"Carlos Martins chutou e a bola só parou no fundo das redes do Braga. Fez o 1-0 e o resultado final, o Sport Lisboa e Benfica regressou aos momentos que encantaram a massa associativa na temporada anterior. Numa noite chuvosa e fria, depois de uma inesperada tempestade, na Casa do Benfica no Sabugal jantou-se e assistiu-se ao jogo, vivendo pouco depois as emoções da subida até ao segundo lugar da primeira Liga. Dezenas de homens e mulheres reuniram-se à frente dos televisores, discutiram-se tácticas e debateram prognósticos. Tal como noutras Casas, de norte a sul de Portugal celebrou-se a história e a grandeza, o palmarés e a actualidade, festejou-se o privilégio de ser do SLB.
Mas, perdoem-me aqueles que não concordam, e não querendo fazer da Casa do Sabugal ou de outra em particular o termo de comparação, nada se assemelha ao amor benfiquista que é alimentado para lá das nossas fronteiras. Sem se poder ir ao Estádio da Luz, a horas desencontradas das de Lisboa, por vezes sem imagem nem som, demasiado longe do relvado e dos artistas. Só quem já esteve no estrangeiro a viver, durante vários meses ou anos, a milhares de quilómetros de distância, é que conhece a sensação de ver uma partida de futebol do Clube do coração. Perdoem-me aqueles que discordam, mas, por se tratar do Benfica, no estrangeiro contraria-se o ditado 'longe da vista, longe do coração'.
Entre os números 988 e 992 da Harow Road, em Londres, pulsa o Sport London e Benfica. É um núcleo do benfiquistas onde se brinda ao Clube e à portugalidade, evocando a Pátria e o nosso Estádio. Lá, em directo, tive a sorte de assistir ao SLB - Sporting. Durante duas horas, as pessoas que se encontravam no restaurante e no «SLBar», colaram-se a Benfica, de São Domingos ao Calhariz, ligaram-se ao vermelho das camisolas, à capital do País e às razões de Ser Português. Perpétuo, mais do que uma religião. Não é um partido político, está acima da ambição desmedida dos oportunistas."
Ricardo Palacin, in O Benfica
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