"Filho de Nélson Veiga não conseguiu chegar à equipa principal do Sporting e nunca jogou no principal escalão do futebol português, mas aos 21 anos joga na Seleção e no Chelsea
Lançado de início no Estádio Narodowy, em Varsóvia, Renato Veiga deixou boas indicações na vitória da seleção portuguesa na Polónia, retribuindo assim a confiança imediata do selecionador, que lhe deu a titularidade. Uma aposta algo surpreendente de Roberto Martínez, não propriamente pela qualidade do polivalente jogador, mas sobretudo pelo contexto do esquerdino do Chelsea, chamado apenas pela segunda vez à equipa das quinas, e sem minutos somados na convocatória anterior.
Renato Veiga já tinha deixado boas indicações antes do jogo, em conferência de imprensa, desde logo pela forma como destacou a importância da família no seu trajeto – não só do pai, o ex-jogador Nélson Veiga – mas sobretudo pela forma descomplexada como abordou a saída do Sporting, revelando gratidão por um trajeto de vários anos no emblema leonino. Sem aparente rancor, recordou que não foi aposta de Rúben Amorim na equipa principal, mas preferiu destacar o trajeto feito «por fora».
Esse é o maior mérito da estreia de Renato Veiga na Seleção: o exemplo que deixa para todos aqueles que têm de fazer uma curva mais larga para chegar aos sonhos. E no caso do esquerdino esse caminho foi percorrido a uma velocidade alucinante. Estamos a falar de um jogador que em janeiro de 2023 estava a capitanear a equipa B do Sporting na Liga 3 - e a ser expulso frente ao Real Sport Club, em Massamá, naquele que foi o último jogo de leão ao peito -, e que, menos de dois anos depois, está a jogar no Chelsea e na Seleção Nacional.
O elogio é, naturalmente, extensível a Samu Costa, que também se tornou internacional em Varsóvia, e fez apenas um jogo pela equipa principal do SC Braga. Mas Renato Veiga nem isso teve, já que desconhece, ainda hoje, o que é jogar no principal escalão do futebol português. Caso único entre os internacionais utilizados por Roberto Martínez na Polónia, por exemplo.
O filho de Nélson Veiga deve servir de exemplo para os jovens que não conseguem singrar nos principais emblemas do país, mas também para todos aqueles que alimentam a ambição nos palcos menos mediáticos da Liga Revelação ou da Liga 3. Foi essa a estrada que Renato teve de percorrer, antes mesmo de chegar a Augsburgo ou Basileia.
Com apenas 21 anos alcançou a Seleção Nacional e a melhor Liga do mundo, para mostrar que fazer o trajeto por fora nem sempre é despiste, pode ser atalho."