Últimas indefectivações

domingo, 12 de agosto de 2018

Uma novela com final feliz...

"... e outra terá um fim triste para quem insiste fazer de si próprio personagem principal. Uma viagem aos mundos de Jonas e BdC

Chegou ontem ao fim a novela em torno de Jonas. Teve, como quase todas as novelas, um final feliz para os benfiquistas - os adversários dos encarnados farão, por certo, uma leitura diferente -, que depois de terem dado como perdido o seu melhor jogador dos últimos quatro anos assistem agora, felizes, a um volte-face que lhes garante a continuidade do brasileiro na Luz. Percebeu-se, durante um processo mais longo do que desejável face aos companheiros do Benfica neste arranque de temporada, que aos adeptos pouco interessa o BI ou questões físicas para as quais olham, sempre, de forma bem mais optimista do que fazem treinadores, departamento médico ou, até, presidentes.
Sim, Jonas tem 34 anos e problemas crónicos nas costas. O que, do ponto de vista (sempre implacável) de gestão, empresarial ou desportiva, desaconselharia uma renovação de contrato com substancial aumento salarial. O problema, claro, é que não estamos a falar de um jogador qualquer. Como escrevi neste mesmo espaço há uma semana, para a maioria (e acredito que grande...) dos benfiquistas vale mais Jonas com 34 anos e com as costas feitas num oito do que quase todos os outros de 20 e com as costas direitinhas como um cabo de vassoura. A sua possível saída para a Arábia Saudita provocou, por isso, um tumulto que ninguém previra, motivando, até, a criação de uma página de Facebook para reunir apoios a favor da destituição de Luís Filipe Vieira.
O presidente do Benfica, que não anda cá há dois dias, percebeu a mensagem e apressou-se a aproveitar a hesitação do avançado brasileiro a seu favor. Fez saber que propôs a Jonas a renovação de contrato, que faria dele o jogador mais bem pago do plantel, e encostou-o à parede, colocando do lado do brasileiro o ónus de uma eventual saída. O resto já se sabe: as partes entenderam-se e o avançado vai continuar no Benfica.
São boas notícias para todos: para Vieira, que encontrará sempre no desejo dos adeptos um escudo para uma pequena loucura; para Jonas, que se calhar nunca quis mesmo sair mais aproveitou uma proposta irrecusável para melhorar as suas condições na Luz; para Rui Vitória, que dificilmente encontraria no mercado de um jogador como o atacante brasileiro - agora é encaixá-lo no onze, sendo certo que ter Jonas à disposição nunca poderá ser visto pelo treinador (por nenhum treinador...) como um problema.

Bruno de Carvalho não descola. É como aquele conhecido - todos temos pelo menos um - de quem toda a gente se quer livrar ao fim de uns minutos de conversa e que, por uma questão de educação, vamos ouvindo (ou fingimos que continuamos a ouvir) até que se canse de falar para o boneco. É aquilo a que chamamos um chato. Para piorar as coisas, tem aquele problema de fazer-se sempre de coitadinho, como se tudo, desde o big bang, se tivesse conjugado numa enorme conspiração contra ele, eterna vítima de todos os males do mundo. Era, convenhamos, um traço da personalidade que já lhe conhecíamos, mas piorou bastante desde que os sócios com ele correram da presidência do clube de Alvalade.
Não foi ainda Bruno de Carvalho capaz de perceber que são já poucos os que lhe passam cartão. E serão menos ainda os que se importam se ele pode, ou não, ir a eleições. Um conselho para o primeiro presidente destituído da história do Sporting: às vezes quando se está ferido a melhor estratégia é fazer-se de morto e esperar pelo momento certo para contra-atacar. Vem nos livros: fazê-lo quando se está claramente por baixo é, só, o caminho mais rápido para a auto-destruição. O problema, claro, é que Bruno de Carvalho sempre mostrou uma clara atracção pelo abismo. É, sem surpresas, para lá que insiste em caminhar."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Novidades legislativas

"No Conselho de Ministros do passado dia 9 de Agosto de 2018 foram aprovados vários diplomas e propostas de lei com grande impacto para o desporto nacional.
Foi aprovada a criação da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto, já anunciada anteriormente pelo Governo, e que visa reforçar a prevenção e o combate ao fenómeno da violência no desporto, assegurando de forma mais próxima a fiscalização do cumprimento do regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos, previstos na Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho.
Foi também aprovada a proposta de lei que altera este regime jurídico. A revisão proposta tem como «principais objectivos aumentar a celeridade de tramitação e transparência dos processos contraordenacionais do seu regime sancionatório e incrementar a eficácia na sua aplicação».
O Conselho de Ministros aprovou ainda a proposta de lei que altera o regime de acesso e exercício da actividade de treinador de desporto. Após cinco anos de vigência da lei que regula esta actividade, entendeu o Governo que é necessário ajustá-la à realidade actual do sistema desportivo português, de forma mais eficiente e qualificada, reequacionando-se a formação dos treinadores de desporto.
Por fim, foi aprovado o Plano Nacional para a Juventude 2018-2021, que compila e orienta o desenho, execução e avaliação de políticas de juventude nos domínios da Educação Formal e Não Formal, Emprego, Saúde e Habituação, considerando ainda os domínios do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Igualdade e Inclusão Social e Governança e Participação."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Cadomblé do Vata

"1. Em 5 jogos na Liga contra Luis Castro, Rui Vitória ganhou 5... mas atenção, o vimaranense dá cabazada ao técnico do SLB nas conferências de imprensa e no processo.
2. Esta equipa do SLB mostrou respeito por todos os adeptos do Clube... foram 80 minutos de excelente futebol para todo o estádio e 10 minutos horríveis apenas para dar razão aos críticos.
3. Ferreyra corre o risco de atravessar uma linha sem retorno... é aquela que separa um avançado com falta de confiança de um Bergessio.
4. Esta direcção tem cada vez menos respeito pelos adeptos: como se não bastasse ter acabado com o jogo de apresentação, agora também já não apresenta contratações... foi à China buscar o Ramires e sem dizer nada a ninguém, deu-lhe um penteado novo e meteu-o a jogar com a camisola 83.
5. Hat trick de Pizzi contra a equipa que tem D. Afonso Henriques no emblema... a Dinastia de Borgonha foi inapelavelmente derrotada pela de Bragança."

O fim do treinador estrangeiro

"Depois do banquete do Mundial, que alguns comensais menosprezam como se estivessem habituados a refeições mais opíparas, voltamos à nossa comidinha caseira feita à pressa, metida numa marmita que não podia ir ao micro-ondas e que, por isso, tem a forma de um relógio de Dalí, e consumida em lugares lúgubres onde, na maioria das vezes, o ambiente é o de uma noite de domingo depois de um funeral. Bem-vindos às emoções da Primeira Liga, com os seus estádios vazios, salários em atraso, clubes em pré-falidos, a ocasional violência, os despautérios verbais e os trezentos debates televisivos que estão para o futebol como as ténias estão para o nosso sistema digestivo.
Imune a tudo isto, a macro-troika avança alegremente para o abismo numa caminhada com o alto patrocínio de suas excelências, os senhores presidentes dos clubes – o infalível Papa nortenho, o pneumático caudilho da Luz e o gaso-aquático líder da junta de salvação nacional que se instalou em Alvalade –, devidamente acolitados por uma tropa fandanga de ex-jornalistas, juristas, incendiários, cartilheiros, toupeiras, bufos e, para não se pensar que isto é um bordel, um circunspecto gestor que, em linguagem sóbria e racional que a maioria dos adeptos não domina e não aprecia, explica às massas que a massa é pouca.
E os jogadores? Ah, o melhor do futebol são os jogadores, claro. Falemos deles. Há dias, um jornal diário fazia a antevisão da época e destacava um jogador de cada equipa. De Futebol Clube do Porto, Sport Lisboa e Benfica e Sporting Clube de Portugal, os escolhidos foram, respectivamente, Marega, Jonas e Bruno Fernandes. Por razões diversas, todos estiveram com um pé fora dos clubes e, também por razões diversas e com diversos níveis de compromisso, parece que vão mesmo ficar os três. É uma imagem deprimente do nosso futebol. E o pior é que é uma imagem realista.
Há poucos anos, quando a parada da luta pela hegemonia subiu a níveis estratosféricos, com recurso a muita contabilidade criativa e à droga financeira da antecipação de receitas num edifício amparado pela liberalidade criminosa dos bancos do regime, havia Hulk e James, Falcao e Jackson, Gaitán e Witsel, David Luiz e Ramires (e também Sinama-Pongolle). Hoje, sem a gasosa bancária, os clubes empreendem um esforço contra-natura para viverem de acordo com as parcas possibilidades que o nosso mercado autoriza, mas sempre de olhos postos nas soluções precárias e de recurso, nos balões de oxigénio. Numa época em que as vendas foram magras, o Eldorado são os gordíssimos e quase inacessíveis milhões da Champions. Essa miragem dourada força os clubes a entrar em loucuras na tentativa de acederem ao pote. É um exemplo acabado de economia de casino. Diria a sabedoria popular que um tal modelo de gestão se parece muito com “contar com o ovo de ouro no cu de galinha velha.”
Misérias à parte, uma pergunta se impõe a quem olha para a composição das equipas técnicas: onde andam os treinadores estrangeiros? Onde andam os magos magiares como Béla Guttmann e József Szabó? Ou os marechais ingleses que acostavam no nosso futebol com o espírito de disciplina e civilização de um Lord Curzon no sub-continente indiano? Onde andam figuras como Graeme Souness, que enquanto jogador tanto brilhava naquela equipa do Liverpool cujo passatempo era atropelar o Benfica nas passadeiras europeias e cujo maior legado, enquanto treinador do clube da Luz, foi uma apreciação figurativa dos testículos de um tal Michael Thomas, o Cavaleiro das Grandes Bolas? Onde andam os sucessores de Co Adriaanse, esse holandês meio avariado que, numa certa noite em Paranhos (ou lá onde este tipo de actos se pratica), manteve uma conversa muito instrutiva com uma dúzia de adeptos do FC Porto e amantes de dialéctica, alguns dos quais viriam a fundar a Escola Peripatética de Canelas?
Julen Lopetegui é já uma névoa dissipada, quase tão esquecida como a de Quique Sanchéz Flores, ar de bandarilheiro, sorriso sedutor e infinita prosápia, que, na sua malograda passagem pelo Benfica, conquistou um terceiro lugar e uma senhorita húngara, nenhum dos quais dava acesso à Champions. 
Nos anos oitenta e noventa tivemos, entre outros, John Toshack, Pál Csernai, Tomislav Ivic, Marinho Peres, Abel Braga, Paco Fortes (esse inesquecível catalão do sotavento algarvio), Carlos Alberto Silva (o professor Astromar), o eminentemente parabenizável Paulo Autuori e o cavalheiro Bobby Robson que, em conjunto, emprestavam uma diversidade cosmopolita ao nosso campeonato.
Hoje, fecharam-se as portas aos estudiosos internacionais e um ou outro que, por descuido ou curiosidade, por aqui arriba, logo parte sem deixar rasto ou saudades. O treinador português, outrora uma espécie ameaçada, propagou-se por todo o território e até já serve para exportação. O seu actual prestígio é inversamente proporcional ao descrédito que se abateu sobre o treinador estrangeiro, tido como incapaz de penetrar os mistérios do nosso futebol e de superar as armadilhas tácticas montadas pelos astutos congéneres nacionais em campos de batalha tão acidentados como a Mata Real ou o Marcolino de Castro.
Quando Sven-Göran Eriksson chegou a Portugal, alguns dos campos da primeira divisão ainda eram pelados. Isso não o impediu de triunfar e mudar a face do futebol português. Se fosse hoje, a contratação de um jovem sueco com aspecto de professor substituto de Físico-Química suscitaria a chacota geral. Como é que um escandinavo, vindo de uma sociedade avançada, justa e igualitária, se poderia adaptar ao nosso futebol duro, disputado sob inclementes condições climatéricas e financeiras, e desvendar as subtis nuances tácticas que os nossos treinadores introduzem semanalmente com o fito de ludibriar adversários, analistas e os seus próprios jogadores?
Por escassos dias, ainda pairou no ar a possibilidade de haver um forasteiro no nosso campeonato, mas Mihajlović seguiu as pisadas de outros monarcas breves como João, o Póstumo, rei de França durante quatro dias, e Luigi Delneri, ocupante do trono técnico do Dragão durante uma lua, e, depois de fazer umas compras em Lisboa, regressou ao catálogo de um qualquer empresário manhoso, mantendo dessa forma os bancos de suplentes protegidos contra as influências deletérias que os estrangeiros sempre trazem com eles, elevando-os, aos bancos, à condição de bastiões da portugalidade, símbolos do nosso resoluto paroquialismo e dos nossos depauperados bolsos."

A tecnologia que vai mudar os clubes portugueses (e ingleses e franceses e austríacos e...)

"A Liga 2018/19 está a começar e também há novidades fora dos relvados: pelo menos 10 clubes portugueses vão profissionalizar a sua gestão diária, com o software FootballISM, novo parceiro da Liga portuguesa

Quem já jogou Football Manager sabe bem como é: basta um clique no rato para conseguirmos ver, no ecrã, tudo o que queremos sobre a(s) nossa(s) equipa(s), entre plantel, técnicos, treinos e todos os dados relativos ao funcionamento diário dos vários departamentos de um clube. Até agora, esta gestão digital não passava apenas de um jogo de computador para adeptos, ou seja, não existia verdadeiramente no mundo do futebol.
Mas isso já está a mudar com o FootballISM, software que permite que os clubes sejam geridos como empresas. “Andámos por Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Espanha e a verdade é que não encontrámos um clube que tivesse um ambiente totalmente digital e integrado”, assegura à Tribuna Expresso Filipe Esteves, director da FootballISM, plataforma que faz parte da empresa agap2IT.
“O que acontece é que cada um tem a sua ferramenta de trabalho e mesmo que todos usem Excel, por exemplo, cada um tem o seu. Quando é altura de juntar informação, torna-se muito difícil. Houve médicos que nos disseram que nas suas clínicas particulares tinham tudo informatizado e nos clubes tinham de trabalhar em papel”, exemplifica.
O FootballISM permite centralizar todas as informações relativas ao funcionamento de um clube e, por incrível que pareça, isso é algo ímpar no futebol. "A verdade é que aquilo que encontrámos lá fora foi praticamente o mesmo: há tecnologia no mundo dos coletes GPS, tecnologia no mundo de análise de vídeo, alguma tecnologia nos departamentos médicos e para aí. A falta de informação centralizada em termos de gestão é gritante", adianta Filipe.
“Não faz sentido que um presidente ou um administrador de uma SAD não consiga chegar ao trabalho, sentar-se ao computador e ter um 'dashboard' onde veja o estado do clube. Quem está lesionado, quando há treinos, quem vai treinar, o que vão fazer, o que vão almoçar... Todo um panorama que qualquer outro CEO de uma empresa tipicamente tem - só no futebol é que isto não existia”, diz Filipe Esteves, contando o que viu em clubes “de topo”, tanto portugueses como estrangeiros: “O presidente tem de ligar a 10 pessoas diferentes para saber como é que as coisas estão ou então desloca-se ao centro de treinos para falar pessoalmente - é tudo uma perda de tempo enorme, porque podemos facilitar a gestão às pessoas, deixando que cada um faça o seu trabalho na plataforma e depois nós tratamos da comunicação e integração de tudo.”
O director da FootballISM revela outro dos (muitos) problemas que afectam a gestão dos clubes, em Portugal e lá fora. "Desde CNS, 1ª e 2ª divisões em Portugal, 1ª divisão na Alemanha, França, Inglaterra - e aqui fomos a alguns dos cinco maiores clubes - todos têm problemas recorrentes que vão desde o mais simples, como, por exemplo, a gestão de equipamentos. Num clube como o Arsenal, por exemplo, em que estamos a falar de centenas de atletas, o desaparecimento de material pode custar €1 milhão em equipamentos - chega-se ao final da época e ninguém sabe bem onde eles estão. É tão simples quanto isto", diz.

De Alcochete para o Mundo
A ideia de um software assim já vem de 2011, ano em que o sistema começou a ser pensado em conjunto com o Sporting, através do director Pedro Mil-Homens, que queria então uma ferramenta que facilitasse a gestão da Academia do clube em Alcochete.
Nos anos seguintes, a plataforma foi sendo progressivamente aprimorada até se tornar um produto que passou, agora em 2018/19, a ficar disponível a todos os clubes, depois de uma parceria com a Liga portuguesa que permitiu ajustar custos. “É uma das coisas das quais mais nos orgulhamos: conseguimos ser democráticos e solidários no futebol, desde a 3ª divisão até ao topo”, diz, acrescentando que clubes com orçamentos até €1 milhão pagam pouco menos do que o salário mínimo nacional para ter o FootballISM. Para outros, a mensalidade ronda €4 mil.
"É transformar tudo aquilo que são os métodos de trabalho amadores para uma plataforma que profissionaliza tudo e traz um nível de alta performance para todos os departamentos de um clube, desde a rouparia, a treinadores, nutricionistas, médicos, tudo. A Liga escolheu esta ferramenta e trabalhámos em conjunto, desde o início do ano até ao início da época, para termos um modelo adequado para abordar todos os clubes", explica.
O FootballISM já está a chegar a 10 clubes portugueses, assim como a ingleses, franceses, noruegueses e austríacos, revela Filipe Esteves. "Temos alguns problemas em divulgar nomes, porque os clubes são muito proteccionistas nestas questões", explica, quando questionado sobre a identidade desses clubes, aproveitando também para lamentar ainda não ter conseguido contactar com a Federação Portuguesa de Futebol.
Em Setembro, a empresa irá apresentar a ferramenta a outra entidade com quem espera fazer mais uma parceira: a Liga espanhola. “O futebol já não é aquilo que era há 10 anos e a tecnologia tem de acompanhar isto”."

A maçada da Copa América

"No Brasil, imprensa e torcida queixam-se da arrogância europeia em relação à América do Sul, afinal, o berço dos maiores talentos da história do jogo. Essa arrogância, argumentam, reflecte-se por exemplo no Mundial de Clubes, a que os sul-americanos dedicam uma atenção extraordinária e ao qual os europeus comparecem, com ares de colonialistas, apenas para cumprir calendário.
É óbvio: ao vencedor da incomparável Liga dos Campeões ir ao Japão ou às Arábias, interrompendo um Dezembro intenso de provas nacionais e continentais, soa a maçada por causa da diferença de investimento entre clubes europeus e restantes, mesmo os tão míticos, charmosos e tradicionais emblemas sul-americanos.
O que é menos óbvio é o seguinte: o preconceito contra a América do Sul parte também dos próprios brasileiros. No passado, cada “grande” achava mais importante ganhar o respectivo estadual do que uma Taça dos Libertadores; hoje em dia, se a Libertadores se tornou, e ainda bem, a prioridade dos principais clubes, esse preconceito manifesta-se na Copa América.
No Brasil, Copa América é, ao contrário dos seus vizinhos, assunto secundário. O que move o país são os mundiais. A prova da falta de atenção à competição continental por selecções está no número de títulos: se os canarinhos lhe dedicassem cuidado, convenhamos, não teriam apenas cerca de metade (oito) das conquistas dos rivais Argentina (14) e Uruguai (15).
Na Europa, terminado o Mundial russo, fala-se, em primeiro lugar do Euro-2020 e só depois se apontarão baterias ao Qatar-2022.
No Brasil não: a selecção daqui a menos de um ano disputará mais uma Copa América – em casa! – e imprensa e adeptos não gastam um minuto com o assunto. Desde a queda – não é piada a Neymar – da selecção aos pés da Bélgica que só se fala em Qatar, como se a Copa América fosse, como os Mundiais de Clubes no entendimento dos europeus, uma maçada.
A primeira convocatória de Tite, na sexta-feira, será pois, escreve a imprensa e dizem os adeptos, o tiro de partida do Mundial-2022. Como no Brasil devemos agir como brasileiros, concedamos que assim seja. Mas, nesse caso, acrescentemos um dado: a operação Mundial 2022 não começa na tal convocatória para os jogos particulares de Setembro com Estados Unidos e El Salvador; já começou no último dia 24.
Nessa movimentada terça-feira no mercado de transferências europeu, os jogadores brasileiros movimentaram em poucas horas quase 100 milhões de euros. E o mais relevante é que tanto Richarlison, a caminho do Everton por 45 milhões, Malcom, em trânsito para o Campo Nou por 41, ou Éder Militão, que custou a bagatela de sete milhões ao FC Porto, não estiveram no Mundial. Ou seja, o mercado, que não mente, num só dia disse que o futuro do futebol do Brasil é valiosíssimo.
Se somarmos aos negociados daquele dia, os nomes de Vinícius Junior e Rodrygo (um já no Real Madrid e outro a caminho por 90 milhões somados), de Fabinho (no Liverpool, por 45), de Felipe Anderson (no West Ham, por 38), de Arthur (no Barça, por 31) e de Paulinho Sampaio (no Bayer Leverkusen, por 18,5) chegamos a 315 milhões de euros movimentados só por atletas ausentes do Rússia-2018 na actual janela.
Outros jogadores que estiveram entre os 23 de Tite e, à partida, entram nas contas para o Qatar custaram aos cofres dos clubes de destino 646 milhões de euros nos últimos dois anos – são os casos dos guarda-redes Alisson e Ederson, do defesa Danilo, do médio Fred, dos avançados Douglas Costa e Gabriel Jesus e dos dois principais, e mais caros, craques canarinhos da actualidade, Neymar e Phelippe Coutinho.
Com a continuidade de Tite no comando da selecção, uma coluna vertebral a caminho da segundo ou terceiro (no caso de Neymar) mundiais da carreira e um grupo de craques a pedir passagem, o Brasil parte como um dos grandes favoritos à conquista do próximo mundial.
Mas, cá entre nós, é uma pena que não valorize a mais antiga das competições de selecções do planeta, essa maçada da Copa América."

Atividade física, exercício ou desporto?

"Em 1975 falava-se em incentivar o "desporto para todos". Hoje promovemos a prática de "actividade física", em todas as suas formas. O que aconteceu entretanto?

Sobretudo para quem nasceu antes de 1980, a expressão “vou fazer desporto” servia para tudo o que tinha a ver com fazer actividade física. Nos anos 70 do século XX apareceu na Europa e também em Portugal o movimento “desporto para todos”, que procurava generalizar a prática desportiva a todas as pessoas, de todas as idades. Nasci em 1970 e lembro-me de ter na parede do meu quarto de criança autocolantes deste movimento, que o 25 de Abril também ajudava a democratizar. Lembro-me, por exemplo, dos que tinham crianças e avós em brincadeiras activas. E recordo especialmente o cartaz de uma menina com tranças e sorriso na cara, a praticar um salto de cavalo por cima das costas de um menino. Tudo isto era desporto.
Entretanto, vieram os anos 80 e com ele o jogging, presença frequente nas séries de TV, normalmente com actores de calção curtinho e meia branca. E logo a seguir a Jane Fonda e com ela o fitness, com a perneira colorida e o elástico para o suor na testa — que John McEnroe (curiosamente um desportista) imortalizaria. E assim começava a divulgar-se para a população a ideia de fazer exercício físico. Na altura, algo como um “desporto” que se fazia para melhorar a saúde ou a aparência. Mas que, na verdade, já não era desporto como tradicionalmente definido.
Paralelamente, a prática dos desportos tradicionais crescia muito nos anos 70 e 80, bem como a procura de locais e oportunidades para todos o praticarem, sobretudo crianças e jovens. Foi notável a iniciativa de clubes desportivos e recreativos, que expandiam a oferta de equipas de futebol, basquetebol, voleibol e andebol, mas também da prática de natação, judo, rugby, ténis e das várias ginásticas. Para quem vivia em Lisboa ou na linha de Cascais, instituições como o Ginásio Clube Português ou o Sport Algés e Dafundo foram marcantes em vários destes desportos, mesmo com presenças Olímpicas. Infelizmente, estes dois clubes são ainda hoje excepções de um sector – o movimento associativo representado pelo clube desportivo local – que foi perdendo o fulgor de outrora. Pese embora iniciativas recentes para o apoiar.
No espaço público, bem como em “fatia de mercado” e representatividade social, o desporto tradicional perdeu terreno para as novas e várias formas de exercício físico e, em poucos anos, muitos dos clubes desportivos locais parecem ter-se transformado em clubes de fitness. Contudo, é de destacar a semelhança entre o propósito do "desporto para todos" dos anos 70 e a corrente do exercício físico das décadas seguintes: melhorar o bem-estar dos cidadãos através do movimento físico. De facto, tanto o desporto tradicional como o exercício estruturado (ex. actividades de fitness) podem promover a saúde. Tal como a dança, a caminhada, qualquer brincadeira activa, subir escadas, fazer ginástica de grupo, ou ir para o emprego ou para a escola de bicicleta. Hoje sabemos que todos são importantes para um país que se quer mais activo.
Surgiu assim a necessidade de uma expressão que reflicta o facto de todas as formas de movimento humano serem potencialmente benéficas para a saúde, mas também úteis para o desenvolvimento social e económico. A adopção da designação "actividade física" cumpre esse critério e é por isso hoje consensual e universalmente abrangente. É adoptada por todos os países e instituições governamentais internacionais, também como uma meta para que se atinjam os Objectivos para o Desenvolvimento Sustentável do planeta em 2030. Aliás, a fotografia deste artigo é reflexo da percepção de que o termo "desporto" não serve para caracterizar o que fazem estas pessoas. A novidade é que "exercício físico" também não!
Uma analogia pode ser útil: "actividade física" é como "alimentação". É para todos, pois todos nos mexemos no dia-a-dia, tal como todos nos alimentamos diariamente (uns mais, outros menos; uns melhor, outros pior). Actividade física inclui todas as formas de motricidade humana, tal como alimentação inclui todos os comportamentos alimentares (de beber água da torneira a saborear um prato confeccionado). E inclui também tudo o que é necessário para lá chegar: ir ao ginásio, escolher usar mais as escadas no dia-a-dia – ou comprar alimentos e preparar uma refeição para a família. São ambos termos abrangentes, como chapéus de sol grandes que, no seu território, incluem tudo sob a sua sombra.
Já "desporto" é assim como a restauração (e juntamos a culinária para ajudar à analogia). Em ambos os casos, precisam de um local próprio para se “praticarem”; ambos têm regras próprias (vinagre na mousse de chocolate não funciona!); e nem sempre fazem bem à saúde, como demonstra a ocorrência de lesões graves em desportistas e as calorias (tantas vezes excessivas) da dita mousse. Embora actividade física e alimentação sejam acessíveis a todos, ambas comportam elementos de exclusividade, como são disso exemplo o atleta de alta competição ou o superchefe com estrela da marca de pneu.
É importante não esquecer que tanto o desporto como como a culinária/restauração, sendo actividades e sectores bem circunscritos, apresentam características que os tornam insubstituíveis e bens a proteger para a sociedade como um todo: são fonte (e expressão) de educação, cultura e tradição, em ambos os casos com uma história longa e rica.
E o exercício, onde fica na analogia? O exercício físico é como uma dieta ou plano alimentar. Um como o outro não são para todos, mas para quem precisa. Têm uma finalidade específica – geralmente proteger ou melhorar algum aspecto da saúde – e ambos contêm princípios técnicos e científicos que fazem com que devam ser prescritos e supervisionados por profissionais diferenciados, para garantir que são seguros e eficazes. Pelo contrário, a actividade física e a alimentação saudável devem ser recomendados por todos e dirigidos a todos. Faria sentido Portugal ter um Programa Nacional para a Promoção da Dieta (qualquer que fosse)? Não. Tal como não faz sentido existir um Programa Nacional para a Promoção do Exercício. E é por isso não existe. 
Conclui-se que a actividade física pode ser exercício físico, pode ser desporto, mas pode também ser algo que fazemos de outras formas. Estas especificidades são importantes porque se traduzem em diferentes opções para uso do tempo e dos nossos recursos (pensando no cidadão) mas também diferentes opções políticas e económicas (pensando na população). Embora exista uma relação, dizer que devemos promover o desporto, mesmo que "para todos", é diferente de dizer que devemos incentivar a actividade física.
Assim, fará sentido que o Estado tenha simultaneamente um Programa Nacional para a Promoção da Actividade Física (como tem o Ministério da Saúde, através da Direcção-Geral da Saúde) e um Programa Nacional de Desporto para Todos (como tem o Ministério da Educação, através do Instituto Português do Desporto e Juventude), mesmo quando existe uma Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto que claramente diferencia os dois sectores de actividade?
Faz, porque promover o desporto e valorizá-lo socialmente é um objectivo com elementos comuns mas outros diferentes do de termos uma população mais activa. Faz, porque envolve mais recursos e mais agentes na promoção da actividade física, desportiva e não-desportiva, abrangendo assim mais contextos de actividade e chegando potencialmente a mais pessoas. Faz, mas apenas se todos os programas, e todos os agentes envolvidos, convergirem naquilo que os une – a promoção da saúde, bem-estar e o desenvolvimento dos cidadãos e do país – à semelhança do que acontece nos melhores exemplos internacionais (ex., o Reino Unido) e não instrumentalizarem a sua acção para fins demasiado sectoriais ou vincadamente políticos. Faz, se existirem plataformas intersectoriais onde as metas para promover a actividade física (de todas as formas) sejam discutidas e os processos para lá chegar sejam articulados sendo assim muito mais eficazes. E faz, se aceitarmos que os desígnios do país – bem como o uso da melhor terminologia – não podem estar isolados dos desígnios internacionais que instituições como a Comissão Europeia, a Organização Mundial da Saúde, ou mesmo o Comité Olímpico Internacional definem actualmente – e no topo estão o desenvolvimento sustentável do planeta e uma vida com saúde para todos.
Felizmente, na promoção de (todas as formas de) actividade física, Portugal tem uma equipa cada vez mais unida, joga hoje ao ataque e recentemente marcou um daqueles golos que ficam na memória!"

Jonas

"Enquanto escrevo esta crónica, persiste a indefinição quanto à continuidade, ou não, de Jonas, o melhor jogador que vi representar o Benfica. Ainda me deliciei com Chalana ou Nené, mas ambos em final de carreira, e nenhum outro se compara, para mim, ao avançado brasileiro, cujo requinte técnico, criatividade, inteligência em campo e faro de golo são, e ainda mais se combinados, indiscutivelmente fenomenais.
O filósofo Simon Critchley, fanático assumido do Liverpool e autor do excelente O que pensamos sobre futebol, defende que o futebol está subjugado à ditadura dos números quando, em boa verdade, sem desmerecimento da relevância dos golos, tem mais que ver com a forma como os adeptos vivem o tempo. Para o autor, com o qual concordo, apesar de poder parecer paradoxal, a beleza do futebol advém da raridade dos lances belos ou emocionantes.
Jonas, um prolífero goleador que, como tal, não só resiste como até beneficia das análises quantitativas, é daqueles casos raros de quem se espera, a qualquer momento, que nos suspenda o tempo. Começou logo na primeira vez que tocou na bola de águia ao peito: um cabrito a um arouquense em pleno Estádio da Luz. Desde então, o brasileiro coleccionou lances inesquecíveis e ainda mais golos, sendo o benfiquista com a melhor média de golos por época no Campeonato Nacional (24,75) e o terceiro em competições oficiais (30,5). Perder Jonas - este Jonas dos números impressionantes e de arte desmedida - nunca será benéfico seja qual for a circunstância. E é inevitável. O desafio será, então, encontrar novos Jonas, daqueles cuja genialidade e empenho nos aproximam dos títulos. E já tivemos uns quantos."

João Tomaz, in O Benfica

Uns tristes

"Anda por aí a circular uma 'notícia' que diz qualquer coisa como 'já foram reunidas não-sei-quantas assinaturas para uma assembleia de destituição no Benfica'. E vão sempre indicando que com dez mil assinaturas a dita assembleia terá de se realizar.
Querem perceber como se enganam benfiquistas? É assim. Com intoxicação. Todos nós sabemos que há um punhado de adeptos do SL Benfica que coloca os ódios pessoais acima do Glorioso, mas esse é um problema deles. Eles que continuem a insultar e denegrir na blogosfera tudo e todos os que não pensam como eles.
Depois temos os antibenfiquistas habituais, normalmente com ligações afectivas à Torre das Antas e aos espoliados do Lumiar, que sonham com o dia em que esta direcção - ou qualquer outra - saia de cena. Juntam-se os interesses destas pequenas e insignificantes partes e surgem estas 'notícias' que não são mais do que a continuação do trabalho de desinformação das últimas épocas.
Não há líderes eternos no SLB. Nunca houve, nem haverá. Mas o que menos há são traidores de trazer por casa, que se movem por tempo de antena e por razões que contínuo sem entender. Os instigadores externos costumam estar activos nesta fase da época, desejando que tudo corra mal ao Glorioso. Inventam teorias, plantam notícias, enaltecem todos os jogadores que saem como se estivéssemos a despedir o Eusébio e arrasam qualquer contratação como se fossem todos Barcos ou Walters. Já não há paciência para pessimistas. E muito menos para quem nos procura deitar abaixo todos os dias."

Ricardo Santos, in O Benfica

A farsa

"Uma acção praticada por um ou mais humanos que, face ao seu cariz ardiloso, induz ao engano, à mentira, é denominada uma farsa!
As modernas técnicas cinematográficas utilizam imensos expedientes, que de tão escondidos e elaborados, os espectadores não se apercebem dos mesmos. Nos tempos dos filmes a preto e branco, o sangue era xarope de chocolate. Obviamente, hoje em dia, em tempo de câmaras avançadas e imagens em alta definição, essa técnica já não pode ser usada caso queiramos impressionar verdadeiramente o espectador.
O que se utiliza actualmente é uma substância chamada de technical blood (sangue técnico), que se parece muito com sangue de verdade, e o mais importante é ser fácil de limpar e sair facilmente da roupa.
A verdade é que já é possível criar sangue artificial em escala industrial. Os glóbulos vermelhos passaram a poder ser produzidos em laboratório e posteriormente aplicados em transfusões humanas.
Imagine-se a contratação de um 'expert' em sangue artificial, aliás na senda da operação facial completa a que foi submetido um atleta. Junte-se-lhe um pequeno depósito de sangue artificial que ao primeiro encosto no desenrolar de um lance, todo ele provocado, causa o rompimento desse reservatório. A consequência é o derramamento do que se assemelha a sangue, mas que não é sangue!
Tudo o resto é fácil de adivinhar!"


Pragal Colaço, in O Benfica

Ufa, a Liga está de volta

"Logo joga o Maior, Ah, que bem me sabe poder dizer isto. Que sensação. Que deleite. Que regozijo. Os gurus do ioga andam há anos e anos a desenvolver rebuscadas técnicas de relaxamento, mas nunca irão encontrar método tão eficaz quanto este: logo joga o Maior. Só de proferir esta frase sinto que a aflição nas costas já me passou e a dor de dentes desapareceu. Cai por terra a máxima daqueles indignados com a alegada exorbitância que os adeptos desembolsam no futebol. Fazendo contas ao que poupo em fisioterapeutas e dentistas, até acho que o Benfica ainda me permite fazer um bom pé-de-meia.
O sorteio determinou que o primeiro adversário do Glorioso será o V. Guimarães, e é aqui que eu devo fazer uma pausa. Ao olhar para o plantel do Vitória e encontrar lá o Ola John, não tenho bem a certeza se esta será a jornada inaugural da Liga 2018/2019 ou se se trata de um save de Football Manager que já vai na sexta época. O preparador físico da selecção nacional é o Cristiano Ronaldo? Não? Então a possibilidade do save está riscada. Ola John no V. Guimarães, quem diria? Se há uns anos alguém me revelasse que o Ola John iria vestir de branco em 2018, eu responderia de caras: Real Madrid. Não tem certamente menos talento que o Lucas Vásquez... no entanto, tem a mesma vontade do Fábio Paim. Aos 26 anos, acredito que se o Ola John acordar para a vida ainda poderá almejar, mantendo a previsão em torno de clubes de branco, um Valência, vá. Se continuar com o mesmo empenho que eu aplicava nas aulas de EVT, é bem provável que para o ano esteja a dividir o balneário com o Leonel Olímpio na U. Leiria.
Há 102 pontos para ganhar.
Rumo à #reconquista!"

Pedro Soares, in O Benfica

Benfica, de longe

"No momento em que esta edição chegar às mãos do estimado leitor, já o Benfica terá disputado a primeira mão da pré-eliminatória de acesso à Champions League. Nessa altura estarei longe, muito longe, do Estádio da Luz e do país, e por lá me manterei aquando da primeira jornada da Liga Portuguesa.
Seguir o Benfica à distância já não é o que era há uns anos. Então, ou só se sabia o resultado dias depois, aquando do regresso a casa; ou, na melhor das hipóteses, conseguida-se telefonar a um familiar ou amigo que nos dizia o essencial.
Hoje a internet faz milagres. Pode ver-se um jogo em qualquer parte do mundo, embora o mundo ainda não seja todo igual, nem nesse, nem em muitos outros aspectos.
Em plena Europa desenvolvida já me aconteceu ficar sem rede a meio de um Benfica - Moreirense, quando perdíamos em casa por 0-1 (um telefonema tranquilizador, mais tarde, confirmou a vitória por 3-2). E fora da Europa recordo-me também de seguir os últimos minutos de um Boavista - Benfica, com um minúsculo 0-1, numa aplicação para telemóvel através da qual só via o resultado, os segundos a passarem, e, com eles, a ansiedade de poder ver o marcador alterado a qualquer instante - sem sequer saber se a bola andava perto da nossa baliza ou não. Não sei como será desta vez. Com várias fusos horários de diferença, temo só conhecer os resultados na manhã seguinte, à semelhança do que aconteceu no ano passado coma Supertaça. Isto se conseguir dormir...
Nestas situações penso em quem, durante todo o ano, vive o Benfica desde longe. Uma experiência diferente com a mesma paixão, mas com sofrimento acrescido."

Luís Fialho, in O Benfica

A Champions

"A disputa da 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões é um grande desafio para o Sport Lisboa e Benfica a todos os níveis. Do ponto de vista desportivo, o Glorioso irá bater-se pela 36.ª participação na prova mais importante de clubes da Europa. Somos o clube português com mais presenças nesta prova e se conseguirmos atingir a fase de grupos será um feito histórico. Pela nona vez consecutiva o SL Benfica disputará esta parte da prova milionária. Nunca na história conseguimos marcar presença por tantas vezes, o que prova a consolidação do projecto do futebol profissional. Do ponto de vista financeiro, o encaixe imediato será brutal - 43 milhões. Sonhar é fácil e, por vezes, temos dificuldades em encarar a dura realidade. Não temos os meios dos grandes tubarões - Manchester United, Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Manchester City, Arsenal, PSG, Chelsea, Liverpool e Juventus. Isto só para falar dos 10 clubes com mais receitas no mundo!
Mas temos prospecção e uma formação que nos dão totais garantias de podermos disputar com ambição todas as competições internas e externas. Conforme se viu na recente participação da International Champions Cup.
A outra grande vitória foi a transmissão do jogo da 1.ª mão, na BTV. Para todos aqueles que andaram anos a fio a contestar e a pôr em causa a excelência, a capacidade e a isenção do nosso canal de TV, aqui está a resposta da UEFA. A transmissão do SL Benfica - Fenerbahçe só foi possível porque a nossa SAD e os nossos dirigentes lutaram sempre pela afirmação deste projecto pioneiro e inovador."

Pedro Guerra, in O Benfica

Sempre a crescer

"Há poucas memórias na vida como as da juventude. E, de entre essas, as dos tempos passados fora de casa com colegas e amigos são das mais valiosas aos olhos dos jovens adolescentes para quem estar fora de casa constitui uma oportunidade única de reforçar a sua identidade e afirmar a sua autonomia de forma positiva perante os pais mostrando estar à altura do que aí vem vida fora. Esta é uma das razões por que o projecto Para Ti Se Não Faltares! continua a premiar os jovens e as famílias com participação em campos aventura ou colónias de férias, como quiserem chamar-lhes. Mas não são só desafios de superação pessoal e a afirmação familiar que os jovens ganham, é também uma oportunidade preciosa de afirmação e reconhecimento perante os seus pares que vale ouro, porque o reconhecimento dos pares e a pressão do grupo são determinantes para todos nós nesta fase da vida. Por isso, terminadas as aulas e merecidos resultados, as férias que vêm pela frente são sempre mais uma oportunidade de crescer que os jovens querem e têm consciência disso.
Olham para o futuro projectando-se nele à luz do que são hoje, testam a cada momento suas capacidades e os seus limites e confirmam-se nos pequenos sucessos do dia a dia e na superação cada vez que enfrentam novas situações com autonomia e determinação. Pode parecer pouco sair com os colegas de casa dos pais e sobreviver uns quantos dias sem ansiedade nem dependências, mas, na verdade, para muitos destes jovens, isto constitui uma verdadeira aventura e um desafio a superar.
Não nos esquecemos de que a educação que as famílias são aos seus filhos tende, nos nossos dias, a reforçar o proteccionismo e a resguardá-los de todos os riscos, por isso, quando se confrontam com a vida, por vezes ressentem-se da falta das comodidades, da segurança e dos mimos que os pais lhes dão. É por isso que uma simples colónia de férias, mais do que um prémio de desempenho, é valorizada pelos jovens e famílias como uma oportunidade de testar a autonomia e determinação dos jovens e a confiança que os pais neles depositam. E ainda por cima é divertido...
Boas férias e aproveitem bem!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Festa na nossa casa comum

"Ver este estádio cheio, com gente que chegou das sete partidas do mundo e que, plena de entusiasmo e confiança, veio de todos os distritos, de todas as cidades e lugares, do continente e das ilhas portuguesas, para ver o primeiro jogo oficial da época de futebol é, sempre, e pela magnitude da reunião, um acolhimento extraordinário na vida de Lisboa e do país.
Como sempre tem acontecido nos momentos especiais, quando a Família Benfiquista é convocada, nunca falta. Ora, desta vez, os benfiquistas voltaram a estar maciçamente presentes, com cerca de 58000 pessoas quase lotando o estádio, para testemunharem um jogo particularmente difícil, ainda mais tendo em conta as circunstâncias competitivas de um início de época não menos decisivo para os rendimentos relativos a toda a temporada.
Depois de uma pré-época movimentada, coroada pela Eusébio Cup no Algarve, a grande festa do verão no Estádio da Luz - um verão já de si cada vez mais intenso (e também, infelizmente, cada vez mais preocupante pelas dramáticas consequências que as elevadas temperaturas têm imposto ao nosso país) - apresentava, neste ano, singulares aliciantes e particularidades de natureza diversa.
Em primeiro lugar, os benfiquistas jogavam, todos juntos, o início da caminhada em luta pelo novo recorde absoluto das nove presenças consecutivas do Benfica na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Depois, o nosso estádio apresentava à vista de todos a estreia do deslumbrante cenário de um novo tapete de relva, imaculado no plantio, tratamento e prontidão em três escassas semanas, após os quatro anos de resistência do relvado anterior. E do lado da própria equipa, terça-feira era ainda o dia em que os jogadores e o staff de elite puderam utilizar pela primeira vez, no percurso entre o Caixa Campus no Seixal e o Estádio do Sport Lisboa e Benfica, o novo e luzente 'Vermelhão' que os há de conduzir, certamente, com todo o conforto, por uma intensa época de vitórias e sucessos.
Por fim, um facto muito relevante, sobretudo para nós, na Comunicação do Benfica. Quem é que, há dez ou cinco anos, imaginaria que a BTV viria um dia a transmitir - por decisão da UEFA e com a anuência do nosso patrocinador NOS - um jogo oficial do âmbito da Champions League? Esta emissão constituiu, sem dúvida, um marco, porventura inédito, na complexa paisagem do futebol europeu. Um marco claramente prestigiante para o Benfica e para a nossa estação, que assim viu ser também internacionalmente reconhecida a qualidade dos seus profissionais, certamente para incremento da inveja dos restantes postos de TV dos clubes rivais...
Apesar do importantíssimo triunfo sem golos sofridos, num típico jogo de início de época - ainda por cima mal servido por uma arbitragem sempre passiva e útil para os turcos - a festa pode não ter sido completa, ao ponto de marcar devidamente no resultado final as evidentes diferenças de apuro individual, ânimo colectivo e capacidade física das duas equipas. Mas, considerando o que testemunhámos ao vivo ou através da pioneira transmissão da BTV,  bem nos podemos agora sentir mais confiantes ainda de que, no jogo da próxima terça-feira em Istambul, ao terem de 'sair da toca' em que se quiserem meter na nossa casa, eles deixem mais desguarnecida ainda a sua porta, para o nosso jogo mais confortável e para a nossa justa continuidade na senda dos Campeões."

José Nuno Martins, in O Benfica

Benfiquismo (CMXVII)

35

Sabe quem é? O preso 443 no inferno - Vítor Baptista

"Partiu montra porque lhe apeteceu dar cabeçada (fez pior); Toni deu-lhe 5 contos, correu pela rua (e depois morreu)

1. Depois de ter andado meses a fio em polémicas e rocambolices - para renovar pelo Benfica exigiu um Porche Carrera e 650 contos por mês (que hoje seriam equivalente a 48 mil euros). Dar-lhe o Porsche, o Benfica aceitou, salário superior a 550 contos é que não - e, ressentido, ele foi para o Vitória receber 100 contos apenas.

2. Uma só época esteve em Setúbal, de lá saltou (na de 1979/1980) para o Boavista - e, por lá, acabou por abandonar um jogo a meio, bradando: «Eu sou o Maior e o Maior não pode andar para aqui a jogar em pelados...»

3. A convite de António Simões, junto-se a George Best no San Jose Earthquakes. Aterrou na Califórnia de camisa em desalinho, um anel em cada dedo - e uma pulseira na calcanhar esquerdo. O presidente, bilionário deslumbrado por jogadores exóticos, oferecera-lhe 250 contos por mês e Corvette descapotável e dois meses depois recambiou-o para Portugal.

4. Acolheu-o Amora (que era um metáfora do país a enrodilhar-se em cheques sem cobertura, ordenados em atraso). Para que os jogadores pudessem ter banho quente era preciso aquecer-se a água em bidões (ou tornarem banho nos próprios bidões). E ele, ao saber que o seu massagista já nem os aparelhos ligava por falta de luz, deixou de aparecer nos treinos - mandou dizer que andava por Lisboa a tratar-se com raios X, só.

5. Despedido do Amora, correu rumor de que estava a caminho do Sporting - mas não, foi para o Montijo. O inferno que se lhe abrira aos pés cresceu sem fim - e algures por 1984 contou a Vítor Serpa: «Ter deixado o Benfica deve ter sido a maior asneira da minha vida. Levantei o Boavista, foram ingratos comigo. Faltava um jogo para o campeonato terminar, a mulher com quem vivia fugiu-me na véspera desse jogo, meti-me num táxi, fui atrás dela. O Boavista arranjou aí razão para não me pagar o prometido: 200 contos. Depois, os mais pequenos: Tomar, Montijo, Amora - todos me ficaram a dever. No Monte da Caparica, onde já só ganhava por vitória fui despedido por estar a mijar junto dum carro e parece que andava uma criança por perto. Eu vi lá a criança...»

6. Não muito depois voltou em tormentos ainda mais negros à ribalta em A Bola - numa reportagem em que  seu destaque era um arrepio: «Já perdi tudo... Não tenho trabalho, dinheiro, casa, mulheres... Restam-me os copos que me dão» - e, depois, contava-se que quebrara a montra da Papelaria Fernandes e ao chegar à esquadra num destroço, soltara, em murmúrio, ao chefe de serviço: «Tinha bebido uns copitos. Mas não queria roubar. Foi só para partir a montra, com uma cabeçada porque me apeteceu...»

7. Vivia, então, numa barraca, junto à Lagoa de Albufeira: «Quando consigo pescar alguma coisa, como. Quando não consigo, não como». E passou a andar, cada vez mais, roto e sujo, de cabelos enormes, desgrenhado.

8. Tentaram resgatá-lo ao drama, interná-lo, desintoxicá-lo da droga - e foi tudo em vão: «Um médico disse-me que me podia curar se fosse para o Miguel Bombarda. Fui lá, veio maluco direito a mim, com olhos muito abertos. Pensei que vinha para me matar e só me pediu 5 escudos. Quando o médico me perguntou por que não queria ficar, respondi-lhe que só se estivesse maluco de todo - e fui-me embora...»

9. Em Agosto de 1989 foi como preso n.º 443 do Estabelecimento Prisional de Sintra que Carlos Rias o entrevistou: «Fiz-me a bijuterias e a um rádio, apanharam-me. O juiz disse que já me tinha dado três chances - e deu-me quatro anos de choça. Mas eu vou mudar. Para a bola não vou mais, não tenho psicologia de treinador, mas se me arranjassem a Lisnave... Limpava os barcos, tinha salário certo...»

10. Já fora coveiro, andara na limpeza das ruas por Setúbal. Com jogadores da Académica e do Vitória a festejar os 30 anos da mais longa final da Taça apareceu à porta do restaurante de barba imunda, t-shirt esburacada, calças rotas, chinelas enlameadas - e gritou: «Oh Toni!». Toni correu para ele, apanhou-lhe a súplica: «Oh pá, vê lá se fazes ai coleta, que não tenho cheta». De lágrimas nos olhos, Toni puxou dos cinco contos que ali tinha - e deu-lhos. Não quis entrar na festa que também era sua, correu, de dinheiro na mão, rua abaixo. Ano e meio depois, a 1 de Janeiro de 1999, morreu."

António Simões, in A Bola

Sabe quem é? Serralheiro (e sempre!) - Arsénio

"Como não aceitou deixar de trabalhar na CUF, Otto Glória despediu-o; Pela madrugada, de cacilheiro ia para o treino

1. Quando, pequenino e descalço, jogava à bola pelos areais do Barreiro junto à muralha, era por Pinga que todos o tratavam - porque Pinga, o Pinga do FC Porto, era o seu ídolo.

2. Com o querer ser como Pinga agarrado ao seu sonho, atreveu-se a teste no Barreirense, deram-lhe a ficha a assinar, à equipa de honra logo subiu: «Ainda não tinha 16 anos, chamaram-me para jogar contra o Sporting na festa de despedida do Francisco Câmara. Quem me marcou foi Aníbal Paciência. Ao princípio estava um pouco enervado, serenei - e perdi o respeito ao grande jogador que ele era» (e deu no que se imagina...)

3. A final do campeonato da II divisão que o Barreirense ganhou (com 6-1 à Sanjoanense) foi no campo do Benfica e, nas Amoreiras, técnicos benfiquistas encantaram-se com o seu frenesim, a sua vivacidade, os seus sete fôlegos - disso não se apercebeu e foi (com o Francisco Moreira) a Setúbal oferecer-se a experiência no Vitória. Só lá foram uma vez - emissário do Benfica correu, ao Barreiro, a contratá-los.

4. Do Benfica recebeu seis contos de luvas pela assinatura (que hoje seriam 3000 euros) - e promessa de 750 escudos por mês (equivalente agora a 375 euros). Para ir ao treino no Campo Grande apanhava o barco das 5.45 da manhã. Treinava-se, corria para o eléctrico para o barco - e, ao chegar ao Barreiro, fazia na CUF as oito horas de trabalho que lhe cabiam.

5. Ganhou no Benfica a Taça de 193/1944 e o Campeonato de 1944/1945 - e durante tempo não teve a seu lado, o Rogério. O Botafogo desafiara-a com ordenado de 6000 escudos (e 4200 por cada vitória) - e o Pipi replicou: «Quero 18 contos por mês, mais apartamento com renda paga, não quero prémios». Assim se fez o acordo - e só de luvas 40 contas lhe couberam, ao Benfica o Botafogo deu 100 pela carta de desobrigação. Ao voltar a Lisboa, seis meses depois, Pipi revelou-o: «No Rio, ganhei mais do que ganhara em toda a minha vida. Deu até para um carro. Com o dinheiro do Benfica, antes, comprara a bicicleta que utilizava para me deslocar para o quartel, na tropa». (De novo juntos, o Benfica venceu a Taça de 1948/1949 - e o campeonato de 1949/1950).

6. Não, não foi só - com ele (que, por essa altura já ninguém tratava por Pinga...) o Benfica também venceu a Taça Latina (e sem a sua codícia não a teria vencido...) Primeiro adversário foi a Lazio - em Lisboa, oito dos seus jogadores foram atacados por surto de anginas. «Por fair-play», o Benfica só aceitou jogar quando os italianos estivessem recompostos - e três dias após a data marcada ganhou por 3-0 (um dos golos foi dele).

7. Na final dessa Taça Latina, o Benfica apanhou o Bordéus. Houve empate: 3-3 - e, na finalíssima, foi ele que fez o 1-1 na última jogada do desafio. Seguiu o jogo para prolongamento, empatado se manteve - novo prolongamento se fez. Com a noite a insinuar-se no Jamor, a bola foi parar ao fundo da baliza francesa com o cronómetro 134 minutos -  e o golo de Julinho deu ao Benfica a vitória que levou a que, na crista de emoção, Corona desmaiasse em campo (de «charola» o levaram para o balneário, despiram-se, descalçaram-no, puseram-no no duche, só dois ou três minutos depois, despertou...)

8. Esteve nas conquistas da Taça de 1950/1951, 1951/1952, 1952/1953 - e na dobradinha de 1954/1955. (Antes, numa vitória sobre o Estoril por 7-0, apontara seis golos - e mais cinco marcou ao FC Porto, na estrondosa vitória por 8-2, no jogo de inauguração do Estádio das Antas).

9. Ao chegar ao Benfica, Oto Glória exigiu-lhe dedicar-se em exclusivo ao futebol. Disse-lhe que não. Otto ainda o admitiu um ano a jogar sem deixar de ser serralheiro, mas, para a época de 1955/1956 já não o quis - despediu-o. Foi para a CUF - e por lá ganhou o que não ganhara ao Benfica: a Bola de Prata.

10. Melhor Marcador do campeonato a caminho dos 35 anos (a jogar pela equipa do patrão) Travaços e Vasques - que, nessa época de 1957/1958, se sagraram, campeões pelo Sporting, enviaram-lhe após a festa telegrama que dizia: «Parabéns dos velhinhos como tu, que ainda são capazes de fazer coisas tão bonitas» (e serralheiro continuou vida fora, na CUF, claro...)"

António Simões, in A Bola

Jonas...



A novela acabou com renovação... e respectivo aumento salarial!
A contra-informação, foi muita... Mesmo para os mais 'experientes' não é fácil perceber a sequência dos acontecimentos, mas de todas as 'fontes' aquela que me pareceu mais fiável, falou de uma proposta das Arábias, trazida por um intermediário (que por acaso é um ex-funcionário dos Corruptos!), entregue ao jogador, e logo a seguir apareceram as capas nos Jornais, garantindo a saída do jogador!!! Sem que o Benfica tivesse conhecimento de nada... Só depois do assunto se ter tornado público, é que o Benfica terá sido informado!!!

Não censuro os jogadores que tentam melhorar a situação contractual, para ficar no Clube. O Luisão foi muitas vezes criticado por situações idênticas... sendo Benfiquistas, não sou hipócrita... É normal, todos os jogadores o fazem, principalmente aqueles que valem 'alguma coisa'!!! Que digam as Direcções, que praticamente anualmente actualizaram os contractos do Cristiano Ronaldo, mesmo quando tinha muitos anos para terminar a ligação ao respectivo Clube!!!
E nem vale a pena recordar os 'protestos' constantes, das nossas Glórias, que antigamente não podiam fazer nada, porque o 'poder' estava todo do lado dos Clubes... o Palmeiro terá um dos poucos que não se 'calou'!!!

A 'questão' Jonas, pode ter muitas nuances, mas da parte do Benfica, só tem uma variável: a condição física do Jonas. Se o departamento médico do Benfica, garante que o Jonas pode jogar futebol ao mais alto nível, esta renovação faz todo o sentido... é mesmo uma 'obrigação', mesmo com o aumento salarial.
Se existem dúvidas sobre a condição física do jogador, e esta renovação é somente uma forma de 'agradar' aos adeptos mais barulhentos, podemos ter feito um péssimo negócio!!!

Com o Jonas a 'jogar', a equipa ganha em tudo... e até admito, na 'pior' das hipóteses, transformar o Jonas num novo Nené (na parte final da carreira...), saltando do banco para resolver os jogos!!!

PS: Sobre a marcação de uma Assembleia Geral Destitutiva, que apareceu por causa da suposta saída do Jonas, só tenho uma palavra: ridícula!

Esperanças...

Benfica B 2 - 1 Leixões


Boa estreia da nossa equipa B. O resultado foi apertado, mas a exibição foi no geral bastante positiva...
Comparando com o ano passado, nota-se uma atitude mais ofensiva, pressão após perda bola... Não vamos ganhar sempre, mas as indicações são boas.

Jota e Willock com grandes exibições... Ferro, Florentino muito bem...

Um Benfica à campeão

"Águia demolidora e dominadora até aos 75'. Boa reacção do Vitória não belisca vitória justa.

Em meia hora
1. A primeira nota vai para o facto de as duas equipas terem entrado para tentar ganhar o jogo desde o primeiro minuto. A primeira oportunidade de golo, aliás, foi do Vitória, que cedo demonstrou estar na Luz para criar problemas ao Benfica. Mas do outro lado esteve uma formação encarnada muito consistente, que entrou forte, que se entregou ao jogo de alma e coração, que o resolveu em 30 minutos e que o controlou até aos 75'. Na primeira parte, sobretudo, viu-se um Benfica demolidor, a jogar à campeão, com uma dinâmica ofensiva impressionante, sobretudo por comparação com que se tinha visto na partida com o Fenerbahçe, mesmo que os adversários, as provas e os contextos sejam diferentes. A equipa não acusou qualquer desgaste, apresentou-se determinada, rápida, intensa e agressiva, fazendo três golos e deixando mais por marcar.

O 4x1x4x1
2. A (muito) maior disponibilidade ofensiva do Benfica na partida de ontem, relativamente ao que tinha apresentado frente aos turcos (sobretudo na primeira parte, não não só), explica-se pelo facto de o sistema táctico ter mudado claramente. Frente ao Vitória não se viu a equipa em 4x3x3, mas sim em 4x1x4x1, com uma linha de quatro homens à frente do Fejsa e em apoio a Ferreyra, que apesar de não ter feito uma grande exibição ajudou a abrir espaços para a entrada dos médios e dos alas, deixando a defesa adversária completamente à deriva nos primeiros 45 minutos, com os sectores muito distantes. As águias, por seu turno, defendiam e atacavam em bloco e exibiam-se com grande nível individual e colectivo.

Pequeno susto
3. A ganhar por 3-0, é natural que o Benfica tenha entrado para a segunda parte com o ideia de não se desgastar tanto, baixando linhas, procurando ter mais bola e retirando velocidade e intensidade ao seu jogo, procurando assim gerir o resultado e o esforço, tendo em conta a eliminatória com o Fenerbahçe, que tinha este jogo com o Vitória pelo meio. Ainda assim, o Benfica continuou a ser superior, em todos os aspectos do jogo (físicos, técnicos, tácticos e emocionais), até aos 75 minutos. Mas é nessa altura que se juntam três factores: algum excesso de confiança das águias, as substituições do lado encarnado, que levaram a que a equipa não conseguisse manter o nível exibicional (sobretudo pela saída de Fejsa, peça fundamental em toda a movimentação defensiva e que passa grande confiança aos outros médios), e o primeiro golo do Vitória, que obviamente motivou os visitantes. Face à vantagem de 3-0, é natural que Rui Vitória tenha feito descansar algumas peças, mas mais uma vez se provou que as substituições são como os melões. Este cenário levou a algum descontrolado da equipa nessa fase da partida, com o Vitória, aproveitando o momento e os espaços, a chegar mesmo ao 3-2 e a relançar a discussão do resultado nos últimos minutos. Apesar da boa reacção forasteira e do susto que apanhou, há que referir que seria injusto se o Benfica não tivesse ganho o jogo.

Salvio e o 'puto'
4. Destaco três jogadores. Pizzi, pelos três golos, é obviamente o man of the match, mas atenção a Salvio, que parece ser o jogador em melhor forma na equipa, num inesgotável vai-vém e sempre a criar desequilíbrios. E Gedson: está a crescer, já se mostrou mais à-vontade, mais maduro nos processos, e se continuar assim, com os pés no chão, pode vir a ser um caso sério no futebol português."

Álvaro Magalhães, in A Bola