"Como diria Rui Vitória, terça-feira houve Champions e o Benfica estava lá. E espero que continue a estar.
Benfica-Zenit
1. Na terça feira passada, o Benfica venceu o Zenit por 1-0, uma vitória que fez lembrar uma outra, também por 1-0, na Luz... frente ao Liverpool... com um cabeceamento de Luisão, em 2005/06... na mesma baliza!
Uma vitória construída num futebol adulto, sem as loucuras nem os desequilíbrios que custam tão caro nestas coisas da alta roda do futebol europeu (que sabemos por experiência própria).
Numa mescla perfeita entre juventude e maturidade, entre a experiência de quem já ganhou tudo e a fogosidade de quem quer ganhar... tudo!
Com competência, com humildade, com circulação de bola tão determinante no futebol de hoje.
E com a serenidade de quem tem que dirigir a equipa, sem espectáculos no banco, sem histórias que não sejam as do jogo, que envergonhadamente justificámos, no passado, embora soubéssemos que nada tinham a ver com a maneira de estar do Benfica e com a postura necessária para que os nossos adversários nos continuem a respeitar como um dos grandes da Europa.
Desportivamente, mas, também, nos comportamentos e na forma de nos relacionarmos com os nossos adversários.
Ou seja, ... à Benfica.
Mensagem da... 'nação angolana benfiquista'
2. Já em casa, ainda, a saborear a vitória conseguida com o golo de Jonas (um dos jogadores que mais me fascinou, desde que vejo futebol, com uma técnica, uma subtileza e uma inteligência aplicada que me entusiasma de cada vez que toca na bola), nos descontos... para saber melhor... quando recebi uma mensagem que me voltou a recordar as razões porque acho possível que o Benfica poderá voltar a ser Campeão Europeu.
No meu WhatsApp, lá estava uma mensagem do meu amigo Luandino Carvalho, que me reenviava um texto com origem no grupo Nação Angolana Benfiquista, da autoria de Ricardo Tavares, e que tomo a liberdade de transcrever, na íntegra (sem que isso signifique identidade absoluta com a «tristeza» e o choro» a que se apela no mesmo).
Assim, e respeitando, na íntegra, o texto e a pontuação original...
«Se o nosso Benfica não tivesse de vender os melhores jogadores ano após ano para nossa grande tristeza, a nossa equipa este ano se fosse composta pelos melhores jogadores que passaram cá nos últimos 5 a 6 anos teria os seguintes jogadores:
+ Guarda-redes
- Júlio César - Oblak
+ Defesas centrais
- David Luiz - Luisão - Garay
+ Defesas Esquerdos
- Fábio Coentrão - Siqueira
+ Defesas direitos
- Maxi - Cancelo - André Almeida - Nélson Semedo
+ Médios centro
- Javi García - Matic - Witsel - Ramires - Enzo Peréz - André Gomes - Renato Sanches
+ Alas
- Di María - Salvio - Gaitán - Nolito - Markovic - Bernardo Silva
+ Avançados
- Cardozo - Rodrigo - Lima - Jonas
Compõe o teu 11!!! Tenta só não chorar.»
E, acrescentaria eu... sem esquecer... Nuno Gomes, Pedro Mantorras, Pablo Aimar, Javier Saviola, apesar de já não jogarem.
Ou seja - e sendo fiel ao texto e aos jogadores de classe mundial que nos últimos 6 anos e todos em fases fulgurantes ou muito conseguidas das respectivas carreiras, (não, não se trata dos que já não jogam ou de juntar os melhores da década de 60, de 70 e 80, ou mesmo da década de 90 ou do princípio deste século) - o Benfica, mantendo-os todos ou muitos deles, seria, sempre, nas últimas duas ou três épocas candidato a... Campeão Europeu.
Percebem, agora, porque não é uma loucura, poder ambicionar, todos os anos a ganhar a Liga dos Campeões?
Esta época
3. A pergunta lógica e imediata é, mas já nesta época? Talvez não, mas já estivemos próximo de o fazer.
Recordo o esforço feito pelo Clube - ou seja, por todos nós - para que, quando a final se disputou no nosso Estádio, na época de 2013/14, ambicionássemos poder disputá-la. Gerindo vendas (ou melhor, gerindo a sua recusa), porque esse era um desejo (ou, muito especialmente) também, do Presidente Luís Filipe Vieira.
Sei-o, porque tantas e tantas vezes temos falado, os dois, sozinhos... desse sonho! E da possibilidade de o tornar realidade. Bem sei que os objectivos, definidos a cada ano, são mais modestos.
Mas temos de o tentar.
Como diria - adaptando - Rui Vitória... nesta terça feira houve Champions e o Benfica estava lá. Como espero que continue a estar.
Vejamos: Para além do nosso confronto com o Zenit, teremos o PSG-Chelsea, o Gent-Wolfsburg, o Roma-Real Madrid, o Arsenal-Barcelona, o Juventus- Bayern, o PSV-Atlético de Madrid e o Dínamo de Kiev-Manchester City.
Ou seja, admitindo que poderemos passar o Zenit (apesar de admitirmos como possível a nossa eliminação, embora com menos percentagem de hipóteses, muito especialmente depois da vitória de 1-0 de anteontem) não será impossível admitir o sonho de - o sorteio o dirá - podermos voltar a ser felizes com o Gent ou o Wolfsburg, ou com o Dínamo de Kiev ou o Manchester City.
Tanta sorte no sorteio para chegar à meias finais?
Devolverei a pergunta com outra: será que só os outros é que podem ser Campeões Europeus numa época sem clubes ingleses, ou, noutra, contra o Deportivo da Coruña ou o Mónaco (de então)?
Ou não poderemos - por sermos do Benfica - ambicionar um pouco de sorte num sorteio?
E depois?
Depois, logo veremos.
Um ciclo de três anos
4. E nem me falem de orçamentos... Porque a Juventus (em 2015, em Berlim) e o Atlético de Madrid (em Lisboa, em 2014) são bem a prova de que se pode chegar a uma final com um orçamento muito, mas muito inferior ao de outros.
Eu sei que podemos sempre querer lá chegar e nunca o virmos a conseguir. Mas, como em tudo na vida como não me canso de repetir aos meus filhos, nas suas diferentes ambições e desafios etários... de 25, o Afonso... de 13, a Francisca... e de 8, o António -... nem sempre os que tentam conseguem, mas nunca consegue quem nunca tenta. Ou - numa versão diferente, mas igual -... nem sempre os que querem ganhar, ganham, mas nunca alguém ganhou nada sem o desejar muito (e, já agora, trabalhar para isso).
No futebol, como na vida.
No jogo, como connosco.
E, para isso, repetirei, sempre, o que julgo ser necessário voltar a repetir (ou gerir com esse objectivo): organizar a equipa em ciclos de três anos, em que o 1.º seja de construção, o 2.º de correcção e o 3.º de concretização da (ou de luta assumida pela) vitória.
Já agora... com um treinador que saiba dar valor ao esforço de quem dirige e que potencie os jogadores que lhe forem dando. Que, como se viu no texto da autoria de Ricardo Tavares, publicado no Grupo Nação Angolana Benfiquista... foram muitos e muito bons. Um treinador que não tenha um só objectivo, porque no Benfica... queremos ganhar sempre tudo.
Essa é a diferença.
Entre nós e os outros.
Vontade feita de mística... verdadeira (e não de manifestações organizadas por vitórias sobre uma equipa que não está a lutar por lugares europeus, sequer... a 12 jogos do fim do campeonato).
Vamos a isto, Benfica?"
Rui Gomes da Silva, in A Bola