Perturbou-me imenso a audição das escutas telefónicas, recentemente difundidas pelo único meio verdadeiramente livre e democrático: a Internet. Este veículo não está dependente de erros primários, judiciais, facciosos, legislação caduca, ou de bilhetes para assistir a partidas da Liga dos Campeões.
Há muito que esperava que o meu estimado amigo Rui Moreira se levantasse definitivamente daquela cadeira. Não porque os esclarecidos desconheçam a verdade, antes porque escasseiam argumentos para defrontar o óbvio. Significativo e imoral é o conteúdo das escutas, e não o modo como foram obtidas. Essa hipócrita lei que protege os investigados, tem-nos arrastado nesta lama onde todos se afundam e apenas prevalecem os interesses particulares em detrimento do bem comum.
Richard Nixon manter-se-ia indefinidamente na Casa Branca se Bob Woodward e Carl Bernstein, repórteres do “Washington Post”, não trouxessem à estampa as gravações que demonstravam que o Presidente tinha conhecimento das operações ilegais de espionagem que o Partido Republicano montara contra o Partido Democrata. Temos que abandonar, de modo irrevogável, esta democracia do medo. Medo de falar porque parece mal. Medo da contradita porque algum grupo de interesses nos ensombra. Medo de dizer a Verdade, de expressar a opinião.
Contrariando a corrente, tenho aprendido imenso com alguns membros da igreja católica que, por ocasiões várias, se têm cruzado na minha vida. Recentemente, vi uma entrevista concedida à SIC Notícias pelo Frei Fernando Ventura e estarreci com a lucidez da análise. Os que não temerem a internet conseguem rever esta conversa com a Ana Lourenço, onde citando Luiz Vaz de Camões, este Padre dizia: “Um fraco Rei faz fraca a forte gente”. Há nos intensos quinze minutos de aterradora radiografia social um punhado de exemplares princípios de vida, de soluções claras, ”Lapalissadas”, com as quais concordamos mas que jamais usamos. Os que ousam contrariar este “laissez faire, laissez allez, laissez passer”, são apontados como desalinhados, loucos.
O ex-ciclista austríaco Bernard Kohl, apanhado nas malhas do doping em 2008 na Volta à França, onde foi terceiro assegurou que não é possível vencer o Tour sem a ajuda de estimulantes. E piorou o cenário apontando as falhas no sistema. Foi controlado 200 vezes e em 100 carregava no corpo substâncias proibidas sem ser detetado. Estas revelações embateram num muro imenso de silêncio.
Felizmente, alguns conseguem tirar a areia que nos impingem aos olhos. Bert van Marwijk, selecionador holandês, decidiu não convocar De Jong, depois de este ter lesionado, barbaramente, Ben Arfa, num jogo do campeonato inglês. Para este condutor de homens, era o prestígio da seleção das tulipas que estava em causa. Segundo este “alien” do futebol, “foi uma falta selvagem. O Nigel não tinha necessidade de fazer aquilo”. Talvez por conseguirem afastar tanta areal dos olhos, os holandeses aproveitam-na para conquistar espaço ao mar, e aos homens de bons propósitos e boa vontade.
Tal como referiu o Frade Fernando Ventura: “ Não perguntes ao teu país o que pode fazer por ti. Pergunta a ti próprio o que podes fazer pelo teu país”... Sem medo.
Há muito que esperava que o meu estimado amigo Rui Moreira se levantasse definitivamente daquela cadeira. Não porque os esclarecidos desconheçam a verdade, antes porque escasseiam argumentos para defrontar o óbvio. Significativo e imoral é o conteúdo das escutas, e não o modo como foram obtidas. Essa hipócrita lei que protege os investigados, tem-nos arrastado nesta lama onde todos se afundam e apenas prevalecem os interesses particulares em detrimento do bem comum.
Richard Nixon manter-se-ia indefinidamente na Casa Branca se Bob Woodward e Carl Bernstein, repórteres do “Washington Post”, não trouxessem à estampa as gravações que demonstravam que o Presidente tinha conhecimento das operações ilegais de espionagem que o Partido Republicano montara contra o Partido Democrata. Temos que abandonar, de modo irrevogável, esta democracia do medo. Medo de falar porque parece mal. Medo da contradita porque algum grupo de interesses nos ensombra. Medo de dizer a Verdade, de expressar a opinião.
Contrariando a corrente, tenho aprendido imenso com alguns membros da igreja católica que, por ocasiões várias, se têm cruzado na minha vida. Recentemente, vi uma entrevista concedida à SIC Notícias pelo Frei Fernando Ventura e estarreci com a lucidez da análise. Os que não temerem a internet conseguem rever esta conversa com a Ana Lourenço, onde citando Luiz Vaz de Camões, este Padre dizia: “Um fraco Rei faz fraca a forte gente”. Há nos intensos quinze minutos de aterradora radiografia social um punhado de exemplares princípios de vida, de soluções claras, ”Lapalissadas”, com as quais concordamos mas que jamais usamos. Os que ousam contrariar este “laissez faire, laissez allez, laissez passer”, são apontados como desalinhados, loucos.
O ex-ciclista austríaco Bernard Kohl, apanhado nas malhas do doping em 2008 na Volta à França, onde foi terceiro assegurou que não é possível vencer o Tour sem a ajuda de estimulantes. E piorou o cenário apontando as falhas no sistema. Foi controlado 200 vezes e em 100 carregava no corpo substâncias proibidas sem ser detetado. Estas revelações embateram num muro imenso de silêncio.
Felizmente, alguns conseguem tirar a areia que nos impingem aos olhos. Bert van Marwijk, selecionador holandês, decidiu não convocar De Jong, depois de este ter lesionado, barbaramente, Ben Arfa, num jogo do campeonato inglês. Para este condutor de homens, era o prestígio da seleção das tulipas que estava em causa. Segundo este “alien” do futebol, “foi uma falta selvagem. O Nigel não tinha necessidade de fazer aquilo”. Talvez por conseguirem afastar tanta areal dos olhos, os holandeses aproveitam-na para conquistar espaço ao mar, e aos homens de bons propósitos e boa vontade.
Tal como referiu o Frade Fernando Ventura: “ Não perguntes ao teu país o que pode fazer por ti. Pergunta a ti próprio o que podes fazer pelo teu país”... Sem medo.
Jorge Gabriel (Sportinguista), in Record
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