"O Benfica ganhou as duas finais com o VAR. E são 12 troféus em 16 possíveis. É obra! Com e sem VAR!
1. Na sexta feira passada o Sporting ganhou, com um golo nem solitário, a um Vitória de Setúbal bem organizado por José Couceiro e pressiona, desde já, FC Porto e Benfica que jogam hoje e amanhã. Ambos jogam fora, em Tondela e em Chaves, e sabem que esta Liga vai ser bem renhida. Importa não desperdiçar pontos neste mês de Agosto. Importa que todos arranquem bem fortes, acreditando que, dentro dos relvados e fora deles, vai valer tudo nesta Liga em que só o campeão terá acesso directo à Liga dos Campeões. E já na próxima terça deita o Sporting começa a disputar um importante lugar na fase de grupos na Liga milionária frente ao Steua de Bucareste. Não vai ser uma eliminatória fácil e importa que todo o universo sportinguista assuma, na linha de Marco Cícero, que «quantos maiores são as dificuldades a vencer, maior será a satisfação». Como se constatou, aliás, na alegria sentida e vivida em Alvalade quando Bruno Paixão apitou pela última vez na quente noite da passada sexta feira.
2. O videoárbitro aí está. Desde a final da Taça de Portugal que temos, entre nós, com reconhecimento oficial, o denominado VAR. E nas duas finais em que foi utilizado - também na Supertaça - o Benfica conquistou mais dois troféus, que se traduzem em doze conquistas em dezasseis títulos possíveis. É obra! Com e sem VAR! Já vimos, na primeira jornada, o VAR em pleno funcionamento ao assumir no Dragão um golo favorável ao FC Porto. O VAR vai ajudar em certas situações complexas de jogo. Mas o VAR também vai suscitar polémicas, bem necessárias - digo-o - para a paixão do futebol. Importa não eliminar determinadas polémicas. Importa que os jogos continuem para lá dos já quase que habituais noventa e três minutos. Importa que as diferenças gerações e as necessárias classes e cores que alimentam esta crescente globalização do futebol não sintam diminuir as controvérsias, subordinadas à luz de uma excessiva computarização do futebol jogado. Até para que algum futebol falado continue, nas suas diferentes matizes, a suscitar outras polémicas, alguns azedumes pessoais e certas e legítimas intromissões judiciais e disciplinares. Sabendo nós que «tudo o que não é paixão tem um fundo de aborrecimento»! Mas, e para além da paixão, importa que todas as regras do VAR sejam conhecidas. Acredito que por ora ainda só estarão definidas em língua inglesa. A língua mãe afinal da FIFA e da UEFA. Mas importaria que o manual do VAR fosse divulgado. O VAR não pode ser como que a pioneira e dolorosa resolução do BES - com os milhares de lesados - nem pode ser o milagroso SIRESP que falha nas situações de urgência. O VAR tem de ser equilibrado e equitativo. Importa conhecer as suas regras condições, meios e formas de utilização. E, ainda, os procedimentos e mecanismos efectivos de articulação entre o árbitro principal e o videoárbitro. Sabendo, como se constata nesta jornada, que há árbitros que apitam um jogo e no dia seguinte são videoárbitros em outro encontro da mesma Liga. Trabalho duplo. Com lógico reforço de poder! Acredito que esta Liga, a Liga da implementação do VAR em Portugal, também vai ser a Liga do aperfeiçoamento deste inovador sistema. E o relevante esforço federativo - que se saúda e se aplaude vivamente - bem merece que o VAR corra bem. Com disfuncionalidades é certo. Com algumas redundâncias e inequívoco. Com determinados erros e indiscutível. Mas com a consciência que é um pequeno-grande passo para um tempo de maior credibilidade no futebol verdadeiramente jogado nos relvados de Portugal. E a divulgação pública pelo Conselho de Arbitragem da FPF da forma como decidiu o VAR em alguns lances controversos da primeira jornada é um sinal bem positivo. Como a identificação de alguns aspectos fudnamentais do funcionamento do VAR. O VAR aí está. Acredito que para ficar. Com as suas regras e métodos a serem conhecidos por todos. Por todos aqueles que gostam de saber com o que contam! Já que como escreveu Friedrich Nietzsche, «os métodos são as verdadeiras riquezas»!
3. (...)
4. O Benfica joga amanhã em Chaves. Com o estádio esgotado. Há um restaurante, o Carvalho, que comemora as bodas de prata e que é de louvar e de recomendar. Fazendo-nos sentir, sempre, em casa. «Esta casa é sua casa»! Mas também ali bem perto, em plena estrada nacional (EN2), em Vidago, um outro, o Resineiro, merece uma visita. Pela história de vida e pela história de uma Família que merece ser oralmente conhecida. Pela gastronomia tradicional que, com esmero, proporciona ao visitante. E por nos (vos) levar a conhecer, pela escrita doce de Floripo Virgílio Salvador, as Memórias de Vidago. E, depois, só depois, uma visita ao maravilhoso, bem reabilitado e requintado Palace Hotel. É um verdadeiro retorno a um tempo de infância, a umas Termas famosas, a Trás-os-Montes, aos seus lugares de referência, às suas gentes hospitaleiras, às suas emblemáticas famílias, aos emigrantes que, amanhã, vão encher, com uma nova bancada, um Estádio que bem merece sempre futebol de primeira. Pela paixão dos seus dedicados dirigentes e pela devoção dos seus empenhados adeptos. E ali, são verdadeiras as palavras de Miguel de Unamuno: «Quem não sente a ânsia de ser mais não chegará a ser nada»!"
Fernando Seara, in A Bola
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