"Tenho de dar o braço a torcer. Só agora, depois de assistir à campanha eleitoral que terminou ontem, é que me apercebi das razões por que a primeira opção do Sporting tem sido quase sempre a cooptação. Se é isto que sucede quando o clube vai efetivamente a votos, então permitam-me parafrasear Churchill: a cooptação é o pior dos sistemas com exceção de todos os outros.
Mas o nível da campanha eleitoral foi tanto mais chocante quanto se sabe que os sportinguistas gostam de se apresentar como um clube diferente e distinto. Ora, ao pé dos debates entre candidatos à presidência do Sporting, as assembleias gerais do Benfica parecem o Gambrinus.
Há quem diga que os debates ajudaram a estabelecer Bruno de Carvalho como o favorito à vitória. Não é a minha opinião. Se os debates tiveram uma grande influência junto dos sócios do Sporting, prevejo que quem vai ganhar a presidência são os votos nulos. Às tantas, já não era assim tão grave ser-se chamado de mentiroso, tal foi a quantidade de vezes que os candidatos recorreram a esse mecanismo – Godinho Lopes, em especial, não parecia tão chocado com esse tipo de injúria como quando o acusavam de pertencer à “continuidade”, essa sim, uma palavra que lhe feria nitidamente a honra.
Em relação a Dias Ferreira, foi o candidato que mais me surpreendeu. Há anos que acompanho e admiro a sua capacidade para, enquanto comentador, se escapar constantemente à atividade de comentar. E acaba por ser irónico que tenha sido preciso retirar-se de um programa de comentário desportivo para ficarmos a saber as suas opiniões sobre inúmeras matérias.
De resto, estou convencido de que só uma manobra de última hora poderia dar a vitória à lista de Godinho Lopes. A única hipótese que, com todo o respeito, o candidato da continuidade ainda teria de vencer as eleições seria, num golpe de teatro, convencer José Eduardo Bettencourt a dar o seu apoio a Bruno de Carvalho."
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