Últimas indefectivações

sábado, 14 de março de 2020

Vendo as coisas pelo lado positivo

"As autoridades decidiram-se ontem pela suspensão dos campeonatos. Melhor ainda. Pode ser que, entretanto, o Gabriel recupere. É que o brasileiro Gabriel faz uma falta tremenda na equipa como, aliás, vem a provar-se jogo a jogo

Terça-feira, 10 de Março
A Liga de Clubes decidiu que a próxima jornada é à porta fechada por causa do vírus. Excelente medida. No sábado, o Benfica vai entrar em campo para medir forças com o Tondela. O Tondela não é do campeonato do Benfica. Não sendo do campeonato do Benfica, o Tondela é do campeonato do Moreirense e do V. Setúbal, adversários que o Benfica defrontou nas duas anteriores jornadas com um salto de quadro pontos atirados à rua que custaram a liderança aos campeões nacionais

Quarta-feira, 11 de Março
O presidente do FC Porto quer uma auditoria ao VAR. Não deixa de ser curiosa esta intenção de Pinto da Costa num momento em que já se anunciaram quatro candidatos concorrentes ao seu lugar e também eles bastante interessados, certamente, em auditoria mas em auditorias às contas do clube e da SAD e da fabulosa gestão pinto-da-costista. Voltando ao tema do futebol à porta fechada... o Benfica perdeu uma mão-cheia de pontos, três pontos foram ao ar no jogo com o Sp. Braga e outros dois pontos foram por água abaixo no empate consentido na recepção ao Moreirense e nem sequer estava a chover. Vivendo a sua distopia particular que se instalou por todo o mês de Fevereiro e entrou pujante pelo mês de Março, tal como se viu no Bonfim no último sábado, o Benfica cedeu toda a vantagem anteriormente somada ao seu concorrente directo e lida agora com uma impotência de tal monta que até os penáltis apontados a seu favor se constituem como monumentos de angústia e de insatisfação geral. O fenómeno é raro porque raramente se veem, por esses campos e pelo Mundo fora, os adeptos possuídos de tremeliques a deitarem as mãos à cabeça sempre que o árbitro assinala um penálti a seu favor. Mas é neste estado de alma que está o Benfica.

Quinta-feira, 12 de Março
Pensando melhor, esta coisa da porta fechada vem mesmo a calhar e a notícia só pode ter sido recebida apoteoticamente pelos jogadores do Benfica. 60 mil cadeiras vazias e caladas! A Luz transformou-se num inferno para os campeões nacionais e, assim, das bancadas não virão aqueles sons de desespero no primeiro passe errado nem os assobios estridentes ao terceiro passe mal medido. Veremos, portanto, como se comportarão Pizzi & Companhia sem o apoio da melhor massa adepta do Mundo quando as coisas correm bem.

Sexta-feira, 13 de Março
Hoje, pelo princípio da tarde, as autoridades decidiram-se pela suspensão dos campeonatos. Melhor ainda. Pode ser que, entretanto, o Gabriel recupere. É que o brasileiro Gabriel faz uma falta tremenda na equipa como, aliás, vem a provar-se jogo a jogo. Temos de ver estas coisas pelo lado positivo. Ou, pelo menos, tentar. Tenta, Benfica."

Benfica After 90 - Quarantine

[FR] Bistrot - Le parcours sócio/client

Benfica encerra Lojas oficiais

"No âmbito das medidas preventivas e de contingência à propagação da COVID-19, e na sequência das recentes medidas emanadas pelo Conselho de Ministros, o Sport Lisboa e Benfica decidiu pelo encerramento – a partir de hoje – de todas as suas Lojas Oficiais por tempo indeterminado.
Esta medida visa e privilegia a protecção e bem-estar dos nossos sócios, adeptos e simpatizantes, bem como de todos os colaboradores das lojas e suas famílias.
Face a esta decisão, a medida ontem anunciada de reembolso dos bilhetes vendidos nas Lojas Oficiais será adiada até que haja condições para a reabertura das mesmas. Relativamente às Casas do Benfica e canal digital não há qualquer alteração face ao já anunciado.
Informa-se também que o Restaurante Luz, localizado no Estádio do Sport Lisboa e Benfica, estará encerrado por tempo indeterminado."

Benfiquismo (MCDLXXI)

Peñarol...

A vida não é um jogo

"Com jogos à porta fechada íamos ver os adeptos nos cafés a apanhar o Covid-19 com cerveja e tremoços na mão

Vamos ser honestos: os adeptos (mal) de forma generalizada preocupam-se mais com o momento das contas da tabela classificativa, que com as contas apresentadas pelas suas SAD's e clubes. Talvez por isso alguns mereçam o buraco em que se meteram, talvez por isso outros não valorizem a saúde financeira em que vivem. Dito isto, que não é pouco importante, é verdade que ter melhor saúde financeira obriga a ter melhores resultados desportivos.
As contas do Benfica são por isso uma oportunidade e uma responsabilidade. Nunca como agora houve condições financeiras para cimentar vitórias. Mais de 100 milhões de euros de resultados financeiros, são mais 100 milhões de razões para ter resultados desportivos.
Infelizmente este campeonato dominado por Benfica e FC Porto tem tido jogos fraquinhos de ambos os emblemas, que mais parecem não querer ganhar. O Benfica fez um jogo muito abaixo daquilo que era esperado em Setúbal e só um FC Porto ao mesmo nível manteve o Benfica vivo na competição. Há muitas dúvidas e poucas certezas no futuro próximo, mas veremos aquilo que pode mudar nas expectativas actuais.
Lembro que o Benfica de Dezembro jogava muito bem e prometia qualidade. Só o regresso desse Benfica durante dez jogos, sem falhas, pode tornar outra vez possível o objectivo do título.
O Benfica comprou Pedrinho, por valores consideráveis, o jovem promissor brasileiro cujo talento desejamos ver confirmado irá vestir de encarnado.
O Liverpool, campeão europeu em título, melhor equipa do mundo, caiu às mãos de Jan Oblak e Félix. Ajuda muito ter o melhor guarda-redes do mundo e o talento do jovem português. Já tinha acontecido uma vez na história e eu estive presente, como herói de Anfield, a ver Simão e Fabrízio Miccoli fazerem magia.
Esta semana ficou provada a qualidade do Leipzig, o valor dos alemães só não era acessível aos cegos pelo ódio ao Benfica. Fomos eliminados da Liga dos Campeões, por uma das melhores equipa da Europa.
O mundo do futebol optou primeiro por jogos à porta fechada, a ver por comportamentos recentes, íamos ver os adeptos nos cafés e apanharem o Covid-19 com uma cervejinha e uns tremoços.
Que fique clara a minha posição, eu teria suspenso as competições de imediato e por isso não posso estar mais de acordo com a última tomada de posição da Liga e da FPF: o futebol é um jogo, a vida não."

Sílvio Cervan, in A Bola

Mais fortes

"Não sinto particular orgulho pelos excelentes resultados financeiros apresentados pela Benfica SAD no primeiro semestre da corrente época, no seguimento de vários anos de recuperação económica acentuada do clube e SAD. Mas estou bastante satisfeito e, sobretudo, tendo em conta o estado calamitoso dos nossos adversários, encaro o futuro com elevado e justificado optimismo. Acredito que continuaremos a dominar o panorama desportivo nacional e que poderemos dar um salto qualitativo a nível europeu. Mas este salto deve ser bem estruturado, de acordo com as possibilidades financeiras do Benfica, de forma a que, uma vez atingido o patamar acima daquele em que nos situamos presentemente - ou seja, passar da presença regular na fase de grupos da Liga dos Campeões à disputa frequente dos quartos-de-final - o façamos sem hipotecarmos e sustentabilidade financeira da SAD, para que não caíamos numa desesperada como a que vivem FC Porto e Sporting actualmente. Seria fácil concentrar o investimento todo numa temporada e esperar que, bafejados pela sorte, que seria sempre necessária, fizéssemos um brilharete. E se corresse mal? Para obter (relativo) sucesso continuado a nível europeu (candidato crónico aos quartos-de-final), o Benfica terá de crescer sustentadamente a vários níveis, fomentando a competitividade e estabilidade do plantel. A aposta no Seixal é essencial enquanto complemento da maior capacitação de retenção de talento e das contratações cirúrgicas, que envolvem, necessariamente, extraordinária competência no scouting e poder de investimento.
Nada disto será possível sem as magníficas contas que alguns afirmam, errada e até perniciosamente, que 'não interessam para nada'..."

João Tomaz, in O Benfica

Cultura desportiva, esse vírus

"Escrevo esta crónica poucos minutos depois de saber da decisão dos jogos à porta fechada. As autoridades competentes resolveram agir em função do covid-19 e decretaram que, no futebol profissional, os encontros deste fim de semana (para já...) vão acontecer sem a presença de público. Não sou um perito em saúde pública, por isso não me vou pronunciar sobre a decisão. Se pensam ser a mais acertada para evitar contágios, aceito os argumentos científicos.
A única certeza que tenho é que é uma tristeza haver um jogo de futebol - ou de qualquer modalidade profissional e mediática - sem gente nas bancadas, mas neste caso há uma justificação. E forte. O que não se justifica é haver, semana após semana, milhares de atletas (que levam as suas modalidades a sério) sem gente suficiente a vê-los competir e a dar o melhor em prol de um clube, de uma paixão, de um dom.
E isso não tem que ver com contágios, mas sim com outra 'doença' que afecta grande parte dos portugueses: o vírus da falta de cultura desportiva. Desde o dia em que escrevo (terça) até ao dia em que jornada chega às mãos (sexta) - e agora vou tentar fazer futurologia... - vão ser longas horas de discussão sobre este tema, nas televisões, na Net, nos jornais. Vão ser muitos os indignados, os apoiantes e os peritos da decisão da porta fechada. Vão encher as redes sociais com teorias, mas são normalmente esses que nem metem o pé num estádio. E muito menos num pavilhão ou num rinque. E se lá fossem, vai uma aposta em como iriam passar a maior parte do tempo divididos entre criticar os árbitros, insultar os adversários e, até mesmo, os atletas da sua equipa? É certinho. O covid-19 é apenas mais uma forma de exteriorizar frustrações."

Ricardo Santos, in O Benfica

Benfica afectado pelo covid-19

"Que história é esta de os jogos serem à porta fechada por causa do coronavírus? Não sei qual é a posição dos adeptos dos outros clubes, mas tenho a certeza de que a maioria dos benfiquistas não gostou nada desta decisão. Não há vírus nenhum que me retire a vontade de ir ao estádio apoiar o Benfica: nem o vírus corona, nem o vírus ébola, nem sequer o vírus que atingiu os nossos jogadores nos últimos jogos. Este último, muito mais assustador do que os anteriores, merece uma investigação profunda para que a cura seja descoberta e mais rápido possível. E é bom que a solução apareça antes das 18h00 de amanhã, caso contrário temo que o meu bem-estar também entre de quarentena.
A decisão de fechar as portas dos estádios prejudica mais o Benfica do que qualquer outro emblema. É evidente que Bruno Lage se vai sentir desfalcado. Agora não é como trocar o André Almeida pelo Tomás Tavares ou o Rafa pelo Cervi. Neste caso não existe substituto à altura. As unidades-chave do Sporting são o Mathieu, o Acuña e o Wendel. No Braga são o Ricardo Horta, o Paulinho e o Trincão. Os elementos mais preponderantes do FC Porto são o Alex Telles, o Marchesin e o VAR. No Benfica, a maior força de todas são os benfiquistas.
O estado de espírito não é o melhor. É óbvio que o desalento pelos resultados recentes é inegável. No entanto, o campeonato ainda está longe de ter terminado. Daqui até Maio é imprevisível o que vai acontecer. E mesmo que os adeptos não possam ir ao estádio, a união entre os benfiquistas tem de conseguir invadir o balneário. Se a onda vermelha se formar, não há vírus que nos impeça de entrar em campo."

Pedro Soares, in O Benfica

Até ao fim

"Não há como escamotear a realidade: o futebol do Benfica vive um mau momento. Há pouco mais de um mês entrávamos no Estádio do Dragão decididos a colocar o nosso adversário a dez pontos de distância, e assim praticamente arrumar a questão do título. Desde então, oito jogos, obtivemos apenas uma magra vitória, fomos eliminados da Liga, Europa, e perdemos a liderança do Campeonato, com exibições bastante descoloridas e manifestamente aquém daquilo que se esperaria de um plantel tão vasto e rico como o nosso.
As razões para esta súbita mudança de rendimento terão de ser encontradas dentro do grupo de trabalho e da estrutura do clube. De fora, é difícil perceber as causas - apenas vermos o efeito. Mas o factor psicológico é seguramente um dos aspectos que urge melhorar, e aí os adeptos podem dar uma preciosa ajuda, fazendo com que os nossos profissionais se sintam acarinhados e incentivados durante os noventa minutos de cada partida.
É importante que os benfiquistas não esqueçam que este treinador e a maioria destes jogadores vinham de uma impressionante série de 36 vitórias em 38 jogos do campeonato, série essa que valeu o título de 2018-2019, e prosseguiu depois. Este grupo merece todo o crédito e, sobretudo, todo o apoio até final da época - altura em que, então, sim, se poderá fazer um verdadeiro balanço. O nosso adversário directo está muito longe de convencer, sendo bastante expectável que, em condições normais, venha a perder mais pontos nos dez jogos que falta disputar. Se não falharmos mais, julgo que seremos campeões.
Há que acreditar. Há que apoiar. Força, Benfica!"

Luís Fialho, in O Benfica

104 milhões

"Na passada sexta-feira vibrei com os resultados do relatório e contas da SAD do 1.º semestre 2019/20. Os números impressionaram, a interrogo-me - qual a razão de uns conseguirem, e outros não?
O principal indicador é o do resultado líquido - 104,2 milhões de euros. Ou seja, os lucros melhoraram 640%. Pelo sexto ano consecutivo, a SAD apresenta lucros nos primeiros seis meses. O capital próprio ultrapassou a mítica barreira dos 200 milhões. Os 223,4 milhões correspondem a uma melhoria de 87,4% face ao exercício anterior. Esta recuperação do capital próprio teve início em Julho de 2013. Desde essa altura, em termos acumulados, a recuperação cifra-se nos 247,2 milhões de euros.
Outra rubrica que impressiona é a da dívida líquida. Neste momento, é de 45,8 milhões. Desde há três anos e meio que os administradores da SAD têm tido esta verdadeira obsessão - abater a dívida. De tal forma, que neste período conseguiram abatê-la em quase 190 milhões.
Outro indicador de excelência é o activo. mais uma vez foi ultrapassada uma barreira histórica - a dos 600 milhões. A SAD apresenta quase 609 milhões em termos de activo, um crescimento de 25,8%.
Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira, Rui Costa, José Eduardo Moniz e Nuno Gaioso Ribeiro têm um desafio pela frente - superar estes resultados. Se bem os conheço, será um desafio que irão jogar com imenso profissionalismo e dedicação. Este quinteto-maravilha merece um louvor. Entraram para a história da gestão desportiva, económica e financeira em Portugal e provaram que, com organização, método e planeamento, é possível atingir os objectivos."

Pedro Guerra, in O Benfica