Últimas indefectivações

terça-feira, 17 de abril de 2012

A marca de Jesus

"Vejo com algum espanto o crescente número de vozes que se têm mostrado contra a continuidade de Jorge Jesus no Benfica. O seu trabalho não deve ser menosprezado e supera todos os defeitos que lhe possam apontar. Afinal de contas, este é o técnico responsável pelo melhor futebol que as águias exibiram na última década.
Há que dizê-lo: Jorge Jesus elevou o Benfica para outro patamar de qualidade, dentro e fora de portas. Foi campeão logo no primeiro ano, venceu três Taças da Liga e chegou sempre longe nas competições europeias, atingindo os quartos-de-final (duas vezes na Liga Europa e uma na Champions) e obtendo ainda uma meia-final (Liga Europa). Além disso, embora a situação esteja complicada, o Benfica ainda tem possibilidades de se tornar campeão este ano. Só a prestação na Taça de Portugal é que deixou algo a desejar.
Mas o trabalho de Jesus não pode ser subestimado. Nos últimos três anos, o Benfica passou a ser visto com outros olhos pelos adversários. É uma equipa que impõe respeito, com uma confiança e dinâmica de vitória que não se sentiam no clube, por exemplo, com os técnicos antecessores José Antonio Camacho e Quique Flores. Além disso, o Benfica passou a jogar um futebol mais alegre e com muitos golos, que trouxe mais adeptos à Luz.
Não serve de atenuante, mas se também tivermos em conta que, na época passada, o Benfica teve de competir com um fortíssimo FC Porto de André Villas-Boas, cujo registo vitorioso só acontece de tempos em tempos, o trabalho de Jesus e o palmarés obtido em três anos têm de levar nota elevada, aconteça o que acontecer no final da época.
Jesus marcou uma forma de estar no futebol. É um apaixonado que vive e respira este desporto 24 horas por dia. Daí que, por vezes, no contacto com a comunicação social e adeptos, o seu lado mais egocêntrico venha ao de cima, fruto da dedicação que tem ao trabalho. Não é perfeito, mas acredita que pode lá chegar. E essa ambição, aliada à competência, são ferramentas que ajudam a conquistar títulos.
Por acreditar no que faz, Jorge Jesus mostra também alguma teimosia. Nem sempre terá sido feliz na gestão dos plantéis e talvez seja este o maior erro que se lhe possa apontar. No entanto, o treinador mostrou na sua carreira que é um verdadeiro especialista na arte de potenciar jogadores. E com isso já ajudou o Benfica a fazer negócios fantásticos.
Di María sempre foi uma promessa adiada. E bastou uma época com o treinador português para que o argentino revelasse todos os seus atributos aos tubarões europeus, acabando por assinar pelo Real Madrid. E o que dizer de Fábio Coentrão? Um jogador que nem na 2.ª Divisão espanhola jogava, que vinha do Rio Ave, foi adaptado a lateral-esquerdo e rapidamente se tornou um atleta de dimensão internacional?
Esta é a faceta que melhor reflete o trabalho de Jesus. Sabe tirar partido do melhor rendimento dos jogadores, fazendo-os crescer de forma exponencial. Gaitán será certamente o próximo grande negócio do Benfica. Rodrigo e Nélson Oliveira vão pelo mesmo caminho. É com esse trabalho de laboratório nos treinos que as águias estão a conseguir produzir negócios de milhões e bom futebol. Jesus traz retorno desportivo e financeiro à sua equipa. É um dos melhores treinadores portugueses."


PS: Não é fácil para mim concordar com um texto assinado por esta figura, mas algum dia teria que acontecer!!!
Hoje ao ler uma pseudo-notícia n'A Bola, assinada pelo Fernando Urbano, onde se 'prepara' o 'Mundo Benfiquista' para a saída do Jesus, fiquei muito desanimado.
Mais uma vez a Direcção do Benfica, vai ceder aos terroristas internos (aparentemente), aqueles que passam a vida a criticar a Direcção, aparentemente, vão ter o seu desejo realizado...
Não compreender que as 'não vitórias' do Benfica nos últimos 30 anos, estão directamente ligadas, ao Bandido que hoje celebrou 30 de actividade criminosa impune, e pouco (muito pouco)têm a ver com as habilitações internas dos nossos jogadores, ou treinadores, é de uma cegueira assustadora. Não compreender que esta constante auto-mutilação, é fazer exactamente o jogo do adversário... Não compreender que no passado recente (nos últimos 20 anos) tivemos equipas medíocres, e até treinadores pouco capazes, mas que nestas últimas 3 épocas, mesmo não ganhando aquilo que num 'mundo perfeito' estaria ao nosso alcance, obrigámos o velhinho 'sistema criminoso' a agir com toda a sua pujança, elevámos a fasquia de tal maneira, que a 'organização' teve que voltar novamente a actuar em força, quando antes, as nossas fragilidades permitiam a existência de um 'sistema soft', que no Natal já tinha tudo decidido...!!!
Pensar que sem Jesus o Benfica ficará mais forte é tão absurdo, que até um dos piores treinadores que alguma vez foi Campeões Nacional ao serviço do Padrinho, adepto confesso dos Corruptos, consegue 'ver'...!!!
(e não vale pena virem com a conversa que o Oliveira quer a manutenção do Jesus no Benfica, para fragilizar o Benfica, essa, é ainda mais ridícula...) 

Candeias às avessas

"Já se viu que o novo presidente da Liga aterrou no futebol para fazer ondas. Primeiro, foi a famigerada proposta (mancomunada com os clubes que o elegeram por interesse próprio mas espúrio) de elevar para 18 os clubes do campeonato principal, tantos como a Alemanha onde um só deles - o Bayern - tem mais receitas do que os nossos todos juntos. Agora, é a contenda aberta com a Federação sobre o acordo que esta, com o respaldo dos principais clubes, celebrou com o Governo quanto à forma de liquidação de 13 milhões de euros (parte do total de 33) relativos à bafienta dívida do 'totonegócio', cuja disputa se arrasta há quase um vinténio! Invocando argumentos precários - como o de que a Liga correria o risco de ficar insolvente! - e o facto de não ter sido ouvido nem achado no assunto, o presidente da Liga contesta o referido acordo e aconselha os seus filiados a fazerem o mesmo. Será que o sr. Mário Figueiredo procura o protagonismo através da beligerância? Não acha que os problemas que afligem o futebol português já chegam e sobram?
Como se fosse pouco, pensa em desencadear ainda outra querela, esta: que o vencedor da tala da Liga adquira o direito de participar numa competição europeia, como hoje sucede com a taça de Portugal. Que é como quem diz na Liga dos Campeões, visto que a Uefa projecta suprimir a Liga Europa a partir de 2015. Ou seja, as taças - provas aleatórias - passariam a contar tanto ou mais do que o campeonato - prova de regularidade - que gradua sempre os mais fortes. Já agora, a propósito da futura e mais que provável Super-champions, sabe-se que terá a participação de 64 equipas em vez das 32 actuais e menos 16 do que as actuais duas Ligas europeias juntas: 32+48=80."

Manuel Martins de Sá, in A Bola