Últimas indefectivações
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Estar entre
"Como é que um benfiquista vive estes dias que podem estar entre o quase tudo e o quase nada?
Normalmente, vivemos com a vertigem quase messiânica de que, como adeptos de um clube eleito, o nosso destino cumprir-se-á inexoravelmente na próxima vitória e na outra a seguir e assim sucessivamente. No entanto, esta nossa estranha forma de sentir o clube atira-nos também, frequentemente, para um estranho antecipar da desgraça como forma de mitigar uma imaginada dor. Antecipamos a vitória com a mesma vertigem com que tememos o insucesso. Insultamos o goleador com a mesma vertigem com que o festejamos. Trocamo-nos entre apocalipses antecipados pela ausência de um futebolista e Génesis paradisíacos com a contratação de outro. Saltamos entre o assobio e o aplauso ao ritmo da bola que vai ao poste e entra, e a outra que se desencontrou no seu caminho.
E é assim que agora nos encontramos, neste fantástico final de época em que cada jogo é decisivo para que se possa fazer a festa ou o luto, o tudo ou o nada. Olhamos para o relvado, para os nossos, e em cada momento e movimento vemos um promessa de algo que está em busca e à espera de que a promessa se confirme num grito de vitória ansiada. Faltam poucos jogos, poucos minutos, e estamos tão perto que sentimos a ânsia de já ver ‘o tudo’ e ainda termos nas mãos ‘o nada’. Dizia Bill Shankly que o futebol era muito mais do que uma mera questão de vida ou morte. Olho para este final de época do nosso Benfica, sinto como todos nós o estamos a viver, e penso que o Bill Shankly tinha razão, mas ainda lhe faltou acrescentar que, além disso, é uma questão de sofrer na esperança de vencer. Mas, para saber isso, precisaria de viver o benfiquismo feito da esperança na vitória, mas assente na realidade de que nada ainda está ganho."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
Que belo Benfica
"A vitória de ontem foi mais sofrida do que era merecido. O Benfica entrou com personalidade e mandou no jogo durante uma hora. ´
Podia e devia ter marcado e resolvido o destino da eliminatória. Mas é nossa sina sofrer, a nossa alma lusa já não vive sem sofrimento.
Consentimos um golo infantil e passámos por 20 minutos de inferno. Inferno escusado que só acabou com o golo depois dos 90.
O amarelo de Enzo tira-nos das meias-finais um dos nossos melhores jogadores e um dos mais difíceis de substituir.
Magnífica prova europeia deste Benfica. Parece que todos os nossos adversários são fracos. Não poderá ser o Benfica que é forte?
É uma treta fiada dizer que os adversários são todos iguais. É óbvio que o Chelsea, pela qualidade individual dos seus jogadores, é de longe quem menos hipóteses nos dá de chegar a Amesterdão.
Londres é uma das minhas cidades preferidas, mas tenho muito tempo e motivos para visitá-la, prefiro que o sorteio nos dê destinos menos frequentes, vou a Londres todos os anos.
Basileia e Fenerbahçe não serão fáceis, mas deixam o sonho de uma nova final europeia bem mais perto. Venha o chocolate suíço ou a velha e imperial Constantinopla.
Eu preferia o Basileia, até pelo forte apoio de milhares de portugueses que não deixariam de estar presentes num jogo contra os suíços.
Bem vistas as coisas só o Benfica representa o euro: Chelsea paga em libras, Fenerbahçe em liras turcas, Basileia paga em francos suíços.
Que a troíka nos mande um árbitro do Banco Central Europeu.
Depois da vitória sobre o Olhanense e duma conquista europeia, teremos na segunda-feira que carimbar passaporte para o Jamor.
Só respeitando o Paços de Ferreira poderemos fazer um jogo fácil.
Com a vitória de ontem subimos a 10.º do ranking da UEFA, com três equipas à nossa frente de difícil apuramento.
Poderemos ser pote 1, cabeças de série, no próximo ano."
Sílvio Cervan, in A Bola
O pano e a nódoa
"Jesus decisivo ao resistir à tentação de colocar em campo mais defesas quando o jogo exigia mais avançados. Como se viu!
COMO foi enorme, ontem, o coração da equipa do Newcastle, motivada por uma fantástica tribo de adeptos, genuínos adeptos como só os ingleses sabem verdadeiramente ser, e como foi sofrida, desnecessariamente mas sofrida, a noite europeia das águias, que têm jogadores e equipa com suficiente qualidade para não ter de passar o que passou no jogo de St. James' Park.
Bastou os encarnados oferecerem aquele golo ao adversário para que o jogo se transformasse no que não tinha sido até aí. Domínio dos negros-e-brancos, impressionante coração de Cissé e companhia, e os homens de Jesus a viver momentos de autêntica dificuldade, ainda que, espremido o jogo, sem grandes oportunidades de novo golo para os da casa.
Confirmou-se: St. James' Park consegue levar a sua equipa ao colo e dá-lhe força suplementar, mas, no fim, confirmou-se também que o Benfica tem categoria e qualidade para discutir na Liga Europa a final e, quem sabe, o título, que em 2011 sorriu, com todo o mérito, ao FC Porto então de André Vilas Boas.
No belo pano encarnado, a nódoa foi, ontem, aquele golo oferecido pelo argentino Garay, sobretudo por Garay, que estava de frente para a bola e para o adversário e ficou à espera que fosse Matic, o pobre Matic, a resolver o que não lhe competia resolver.
Como não resolveu Matic e tão descaradamente facilitou Garay, o Newcastle incendiou o jogo.
Como diz, sabiamente, o povo, no melhor pano cai a nódoa, e a verdade é que, com maior ou menor culpa, foram afinal dois extraordinários jogadores (dos melhores deste Benfica de Jesus) a abrir caminho para o perigoso golo da equipa inglesa, que levou o despique para uma diabólica e escaldante parte final, apenas travada, já ao cair do espectáculo, por mais um cirúrgico e oportunista golo do temível Salvio.
Tivesse Nico Gaitán a eficácia do compatriota e um bocadinho mais da raça do companheiro do flanco contrário e talvez o Benfica não tivesse sofrido um décimo do que sofreu na noite europeia de ontem para conseguir sair da nortenha e cinzenta cidade inglesa com o bilhete da meia-final no bolso.
Já se sabe que o pano do Benfica é bom e que esta época a equipa e o treinador têm mostrado maturidade superior à dos dois anos anteriores, o que lhe permite, quase a meio de Abril, ser líder da Liga, estar, já nas meias-finais da prova europeia e com pé e meio na final da Taça de Portugal.
Vê-se, até agora, um Benfica muito mais equilibrado e sobretudo muito mais consistente, regular, forte e eficaz, ofensivamente poderoso e defensivamente cauteloso e trabalhador, e vê-se um treinador que, mantendo toda a intensa paixão e influência no futebol da equipa, se mostra mais sereno, perspicaz e racional.
Bom exemplo o de ontem, quando se viu Jesus, na fase de maior aperto, resistir à decisão «mais normal» mas provavelmente imprudente, de trocar um avançado por um defesa (Ola John por Jardel, por exemplo), dando o peito às balas com a colocação em campo, muito mais oportuna, de dois avançados - Cardozo e Rodrigo - no lugar de outros dois - Lima e Ola John - mesmo depois de o Newcastle chegar ao golo sonhador.
Foi «de homem», como dirão os mais apaixonados adeptos benfiquistas. Foi decisivo, digo eu.
Mas se o pano encarnado é decididamente bom, cuidado com as nódoas, com as desconcentrações, com as distrações, com a euforia, com o excesso de entusiasmo. Ontem, naquela fase gritante de vinte minutos de sofrimento, um segundo golo do Newcastle teria certamente arrumado com os benfiquistas e logo voltaria, aposto, o fantasma das duas últimas épocas de ver a equipa da Luz... morrer na praia.
Quer isso dizer que a consciência dos riscos deve exigir ao Benfica um cada vez maior sentido de responsabilidade, um maior espírito de sacrifício, maior determinação e maior raça.
Por um período do jogo de ontem, o Benfica pareceu oscilar entre a entrega e a displicência. No futebol, como bem se sabe, a fronteira entre as duas é, por vezes, mais fina do que uma lâmina.
PS: Benfica e Jesus ainda não anunciaram se o futuro de ambos continuará a ser partilhado e a ter objetivos comuns. Verdadeiramente, nem se sabe em que ponto está o espírito de clube (leia-se presidente) e treinador. Mantenho apenas o que já aqui deixei expresso: aconteça o que acontecer, o Benfica devia renovar com Jesus. Se fosse eu, seria por dez anos!
A FRASE «É uma época brilhante... mas pode ser uma época de sonho!»
Jorge Jesus, treinador do Benfica
(...)"
João Bonzinho, in A Bola
O sonho de uns e a vida de outros
"Talvez não houvesse necessidade de sofrer tanto. Talvez tivesse dado para um passeio pelo nordeste de Inglaterra. Seja como for - e uma pitada de incerteza só apaladou o resultado final - o Benfica manteve-se na rota do sonho, os olhos postos na final de Amesterdão, uma cidade onde já foi muito feliz, ou não fosse cinco a três a conta que Deus fez...
Na Luz o próximo obstáculo é um Paços de Ferreira que pode franquear à equipa de Jesus as portas do Jamor; segue-se o eterno rival que lá por ter menos de metade dos pontos do Benfica (67 a 33) não vai ser pêra doce. Depois, a semana, de quinta a quinta, de todos perigos: primeira mão das meias-finais da Liga Europa, viagem à Madeira, segunda mão logo a seguir. É este o retracto do futuro próximo de um Benfica de cabeça fresca a quem não doem as pernas, ou não fosse o sucesso o melhor dos dopings.
Do outro lado da Segunda Circular o Sporting ainda não vive no Céu, mas o Inferno ficou mais longe. Do braço de ferro entre Bruno de Carvalho e a banca resultou um princípio de entendimento que permite pagar, já hoje, os salários em atraso, colocando os leões a salvo de rescisões unilaterais.
O resto, os termos da renegociação da dívida, em tempo útil se saberá. E ficar-se-à a conhecer se é possível a Bruno de Carvalho levar por diante aquilo que tanto quer: realizar uma auditoria de gestão. Aliás, há alguns pontos que permanecerão sob observação cuidada e que permitirão descortinar como se desenrolará a gestão de Bruno de Carvalho. Em primeiro lugar está a entrada, ou não, na SAD, de elementos da confiança das entidades bancárias credoras do Sporting; e, last but not least, qual será o enquadramento dos investidores trazidos por Bruno de Carvalho. A não perder..."
José Manuel Delgado, in A Bola
Domínio, desperdício, sofrimento, alegria...
Newcastle 1 - 1 Benfica
O Jesus tem razão, até agora a época do Benfica tem sido brilhante, a última derrota, em Moscovo, já é uma memória distante. Nesta sequência de bons resultados, temos tido algumas goleadas tranquilizadoras, mas também temos tido alguns jogos de muito sofrimento - totalmente desnecessários... -, esta noite no norte de Inglaterra, voltámos a repetir a dose!!! E desta vez, devido à falta de capacidade do adversário, teve que ser o Matic e o Garay - a meias -, a oferecer emoção à eliminatória, oferecendo o golo aos Anglo-Franceses!!! É verdade que o Cissé até meteu a bola dentro da baliza mais duas vezes, mas o fiscal-de-linha - muito bem, ao contrário do árbitro principal com um critério disciplinar demasiado torto!!! - anulou-os por fora-de-jogo, mas tirando estes lances, até ao golo, o Newcastle tinha feito muito pouco para merecer um golo... A falta de eficácia, podia ter sido fatal, dominamos completamente o jogo na 1.ª parte, e controlamos totalmente o jogo na 2.ª parte até ao golo do Newcastle, falhámos demasiados golos, o Gaitán evidenciou-se nesse aspecto!!! Mas no final, com sofrimento é verdade, a equipa apesar dos azares, conseguiu aguentar, e quando os Ingleses pensavam que iam sufocar, nos últimos 20 minutos, acabou por ser o Glorioso a ter as melhores oportunidades nesse período. Com uma saída/choque do Artur com o Cissé pelo meio!!!
Não tem sido valorizado, nem pelos Benfiquistas, mas além dos méritos do Jesus, e dos próprios jogadores individualmente, este Benfica só tem conseguido obter tantos resultados positivos, devido a um grande espírito de união, entre todos. Infelizmente, nem sempre isso aconteceu no Benfica... Com tantas nacionalidades, com tantos 'titulares' no banco, é notável a ausência de problemas... Como eu sei que não há problemas?!!! Com a (des)comunicação social desportiva que temos, tenho a certeza que se houvesse algumas coisa, nós sabíamos!!!
Agora é recuperar, porque apesar da boa vantagem, o jogo com o Paços não será fácil, o Maxi, o Cardozo e o Rodrigo vão regressar quase de certeza - pessoalmente, ainda fazia descansar o Matic e um dos centrais -, prefiro ter jogadores frescos, do que jogadores cansados... É bom recordar que já fomos eliminados numa circunstância parecida pelos Corruptos - mais uma Xistralhada -, nas meias da Taça!!!
Amanhã no sorteio, só tenho um pedido: não quero ir à Turquia. A viagem é demasiado longa, nesta altura da época. E entre os dois jogos das Meias da Euroliga temos que ir ao Funchal. E como também não gosto de ter como adversário o David Luíz e o Ramires, não sobram muitas hipóteses!!!
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