A diligência, mais do que acentuar as canalhices e a desonestidade viral de que nos últimos vinte anos sempre se fez, e continua a fazer, a reles reputação de 'sucesso' do 'polvo do Norte', só confirma, o 'estado de desgraça' em que se conforma hoje em dia, o próprio sistema judiciário português, baseado em teias de leis permissivas e em 'julgamentos' espúrios de juízes que menos o são, pelo menos, ao olhar do senso comum.
Como fomos assistindo ao longo dos últimos anos, primeiros incrédulos e, depois, cada vez mais revoltados, parece que, no que prende com o Desporto, então, nem aqueles e nem estes servem a Verdade ou a Justiça que deveriam constituir o seu único desígnio. Apenas parecem atender constantemente aos ditames de um perverso ditador de província que, a partir de uma rede manhosa política de paróquia, construiu impunemente essa formidável rede de tramas e conluios que está à vista, transversal aos mundos da pequena política, da noite violenta, da economia de pacotes e do desporto viciado.
Sabe-se hoje e é indesmentível que foi dessa 'arte baixa' que se foram combinando todas as falsas vitórias no futebol (em Portugal e no estrangeiro), como no hóquei e no básquete.
Essa atmosfera pútrida vai-lhes de jeito ao faro das fossas, ao paladar da boca e aos interesses dos bolsos. Gente de uma laia de vale-tudo, em que prostitutas se amancebam com árbitros, marginais e agentes se misturam com gestores, comissários de polícia se conluiem com advogados e - pouco se fala disso, por enquanto... - onde até médicos encartados a serviço poderão, quem sabe, até já ter aceite oportunas combinatas químicas com pretensos farmacêuticos em muitos dos jogos em que os vimos correr de olhos esgaseados...
Apesar das denúncias e das indignações, é só disso, de investimentos debaixo dos panos e com a condescendência escancarada de juízes, que se tem feito a longa desgraça do futebol português.
Todavia, esta nova série de 'escutas' esparramadas na Net - que bem espero não seja a derradeira! - só volta a confirmar o verdadeiro juízo que é o do senso comum. E perante a opinião pública independente, nem todos os truques da justiça juntos, nem todas as sentenças bacteriologicamente 'puras', jamais poderão lavar a imundície e o mau cheiro (fisiológico) colados às vitórias viciadas e aos campeonatos de deboche, sempre pagos de uma maneira ou de outra, com 'quinhentinhos' ou com 'fruta', pelo cônsul das Antas. Como certamente terá voltado a empreender, relativamente às quatro primeiras jornadas da presente Superliga.
Pior do que isso: ao continuar a ignorar as evidências das 'escutas', a justiça portuguesa revela-se tão porca, e tão nauseabunda como elas."
José Nuno Martins, in O Benfica