Últimas indefectivações

sábado, 23 de outubro de 2010

Estrias do Jesus

"Não tem sido um começo de época fácil para Jorge Jesus. Por exemplo, desde agosto até à presente data, o técnico do Benfica tem sido severamente criticado por ter contratado o Roberto, e largamente elogiado por ter contratado o Roberto.

Ao mesmo tempo, alguns analistas acusam-no de não estar a conseguir encontrar um discurso adequado às atuais circunstâncias da equipa – esta época, Jorge Jesus continua a falar como o Jorge Jesus, mas obtém resultados como o Quique Flores. Na verdade, é perfeitamente compreensível. É possível que, depois da época que o Benfica fez no ano passado, Jorge Jesus se tenha esquecido por completo do que se diz quando não se ganha um jogo. Porventura, ser-lhe-á mais fácil levar a cabo uma profunda revolução técnico-tática na equipa, de forma a começar a golear de novo sem dó nem piedade os adversários, do que passar a aparecer mais submisso nas conferências de imprensa.

Pessoalmente, sinto-me muito desconfortável a avaliar as decisões de Jorge Jesus. Sei, teoricamente, que é impossível ele tomar sempre a melhor opção. Mas tenho quase tanta confiança em Jorge Jesus como ele tem em si próprio (ou seja, o máximo que se pode ter).

Dito isto, dizer que Jorge Jesus de vez em quando toma uma má decisão é como dizer que a Giselle Bündchen tem estrias. É possível que sim. Mas são estrias com mais sex appeal que certos seios e nádegas; são estrias que mulheres sem estrias invejam; são estrias tão sensuais, que têm a forma de um cinto de ligas."

Não perder o vício !!!




Não quero ser desmancha prazeres, mas apesar da boa exibição, e da goleada, este jogo deixou-me pessimista!!!
A diferença de qualidade entre os atletas neste jogo foi abissal, até na básica acção de patinar, e por isso vencemos, mas quando os jogos forem mais apertados, será muito difícil ganhar jogos com 'este' critério na marcação de faltas!!! Desde da época passada, à 10ª falta dá livre directo, pois bem apesar do desnível evidente o Benfica teve quase a chegar à décima falta ainda na primeira parte!!!

Melhor, mas ainda longe do potencial. O próximo é com o líder...




PS: Alguém sabe porque é que as duas equipas equiparam de preto?!!!

Objectivamente (FPF)

"A demissão do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol e a incerteza sobre a escolha do presidente da FPF são dois acontecimentos de extrema importância para o futebol português e que não devem passar ao lado da maior instituição portuguesa que é o Sport Lisboa e Benfica.
A demissão do Conselho de Justiça, que se limitou nos últimos meses a ANULAR todas as decisões do Concelho de Disciplina, comandada pelo juiz Ricardo Costa é preocupante até pelas razões aduzidas - ilegalidade perante a FIFA por não ter sido ainda aprovada a nova regulamentação (principalmente sobre a transição dos árbitros da Liga para a FPF), como se eles não tivessem nada com isso, merece toda a atenção dos órgãos que comandam o futebol português, porque necessitamos de ter uma justiça célere e justa, que acabe com todos os indícios de corrupção - comprovados - e com a impunidade que permite tudo a determinados dirigentes há muito acomodados no futebol português sem serem castigados.
E não falo apenas de dirigentes de clubes. Refiro-me também aos presidentes das várias associações do País que se agarraram ao poder e que elegerão quem lhes prometer eternizar esses mandatos por muito mais anos.
Estas jogadas de bastidores, que não trazem inovação desde há muitos anos, têm de ser desmascaradas e denunciadas com urgência, porque corremos o risco de acordar tarde.
Por mim já não acredito nesta gente que se passeia nos corredores do poder do futebol português anos a mais.
Não dão garantias a ninguém e agora até uma esperançazinha de mudar a presidência da FPF se esvaneceu!
Para Madail ter levado todos os presidentes das associações à Islândia é porque... quer recandidatar-se.
Usam sempre os mesmos truques. Os mesmos argumentos!"
João Diogo, in O Benfica

Concertação

"1. Era esperado: desfilam nomes e levantam-se ameaças à volta da Federação. Enquanto não chegar o dia 2 de dezembro – “o dia da revelação” sobre o Mundial’2018 –, nada de relevante vai acontecer. Porque contra factos não haverá argumentos: os cenários serão os que a FIFA (indiretamente) ditar. Para já atiram-se nomes, mas sem estratégia, sem projetos e sem destino. Sem cobiçar onde se quer colocar o futebol daqui a, pelo menos, dez anos. Esta seria, aliás, uma bela oportunidade para lançar um dos outros desafios do nosso futebol (que nos tem feito refletir nas últimas semanas): a (falta de) concertação entre clubes, jogadores, treinadores e árbitros. O mesmo é dizer entre a Federação, a Liga, as Associações Distritais e as associações representativas de jogadores, treinadores e árbitros. Ou seja, falamos dos agentes que fazem girar o jogo e cujos interesses se cruzam em favor (ou em desfavor) desse mesmo jogo.

2. Disseram-me durante os últimos anos que essa concertação seria impossível de atingir. As ambições pessoais e as sedes cíclicas de protagonismo das “cabeças” dessas organizações seriam obstáculo a essa união de esforços. Julguei então e julgo agora que essa é uma inevitabilidade que necessita de melhor prova. E, na minha ótica, a Liga perdeu uma oportunidade de mudar de ciclo. De facto, desde o Regime Jurídico das Federações de 2008 que é permitido à Liga receber como associados sujeitos para além dos clubes. Cabe depois à sua autonomia estatutária adotar essa possibilidade ou não. Por outras palavras: cabe aos clubes permitir ou não que os treinadores, os jogadores e os árbitros passem a ser associados da Liga. Que, relembre-se, não se denomina “Liga de Clubes” – é Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Que, para além de defender por berço os interesses dos clubes, é uma associação que exerce poderes públicos delegados pelo Estado e pela Federação. É tempo de superar a alusão exclusiva da Liga a uma “associação patronal” – embora o também deva ser, em parte fundamental. Há muito, porém, que esse conceito deveria ter sabido evoluir para a “associação do futebol profissional” – em proveito dos clubes.

3. A revisão dos estatutos da Liga, em agosto de 2010, não acompanhou essa faculdade que a lei proporciona. Devia tê-lo ponderado. Veja um só exemplo. Faz algum sentido que sejam os clubes a decidir em exclusivo os regulamentos nos quais são previstos os castigos para os jogadores, técnicos e árbitros e nos quais se disciplina a arbitragem? Sem qualquer palavra institucional e possibilidade de atender formalmente aos interesses e à legítima vontade de intervenção desses agentes? Para mim, nenhum! Se, na Federação, essa presença assume a qualidade de “sócio ordinário”, mas, historicamente, sem benefício efetivo, na Liga poderia dar-se o passo que a elevaria a força motriz do entendimento entre quem conta para o jogo. Um laboratório de um futebol mais partilhado e transparente para todos, sediado na Rua da Constituição, no Porto. Talvez no futuro, que sempre chega… A sede continuará lá e, certamente, terá espaço para todos!"

Tempo de greve geral principalmente ao Andrade

"Uma vez pateta, pateta até morrer. O penteadinho da Foz, veio (mais uma vez) muito ridiculamente falar. Como sempre do Benfica. Entre outros despautérios, a propósito do presidente ter feito um apelo à não comparência da massa adepta do Benfica aos estádios, que não ao Estádio Sport Lisboa e Benfica (é este o nome do nosso Estádio).
Há muito, que defendo tal medida. 'Morram à fome.' Escrevi-o no nosso Jornal e disse-o na BTV, no programa 'Em Defesa do Benfica' feito em parceria com o grande benfiquista e amigo Alberto Miguéns.
Os milhões de benfiquistas, que vivem longe de Lisboa, principalmente os do Norte, se fizerem as contas dos euros gastos nos campos dos adversários, sai-lhes mais caro que vir de 15 em 15 dias a Lisboa. Por exemplo no Leixões 50 euros para ver atrás da baliza. Em Braga mais 50, Guimarães, Paços, Naval, Beira-Mar, etc., etc., dá para virem em excursão e o dinheirinho fica todo no nosso Benfica.
Mas, voltando ao penteadinho da Foz, era bom lembrar-lhe que há uma entrevista do protagonista dos filmes de corrupção do Youtube, dada ao jornal 'A Bola', em que ele diz: 'O Benfica é o único clube que me enche o estádio'. Será por isso que está aflito? É que os adeptos, do agora amigo Braga, pagaram 10 euros há umas jornadas. Não dá para o petróleo, não é? E a mama Oliveiradesportos pode acabar-se de um momento para o outro.
Que nenhum adepto do Benfica compareça no estádio do Andrade!
Em 85 inventaram o dragão, só que o animal chama-se afinal Andrade. É nome de família.
PS: Para a semana o Tavares leva com a escuta de Valentim com LVF, Porque não a põem eles no Youtube, se é a 'mais grave'?"
António Melo, in O Benfica

E isso me envaidece


"Estive ontem mais de duas horas a conversar com um adepto do Benfica. Chama se António Lobo Antunes e é, alem de benfiquista, um grande escritor. Um dos maiores do mundo. Sempre que lhe dão um prémio literário, e já lhos deram quase todos, fica mais prestigiado o prémio do que ele. Tem diplomas, medalhas, vários quadros de grandes pintores que quiseram pintar-lhe o retrato. Creio, por isso, que os leitores não serão capazes de lhe censurar a vaidade se disser que, em casa dele, na parede do quarto, está, emoldura da, a sua ficha de inscrição como sócio do Sport Lisboa e Benfica. Cada um tem as suas honrarias, e a vontade de exibir as maiores é apenas humana. «É extraordinário», disse ele a olhar para a moldura, «como um clube fundado por órfãos da Casa Pia - ao contrário do Sporting, fundado por um Visconde, e do Porto, fundado por banqueiros - consegue...» E, entretanto, faltaram-lhe as palavras.

É extraordinário», limitou-se a repetir. Confesso que fiquei desapontado. Afinal, um grande escritor não fazia milagres: quando alguma coisa era do domínio do indizível, não havia vocabulário, nem talento, nem nada que lhe valesse. Mas, nesse mesmo segundo, Lobo Antunes desmentiu-me. Encontrou as palavras que lhe faltavam, e começou a recitá-las: «Domiciano Barrocal Gomes Cavém. José Pinto de Carvalho Santos Águas. Mário Esteves Coluna. Alberto da Costa Pereira. José Augusto Pinto de Almeida. Ângelo Gaspar Martins. António José Simões da Costa.» Assim mesmo, com os nomes completos e sem hesitações. Mais adiante, nessa mesma tarde, António Lobo Antunes haveria de declamar um poema de Dylan Thomas. Mas não voltou a ser tão poético como naquele momento, à frente de uma ficha amarelecida por mais de 60 anos.
Antes de nos despedirmos, ainda registámos uma coincidência. No dia 23 de Maio de 1990, eu tinha 16 anos e estava a chorar em minha casa; António Lobo Antunes tinha 47 e estava a chorar na dele. Claro, Lobo Antunes é um génio, e eu sou apenas, e só quando consigo, eu. Mas, ao menos naqueles minutos que sucederam à final da Taça dos Campeões (duas ou três horas, no meu caso), a minha sensibilidade foi igual à dele. Não é a primeira vez que o Benfica faz de mim uma pessoa melhor, mas nunca deixa de ser surpreendente.
Feito este curto mas importante parêntesis, para a semana voltarei a dedicar-me às grotescas incongruências de Rui Moreira e Miguel Sousa Tavares, que é para isso que cá estou."


Ricardo Araújo Pereira, in A Bola