemento único na aproximação dos povos e é obrigado a revoltar-se ao deparar-se com a subversão dos valores. Mas passemos aos sinais que me alegraram o coração...
O primeiro aconteceu na manhã de sábado, mal acabou o Sporting-Benfica em iniciados. Os jogadores, que tinham mostrado irrepreensível fair-play ao longo dos 70 minutos (parabéns aos treinadores/educadores) saíram do estádio Aurélio Pereira abraçados, vencedores e vencidos lado a lado, aceitando o que decorrer naturalmente do jogo. Horas mais tarde, quando as equipas principais de leões e águias se defrontaram, com um clima de cortar à faca a rodeá-los, temi uma partida pejada de picardias. Abençoado engano, o meu. Durante o jogo a correcção foi grande (e ninguém facilitou...) e quando Artur Soares Dias deu por terminada a função o que se viu foi respeito e solidariedade, numa abordagem exemplar a profissional.
Perante estes exemplos, senti-me reconciliado com um frase sábia, por vezes esquecida: «O melhor do futebol são os jogadores». Pena é que os clubes continuem a amordaça-los, preferindo dar palco a quem nada tem a ver com o que se passa dentro das quatro linhas e, muito provavelmente, nunca deu um pontapé numa bola. Mas dá cada pontapé no futebol..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Qual a parte que não entendem?

"Comunicados, contra-comunicados; tweets de directores de comunicação; publicações nas redes sociais; textos presidenciais no Facebook; comentadores amestrados nas televisões; apelos de presidentes da Liga colocados no caixote do lixo da consciência; claques legais ou ilegais sempre com uma bênção institucional mais ou menos explícita ou velada; queixas directas aos rivais no Conselho de Disciplina; penalties discutidos até à exaustão; foras de jogo debatidos ao milímetro; local de colocação de bola na cobrança de um livre directo a valer horas de conversa; árbitros agredidos fisicamente no esconderijo das distritais; páginas na internet de autores e passar ideias que os clubes oficialmente têm pudor em assumir; erros evidentes de arbitragem branqueados ou sublimados pelos responsáveis oficiais consoante a cor do beneficiado; acusações constantes; ataques pessoais; convites condicionados para as tribunas presidenciais; respostas com comparações a cidadãos detidos; contra-respostas com linguagem a roçar o deplorável; talento de jovens jogadores colocado em causa por não ser da cor do emissor da mensagem; idoneidade dos comentadores/opinadores colocada em causa por não veicular a ideia oficial ou criticar uma determinada atitude; órgãos decisores colocados em causa; dívidas monstruosas de todas as SAD dos grandes comparadas ao euro, como se não devessem todos imenso; responsáveis políticos a assobiar para o ar; quem tem o poder legislativo com acções inócuas; comentários que se auto-avaliam como sarcásticos mas são pedaços de ódio.
Qual foi a parte de Marco Ficini ter morrido por causa de um derby que não entenderam? Os senhores do futebol não perceberam que colocam tudo em causa mas não entendem o essencial: o futebol é só um jogo, mas move paixões.
Poupem-nos a esta pornografia."

Hugo Forte, in A Bola

A cartilha, os insultos, as queixinhas e os irresponsáveis

"Andamos nisto: os insultos, as queixas da arbitragem, os apertos e as agressões aos árbitros, as cartilhas e os comentadores que interpretam papéis como actores do método.
Há três teorias que podem explicar isto: alguém acha que isto funciona ou isto realmente funciona; ou, então, alguém quer fazer-nos acreditar que isto funciona e à falta de uma contraprova científica continua-se o joguinho a que todos convencionámos chamar spinning.
Das três, prefiro esta, porque há aqui um racional bem portuguesinho: a desresponsabilização. Quando a equipa perde, culpa-se o árbitro, alerta-se para a manha do malandro do adversário, esmiúçam-se lances em super-slow-motion no Twitter e no Facebook para troll comentar, escrevem-se notas para os comentadores e estes amplificam a mensagem – e, puff, em menos de um dia estão esquecidos os erros e as falhas, e, afinal, é tudo um grande logro, um embuste, uma vergonha, etcetera, etcetera.
Dito assim e levado à letra, tornar-se-ia irrelevante o trabalho de quem trabalha nisto, porque o jogador escusava de jogar porque está tudo feito para o rival ganhar, e o treinador não precisava de treinar porque, lá está, isto está feito para o rival ganhar.
Só que quem não recebe para estar no futebol, mas que paga para o ver, entra numa encruzilhada: os que gostam de forma desapaixonada tendem a afastar-se do jogo, fartos do ruído, da histeria e do constante passa-culpa; os fanáticos, os irrazoáveis, gostarão cada vez mais, porque o discurso agressivo lhes cai no goto e lhes alimenta a rivalidade, transformando-a em ódio.
E como o ódio é irrazoável e a irrazoabilidade leva à violência, as coisas ruins acontecem - e quando as coisas ruins acontecem, alguém é, normalmente, responsabilizado num mundo civilizado.
Só que ninguém é. E aí voltamos à desculpabilização, como se os insultos e as insinuações e as acusações e as comparações e as metáforas e as alegorias fossem apenas palavras inconsequentes e não ajudassem a montar o circo que é o futebol português."

Benfiquismo (CDL)

Benfica 5 - 1 Real Madrid, 1965

105x68... a 10 pontos do Tetra!

A promessa de Salazar

"A enorme Taça Império foi disputada por Benfica e Sporting no dia da inauguração do Estádio Nacional. Uma multidão de 60 mil pessoas juntou-se em redor do relvado.

António de Oliveira Salazar prometia e cumpria. Em 1932, quando subira ao poder, anunciara a construção de um grande parque desportivo. Em Julho desse ano, o novo Ministro das Obras Públicas e Comunicações, o engenheiro Duarte Pacheco, lança um programa gigantesco de obras públicas com o objectivo imediato de modernização urbanística e económica do país. As verbas do Fundo de Desemprego serão aplicadas nesse programa. A planificação daquele que viria a chamar-se, muito a propósito, Estádio Nacional, iniciou-se em 1939.
A sua concepção visava não apenas as manifestações desportivas, mas igualmente a criação de um espaço no qual tivessem lugar demonstrações públicas da política vigente, tal como sucedia na Alemanha de Hitler, por exemplo. Por isso, não admira que o Estádio de Honra, como começou por ser designado, fosse inspirado no Estádio Olímpico de Berlim e nessa concepção «ultra-neoclássica» que eram as manifestações estéticas monumentalistas e teatrais do III Reich.
Francisco Caldeira Cabral, Jorge Segurado, Konrad Wiesner, foram alguns dos arquitectos consulados. Mas é a Miguel Jacobetty Rosa que a paternidade do estádio é atribuída.
Cinco anos durante as obras. E, no dia 10 de Junho de 1944, «Dia da Raça», como então se designava, perante a presença do Presidente do Conselho, Óscar Carmona, e do Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, milhares de jovens filiados na Mocidade Portuguesa ou na Federação Nacional da Alegria no Trabalho desfilam orgulhosos nos seus fatos de ginástica ou nas suas fardas de gala em frente às bancadas monumental estádio que se inaugurava.
Nunca tantos!!!
Nunca tinham sido tantos em redor de um campo de futebol.
60.000 pessoas vitoriavam Salazar que, pouco dado a essas coisas de desporto e muito menos de futebol, saiu ao intervalo, à la française, com o resultado ainda em zero-zero.
Duarte Pacheco, o antigo Ministro das Obras Públicas, o ideólogo do Estádio Nacional, o homem que pensara atirar com os três grandes clubes de Lisboa para fora da cidade, obrigando-os a construir os seus campos de jogos em Monsanto, não esteve presente. Tinha morrido no ano anterior, quando o seu Buick se despistara numa curva chamada a Cova do Lagarto:
O «Século» rejubila na sua primeira página: «A inauguração do Estádio Nacional foi um espectáculo esmagador de emoções». E continua, num estilo grandiloquente que tanto agradava ao regime: «60.000 pessoas delirantes de entusiasmo patriótico aclamaram em apaixonada grita os Chefes de Estado e do Governo e cantaram em coro o Hino Nacional».
António Lopes Ribeiro estava lá: filmaria tudo.
Depois dos desfiles, o jogo.
Em disputa estava a grandiosa Taça Império e frente a frente o campeão nacional, o Sporting, e o vencedor da Taça de Portugal, o Benfica.
Até ao intervalo, não houve golos. Azevedo, o célebre Azevedo, estava seguro como nunca. Espírito Santo e Julinho, Teixeira - o Gasogéneo - e Rogério, dito Pipi, nada podiam contra a simplicidade cientifica do futebol de Octávio Barrosa e Manuel Marques.
Depois, António Oliveira Salazar saiu do Estádio Nacional, e o jogo libertou-se. Adolfo Mourão foge à defesa encarnada e oferece o primeiro golo ao pletórico Peyroteo . Estão decorridos 16 minutos do segundo tempo. O Benfica responde em avalanche. É Espírito Santo quem empata, pouco depois de meia-hora. Até ao fim dos noventa minutos, os espectadores assistem, inquietos, aos golpes e contra-golpes dos dois opositores.
Mas há que recorrer ao prolongamento. E mal dois minutos estão decorridos quando Barrosa lança Peyroteo em direcção à baliza Martins. Nada a fazer. O Sporting ganha vantagem e não mais a perderá. Eliseu, lesionado, encosta-se à esquerda, a fazer figura de corpo presente, como era regra a época.
Convencidos da sua incapacidade, os jogadores do Benfica condenam-no ao abandono. Erro fatal. É sozinho que recebe uma bola vinda da sua defesa e é sozinho que caminha com ela para a baliza encarnada e para o 3-1.
Estamos apenas com 6 minutos deste prolongamento de loucos. Quatro minutos depois, Júlio, a quem os adeptos tratam carinhosamente por Julinho, reduz para 2-3.
É a vez de enorme Azevedo fazer valer a sua imensa categoria. A Taça Império está segura nas suas mãos. E é Adolfo Mourão que, no último minuto do prolongamento, ainda remata à barra de Martins como que a sublinhar a justiça de tão grande vitória."

Afonso de Melo, in O Benfica