Últimas indefectivações

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O jogo do ano para o Sporting

"Depois de uma vitória sem grande espectacularidade na Taça de Portugal e de uma derrota de travo amargo na Liga dos Campeões (fica aquela obra de arte de Gaitán mas é pouco), o Benfica tem um jogo com alguns riscos contra o Sporting. O Porto lidera e não pode continuar a distanciar-se. A luta pelo título não permite mais deslizes. Este Benfica já prometeu em alguns jogos, mas os títulos só se conseguem com resultados constantes. Essa constância, que transmite segurança e solidez, ainda não está adquirida, mas pode e deve sê-lo.
O Sporting tem neste jogo o mais importante do seu ano, porque é contra o Benfica. Pedir um jogo sem picante e emoção era tirar o essencial do derby, mas pedir um jogo com civismo e sem casos era devolver o essencial ao jogo. Se o Sporting não levar o seu presidente à Luz, vai muito mais forte; pois desloca-se sem o seu factor de maior instabilidade. Deve ser sábia estratégia de Jorge Jesus a de pedir ao seu presidente para não ir. Experiente treinador sabe do que precisa e o que não quer.
Esta semana foi dominada pelos Benfica-Sporting. No Futsal, Sábado, ganhou o Benfica (2-1). Em futebol, iniciados, Domingo, ganhou o Benfica (4-0). Em hóquei em patins, na quarta-feira, ganhou o Benfica por atropelamento (9-0). Os dirigentes do Sporting que pediram bilhetes fora do prazo para o jogo de hóquei já deviam imaginar e quiseram proteger os seus adeptos. Resta saber se há qualidade, engenho e arte para manter a matriz. Por mim está excelente assim.
Na Luz todos a apoiar o Benfica, se é verdade que somos mais fortes em casa é também pela força que vem da bancada. Esse apoio não pode faltar e também neste aspecto é importante ganhar em civismo e dedicação. Agora é com Gaitán, Jonas e companhia porque são esses os que nos levam ao estádio. E podem indigitar o Benfica como vencedor..."

Sílvio Cervan, in A Bola

PS: Quis a sorte, que na próxima eliminatória da Taça de Portugal, vamos ter novo derby. A continuar assim, ainda vamos jogar com eles na Taça da Liga também...!!! Na Champions é que não deve haver derby!!!

Na minha casa mando eu

"Há um louco na minha rua. Mudou-se há pouco tempo e começou a dar nas vistas no dia em que chegou. Parece que fez logo uma queixa em tribunal contra os antigos donos do T0 onde agora vive.
Como se isso não bastasse, na primeira reunião de condomínio, fez-se administrador e começou a fazer a vida negra aos restantes habitantes do prédio. Passa o dia a vir à janela gritar coisas que ninguém percebe. Diz cobras e lagartos do Sr. Manel da mercearia, acusa a D. Maria do café de o querer envenenar e foi visto, numa noite destas, com os seus amigos pouco recomendáveis, a roubar as moedas ao arrumador. 
Nos últimos tempos a coisa piorou. O tal ser pouco recomendável passou a insultar-me também. E aos meus familiares e amigos. Deu-lhe para aquilo... Queixa-se que fazemos demasiadas festas cá em casa, que andamos sempre na rua a abrir garrafas de champanhe, que todas as semanas temos a casa cheia de gente. 
Tudo lhe serve para dizer mal de nós e do nosso triplex com vistas desafogadas para o futuro. Parece que não convive bem com a felicidade dos outros e anda a espalhar pelo bairro que o nosso sucesso só acontece porque no outro dia pagámos um café ao Abílio, o chefe da esquadra. Coitado...
A minha mulher já me disse para não lhe dar importância, que qualquer dia ele deixa de pagar a hipoteca ao banco e é posto na rua, mas a verdade é que o tenho visto a rondar o nosso prédio. Ele que não esteja com ideias. Na minha casa só entra quem eu quero. É reservado o direito de admissão a quem se apresente com distúrbios psíquicos, com visíveis sinais de embriaguez ou a quem tenha sido insultuoso comigo ou com os meus.
E o louco do outro lado da rua inclui-se em pelo menos um destes cenários."

Ricardo Santos, in O Benfica

A grande diferença

"Quem diria, em 1907, que a "deserção" de oito jogadores do Sport Lisboa para o Sporting seria o início de uma relação centenária entre ambos os clubes, cujos papéis estão perfeitamente definidos: O Benfica é o alvo preferencial, senão único, da cobiça sportinguista. E cabe-lhe prosseguir no seu rumo, indiferente a quem tenta, por todos os meios, chegar-se à sua grandeza.
Esta relação de forças resulta numa atitude comportamental distinta. Se, do lado "encarnado", chega a existir uma certa bonomia perante as investidas "leoninas", do Lumiar chovem ameaças de ataques fatais ao, embora só intimamente por eles reconhecido, domínio benfiquista.
Tal consubstancia-se no seguinte: Os sportinguistas pressentem que poderão superiorizar-se aos benfiquistas num determinado momento, o que acontece ridícula e frequentemente. Alardeiam feitos inolvidáveis por realizar, dedicam-se a festejos antecipados e ataques de toda a espécie e anunciam a inversão definitiva dos papéis de cada clube nesta rivalidade.
Esquecem-se, ou fazem por esquecer, que a superioridade benfiquista é a norma e que a "glória leonina", quando ocorre, é efémera. Em Portugal, o adjectivo Glorioso tem dono e só combina com o vermelho. Por isso, independentemente de quem sairá vitorioso do próximo dérbi e do estado de espírito resultante do mesmo, o Benfica continuará a ser o incontestado glorioso e o Sporting não passará do frustrado aspirante a ser o Benfica que nunca conseguiu ser. Todos os resultados são possíveis, mas a afirmação anterior já merece o cariz dogmático que lhe atribuo.
P.S.: Que fim-de-semana passado... Tão vitorioso quanto ecléctico, só ao alcance de um clube como o SLB!"

João Tomaz, in O Benfica

Chegou a hora

"Ao longo das últimas semanas, o Sport Lisboa e Benfica, os seus sócios e adeptos, e o seu presidente, têm sido alvo de uma ofensiva intensa, e de características inéditas.
Um arrivista de baixo nível, à procura de popularidade barata, socorreu-se dos meios mais infames para, em bicos de pés, fazer os seus números. Grita todos os dias, à espera que o oiçam. De disparate em disparate, vai subindo o tom, não escondendo irritação pela ausência de réplica.
Para além de dois ou três papagaios amestrados, o eco surge através das páginas de um diário desportivo que, pela sua história, e por respeito aos leitores, jamais deveria prestar-se ao triste papel de "voz do dono" - sendo que aqui é o dono que ladra, e o cão só abana a cauda.
Muito bem, o Benfica tem sabido manter uma notável serenidade, resistindo às tentações mais básicas. Ao contrário do que pretenderiam, toda esta fumarada apenas serve para nos unir ainda mais, inflamando o orgulho dos nossos jogadores e técnicos - como já se viu no Futsal e nos Iniciados. Não precisávamos de tanto. Mas agradecemos a ajuda.
A resposta para a imbecilidade é o silêncio. A resposta para a provocação será dada em campo. E o ruído virá das bancadas.
Chegou pois a hora de terem o que merecem. No domingo, às 17h00, vamos responder-lhes como se impõe, e como mais lhes dói: com uma grande vitória, com uma vitória à Benfica.
Mais comunicado menos comunicado, veremos como rapidamente se colocam no seu lugar, e como toda a gritaria se dissipa. Poderemos então regressar aos plácidos tempos em que os animais não falavam. Poderemos então regressar à normalidade."

Luís Fialho, in O Benfica

Agarrar as oportunidades

"(...)
A música do Sporting
Parece que o presidente do Sporting não vai ver o derby. Compreende-se. O homem vai a debates com comentadores, dá entrevistas todos os dias, mete processos a toda a gente, é normal que não tenha tempo para ir aos jogos. Não assiste a um dos mais importantes jogos da época, e deixa os seus irmãos sportinguistas sozinhos depois de ter ajudado a incendiar os ânimos.
Só mesmo o Bruno de Carvalho é que sabe porque fica em casa. Mais ninguém."

Pedro Marques Lopes, in A Bola

Heróis de sempre, únicos heróis...

"O que é que João Persónio e Emílio de Carvalho têm a ver com Júlio César e Rui Patrício? Tudo. Persónio e Carvalho defenderam as redes de Benfica e Sporting no primeiro derby oficial, jogado em Carcavelos, a 1 de Dezembro de 1907. A César e Patrício caberá no domingo a honra de prolongar a magia do clássico dos clássicos do futebol português.
Quando Benfica e Sporting se preparam, de novo, para medir forças, lembrem-se os heróis de sempre e em nome deles respeite-se o mais importante de tudo: o adversário não é inimigo. E quem disser ou pensar o contrário não merece fazer parte desta aventura centenária...
Cosme Damião, Francisco Stromp, Vítor Gonçalves, Jorge Vieira, Artur Dyson, Abrantes Mendes, Guilherme Espírito Santo, Azevedo, Vítor Silva, Fernando Peyroteo, Francisco Ferreira, Albano, Rogério 'Pipi', Vasques, Julinho, Jesus Correia, José Bastos, José Travassos, Costa Pereira, Carlos Gomes, Germano, Juca, Coluna, Seminário, Artur Santos, Fernando Mendes, Cruz, Hilário da Conceição, José Águas, José Carlos, José Augusto, Pedro Gomes, Eusébio, Vítor Damas, Torres, Ernesto, Figueiredo, Simões, Marinho, Jaime Graça, Yazalde, Nené, Dinis, Humberto Coelho, Manuel Fernandes, José Henriques, Samuel, Fraguito, Sheu Han, Alhinho, João Alves, António Oliveira, Veloso, Jaime Pacheco, Pietra, António Sousa, Bento, Meszaros, Carlos Manuel, Silas, Diamantino, Luís Figo, Mozer, Ricardo Gomes, Paulo Futre, Valdo, Cadete, Preud'Homme, João V. Pinto, Mário Jardel, Luisão, Oceano, Simão, Carlos Xavier, Aimar, Di María, Liedson, Óscar Cardozo, Nani, Gaitán, Patrício, Jonas, William Carvalho."

José Manuel Delgado, in A Bola

Carta aberta a todos e a cada um dos sócios, adeptos e simpatizantes do Sport Lisboa e Benfica (ou a lição de Madrid, para sentir - ainda mais - o Benfica sem o prejudicar!)

"Os acontecimentos de Madrid ensombraram um dos mais relevantes momentos do Benfica europeu dos últimos anos

Caros sócios, adeptos e simpatizantes do Sport Lisboa e Benfica, caros amigos:
A grandiosidade, a universalidade e a mística do Benfica não advêm só das vitórias. O Benfica é o que é assumindo plenamente essa grandiosidade, essa mesma universalidade e essa mística construída por uma massa associativa incomparável (para citar Béla Guttmann) por causa desses mesmos adeptos. O Benfica é, por certo, maior que Portugal, porque, além de um clube de vitórias, é um clube de paixão e - passe a repetição de adeptos. É evidente que somos também - e não menos importante do que isso um clube de princípios e valores. Mas não se enganem, nem se deixem iludir: a diferença, a qualidade, a grandeza do Benfica vem dos adeptos e, só depois, dos dirigentes e dos atletas.
Os adeptos são aqueles que realmente representam o Benfica, sofrendo e apoiando em nome de uma realidade imaterial, muito superior à soma aritmética de todos nós. São eles que dão a verdadeira imagem da dimensão do clube e, em última instância, do espectáculo produzido, em cada jogo, em cada competição, em cada momento, por quem tem a responsabilidade mas, também, o orgulho de representar o Sport Lisboa e Benfica.
Se é assim, então, só poderemos concluir que não faz sentido haver um jogo do Benfica sem adeptos! Não raras vezes, nós, adeptos, fomos repreendidos, em jogos nacionais e internacionais, por uso (indevido) de material pirotécnico, sendo o clube alvo de aplicação de várias multas. A frequência desse tipo de acontecimentos, e maior gravidade de outros episódios, implicou uma consequência mais pesada. O Comité de Ética e Disciplina da UEFA, pelo sucedido no Vicente Calderón, no passado dia 30 de Setembro, sancionou o Benfica com um jogo à porta fechada, ainda que com pena suspensa.
Esses acontecimentos ensombraram um dos momentos mais relevantes do Benfica europeu, nos últimos anos.
Depois de Liverpool, em 2006, onde eliminamos o campeão europeu em título, voltamos a ser notícia, agora ao termos vencido o finalista de Lisboa, da Liga dos Campeões, em 2014.
Mas o que a Europa tentará recordar será o episódio das tochas.
Compete-nos fazer com que se lembrem, isso sim, da nossa vitória.
Dando razão à aplicação, agora, de uma mera pena suspensa.
Trata-se de uma decisão com bom senso, sentido de justiça, e adequação da pena aos incidentes em causa.
Ainda assim, quando todos os que não são do Benfica queriam que fossemos forte e exemplarmente castigados - seja por inveja, perseguição, ou até pequenez... -, sendo o mínimo que nos vaticinavam. O ódio e a inveja do Benfica - como sempre - turvaram-lhes a vista e a lucidez para nos desejarem tanto mal.
Não sejamos nós, agora - e adaptando a célebre frase de Thomas Hobbes «o Homem é o lobo do Homem» - os lobos de nós próprios...
Ser do Benfica é apoiar de forma incondicional e apaixonada o nosso clube, é sofrer e não desistir porque temos a certeza da vitória, é estar (sempre) presente, faça chuva ou sol, frio ou calor.
Essa forma desmedida de apoiar uma equipa faz com que, desde sempre, sejamos qualificados - nunca será de mais repeti-lo - como uma grande, incomparável e extraordinária massa associativa. 
Assim, e por maioria de razão, apoiar o Benfica não pode significar prejudicar o Benfica.
Até porque não há - entre adeptos do Benfica - destinos diferentes, sejam quais forem as razões da nossa diferenciação!
Ou, para usar uma frase bem conhecida: todos diferentes, todos iguais!
Encontremos, por isso, um caminho para apoiar e festejar, mas sem recurso a objectos que estragam o espectáculo de futebol, de forma a evitar incidentes como os recentemente ocorridos em Madrid. Apoiar não significa lançar tochas e petardos. Não queremos ser os maus da fita, nem queremos ser iguais aos outros. Não queremos, ainda, manchar os festejos das nossas vitórias, nem queremos, tão-pouco, ficar fora de jogo.
Os sócios que festejam dessa forma são tão sócios e tão do Benfica como eu. Confesso que não sei, sequer, se naquelas condições e naquele ambiente, eu não poderia vir a cometer o mesmo erro.
Mas com a distância de dirigente, e sobretudo com a legitimidade de 57 anos de idade e 57 anos de sócio, a sofrer, desde que me lembro de mim, pelo Benfica, acho que me sinto com o à-vontade para pedir que isso não se repita.
Por nós, mas, sobretudo, pelo Benfica!
A não ser assim, haverá alguém que, um dia destes, apenas para vingar na política, fará dos nossos adeptos uma arma de arremesso contra o futebol.
Será uma medida populista, de fácil concretização, mas será uma medida, aviso-vos, contra os que só querem o Benfica campeão. Ou seja, uma medida contra todos nós!
Não podemos, também por isso, fazer-lhes a vontade!
Não podemos dar-lhes razões para fazerem carreira política contra nós!
Não podemos, ainda, deixar mal e prejudicar o nosso grande amor, o Sport Lisboa e Benfica!
Porque ser grande é também dar o exemplo enquanto adepto!
Porque ser grande é evidenciar o adicional de alma, de paixão e de mística que, modéstia à parte, nos distingue.
Por isso, e partindo de um denominador comum - a paixão pelo Benfica - e dos valores que sempre nos transmitiram, de respeito e de solidariedade, mas sempre num ambiente de grande alegria, vamos apoiar de forma exemplar o nosso Benfica.
Se todos pensarmos e reflectirmos sobre isso, não será difícil continuarmos a ser os adeptos mais fervorosos e mais apaixonados, dando o exemplo que muitos teimam em achar que não somos capazes de dar.
Teremos de ser, à semelhança do próprio clube, adeptos lutadores, com fervor, emoção e mística... e sempre com um único fim em mente: ganhar... à Benfica.
Vamos começar já a sê-lo no próximo dia 25?
Pelo Benfica!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola