"Que bicho mordeu ao Nuno Gomes? Que é que lhe deu para desatar a marcar golos nos poucos minutos que põem ao serviço a sua disposição concretizadora? 'Nuno, amigo, andas a brincar com isto?', também a brincar, muito a brincar, foi o que lhe disse, telefonicamente, no dia seguinte ao triunfo em Paços de Ferreira, que contou com dois golos de lavra do mais reputado dianteiro em actividade nos relvados domésticos.
O Nuno, que é uma pessoa excepcional, riu-se com a minha provocação. Estava feliz, só podia. Não falou dele, falou do colectivo, falou do Benfica, do seu e do meu Benfica, do nosso Benfica. Prometeu, e até não era preciso, jamais renunciar à dedicação benfiquista, que no seu caso significa golos e apego inexcedível ao grupo. O Nuno é mesmo assim, sempre foi assim, sempre será assim.
Há quem coloque em causa as opções técnicas de Jorge Jesus, sustentando a capacidade do Nuno para uma utilização mais constante e mais dilatada. Grande injustiça, enorme disparate! As coisas são distintas. Jorge Jesus sabe melhor do que ninguém o que mais serve os interesses da equipa. Se o Nuno marca golos, quando é chamado ao teatro das operações, o mérito também não pertence a Jorge Jesus?
As virtudes recentemente patenteadas pelo Nuno não podem servir para dividir a tribo vermelha. O Nuno e Jorge Jesus não são incompatíveis, antes são de todo compatíveis. Ambos querem o melhor para o Benfica. Felizes os benfiquistas que têm o Nuno sempre pronto a marcar e um técnico como Jesus sempre sagaz nas opções mais aconselháveis com o fito de garantir delícias garridas."
João Malheiro, in O Benfica