Últimas indefectivações

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lixívia Extra-Forte VII

Tabela Anti-Lixívia Extra-Forte:
Benfica.......17 ( 0)...17
Corruptos..17 (+3)...14

Sporting......14 (0)...14
Braga........14 ( +3)...11




No final do jogo da Luz, entrei no carro, liguei o rádio e lá estava o novo 'Zé do Boné' a elogiar o árbitro Bruno Esteves!!! Apesar de incompetente, o treinador do Paços não é mal educado, e portanto não se esqueceu de 'agradecer' a ajuda que recebeu... fez muito bem!!! Cheguei a casa, e na Zona Mista da RTP Informação, lá estava o Bruno Prata a elogiar o árbitro, o jornaleiro seguia a mesma cartilha, e até o Gobern, influenciado, concordava!!! E qual era a base para tanto elogio: marcou um penalty na Luz, contra o Benfica!!! O facto de no resto do jogo só ter feito merda, sempre contra o Benfica, não interessa...!!! Aliás a tentativa de branqueamento desta arbitragem teve várias faces: na TBI, Pedro Henriques só mostrou o golo anulado, e o atraso, o resto 'não aconteceu'!!! O Santolas no site deu razão a todas as minhas opiniões, mas no programa: Silenzio!!! Enquanto nos jogos dos Corruptos, e dos Lagartos 'discute-se' faltas completamente inconsequentes a meio-campo, lances de penalty (a favor do Benfica) nem sequer são mencionados!!!
---O fiscal-de-linha do lado da Meo, mesmo à minha frente, marcou erradamente, 4 foras-de-jogo ao Benfica, tudo na primeira parte!!! Repito, 4 !!! Aliás não acertou uma única vez!!! Tendo num destes disparates, anulado um golo limpo ao Benfica...
---No final da primeira parte, Aimar é derrubado por um adversário: empurrado com o braço (não é carga de ombro), e simultâneamente, rasteirado na perna esquerda. Penalty, e expulsão perdoada ao Pacense.
---Início da segunda parte penalty descarado sobre Matic. Anunciação usou o Sérvio como 'escadote', falta clara. Aliás no jogo com Twente, na Luz, houve uma jogada igual sobre o Cardozo, onde a critica Portuguesa foi unânime em considerar penalty!!!
---Penalty contra o Benfica bem assinalado. Luisão esticou a perna quando não devia, e pôs-se a jeito!!! O engraçado deste lance, é que em Aveiro, no Feirense-Corruptos, onde Bruno Esteves expulsou, bem, o James Soco Rodriguez, num lance exactamente igual, com o Bellushi, não marcou penalty, e ainda por cima deu amarelo ao jogador do Feirense!!! Melhor ainda, todos os paineleiros, e avençados Corruptos, elogiaram o decisão do árbitro nesse lance, defendendo que o atacante é que tinha procurado o contacto na perna do defesa!!! Parece que em duas semanas muita gente mudou de opinião, especialmente o apitadeiro!!!
---Primeiro após uma cabeçada do Luisão, e depois após uma jogada com o Cardozo, a bola bate nos braços dos defesas do Paços. Em ambos os casos, acho que a decisão foi correcta. Não existiu um acto deliberado.
---Atraso intencional para o guarda-redes do Paços. Defesa do Paços, ajeitou a bola para Cássio agarrar o esférico. Decisão fácil de tomar. A não marcação desta falta, é bem demonstrativa, da 'intenção' premeditada da equipa de arbitragem neste jogo, em prejudicar o Benfica...
---A quantidade de faltas marcadas em bolas divididas, contra Benfica, perto da área do Benfica, também foram bastante elucidativas!!! O Aimar, então, 'soprava' num adversário e era logo falta, não se compreende como um jogo onde o Benfica tem a bola, quase sempre, tem o domínio territorial, e acaba o jogo, com muito mais livres laterais perigosos, contra, do que a favor!!! A maneira arrogante, e provocadora, como foi mostrando amarelos ao Benfica, mais uma vez indica premeditação: o do Gaitán é óbvio, transforma-se um lançamento lateral, claríssimo a favor do Benfica, contra o Benfica (contei 4 lançamentos trocados), espera-se a reacção do jogador do Benfica, e mostra-se amarelo!!! O curioso é que quando jogo fica decidido, como aconteceu com Académica, o critério das 'faltinhas de merda' muda completamente, e nos últimos minutos dos jogos, quando não à nada para decidir, aquilo que minutos antes era falta, e em alguns casos cartões, já não é...!!!
Como disse na crónica ao jogo, tinha algumas esperanças neste árbitro: o ano passado, também no jogo com o Paços na Luz, esteve quase sempre bem, e até foi 'enganado' pelo Coentrão, e marcou o primeiro penalty a favor do Benfica, da época!!! Mas provavelmente, após a correcta expulsão do Boxeur Colombiano, foi 'apertado', e terá usado este jogo, para demonstrar aos 'donos' da Fruta e do Marisco, que afinal, a expulsão (repito correcta), o James Soco, foi um deslize, e que não voltará a acontecer...!!!



Em Coimbra, tivemos mais uma noite de vergonha. Nesta crónica tento avaliar somente o trabalho dos árbitros, mas aquilo que passou no jogo dos Corruptos é muito mais grave, do que qualquer erro do árbitro. Reconheço que após o jogo da Académica na Luz, ouvi com alguma surpresa as palavras do Pedro Emanuel: não se referiu, nem uma vez, ao árbitro!!! Algo extremamente raro, como devem concordar...!!! Portanto, pensei: será que o Pedro Emanuel, apesar do seu passado Corrupto (e caceteiro), tem alguma (uma pontinha) de dignidade?!!! Infelizmente a resposta já foi dada, e é negativa!!!
«A imagem da primeira parte não é a da Académica que queremos, assumo a responsabilidade, os jogadores fizeram exactamente o que lhes pedi, não fizeram o que é normal fazermos, assumi uma estratégia que não foi a ideal». Este discurso não é novo: Caixinha, Domingos, entre outros, já utilizaram a mesma cassete. Parece que alguém no antro da corrupção escreveu um guião para estas situações, e assim os treinadores vendidos, já sabem o que dizer!!! Porque será que esta gente, quando joga contra qualquer outra equipa, principalmente o Benfica, não se engana na estratégia?!!! Porque será que esta gente, quando jogo contra o Benfica, 'come' a relva, como não houvesse amanhã?!!! Uma competição, onde uma equipa (dirigentes, e treinadores pelo menos...)abdica, deliberadamente, da vitória, em troca de futuros benefícios, está envenenada, completamente inquinada... quando uma instituição como a Académica de Coimbra, com a conivência dos dirigentes, e dos adeptos, entra neste jogo, é triste, muito triste...
O jogo não teve história, os golos foram legais. Se o fiscal-de-linha fosse o mesmo da Luz, os 3 golos tinham sido anulados, mas... Mais uma vez, a PorcoTV censurou um lance, onde ficou a dúvida se o Funil jogou a bola com o braço dentro da área. Repetições: zero!!! O Abodulaye finalmente foi expulso, como li hoje na Gloriosesfera, parece que os jogadores que deveriam ter sido expulsos nos jogos com o Benfica, poucas semanas depois, são expulsos nos jogos com os Corruptos, é uma tradição que se deverá manter...!!!


A Choradeira Lagarta continua!!! Tenho observado este Rinaudo com alguma atenção, creio não estar longe da verdade, ao afirmar que até agora não terá existido um único jogo do Sporting que este jogador não tivesse merecido um cartão vermelho!!! (nem quero imaginar, o barulho, se o Javi fizesse metade das faltas deste Argentino...!!!) Ouvi declarações completamente surreais sobre esta correcta decisão de Bruno Paixão: '...a lei diz que neste caso, é vermelho, mas eu não concordo...'. Foi assim que Luís Campos começou a falar!!! Mas disse mais: '...neste caso, a equipa do jogador expulso devia poder substituir o jogador expulso...'!!! Mas este não foi o único, houve outros com declarações inusitadas: '...o árbitro deve defender o espectáculo, o espectador pagou o bilhete para ver um espectáculo de 11 contra 11, portanto devia haver mais sensibilidade nestes lances...'!!! O homem acertou com pitons no tornozelo do adversário, numa entrada de carrinho frontal, vermelho justíssimo. Mas os Chorões (e companhia) são incansáveis, admitindo que a expulsão foi justa, afirmam que vários jogadores do Vitória também deviam ser expulsos: realmente ficou um amarelo por mostrar ao Bruno Teles, mas só isso, que mais tarde poderia ter sido o segundo. Mas o Evaldo também poderia ter levado o segundo amarelo... Ridículo... Ridículo...!!! Aliás em desvantagem numérica as simulações Lagartas foram muitas, houve uma que deu um livre perigoso a favor do Sporting; o João Pereira em dificuldade, pressionado pelo Assis, tem um mergulho tão absurdo, tão absurdo que o árbitro marcou falta a favor do Sporting, impedindo uma jogada muito perigosa no ataque do Vitória...
No lance entre o João Pereira e o Toscano não houve penalty.


Não vi o jogo da Marinha, mas gostei do resultado, principalmente da calma bíblica com que o Quim ficou a olhar para a bola entrar na baliza!!! Como ninguém se queixou do árbitro, nada se deve ter passado de estranho...!!! Também gostei de ver o Cajuda no banco: é dos poucos treinadores que não tem vergonha em afirmar publicamente o seu benfiquismo, é competente, e é um excelente contador de anedotas que já tive a oportunidade de ouvir ao vivo...!!!



Anexos:

Benfica
1ª-Gil Vicente(f) (2-2), João Ferreira, Nada a assinalar
2ª-Feirense(c) (3-1), Hugo Pacheco, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
3ª-Nacional(f) (0-2), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4º-Guimarães(c) (2-1), Duarte Gomes, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
5ª-Académica(c) (4-1), Vasco Santos, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
6ª-Corruptos(f) (2-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
7ª-Paços de Ferreira(c) (4-1), Bruno Esteves, Prejudicados, Sem influência no resultado

Corruptos
1º-Guimarães(f) (0-1), Olegário, Beneficiados, (0-0), +2 pontos
2ª-Gil Vicente(c) (3-1), Rui Silva, Beneficiados, Impossível contabilizar
3ª-Leiria(f) (1-4), Capela, Prejudicados, Sem influência no resultado
4ª-Setúbal(c) (3-0), Marco Ferreira, Beneficiados, Sem influência no resultado
5ª-Feirense(f) (0-0), Bruno Esteves, Beneficiados, (1-0), +1 ponto
6ª-Benfica(c) (2-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
7ª-Académica(f) (0-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar

Sporting
1ª-Olhanense(c) (1-1), Xistra, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
2ª-Beira-Mar(f) (0-0), Fernando Martins, Nada a assinalar
3ª-Marítimo(c) (2-3), Proença, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
4ª-Paços Ferreira(f) (2-3), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
5ª-Rio Ave(f) (2-3), Hugo Miguel, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
6ª-Setúbal(c) (3-0), Cosme Machado, Nada a assinalar
7ª-Guimarães(f), (0-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar

Braga
1ª-Rio Ave(f) (0-0), Duarte Gomes, Beneficiados, (1-0), +1 ponto
2ª-Marítimo(c) (2-0), Soares Dias, Beneficiados (1-0), Sem influência
3ª-Setúbal(f) (0-1), Hugo Miguel, Beneficiados (0-0), +2 pontos
4ª-Gil Vicente(c) (3-1), Rui Costa, Nada a assinalar
5ª-Guimarães(f) (1-1), Pedro Proença, Nada a assinalar
6ª-Nacional(c) (2-0), Xistra, Nada a assinalar
7ª-Leiria(f), (0-1), Marco Ferreira, Nada assinalar

Super Maxi

"Há jogadores que admiramos pelo seu virtuosismo. São os artistas, os magos, os príncipes do Futebol. São as estrelas que perfumam com classe os relvados por onde passam. São aqueles que mais vezes aparecem nos resumos televisivos, pelas suas grandes jogadas, pelos seus magníficos passes, pelos seus toques de magia, pelos seus golpes de genialidade. Temos, no nosso plantel, quem corresponda a este perfil. Falo, por exemplo, de Pablo Aimar.

Há jogadores que admiramos pela sua eficácia. São os grandes goleadores, os matadores impiedosos e inclementes, os que estão sempre no local certo para caçar as suas presas. São o terror dos guarda-redes. São as pontas de uma lança que dá a estocada final nos touros da fatalidade. São eles, também, os maiores intérpretes da nossa euforia, pois são quem nos faz saltar da cadeira como molas, no momento clímax de um jogo: o dos golos. Eis um retrato onde caberia certamente Óscar Cardozo, o nosso principal artilheiro.

Mas há também jogadores que raramente marcam golos, que nunca fazem fintas, nem habilidades, que não são notícia nos resumos, nem capa de jornais, mas que são indispensáveis a qualquer treinador. São os pulmões e o músculo do conjunto, os que correm o tempo todo, que dinamizam os colegas, que pressionam adversários, que nunca se lesionam, nunca se cansam, nunca reclamam, e nunca falham. São monstros de competitividade. São relógios de pujança. São carros de combate, ao serviço do seu exército. São gladiadores prontos a todos os sacrifícios e a todas as privações, em nome do ideal colectivo. E com esta descrição, só podemos estar a falar do nosso fabuloso Maxi Pereira.


São jogadores 'à Benfica'!

Na mais fiel tradição do que é um jogador 'à Benfica', Maxi conquistou o seu espaço a pulso. Chegou quase sem se dar por ele, veio muito mal acompanhado, e catalogando, na altura, como extremo-direito. Chamava-se Maximiliano, só mais tarde perdendo as últimas letras do longo nome. Já era internacional uruguaio, mas demorou afirmar-se. Fê-lo com suor, porventura com algum sangue, mas sem verter lágrimas, pois homem de barba tão rija não chora facilmente. Hoje é uma referência na equipa do Benfica, tendo sido considerado, por conceituadas publicações estrangeiras, como o melhor lateral-direito do último Mundial.

Tal como aqui disse acerca de Luisão, há jogadores cujo mercado não paga o peso que têm nas suas equipas. Maxi Pereira é um deles, pois se os mercados prestam, fundamentalmente, homenagem ao talento, a alma só a conhece quem a vê de perto, e quem sabe de cor os seus ritmos, as suas forças e os seus contágios. Não será por isso um jogador para encher o campo, e para encher épocas a fio de profissionalismo, vontade de lutar e de vencer. Tal como disse de Luisão, Maxi, é, também, mais do que um mero futebolista. Maxi é um jogador... do Benfica. Esses dois são hoje, na nossa defesa, uma espécie de Pietra e Humberto dos tempos modernos - nomes que, a seguir a Bento, prosseguiam invariavelmente a enunciação de qualquer onze do Benfica, durante os anos da minha inocência.


Queremos festejar títulos juntos...

Luisão renovou recentemente contrato com o nosso Clube, devendo manter-se por cá até ao fim da carreira. Muito me agradaria que com Maxi Pereira sucedesse o mesmo, para que o pudéssemos ver, por alguns anos mais, a lutar bravamente pela camisola que sempre deixa encharcada de suor; a correr; veloz, banda direita acima e banda direita abaixo; a dar precioso exemplo de fibra, de profissionalismo e de coragem; a desenhar, em cada metro de relvado percorrido, todo o fervor do benfiquismo que aprendeu a seguir, a respeitar e a cumprir como poucos.

Maxi não tem preço. Está acima da lógica económica e financeira que tomou conta do Futebol e da vida. Está para além dos ditames dos mercados da bola, que não entendem nada de coragem nem de mística. Ultrapassa os critérios objectivos e subjectivos da valoração de um jogador - que não tendo talento para a troca, tem tudo o resto que constrói um campeão.

Campeão! É isso que ele é. É isso que ele sempre foi no Benfica, ano após ano, mesmo quando, pelos mais variados motivos, não pudemos festejar os títulos."


Luís Fialho, in O Benfica

Rotatividade

"From: Domingos Amaral

To: Saviola


Caro Saviola
Quando já corriam rumores de que o Benfica te iria vender em janeiro, insatisfeito com a tua produção, eis que dois belos golos à Saviola mudam o clima. Sempre me pareceu que o que te faltava era confiança e que o regresso aos golos iria levantar a nuvenzita negra que parecia pairar, mas a verdade é que há algo mais relevante para explicar o teu relativo ocaso do que apenas a ausência de golos. Chama-se rotatividade, e é uma gestão de jogadores que Jesus aprendeu a fazer, depois de ter falhado rotundamente o ano passado. É certo que este ano há mais e melhores jogadores, mas também há mais habilidade nas trocas. Embora não mexa na baliza – só joga Artur –, e mexa pouco na defesa – além do quarteto titular só jogaram Ruben Amorim, Jardel, Capdevilla, julgo que um jogo cada um –, daí para a frente há mais danças. Javi, Matic, Witsel, no meio, e também Aimar a fazer uma perninha; nas alas Gaitán, Nolito, Bruno César, e só não joga Enzo Perez porque se lesionou; à frente Cardozo, ora Aimar ora tu, e agora também Rodrigo. É muita e boa rotação. Nunca se deve mudar toda uma equipa, mas se em cada jogo mudarem três jogadores, já se consegue que todos descansem e todos joguem. O reverso da medalha é que cada um joga menos jogos, como foi o teu caso. Mas o importante é a equipa, e que tranquila ela está! Não houve, portanto, nenhum apagão de Saviola. Houve foi rotatividade, e noites mais inspiradas do que outras. Ontem foi a tua noite e ainda bem. Que tenhas muitas destas é o que te desejo."


Bons costumes

"No fim do mês de outubro de 2006 jogou-se um Porto-Benfica. Nessa semana, o clima de beligerância verbal atingiu níveis insuportáveis, com os presidentes desses clubes e o diretor-geral da Benfica SAD a envolverem-se em escalada nas picardias que fizeram escola no nosso futebol. Sem que houvesse qualquer queixa junto da Liga – como também era costume –, a Comissão Disciplinar, então recentemente empossada, deliberou e deu a conhecer em comunicado o seguinte: “Apelar a todos os agentes e sujeitos desportivos submetidos ao poder disciplinar da LPFP para que adotem condutas respeitadoras dos direitos de personalidade dos agentes e sujeitos desportivos (em especial a honra, a reputação e o bom-nome), dos princípios ético-desportivos da lealdade, da verdade e da retidão no que respeita às relações de natureza desportiva entre agentes desportivos, assim como do exercício das competências dos órgãos sociais da LPFP. Tal apelo surge em consequência de a Comissão Disciplinar se ter confrontado, desde o início do seu mandato, em 2 de outubro de 2006, com declarações públicas que se generalizaram no passado sem reprovação. Este é um quadro factual com que a Comissão Disciplinar não se deve conformar. Do exposto resulta que a Comissão Disciplinar, sem prejuízo da liberdade de expressão dos agentes desportivos, em particular a que permite a legítima manifestação do direito à crítica no âmbito das competições profissionais de futebol, promoverá por sua própria iniciativa a averiguação e eventual sanção da prática de factos que traduzam ilícito disciplinar...”. Seguia-se a enumeração de todas as infrações previstas no Regulamento Disciplinar para os prevaricadores. E seguiram-se dezenas de procedimentos disciplinares e sanções várias, na esmagadora maioria sem qualquer participação.

Cinco anos depois, realizou-se mais um Porto-Benfica. Sem quezílias e ambientes de hostilidade incentivada. Depois de muitos castigos a dirigentes e a treinadores por afirmações difamatórias ou perturbadoras da nomeação dos árbitros, essa função oficiosa de julgamento de condutas reprováveis, protagonizada pela Liga 2006-2010, estabiliza agora os seus efeitos preventivos na generalidade dos agentes desportivos. Com outros importantes fatores a contribuir, temos hoje uma outra mentalidade. Os discursos adquiriram, em regra, um tom civilizado; quem destoa é visto num trilho de anormalidade e deixou de ter a complacência da indiferença. Mesmo sabendo que a omissiva Liga atual só reage com queixa e não age por si só no que toca aos (agora raros) comportamentos de insulto e grosseria, ainda assim parece que os agentes adquiriram a perceção de que a profissionalidade das competições não é compatível com o estilo de “caserna”. E, daí, até os que não conseguirão jamais sair da “caserna”, nesta se têm remetido a um silêncio prolixamente salutar.

Mais do que nunca, os que agora eventualmente venham a prevaricar não podem merecer a impunidade. A recidiva seria dramática. Esse será, por isso, um desafio óbvio à capacidade e à coragem dos próximos titulares dos órgãos de justiça da Federação..."


Obras-primas

"O nosso Benfica está a habituar-nos a obras de arte, como descrevi na edição anterior, sobre o grande golo 'à inglesa', finalizado por 'Tacuara', aos 'bifes' de Manchester e, depois, os dois primores marcados no Porto. Para não me repetir, vou chamar-lhes obras-primas, golos decisivos a desfazerem por por duas vezes a vantagem da equipa da casa e obtidos - como diz Jorge Jesus - com elevada nota artística.

No primeiro golo, Nolito assiste Cardozo, que contorna Helton e, de ângulo difícil, lhe passa a bola por baixo do braço. No segundo, Cardozo recebe a bola, dominando-a com a sola da bota para o chão, num segundo toque coloca-a a jeito e, à terceira, dá para Saviola. De costas para a baliza, El Conejo vira-se e, à meia volta, dá mais para esquerda, por entre dois defesas portistas, para a frente de Nicolás Gaitán. A jogada é, toda ela uma obra-prima; o remate de Gaitán, evitando o carrinho de um defesa adversário e a mancha do guarda-redes, é um primor. Carrinho desgovernado, guarda-redes para um lado, bola para o outro, a subir indefensável até bater na malha superior e voltar ao relvado, bem dentro da baliza. Resultado: Dragão gelado versus Chama Imensa.

Nos 90 minutos de jogo tivemos dois grandes golos construídos, trabalho de equipa, bola corrida, grande técnica, entrega, eficácia e genialidade, assistências e remates, contra dois tentos paridos de bolas paradas, o primeiro dos quais com assistência decisiva do árbitro: a falta que rendeu o livre, e o primeiro golo do FC Porto, não existiu.

Para mim, como simples cronista, aumenta agora o desafio das palavras e expressões: obra de arte, obras-primas, e que mais se segue?"


João Paulo Guerra, in O Benfica

Ovos, pontos e golos

"O Benfica foi ao Porto e voltou com um empate. Podia ter regressado com uma vitória, porque jogou o suficiente para isso e porque conseguiu recuperar duas vezes depois de estar em desvantagem no marcador. Tem equipa para fazer estremecer qualquer adversário e para dar confiança ao seu público de todos os dias, de todos as semanas, ao público, afinal, cujo coração bate ao ritmo daquele que anima e move uma equipa inteira. Uma grande equipa de Futebol é como um órgão vital do corpo humano. Se está a funcionar como deve ser, todas as outras funções se desenvolvem num quadro de absoluta normalidade, de tal forma que nem nos damos conta delas. Como diz um médico meu amigo, o que faz sentido é nem nos apercebermos do funcionamento do que temos dentro de nós. Por vezes, quando nos apercebemos é porque alguma coisa não está a correr bem. Aí surge o alerta, a preocupação, o sobressalto, a necessidade de diagnóstico urgente.

Embora haja sempre coisas a apurar e a aperfeiçoar, o Benfica actual mostrou ter resposta para todas as situações e desafios, com alternativas no banco que asseguram sempre renovação e mobilidade. O público sente que assim é e, por isso, mostra-se confiante, de olhos postos naquilo que é o sonho de qualquer adepto, ou seja, no triunfo.

Não sei porquê, mas apeteceu-me falar aqui de duas galinhas que adquiri recentemente e que animam o quotidiano do meu pequeno quintal, fazendo-me regressar aos anos longínquos da infância em que observava a azáfama produtiva dos galináceos nas traseiras da minha casa. Todos os dias, faça chuva ou faça sol, elas me presenteiam com dois ovos. São regulares, dedicadas e cumpridores. Salvaguardadas as distâncias, as boas equipas devem reger-se por idêntico princípio natural: devem pontuar e apresentar resultados positivos, sejam as condições favoráveis ou adversas. Falei de ovos como exemplo, mas podia apenas falar de pontos e de golos. É essa a base da nossa confiança e dos nosso contentamento."


José Jorge Letria, in O Benfica

O «meu» jogo

"1. Há alguns anos que não vejo (em directo) os nossos jogos fora mais importantes. Grava-os e, se for caso disso, vejo-os depois. 'Falhei', nomeadamente, os 2-0 nas antigas Antas e os 6-3 em Alvalade... Desta vez, passei uma 1ª parte tranquilo, com uns 'phones' nos ouvidos, a ouvir música. Ao intervalo fui jantar, abri a televisão noutro canal e, logo por azar, informaram que o FC Porto estava a ganhar. Pouco depois, no entanto, ouvi muito barulho na rua, pensei logo que teria sido golo do Benfica, corri à sala e... confirmei. O pior foi logo a seguir: algum barulho estranho, nova ida à sala e a triste confirmação: 2-1. Acabei de jantar, voltei à música e a minha mulher a chamar-me. Novo barulho na rua. Pareceu-me pouco fiquei alarmado: 'pronto, já está, 3-1, pensei. Abri a TV e fiquei mais descansado: afinal mantinha-se o 2-1. Fechei a televisão e, então sim, ouço uma grande explosão de alegria na rua. Tornei a abri-la: Gaitán junto à bandeirinha de canto, deitado, a festejar o 2-2! Pois é. A rádio dá os golos no instante em que acontecem, a televisão (e para mais cabo) leva um atraso superior a meio minuto.

(Nunca mais me esqueço de ter visto um jogo na Casa do Benfica no Porto e a dada altura um dos benfiquistas presentes festejar algo que ninguém percebia o que era. Descobriu-se depois: estava a ouvir o relato. Resultado: passei a estar com mais atenção às reacções dele que à televisão e cada jogada perigosa do Benfica deixou de ter interesse. Só quando ele se manifestava. Já não me lembro que jogo foi, mas festejámos umas três ou quatro vezes!...)

Enfim, lá acabou o jogo no Dragão com um empate que acaba por ser positivo. Como positivo foi o ambiente que, desta vez, rodeou o jogo, sem casos, sem problemas.

2. Que Fucile use e abuse de atitudes anti-desportivas, fingindo sucessivas agressões e faltas, é grave, tanto mais que revela grande falta de respeito para com colegas de profissão. Mas mais grave ainda é que pessoas que deveriam ser responsáveis, como o treinador (ainda vai a tempo...) e o presidente (é um caso perdido), ainda venham acusar o árbitro por não ver aquilo que, afinal, não existiu (agressão de Cardozo a Fucile). Mas esses são os hábitos da casa e já não há nada a fazer..."


Arons de Carvalho, in o Benfica