"Os castigos a José Mouriunho e a Rui Gomes da Silva postos em questão.
O futebol é um fenómeno cheio de justiças. E nem me refiro à fundamental justiça dos resultados, amarga ou doce conforme os afectos envolvidos mas determinante porque o futebol é isso mesmo, resultados. Muito menos me refiro à justiça divina, tantas vezes invocada em vão por gente descarada quando se sabe muito bem que no céu não vive ninguém que se interesse por futebol. Há ainda mais justiças: a justiça histórica, por exemplo.
Detenhamo-nos nesta especialidade porque estamos perante um caso de interesse mundial que cabe perfeitamente na área da dita justiça histórica. Trata-se da inesperadamente rápida degradação das relações de José Mourinho com Florentino Pérez e do anúncio público, em grande manchete do diário desportivo madrileno “Marca”, do “divórcio” entre o treinador e o presidente do Real Madrid. Ao contrário dos grandes emblemas europeus que se confrontam com o Barcelona fora de portas, o Real Madrid, para azar seu, tem de levar com o Barcelona nas competições internas, uma coisa que não se deseja a ninguém. A obscena distância a que o Real Madrid de Mourinho se encontra do Barcelona na Liga espanhola significa uma humilhação tremenda para a alma merengue. Posto isto, como castigar o treinador? Fácil: tirando-lhe a possibilidade de vir a conquistar em Maio a sua terceira Liga dos Campeões. Um treinador que conduz o Real Madrid ao descalabro interno não tem o direito histórico de sair de Madrid, tal como já saiu do Porto e de Milão, com o mais importante troféu europeu nos braços. E, assim sendo, fica apenas por saber quanto tempo mais resistirá José Mourinho ao desamor do seu presidente.
Há a justiça histórica, como já vimos, e também há a justiça disciplinar, federativa, numa palavra, a oficial. Um vice-presidente do Benfica, Rui Gomes da Silva, foi suspenso por 11 meses pelo Conselho de Disciplina da FPF porque em Setembro, depois do jogo com a Académica em Coimbra, protestou veementemente contra o trabalho do árbitro, o velho Xistra. Compreende-se. Se Rui Gomes da Silva em vez de chamar nomes ao Xistra tivesse mandado depositar antes do jogo dois mil euros na conta bancária do fiscal-de-linha, nem um diazinho de suspensão teria a cumprir. Mas não aprendem?
ERRAR É HUMANO
Ai, ai, esta solidariedade entre alemães
Convenhamos que de uma forma exagerada, veio a recente jornada europeia no que ao Benfica diz respeito confirmar uma realidade. Seja nas provas internas, seja nas lá de fora, o Benfica exibe uma incapacidade de meter a bola nas balizas adversárias, o que se estranha porque o Benfica dispõe de uma série de avançados com inegáveis capacidades. Mas fazer golos é o cabo dos trabalhos.
Foi o que aconteceu esta semana em Nou Camp. Meia dúzia de oportunidades flagrantes desperdiçadas pela linha avançada do Benfica, onde se inclui, a martelo, Maxi Pereira a quem coube a honra do último disparo sem nexo diante da baliza do Barcelona, já em tempo de descontos. Tivesse o Benfica concretizado metade das oportunidades que soube criar e não estariam agora a dizer mal do árbitro os seus indefectíveis adeptos. Entenda-se que o árbitro em causa nem sequer é o que apitou em Nou Camp, um norueguês que fez um trabalho impecável. A “explicação” para o afastamento da equipa da Liga dos campeões, veio do apito de outro árbitro que a milhares de quilómetros de distância inventou uma grande penalidade que colocou o Celtic nos oitavos-de-final da prova. Um malandro de um árbitro alemão, compatriota do árbitro que Luisão derrubou em Agosto. Maldita solidariedade!
POSITIVO
Duda bisou
O Málaga foi a equipa-sensação da fase de grupos da Liga dos Campeões e deve muito dessa sensação aos portugueses Duda e Eliseu. No encontro com o Anderlecht, Duda foi o homem do jogo marcando dois golos.
Artur brilhou
Num jogo em que os avançados do Benfica falharam incrivelmente uma série de golos feitos, o destaque vai para o guarda-redes que soube brilhar a grande altura no seu único confronto directo com Messi.
NEGATIVO
Helton estragou
Parece sina do guarda-redes portista em jogos internacionais. De vez em quando lá dá o seu “franguito” quando joga na Europa. O último aconteceu no Parque dos Príncipes, em Paris, e cantou bem alto.
Pérola
“Acabou, acabou.”: HULK
O Incrível não gostou de ser substituído no jogo com o Milan e assim que chegou ao banco explicou por gestos e por palavras ao treinador Spaletti que tinha chegado ao limite da paciência. E agora? Quem será o primeiro a sair do Zénite de São Petersburgo, o jogador ou o treinador?"
Leonor Pinhão, in Correio da Manhã