Últimas indefectivações

sexta-feira, 7 de março de 2014

O único imperador

"Foi no último 6 de Agosto. Na Luz, na nossa Luz. Na luz da justiça, pela luz do passado, por uma luz radiosa no futuro. Com a luz da emoção, já um tanto sofrida, organizei o jantar de aniversário do Mário Coluna. Foi uma cerimónia simples, sem a luz da exuberância, com a participação da família, ainda do Eusébio, do presidente Luís Filipe Vieira. Essa noite, fez-se mais luz na Luz. Afinal a consagração de uma amizade longa, permanente, emotiva, até venerada.
Sobre o capitão dos nossos capitães, deixei registado que até o nome lhe fiava a matar. Coluna era coluna. Resistência, solidez, força. 'Os homens são na proporção dos seus desejos', escreveu o mestre Almada Negreiros. Coluna era enorme, porque desejava, desejava intensamente.
Vivia o jogo com cuidados paternais, tinha gestos santos, era o sol do meio-dia. Eminência parda de Eusébio, mais tarde companheiro de equipa, tudo venceu, com excepção da Taça Intercontinental. Esteve em cinco finais europeias, foi bicampeão da Europa, sempre com golos da sua lavra. Pela Selecção, atingiu o pódio, no Inglaterra 66, era o capitão, o líder da mais afinada orquestra da bola nacional. Na mundialização do seu prestígio, envergou também a braçadeira da equipa FIFA, na festa de homenagem ao mítico Ricardo Zamora.
Dava músculo, dava cérebro, dava alma, dava até pelo, dava sangue. Dava ordens ao jogo, dava-lhe ordem, também. Dava jeito, tanto jeito. Dava o que dava e não dava mais porque não havia mais para dar. Sem exagero. Coluna era o farol do futebol português. Também o único e último imperador."

João Malheiro, in O Benfica

Águas, Coluna e Eusébio

"José Águas, Eusébio e Coluna são os três nomes mais míticos da minha “educação” benfiquista. Nascido no início dos anos setenta, ouvi vezes sem fim a narração dos grandes feitos do Benfica da década de sessenta. Os mais velhos da família passavam testemunho das grandes finais europeias, das conquistas, das jogadas, das goleadas… e na voz dos narradores, nascia a epicidade dos heróis. De entre todos, aquela “santíssima trindade” sobressaía.
Os golos, a elegância, o jogo aéreo e a eficácia do Águas, o grande capitão das finais conquistadas; a excelência superior do “Rei”, do maior de todos, o Eusébio; e a força, o pulmão, a inteligência, a determinação e a liderança do Coluna. Estes três eram míticos para a História do Benfica e heroicos no imaginário de quem, sem nunca ter tido o privilégio de os ver jogar ao vivo, cria uma imagem sonhada e, como tal, mais vincada e duradoura.
Aconteceu comigo e com milhões de outros benfiquistas que cresceram no benfiquismo, tendo como referência homens que julgamos eternos na medida em que se eternizam no nosso imaginário colectivo. Com o falecimento do Senhor Mário Coluna, deixámos de ter o último representante da tal trindade que, sendo maiores entre os maiores, percebiam que eram pequenos perante o Benfica.
Repito que não vi o Coluna jogar, mas vi-o, ao vivo, ajoelhar, com humildade e agradecimento, perante a Águia de Ouro que o Benfica lhe ofereceu como reconhecimento do seu papel cimeiro na história do Clube. Ali, naquele momento, estava mais uma, a derradeira, lição de liderança e benfiquismo que o Senhor Coluna nos deu: ensinou-nos a ser humildes na gratidão ao Benfica."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Porquê correr riscos?

"O Benfica não jogou bem no Restelo. Ganhou merecidamente contra um adversário frágil que só atacou uma vez e até marcou um golo bem mais legal do aquele que lhe valeu um ponto na Luz. Mais grave é que ficou a ideia de que se o Benfica quisesse marcaria, um ou dois golos, a todo o tempo. Então porquê correr riscos?
A gestão de resultados de vantagem mínima não está no ADN do Benfica. Aquilo a que muitos chamam maturidade competitiva e realismo é normalmente preguiça. Aquilo que o Benfica sabe fazer bem é jogar bem. A melhor forma de gestão de um jogo é, para o Benfica, jogá-lo à Benfica. Jorge Jesus mostrou, e bem, nas declarações do final do jogo, que estava mais irritado que os adeptos com aquela gestão preguiçosa.
Só não se fala muito nisto porque o FC Porto mostrou de forma ainda mais hilariante como segurar um ponto depois de estar a vencer 2-0 ao limitado Vitória de Guimarães. Rui Vitória continua a fazer milagres, e só Danilo em cima da linha de golo fez com que a proximidade pontual do FC Porto ao Estoril não fosse maior.
Depois dos eufóricos festejos pelo empate de Frankfurt dever-se-iam ter vistos festejos pelo empate arrancado a ferros em Guimarães.
O Benfica define a época e as suas glórias nos próximos jogos. O Estoril, pela sua qualidade, pelo jogo do último ano, pelo resultado no Dragão, não pode ser surpresa para ninguém no Benfica. Domingo tem de haver uma abordagem ao jogo igual à que foi feita frente ao FC Porto e ao Sporting.
Paulo Fonseca, que venceu a única prova que disputou até ao fim, a Supertaça, deixou o FC Porto a disputar todas as outras Campeonato, Liga Europa, Taça de Portugal e Taça da Liga. Sempre se pode concluir que ao não deixarem Paulo Fonseca terminar a época, podem ter deitado fora um ano como o de André Villas-Boas."

Sílvio Cervan, in A Bola

Para quê complicar?

"1. Não gostei da atitude da equipa no jogo no Restelo, que poderíamos ter ganho facilmente e acabámos sujeitos a ter que ouvir e ler que um golo do Belenenses, que daria o empate, foi mal anulado. Mas até que ponto a posição do avançado azul que não 'interferiu' na jogada terá perturbado a acção do nosso guarda-redes? Há que recordar que no empate da 1.ª volta, bem como nos jogos de Alvalade e no campo do Marítimo fomos bastante prejudicados... Mas tudo isso passaria a segundo plano se a equipa não se tivesse acomodado ao sempre perigoso 1-0, passando a jogar a 10 à hora.
Admito que não deveremos cair no 'exagero' das grandes 'cavalgadas' das últimas épocas, sempre em alto ritmo à procura de (ainda) mais um golo. Mas abrandar e simplesmente controlar o 1-0 pode dar mau resultado. A nossa vantagem sobre Sporting e (principalmente) FC Porto é cómoda mas está longe de ser decisiva.

2. Foi um aniversário triste, o dos nossos 110 anos. Depois de Eusébio, deixou-nos outro dos campeões europeus, o grande capitão Mário Coluna, cujo funeral foi realizado precisamente no dia do nosso aniversário. Louvável a atitude da direcção, que esteve representada ao mais alto nível em Maputo e levou consigo os campeões europeus ainda vivos.

3. Já não é novidade mas continua a lamentar-se: a triste (e anti-Benfica) atitude dos No Name Boys, tão bons a apoiar incansavelmente a equipa como maus a 'angariar' multas para o Clube pagar, semana após semana. Já vai em 91 mil euros está época, tanto quanto a soma das multas (por mau comportamento dos adeptos) de FC Porto e Sporting. Na base dos castigos, sempre a mesma razão: petardos. Mais grave: a acção é premeditada, já que nos jogos europeus (os castigos aí poderiam passar por interdição do campo) eles se portam bem. Até quando?

4. Os resultados da equipa de futebol condicionam muito a apreciação da valia dos dirigentes dos clubes, esquecendo-se muitas vezes tudo o resto. Agora que o FC Porto está na mó de baixo já Pinto da Costa está a ficar velho e a perder qualidades. Penso que o grande sinal da quebra do clube está na demissão do seu administrador Angelino Ferreira, pelo que isso pode significar. A par das contas e da nítida menor valia da equipa. Mais do que a idade do presidente, que continua igual a si próprio..."

Arons de Carvalho, in O Benfica

Até à Vitória

"Num mês de 28 dias, a equipa principal de futebol do Benfica disputou 7 jogos - um jogo de 4 em 4 dias -, obtendo 6 vitórias, 1 empate, 12 golos marcados, 1 golo sofrido, consolidando o 1.º lugar na classificação da Liga, passando às meias-finais da Taça de Portugal e aos oitavos de final da Liga Europa. Se somarmos o mês de Janeiro, teremos que o Benfica disputou 13 jogos - um jogo em cada 5 dias -, com 12 vitórias e 1 empate, 25 golos marcados contra 1 sofrido, tendo pelo caminho jogado com adversários como o FC Porto e Sporting. Pelo meio ficaram uns tantos golos de raiva, poucos golos para tanto domínio em alguns jogos, uns tantos golos artísticos. O Benfica perdeu entretanto um esteio do meio-campo, que foi «só» o melhor jogador da época passada de acordo com diversas avaliações, mas também ganhou um reforço de Inverno com o resgate de Eduardo Salvio à enfermaria.
É efectivamente um magnífico score que justifica plenamente a classificação actual, depois de um início de época um tanto vacilante. E que dá razão a todos quantos diziam - contra os mensageiros da desgraça - que o Benfica tinha plantel para fazer uma grande época. O Benfica é líder por mérito próprio e não apenas em função das desgraças alheias.
Mas os êxitos de uma equipa fazem-se em função do plantel disponível, do trabalho no dia-a-dia, da competição da equipa técnica, de alguma sorte e azar, de apoio dos adeptos, mas também do estado de espírito individual e da mentalidade do colectivo. O Benfica ainda não ganhou nada mas depende de si em todas as provas em que está envolvido, nomeadamente nas 9 jornadas que faltam ao campeonato. E o depender de si significa entrega, atitude, vontade, determinação, empenho, intrepidez. Cabe-nos dar a nossa parte no apoio à equipa e exigir que a equipa corresponda ao nosso apoio. Até à vitória."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Para além do Futebol

"As modalidades do Benfica estão bem e recomendam-se.
Decorrida parte significativa das temporadas regulares, todas elas se mantêm firmes na luta pelo topo das respectivas classificações, exibindo uma impressionante percentagem de vitórias (86%). A título de exemplo, e servindo de referência, poderemos aferir que a percentagem de triunfos no Futebol - também ele, como sabemos, a fazer uma excelente época - anda pelos 77%.
Acresce que, quer Voleibol, quer Basquetebol, quer Atletismo, quer, sobretudo, Hóquei em Patins, já conquistaram troféus em 2013-2014. Certamente não serão os únicos, nem os últimos.
Voleibol e Basquetebol são, de resto, aqueles que apresentam números mais significativos: além da liderarem, isolados os seus campeonatos (confirmando o favoritismo), somam, e conjunto, 48 vitórias em 51 partidas oficiais realizadas.
O Hóquei, por ser lado, venceu dois importantes troféus internacionais, sagrando-se Campeão do Mundo. Enfrentou algumas dificuldades intra-muros, mas conseguiu manter as portas abertas para o título. Também na Euroliga tem dado cartas, vencendo facilmente o seu grupo, e tendo todas as possibilidades de chegar novamente à 'Final-Four' da competição.
O Andebol está apenas a um ponto do 1.º lugar, à entrada para a segunda, e decisiva, fase do campeonato. É altura de mostrar a raça benfiquista, e recuperar um título que nos escapa desde 2008.
Já o Futsal tem tido os altos e baixos que seriam de esperar numa temporada de transição, em que saíram e entraram vários jogadores. Tudo se decidirá no Play-Off, momento em que, certamente com a máquina já bem oleada, os 'encarnados' estarão na luta pelo triunfo.
Se, além de tudo isto, acrescentarmos que o nosso clube ainda se mantém em todas as cinco Taças de Portugal em questão, que o Atletismo já venceu Estrada e Pista Coberta, e que nos sectores feminino e de formação todas as ambições são ainda legítimas, podemos ter esperança numa grande temporada à Benfica, seja nos relvados, nos pavilhões, ou nas pistas."

Luís Fialho, in O Benfica

Mau 1.º dia...

O 1.º dia dos Mundiais de Atletismo de Pista Coberta, que se estão a disputar em Sopot, na Polónia, não correu da melhor maneira para os atletas do Benfica:
- Marco Fortes, não conseguiu a qualificação para a Final do Peso, ficando-se pelo 11.º lugar com 20,12m, conseguido logo no 1.º ensaio. Acabou por ser uma marca dentro do esperado, para o momento actual do Marco... Estou neste momento a ver a Final do Peso, e as marcas estão a ser surpreendentemente muito boas (para esta altura da época), com vários lançamentos acima dos 21m, só mesmo o Marco Fortes ao seu melhor nível poderia aspirar a um top-5!!! Recordo, que nas últimas grandes competições o Marco tem conseguido várias presenças nas Finais, ultimamente alguns problemas físicos têm impedido marcas melhores, mas pelas declarações do Marco no final da prova, os problemas parece que estão ultrapassados e nos próximos tempos, as expectativas são altas...
- A Eva Vital merecia o prémio do cumulo do azar!!! Com uma qualificação muito difícil para este Mundial - tendo como objectivo o recorde nacional, seria sempre complicado passar as eliminatórias... -, a Eva não merecia ter-se lesionado no aquecimento da prova dos 60m barreiras... A Eva é jovem, e terá com certeza mais oportunidades para se mostrar ao mais alto nível...

Amanhã teremos o Rasul Dabo nos 60m barreiras. O objectivo é a melhorar a marca pessoal.