"Nestes dias de chumbo por que estão a fazer passar o futebol português, alguns sinais positivos têm o condão de não deixar a esperança morrer, raios de luz num horizonte carregado, pedaços de humanidade que emergem dos destroços e da miséria moral vigente. Estas palavras duras traduzem o desencanto de quem acredita no poder do desporto como elemento único na aproximação dos povos e é obrigado a revoltar-se ao deparar-se com a subversão dos valores. Mas passemos aos sinais que me alegraram o coração...
O primeiro aconteceu na manhã de sábado, mal acabou o Sporting-Benfica em iniciados. Os jogadores, que tinham mostrado irrepreensível fair-play ao longo dos 70 minutos (parabéns aos treinadores/educadores) saíram do estádio Aurélio Pereira abraçados, vencedores e vencidos lado a lado, aceitando o que decorrer naturalmente do jogo. Horas mais tarde, quando as equipas principais de leões e águias se defrontaram, com um clima de cortar à faca a rodeá-los, temi uma partida pejada de picardias. Abençoado engano, o meu. Durante o jogo a correcção foi grande (e ninguém facilitou...) e quando Artur Soares Dias deu por terminada a função o que se viu foi respeito e solidariedade, numa abordagem exemplar a profissional.
Perante estes exemplos, senti-me reconciliado com um frase sábia, por vezes esquecida: «O melhor do futebol são os jogadores». Pena é que os clubes continuem a amordaça-los, preferindo dar palco a quem nada tem a ver com o que se passa dentro das quatro linhas e, muito provavelmente, nunca deu um pontapé numa bola. Mas dá cada pontapé no futebol..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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