"Bolt e Farah mostraram-nos como na natureza nada se cria e tudo se transforma. E haverá alguém que acuda ao desporto português?
O último sábado foi um dia fantástico para quem busca lições de vida no desporto. Dois atletas extraordinários, que dominaram o panorama internacional durante muitos anos e alcançaram números de perfomance e de títulos estratosféricos, acabaram as carreiras a ser confrontados com sua própria falibilidade, numa lição preciosa de que há que tirar conclusões.
Usain Bolt, o homem mais rápido da história, despediu-se das pistas ultrapassado na competição - foi terceiro nos 100 metros dos Mundiais - e na condição física - lesionou-se na final dos 4x100 - revelando que, apesar de ter passado tantos e tantos anos com a capa do Super-Homem vestida, acabou vergado ao poder da kryptonite do tempo.
O mesmo, mutantis mutandis, aconteceu a Mo Farah, o inglês nascido na Somália que foi rei e senhor do fundo nos últimos sete anos e que não conseguiu o ouro desejado na derradeira corrida de pista da sua carreira.
Na derrota de Usain Bolt e Mo Farah, campeões para a eternidade, concluiu-se pela perenidade do sucesso no desporto e abrem-se portas à inexorável lei da vida em que nada se cria e tudo se transforma. Mas estes Mundiais de atletismo (soberba transmissão do Eurosport, a ombrear em qualidade com aquela que foi vista no Tour de France) também nos permitiram um contacto directo com a dura realidade do atletismo português, que vai vendendo os anéis para salvar os dedos, através do génio de Nélson Évora (33 anos) e da conjuntura que permitiu o ouro a Inês Henriques (37 anos). Enquanto não houver um trabalho de base consequente, sério e empenhado, com os apoios necessários dos Governos, não passaremos desta cepa torta em que a falta de competitividade (já não falo de medalhas...) é confrangedora.
Ontem, neste jornal, Vítor Serpa traçou um quadro negro do desporto português para além do futebol. Gostaria muito de poder contradizê-lo, mas apenas consigo louvar-lhe a lucidez com que fez o diagnóstico e a coragem para colocá-lo preto no branco.
A realidade mostra-nos um Governo que nada faz de relevante para inverter a situação (na linha dos que o precederam...) e e um conformismo das Federações, que convivem bem com a mediocridade em que nuns casos já estamos e noutros para onde caminhamos.
ÁS
Inês Henriques
Campeã do mundo com vista para Buckingham Palace, a atleta de Rio Maior, teve o mérito da persistência e a fortuna de estar no sítio certo à hora certa, mostrando ser a mais preparada do planeta para acolher os 50 Km marcha no circuito oficial da IAAF. Cereja no topo do bolo: fez o único recorde mundial de Londres-2017.
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DUQUE
Abel Ferreira
Está no início de uma prometedora carreira de treinador de top e deve ser mais criterioso nas guerras que assume. Há polémicas que nada lhe adiantam e apenas podem ter o condão de lhe desfocarem os objectivos, criando-lhe uma imagem de alguém que fala mais do que diz. Este deve ser um tempo de reflexão.
Leonardo Jardim 'obrigado' a inventar soluções
«Se Mbappé não começou o jogo (em Dijón, para a Ligue 1) foi por decisão do clube. Correu-nos bem e aproveitei para ver outros jogadores»
Leonardo Jardim, treinador do Mónaco
Sim, é verdade que os cofres do Mónaco estão a abarrotar. Mas não é menos verdade que o campeão em título está a ser confrontado com a necessidade de reinventar-se, com a Champions à porta. Mbappé, tudo indica, vai mudar-se para Paris (180 milhões!!!) e é Leonardo Jardim quem tem de inventar soluções. Ontem, em Dijon, correu-lhe bem. Mas é vida ingrata...
Neymar não desiludiu
A estreia de Neymar Júnior com a camisola do PSG foi o principal destaque de um dia de futebol que também teve (além do que por cá se passou) um superclássico em Espanha, uma vitória da Lazio frente à Juventus na final da Supertaça italiana e um Manchester United de veia goleadora a brilhar na Premier League. Mas Neymar, um golo a uma assistência no triunfo fora de portas sobre o Guingampo, foi a estrela mais cintilante e justificou, senão o preço pago pelo seu passe, pelo menos a aposta do emblema parisiense e do dinheiro que o sustenta.
Marlins: Mil e duzentos milhões de dólares
Derek Jeter, 43 anos, ex-jogador dos New York Yankees, onde jogou durante duas décadas, sendo um dos ícones do basebol norte-americano, lidera um grupo de investidores que acabou de comprar os Miami Marlins por 1200 milhões de dólares. A indústria do desporto nos Stades continua de vento em pompa..."
José Manuel Delgado, in A Bola