Últimas indefectivações

domingo, 24 de setembro de 2017

Abrir alas à redenção

"Vitória do Benfica assentou nos equilíbrios de Fejsa e na velocidade imposta nos corredores

Consistência e dinâmica
1. O Benfica jogou muito melhor em relação às últimas exibições. Desde logo porque a entrada de Fejsa torna a equipa mais ligada e equilibrada em todos os sentidos: pela consistência defensiva e pela forma como o ataque fica mais seguro e solto, menos tenso em relação à perda de bola. Por outro lado, os encarnados mostraram grande dinâmica e mobilidade nos desenhos de ataque, fruto, em grande parte, da velocidade de Cervi e Zivkovic (jogo fantástico de ambos!), o primeiro contando ainda por cima com a preciosa ajuda de Grimaldo para formatarem um corredor esquerdo de grande qualidade. A primeira parte teve sentido único (o Paços nem passou do meio-campo) e os primeiros 25/30 minutos do Benfica foram de grande nível, com pressão enorme, sem deixar o adversário respirar, e com a criação de muitas oportunidades de golo. A partir daí, e até ao intervalo, o Benfica baixou um pouco a intensidade, algo perfeitamente normal, embora nunca deixando de jogar bem, de estar claramente por cima do jogo. O resultado pecava por escasso ao intervalo, sobretudo pela falta de eficácia das águias na hora de materializar as ocasiões.

Ainda falta confiança
2. A segunda parte já foi diferente. Mesmo perante um Paços que procurou equilibrar e reagir mas nunca o conseguiu (apesar dos méritos do Benfica, a equipa de Vasco Seabra praticamente não existiu no Estádio da Luz), o Benfica deixou de ser uma equipa constante para jogar mais aos repelões, alternando entre períodos bons e menos bons (mas nunca jogando mal, note-se). É algo que tem a ver com a falta de confiança que a equipa ainda sente e que só uma sequência de vitórias pode curar de vez. Ainda assim, o Benfica continuou a criar oportunidades e poderia ter goleado.

Júlio César e os adeptos
3. Fez bem Rui Vitória em apostar em Júlio César (ontem praticamente um espectador). Bruno Varela é um jovem com valor e não deve sentir-se fragilizado, Júlio César é mais experiente e nesta fase passa mais confiança à equipa.
Uma nota final para a importância do apoio dos adeptos do Benfica, sobretudo da claque que não parou de incentivar um minuto. Isso foi determinante para empurrar o Benfica para a vitória."

Álvaro Magalhães, in A Bola

Dos Dâmasos

"Quem leu o Eça em Os Maias conhece-o bem: tentando parecer o que não era mandou fazer, exibicionista grotesco, cartões de visita
tendo ao ângulo, numa dobra simulada, o seu retratozinho em fotografia, um capacete com plumas por cima do nome - Dâmaso Cândido de Salcede, por baixo as suas honras: Comendador de Cristo, ao fundo a sua adresse - Rua de São Domingos, à Lapa, mas esta indicação estava riscada, e ao lado, a tinta azul, outra mais apartosa - Grand Hôtel, Boullevard des Capucines, Chambre n.103.
Filho dum agiota, escondera o Silva do nome, inventando outro mais pomposo - o de Salcede. A abarrotar de prosápia deliciava-se a exibir o reposteiro com o brasão de Salcede.
onde havia um leão, uma torre, um braço armado, e por baixo, a letra de ouro, a sua formidável divisa: Sou forte!
Enfatuado, achava Lisboa um chinfrim, arrastava-se em adoração a Paris
- Aquilo é que é terra! Isto aqui é um chiqueiro!
A sua outra admiração extática era Carlos da Maia. Transformou-o naquilo que queria que fosse o seu espelho.
o tipo supremo do chic, do seu querido chic
Imitava-o dos trajes aos trajeitos, sonhando-lhe conquistas e glórias, sem noção dos ridículos que arrastava. Esse lado Dâmaso viu-o num vídeo que apareceu antes de um jogo do Sporting - e deu-me apenas vontade de rir. Há, porém, outro mais perverso, aquele que levou Ega ao desabafo:
- O Dâmaso, coitado, coitadinho, coitadíssimo. Mas imensamente ditoso, até tem engordado com a perfídia.
E é esse lado: videirinho e traiçoeiro, falsário e venenoso, que vai criando o pior do Dâmaso nos vários Dâmasos que o futebol vai tendo - que me perturba.
(E não, não sei se Fernando Gomes conseguirá acabar com eles apenas com cartas abertas cheias de boas intenções e bons princípios. Mas, pelo menos, uma coisa já fez: deixou de estar calado...)"

António Simões, in A Bola

Uma voz que impõe respeito

"Fernando Gomes só fala quando tem algo importante a dizer. Se meteu na cabeça que está na hora de mudar o futebol, irá até ao fim.

Fernando Gomes não é, apenas, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol. É, também, vice-presidente da UEFA e, desde há uns dias, o primeiro português a ser nomeado para a comissão executiva da FIFA. É hoje, sem dúvida, o nosso dirigente com maior prestígio a nível internacional. Claro que podia ser isto tudo e representar pouco para o adepto comum, para quem os cargos (mesmo os mais relevantes) significam pouco. Mas o caso do presidente da FPF é diferente. Em oito anos (dois na Liga e seis na Federação), Fernando Gomes conquistou a simpatia de quase todos os portugueses. Mais importante que a simpatia, ganhou-lhe o respeito. E só alguém tão respeitado pode escrever o que escreveu anteontem o presidente da FPF.
É evidente que os resultados da Selecção Nacional ajudaram. Mas há em Fernando Gomes uma característica que faz dele uma voz com tanto peso junto das instituições (desportivas e políticas) e do cidadão normal: fala pouco. Não diz banalidades, não aparece para se colocar em bicos de pé, só fala quando tem algo importante para dizer. Ou para fazer. E por isso, quando fala todos ouvem. As palavras do presidente da FPF devem, por isso constituir um importante sinal de esperança para os que há muito exigem uma mudança no futebol português. Porque outra das características de Fernando Gomes é que não se compromete com causas que não pretenda levar até ao fim. Se meteu na cabeça que é altura de dizer basta ao futebol que temos, é muito provável que vá até ao fim. Dia a quem doer. E, percebe-se na mensagem, os próximos tempos podem ser dolorosos para muita gente.
Os primeiros (e principais) destinatários dos recados de Fernando Gomes foram os dirigentes dos clubes. Não só os presidentes, claro, mas em especial eles - porque se forem, de facto, bons presidentes nada por lá se passa sem o seu conhecimento e autorização. O puxão de orelhas começou por centrar-se na forma como a política egocêntrica com que olham para interesses que deviam ser comuns vai minando a competitividade do futebol português na Europa, que como se sabe terá reflexos dramáticos já na próxima época. É uma preocupação legítima e, sejamos francos, não devia ter de ser o presidente da FPF a alertar para tão evidente necessidade de discutir de forma séria o que se passa e encontrar soluções para os problemas. A outra parte da mensagem focou-se naquilo em que os clubes (em especial os três grandes) transformaram o nosso futebol, que se joga hoje muito mais fora das quatro linhas do que dentro delas. E se há presidentes que falam mais do que outros, todos contribuíram para este clima de terrorismo comunicacional que nos arrasta todos para o fundo. É triste, além de preocupante, ter de ser o presidente da federação a alerta-nos para os riscos que corremos se deixarmos que as coisas continuem como estão.
Fernando Gomes fez também questão de dirigir-se aos árbitros. E o que disse foi claro: o clima de pressão a que estão sujeitos é inadmissível e terão todo o seu apoio caso decidam assumir eles próprios (já que ninguém parece interessado em assumi-las por eles) medidas que lhe coloquem fim. Mensagem poderosíssima, que deixa os árbitros, normalmente desamparados, com um aliado de enorme na sua luta. Não se admirem, pois, que a greve, ameaça sempre olhada com desdém pelos poderosos do futebol, se torne em breve uma realidade. Porque a arbitragem (que tem os seus problemas) ainda há muitos anos a aguentar-se como bode expiatório para problemas alheios, graças a gente que não tem problemas em incitar o ódio pelo vizinho se isso impedir um ligeiro arrufo em casa.
Por último, Fernando Gomes dirigiu-se ao Estado, ao Governo e à Assembleia da República. E aqui - para quem quis perceber - o presidente da FPF avançou com a única solução para os problemas que hoje assolam o futebol português: é preciso que quem tem poder para mudar as coisas ganhe coragem, se deixe de palavras de circunstância e passe à acção. Já chega de esperar que os clubes mudem aquilo que não podem mudar, por não quererem ou por não serem capazes. É preciso alguém que os obrigue a mudar. Já. Porque amanhã por ser tarde."

Ricardo Quaresma, in A Bola

O reconforto de não estarmos sós

"A coragem demonstrada por Fernando Gomes é, ao mesmo tempo, um atestado de falta dela de outros que sempre se mantiveram em silêncio

Até que enfim aparece alguém com responsabilidades maiores no futebol, com coragem para enfrentar aquele que é, indiscutivelmente, o maior e mais grave problema do futebol português: a guerra civil da descredibilização e da desmoralização de estruturas, de organismos, de entidades, de pessoas que, de alguma forma, estão ligados ao nosso mundo da bola. E até que enfim surge alguém, do mais alto nível de competência e de estatuto para apontar o dedo directamente à cara dos principais dirigentes dos clubes.
Não sendo os únicos, são, de facto, esses, os principais culpados e aqueles que se sentem confortáveis numa impunidade digna de uma República das Bananas em que procuram transformar o futebol para melhor o poderem manipular, para o poderem trair sem outros custos que não sejam o de uma desgraçada imagem de senhores feudais do século XXI.
O artigo que Fernando Gomes divulgou através dos três jornais desportivos e do jornal Público tem muitas e importantes virtudes. A primeira, é de ser escrito por alguém que tem credibilidade para o fazer; a segunda, é de não se limitar a um conjunto de lugares comuns tão habituais em responsáveis nas mais diversas áreas da sociedade portuguesa e que nunca querem afrontar poderes; a terceira, é de fazer uma defesa leal e solidária do mundo da arbitragem, aquele que tem sido mais fustigado e que tem sofrido as maiores humilhações por quem não tem moral nem para estar calado; a quarta, é a de ter colocado o problema no exacto ponto em que deve ser colocado: no actual estado de desenvolvimento do futebol no Europa, a guerra entre os maiores clubes nacionais corre o risco de arrasar toda e qualquer hipótese do futebol português alguma vez se aproximar dos mais desenvolvidos, que estão num patamar superior, mais do que na qualidade competitiva, qualidade de cultura que, no fundo, acaba por reflectir a qualidade democrática de cada país; por último, a quinta virtude é a de ser um texto directo, sem ser hostil; o objectivo, sem ser seco de conteúdo; decisivo porque deixa aviso imediato e firme: ou os dirigentes dos principais clubes, leia-se, Benfica, Sporting e FC Porto, se fazem regressar à dignidade própria de um estado de direito e acabam, por vez, com a assombração do mundo do futebol, arrastando imensas marés de eunucos e de ignorantes, ou terão de responder pela responsabilidade histórica de acabar, de uma vez, com o espectáculo, com o negócio e com os seus próprios clubes que fingem defender no objectivo supremo de se defenderem a si próprios, dos seus traumas, das suas insuficiências, das suas mal disfarçadas inseguranças.
Entre os destinatários do texto de Fernando Gomes ficou também claro que a Liga de Clubes e o Estado (leia-se o universo do poder político, seja ele executivo, seja legislativo) aparecem bem focados na fotografia dos que têm afirmado a sua ineficiência e, até, a sua inutilidade pela ausência de acção.
Pedro Proença, o presidente da Liga, está pois entre os primeiros desafiados e, mesmo que apanhe o comboio em andamento, não o pode deixar partir, sob o risco de ficar totalmente desacreditado. Quanto ao governo, sobretudo aqueles que têm responsabilidades na pasta do desporto e que andaram irresponsavelmente entretidos com o folclore da proposta legislativa para que não houvesse jogos de futebol em dias de eleições, se continuarem em silêncio depois do que Fernando Gomes escreveu e propôs, deverão ter, no mínimo, a dignidade de se demitirem dos cargos e das funções que, de facto, nunca exerceram com verdadeiro sentido de Estado.
Por fim: apenas assinalar o reconforto de não nos sentirmos sós."

Vítor Serpa, in A Bola

PS: Três notas:
- Portugal, aquele país, onde alguém que ocupa um cargo público, toma uma posição pública, atrasada no tempo... defendendo o óbvio, aquilo que o bom senso de uma pessoa normal obriga a defender, e é imediatamente considerado um herói !!! Apelidar de corajoso quem no fundo só está a fazer a sua obrigação, mesmo que 'atrasada', é ridículo...
- Mais ridículo, no meio disto tudo, é não conseguir 'chamar os nomes pelos bois' !!! Nem por parte do Presidente da FPF, nem dos próprio colunista, que volta a 'meter todos no mesmo saco'!!!
- Hiper-ridículo é o autor desta crónica exigir a demissão do Secretário de Estado do Desporto, por de facto nunca exercer com verdadeiro sentido de Estado as suas funções, quando o autor desta crónica, à muitos anos, não tem demonstrado capacidade para exercer com coragem, dignidade e independência as funções que ocupa no Jornal que dirige!!!

Sporting SAD - Contas 2016-2017 (Tomo II)

"Lê-se no ponto 1.25, denominado Segmentos Operacionais, o seguinte: 'A Sporting SAD decidiu não apresentar informação por segmentos operacionais pelo facto de não identificar mais do que um segmento na sua actividade, de acordo com os requisitos da IFRS 8, pelo que a informação financeira disponibilizada coincide com o reporte por segmentos operacionais'.
Pois... mas decidiu mal! A Sporting SAD, através da sua administração, está a violar a IFRS 8.
Na (...) vamos reproduzir a demonstração dos fluxos de caixa da Sporting SAD, das épocas de 2015/2016 e 2016/17:
Esta demonstração dos fluxos de caixa corresponde, numa linguagem normal, às entradas e saídas de dinheiro. Imaginem que do bolso direito das vossas calças saía o dinheiro para pagamentos, e no bolso esquerdo das vossas calças entrava o dinheiro recebido.
A mesma demonstração divide-se em três partes distintas.
Actividades Operacionais - entradas e saídas correspondentes aos movimentos normais da sociedade;
Actividades de Investimento - entradas e saídas consideradas como investimento, onde incluíram as operações com jogadores;
Actividades de Financiamento - entradas e saídas de dinheiro referentes a financiamentos;
O valor do fluxo monetário gerado pelas actividades operacionais sem impostos foi negativo (de 4,945 M€), ou seja, quatro milhões, novecentos e quarenta e cinco mil euros negativos.
Ora, os resultados operacionais na perspectiva contabilística, ou seja, sem ser na perspectiva de dinheiro entrado, dinheiro saído, reflectidos na demonstração de resultados por natureza, foram de (16,925 M€), dezasseis milhões, novecentos e vinte e cinco mil euros negativos. Então, o que é que quer dizer isto?
Que, se o fluxo monetário da diferença entre receitas e despesas é menor, devendo ser maior, a Sporting SAD não pagou a diferença, ou seja, 11,980 M€ - onze milhões novecentos e oitenta mil - que ficou a dever a mais, não pagando. Só registou a factura, não o pagamento!
Quanto às actividades de investimento na perspectiva dos recebimentos e pagamentos efectivos em dinheiro, a sociedade apresenta um saldo positivo de 26,564 M€, ou seja, vinte e seis milhões, quinhentos e sessenta e quatro mil euros positivos.
Ora, os resultados de investimento na perspectiva contabilística, ou seja, sem ser na perspectiva de dinheiro entrado, dinheiro saído, reflectidos na demonstração de resultados por natureza, foram de 59,549 M€, ou seja, cinquenta e nove milhões, quinhentos e quarenta e nove mil euros positivos. Então, o que é que quer dizer isto?
Que, se o fluxo monetário da diferença entre receitas de investimento e pagamentos de investimento é menor, devendo ser maior, significa que a Sporting SAD não recebeu a diferença, ou seja, 32, 985 M€, trinta e dois milhões, novecentos e oitenta e cinco mil euros positivos não recebeu. Estão a dever-lhe.
Em síntese, deve mais e tem mais a receber?
Mas porquê uma diferença tão grande nas operações de investimento? Sabem porquê?
Porque a Sporting SAD contabilizou como proveito contabilístico os hipotéticos e futuros ganhos por objectivos dos contratos de venda, produzindo assim um maior resultado líquido.
Ora, este de contabilização viola a NCRF 21 Provisões, passivos contingentes e activos contingentes, que tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 37 - Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes, adoptada pelo texto original do Regulamento (CE) n.º 1126/2008 da Comissão, de 3 de Novembro,
Mas há mais!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Sporting SAD - contas 2016-2017

"Lê-se no relatório do Conselho de Administração da Sporting SAD:
- Bas Dost pelo montante de 11.580 milhares de euros e considerado um dos melhores avançados europeus, tendo mesmo terminado em segundo lugar na disputa pela bota de ouro europeia;
- Bruno Fernandes pelo montante de 9.690 milhares de euros e considerando recentemente uma das melhores contratações da última janela de transferências (Julho e Agosto de 2017), tendo inclusive uma cláusula de rescisão de 100 milhões de euros. A comissão associada a este negócio permitiu a celeridade e as condições de aquisição ao clube;
- Seydou Doumbia pelo montante de 7.200 milhares de euros, considerado um dos melhores avançados africanos da actualidade e que foi neste defeso pretendido por diversos clubes europeus. O prémio de assinatura envolvido permitiu uma redução do vencimento ao longo do contrato;
(...)
Só aqui, estamos a falar de 28 milhões e tal!
Mas se o Sporting crítica tão veementemente a detenção de percentagens de passes por outras entidades, a quem pertencem os 30% do passe de Seydou Doumbia? E o prémio de assinatura? Foi declarado para efeitos de IRS? De Segurança Social?
Vejamos (...) o quadro que vem no mesmo relatório sobre a análise económica e financeira.
Os Resultados Operacionais são uma perfeita desgraça! 97 milhões de euros negativos?
Mas afinal o que na óptica da mesma entidade cobriu esse brutal défice de resultados operacionais? O que vos reproduzimos na Fig 3 (vendas de jogadores...)
Até para a semana."

Pragal Colaço, in O Benfica

Três notas vermelhas

"1. Nas tormentas, nos momentos em que a tempestade pode levar à frente tudo e todos é que se vêem os grandes comandantes. Aqueles que, com a tenacidade, coragem e tomando as decisões necessárias, conseguem ultrapassar o caos, transformando as ondas gigantescas, os ventos e chuvas devastadoras, em mar calmo. E é isso, não tenho duvida, que Vieira, Rui Vitória e os jogadores do Benfica irão fazer. E voltarão a ganhar e a lutar até ao último minuto de jogo pelas vitórias e pelos títulos.

2. Os dois pilares fundamentais de qualquer sociedade desportiva – sucesso desportivo+rentabilidade financeira – são os factores de sustentabilidade e equilíbrio do SLB de hoje. As contas apresentadas por Domingos Oliveira, administrador financeiro da SAD, esta sim, a sua área de conhecimento e de competência comprovada (estar envolvido no futebol é sempre uma tentação para toda a gente), demonstraram de forma cabal que a estratégia pensada e executada há muitos anos, tem sido seguida à risca. Passo a passo. Objectivo a objectivo. Com visão e opções claras. O supremo objectivo - passivo zero deixou de ser uma miragem e é uma futura realidade.

3. Os papagaios, em latim, ‘psicattorum’, têm graves problema de comportamento. O arrancamento das penas e a automutilação são os mais visíveis e comprovados. Esta desordem obsessiva, em quebrar, destruir ou arrancar as suas próprias penas ou as dos seus pares, têm causas variáveis, como as ambientais, clínicas ou psicológicas. Por isso, a pena que todos sentimos, ao verificar o descontrolo de alguns ‘papagaios nacionais’, quando, em desespero tentam mudar esse destino, que serão sempre toda a vida, simples figurantes. Protagonistas nunca..."

Fejsa voltou e com ele a águia já sorri

"Há mesmo um Benfica com Fejsa e outro, decididamente menos forte, quando o sérvio está de fora?  
Indiscutivelmente. A presença de Fejsa funciona como um autêntico pêndulo. O médio é essencial na luta a meio-campo, mas a sua acção tanto beneficia a defesa (com as suas inúmeras recuperações o adversário chega menos vezes perto dos centrais) como o ataque (liberta Pizzi e ‘convida’ os laterais a subir mais). Com ele em campo, a equipa é bastante mais consistente e os números comprovam-no: este foi o seu quarto jogo na época... e a quarta vitória.

A titularidade de Seferovic é, hoje em dia, uma opção que merece consenso?
Não, de todo. O suíço teve um arranque de temporada em grande, mas o seu rendimento tem vindo a cair. E não está em causa apenas a recente ausência de golos. Jiménez – que ontem até desperdiçou oportunidade soberana – dá mais agressividade, dificulta muito a saída de bola dos opositores e parece estar com mais ‘fome’.

Rúben Dias já ganhou o lugar ao lado de Luisão no eixo da defesa das águias?
Parece que sim. Apesar da pouca experiência tem conseguido desempenhar bem o seu papel e se a equipa estabilizar num ciclo vitorioso (não sofrer golos como ontem é também uma preciosa ajuda) é perfeitamente normal que Rui Vitória mantenha a aposta. Pelo menos até alguma coisa correr mal. Bruno Varela, por exemplo, só perdeu a titularidade depois do grave erro do Bessa..."

Crise e meia-crise

"O mau período do Benfica antevia-se antes da série de três jogos consecutivos sem vencer. Pressentiu-se na vitória ao último minuto em Chaves com o golo de Seferovic, continuou no empate em Vila do Conde e no triunfo sofrido, na Luz, frente ao Portimonense.
A derrota com o CKSA pôs a descoberto muitas das deficiências que se começavam a notar. A equipa, outrora pragmática ou vertiginosa, desapareceu nestes três encontros. Nada que uma vitória não ajude a disfarçar. Nada que quatro ou cinco jogos consecutivos a ganhar não possam apagar. E aí, no que os encarnados façam daqui para a frente, pode residir a diferença entre uma verdadeira crise de resultados e uma mini-crise, um mau mês de Setembro, prontamente rectificado.
Rui Vitória lembrou que muitos dos seus jogadores são tetracampeões, habituados a ganhar, e que não se deixam ir abaixo com os primeiros insucessos. Ele próprio, na sua primeira temporada de Benfica, viu a equipa ter um início titubeante. Recuperou o atraso por mérito próprio e pela inexperiência e arrogância dos leões que não souberam segurar a vantagem.
Os tempos, porém, são outros. A formação de Jorge Jesus parece ter aprendido com os erros do passado e tem mais qualidade do que as suas versões anteriores. O FC Porto, com Sérgio Conceição, pode ter jogos difíceis, mas será sempre uma equipa agressiva e acutilante. Já o Benfica, por esta altura, ainda é uma incógnita, mas as suas contas tornaram-se fáceis. Foi-se a margem de erro. Se quiser alimentar o sonho do penta, só tem duas soluções daqui para a frente: ganhar ou ganhar."

Correr atrás no Clássico

"1. O Moreirense é um conjunto sem estrelas e que sofreu profundas alterações no princípio da época. Mesmo formando um conjunto organizado, e superiormente orientado, não tem equipa para roubar pontos aos grandes. Mas já conseguiu subtrair dois ao Sporting... Os leões averbaram, efectivamente, um resultado extremamente negativo. Foram dois pontos deitados à rua e logo em vésperas do jogo com o FC Porto. Nesta conjuntura, um empate no clássico será sempre um bom resultado para os dragões.
2. E os pontos cedidos pelo Sporting podem ser explicados, em primeira instância, pela falta de combatividade da equipa. Leia-se, fraca reacção no momento da perda de bola, pouca intensidade e, acima de tudo, um onze mal estruturado. Pedia-se a Jorge Jesus a utilização de um miolo menos macio que a inclusão de Bruno Fernandes necessariamente implicou. Em jogos em que é preciso vestir o fato-macaco, o reforço leonino deve actuar perto de Bas Dost, até porque o holandês tem como companheiro Alan Ruiz, um inadaptado de longa duração.
3. O Benfica surgiu transfigurado. Com Fejsa (e sem Filipe Augusto), os encarnados conseguiram uma vitória que peca por escassa e assinaram mesmo alguns momentos de grande qualidade. O regresso do sérvio fez-se sentir – tanto pela cobertura defensiva como pelas recuperações de bola nas imediações da área do P. Ferreira –, num dia em que Rui Vitória voltou a mostrar flexibilidade intelectual. Afinal, Rúben Dias é que tem fraca concorrência e merece uma oportunidade. Já na baliza, não se podem queimar etapas."

A Champions embebeda

"O Sporting entrou em Moreira de Cónegos com ar de frete e a dar o incerto por garantido. Descolou da liderança antes de receber o FC Porto.

Num tempo de discussões orçamentais, assimetrias e clivagens, a Liga dos Campeões passou por Moreira de Cónegos, deixou os locais com um sorriso nos lábios e até a pensar que poderia ter corrido melhor. Na quarta-feira o Sporting recebe o Barcelona e em Alvalade todos esperam por uma noite memorável, mas os jogadores começaram a pensar nela cedo de mais. Jorge Jesus garantiu ter passado a mensagem certa, mas no Parque Comendador Joaquim de Almeida Freitas viu-se uma equipa aburguesada, petulante, a estender-se pelo campo com ar de enfado, como quem faz um frete à espera do grande compromisso. O confronto com o Moreirense foi encarado como uma vitória certa, estava tudo garantido, menos a concentração exigida por um adversário assumidamente modesto mas lutador em todas as horas.Ao intervalo, quando o treinador fez soar o alarme, a desvantagem de um golo continuou a não assustar. O Sporting apertou mais, chegou ao empate e só na parte final carregou a sério sobre a baliza adversária. Pelo caminho ficaram dois pontos e o FC Porto a sorrir uma semana antes de visitar Alvalade. Mas Jesus também não vai pensar nisso para já. Antes tem um importante jogo com o Barcelona! A Champions é fantástica, o sonho maior do futebol de clubes, provoca um desgaste físico e emocional tremendo, mas também embebeda. Tenho para mim que é o hino. Arrepia, entranha-se, perturba e vicia. O Sporting caiu num grupo levado da breca e já ganhou em Atenas, a seguir vai levar com os (efectivamente) grandes, mas deixou-se inebriar antes do tempo. Acontece!
Ao contrário do Sporting, o Benfica não podia permitir-se distracções, pelo que o foco foi um só: sacudir o mau momento e olhar para a frente. A pressão posta pelo FC Porto estava lá, na ideia de todos, mas o resultado de Moreira de Cónegos terá ajudado um bocadinho."

O auto da cobardia segundo Fernando Gomes

"1. "É tempo de responder aos sinais de alarme" – é a mensagem que o presidente da FPF, Fernando Gomes, quis fazer passar, através de um ‘artigo de opinião’ publicado, ontem, na imprensa. Tenho sido muito crítico em relação ao clima de ódio que povoa o futebol português, adensado pela política de comunicação protagonizada pelos principais clubes portugueses. Mais activos, neste particular, aqueles que não têm ganho (FC Porto e Sporting); um pouco menos assanhado, digamos assim, o tetracampeão (Benfica), um pouco mais preocupado com as questões institucionais, talvez pela decorrência de ter recuperado o estatuto de ‘clube dominante’, mas com o senão de não estancar e até promover o ruído através de alguns altifalantes escolhidos e coordenados para fazerem e(s)coar uma espécie de ‘discurso único’. Quer dizer: é preciso acabar com esta vertigem que penaliza o futebol português de uma forma brutal e, às vezes, com um nível tão baixo que até… dói.

2. O ‘constante tom de crítica em relação à arbitragem’ gera a ‘apologia do ódio’. Fernando Gomes assume, de uma forma clara, aquilo que todos vínhamos percepcionando: é preciso parar. Mas, para se parar, não basta afirmar nem ‘proclamar’. É preciso envolver e enlear, positivamente e – colocando a clubite de parte – estabelecer uma ‘corrente’ que salve o futebol português desta visão de caos e de impunidade.

3. Fernando Gomes é muito claro: "As críticas [à arbitragem] são, quase sempre, uma forma de tentar esconder insucessos próprios, além de constituírem actos de cobardia". Há aqui, com efeito, uma forma de cobardia e Fernando Gomes aponta o dedo: "Estas críticas, que muitas vezes são inspiradas em dirigentes com as mais altas responsabilidades, potenciam o ódio e a violência". Quer dizer: o presidente da FPF identifica a causa do problema e os seus principais actores, e estes até enfiaram a carapuça.

4. A FPF toma posição e, de seguida, assistimos às reacções da Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, de diversos partidos políticos, da Liga (relembrando apelos semelhantes que já fizera), do Sindicato dos Jogadores ("antes que o descrédito atinja um ponto sem retorno") e de outros agentes desportivos. O diagnóstico está feito, toda a gente sabe o que tem concorrido, nas últimas épocas, para a agudização deste clima de ‘guerrilha institucional’: passámos de um tempo em que os principais presidentes de clubes do futebol português não souberam gerir a sua própria comunicação para arranjarem quem lhes fizesse esse trabalho. Não colocando limites à intervenção: quanto pior, melhor.

5. A consagração do ‘vale tudo’ está a dar péssimos resultados, e não se pode – como refere Fernando Gomes – ganhar peso internacional e, depois, andarmos a fazer estas lamentáveis figuras, envolvendo a imagem e o prestígio dos nossos principais emblemas. O diagnóstico está feito, mas se perguntarmos hoje, numa sondagem de opinião, se alguém acredita que alguma coisa vai mudar, tenho a mais profunda convicção de que a resposta maioritária será ‘não’. Por isso, há uma pergunta que se coloca: o que é preciso mudar?

6. Se os clubes, nas suas mensagens, em ‘fogo aberto’ ou em ‘fogo cruzado’, não param de afirmar ou insinuar que há corrupção no futebol português, então é preciso que o Estado e todos aqueles que podem participar na ‘limpeza’ convirjam na necessidade de dar mais meios ao combate à corrupção, sem medo de atingir o futebol e os seus protagonistas. Não se avança nessa direcção, porquê? Mais: se os presidentes e as suas direcções de comunicação não são capazes de dar contributos decisivos no sistema de auto-regulação do futebol, então é o poder político que tem de criar as condições necessárias, no plano legislativo, para que se passe das palavras aos actos. O que anda a fazer o Conselho Nacional do Desporto? A sua composição não é eficaz? Legisle-se para que o seja! Tem de haver alguma instituição que seja capaz e tenha a coragem de accionar os mecanismos necessários (não falo de ‘bomba atómica’, pelos motivos óbvios) para que os dirigentes não continuem nesta saga aparentemente imparável de tributo à irresponsabilidade.

7. Concretamente: os presidentes têm de reformular a natureza da intervenção das direcções de comunicação. Isto não se passa em nenhum país dito civilizado. Bruno de Carvalho já ultrapassou todos os limites, ao ponto de ridicularizar o presidente do Conselho de Disciplina da FPF, numa manifestação clara de provocação e de afirmação do princípio segundo o qual "não teme ninguém" e que vai para o ringue de combate seja com quem for. O Benfica tem de retirar do palco todos os que foram colocados sob ‘coordenação janeleira’. E o FC Porto tem de deixar que a PJ faça o seu trabalho. Bolas: é preciso confiar, minimamente, nas instituições. Caso contrário, estaremos a consagrar o regime do caos e da perfídia. 

Jardim das Estrelas - Mais do mesmo nas reacções
Interessantes as primeiras reacções à mensagem que Fernando Gomes publicou ontem na imprensa desportiva: as entidades públicas que não têm feito nada, rigorosamente nada, para acabar o clima de crispação no futebol português, vêm lamentar (é só isso que sabem fazer) esse clima de guerrilha institucional e apoiar a posição da FPF. Os clubes reagiram, através das direcções de comunicação, com ‘bicadas’ uns aos outros. Quer dizer: mais do mesmo. Daí que o mais importante seja mesmo saber se, depois da publicação do artigo de Fernando Gomes e passado o impacto inicial da sua mensagem, e das reacções formais mas inodoras de um certo concubinato político-desportivo, não voltará tudo à fase da espuma e da podridão que ela já não consegue esconder nem disfarçar. As reacções são imediatistas e fugazes… Alguém vai fazer, de facto, alguma coisa?!… Os árbitros pararem ou… pararem as competições?!…
Há um cansaço enorme e geral da sociedade civil em relação aos lamentos e à inacção. É bom que os partidos políticos tenham a noção disso. "É tempo de parar antes que seja tarde de mais".

O Cacto - Comédia
Quando chegou ao futebol, Bruno de Carvalho chegou a merecer o crédito daqueles que acreditam no princípio segundo o qual o sucesso de uma indústria como a do futebol não se faz apenas em torno de poderes (mais ou menos instalados) mas também de contrapoderes. Somou pontos mas, desde que foi reeleito, iniciou uma trajectória difícil de explicar. Depois da famigerada entrevista à Sporting TV, na qual ensaiou os primeiros passos de representação, grava agora um vídeo… que só visto. Só faltava mesmo ao futebol português um presidente-comediante."

Benfiquismo (DCVI)

Verdade!!!

Cadomblé do Vata

"1. O jogo já acabou há mais de 30 minutos... os Benfiquistas já podem começar a desvalorizar a vitória desta noite com todo o tipo de argumento absurdo.
2. Há gente que assobia o Pizzi com 2-0 no marcador... adepto que assobia o 21 do SLB devia ser condenado a 3 épocas seguidas com o Tavares a titular no meio-campo.
3. Gosto muito do Zivkovic, talvez porque me faz lembrar a minha filha... tal como ela, também o sérvio é pequeno e não pára 1 minuto quieto.
4. O SLB acabou o jogo com 2 sérvios e 1 croata campo, tendo também utilizado um descendente de bósnios... esqueçam a ONU, só o Glorioso pode resolver a crise Kim Jun Trump.
5. Preocupa-me a insistência com que acertamos em postes... tenho medo que no derby estejamos 90 minutos a chutar bolas contra os jogadores do Sporting."

O Chief Circle Officer (?) que há em Luisão, os técnicos da Pattex e o pé de Zivkovic, e a ideia de jogo do Mister

"Júlio César
É sempre melhor ter na baliza um imperador entediado do que um estagiário com diarreia. Júlio César fez por não adormecer e presenteou-nos com a defesa da noite aos 92 minutos. E por defesa da noite entenda-se a única digna de registo.

André Almeida
Exibição imensa de um dos grandes dartudistas do nosso tempo. Se ainda não percebeu, o dartudista é um praticante do dartudismo, corrente filosófica que nasce da expressão “dar tudo”, um fenómeno inexplicável ocorrido nos últimos anos que parece ter substituído o mui saudoso “comer a relva”. Mas então, André Almeida integrou-se lindamente na manobra ofensiva, fundamentalmente não roubando o protagonismo a quem joga melhor do que ele. Defensivamente, foi quase sempre mais rápido ou mais esperto do que os adversários, nenhum deles especialmente inteligente. É um bocadinho como aquele tema hard rock que acompanha os resumos dos jogos na BTV. Está longe de ser incrível, chega até a incomodar, mas a verdade é que a pessoa habitua-se.

Rúben Dias
Boa exibição frente a uma equipa inofensiva do ponto de vista ofensivo. Serve para ganhar confiança, mas não demasiada porque confiança a mais é mau, quer do ponto de vista do jogador quer do ponto de vista do adepto, que, se não soubesse melhor, poderia entrar já numa espiral elogiosa que só terminaria com uma fífia do jovem Rúben frente ao Marítimo. Pareceu confortável na pele de titular do Benfica, ao ponto de em dois ou três lances termos dado por nós a pensar “sem stress, o Rúben está lá”. Lá está, confiança a mais pode ser perigoso, especialmente a uma semana de defrontarmos um adversário directo no acesso à Liga Europa.

Luisão
Em jogos como o de hoje, nem parece que está à espera de resposta da Caixa Geral de Aposentações. Mesmo que sofra penalizações, já tem novo cargo na estrutura benfiquista: responsável pela organização de círculos no final dos jogos. Chief Circle Officer, se quisermos.

Grimaldo
Jay Z e Beyoncé, Ike e Tina, Butch e Sundance, Batman e Robin, Sócrates e Santos Silva, enfim, Grimaldo e Cervi. Se Rui Vitória e as lesões não voltarem a fazer das suas, o flanco esquerdo do Benfica está fechado até final da época. Vários lances individuais de encher o olho, duas dúzias de decisões acertadas a soltar a bola e a combinar, visão de jogo quanto baste para variar o flanco, um remate ao poste, e meia dúzia de combinações formidáveis com Cervi. Não mexe mais.

Fejsa
Que saudades. Tudo parece melhor com Fejsa em campo. Rúben Dias parece Lindelof. Luisão parece mais novo. Pizzi parece vivo. André Almeida parece um jogador de futebol. Enfim. Com Filipe Augusto, tínhamos dolo compressor. Com Fejsa, temos rolo compressor. Bem vindo de volta, meu amor.

Pizzi
Quem foram os idiotas que o assobiaram já perto do final? A sério. Queremos nomes e moradas. 

Cervi
Melhor em campo. Golãozão a coroar uma primeira parte imparável da nossa pulga atómica. Estranho como um jogador tão acutilante e irrequieto consegue ser exactamente o ansiolítico de que os adeptos precisavam. Um comprimido de Cervipam por dia nem sabe o bem que lhe fazia. 

Zivkovic
Espera-se a qualquer momento a chegada ao estádio da Luz de uma equipa de técnicos da Pattex que irá tentar descolar a bola do pé esquerdo de Zivkovic, isto depois de dez adversários não terem conseguido.

Jonas
Participou como poucos no festival de oportunidades perdidas, levando ao desespero alguns adeptos mais dados a esse tipo de sentimento. O problema é mais deles do que de Jonas. O brasileiro pode não estar a viver o seu melhor momento no Benfica, mas ainda assim é o melhor marcador do campeonato. Assim sendo, estejamos todos caladinhos. O Pistolas sabe o que faz.

Seferovic
Aos 26’ tentou o prémio Puskas num remate estupendo que infelizmente foi à trave. Tem sido mais útil a criar espaço para os outros do que a criar oportunidades para si. Os colegas aproveitam-se da sua generosidade e passam-lhe a bola porque sabem que ele a devolve muitas vezes em boas condições. Chega deste aproveitamento! Tem que ser menos altruísta e muito mais como aquele brutamontes ternurento e oportunista que vimos nas primeiras jornadas do campeonato.

Jiménez
Entrou em campo com cara de quem já percebeu que terá de matar Seferovic para chegar à titularidade. A garra foi a do costume. A vontade de aumentar a contagem no marcador/devolver alguma dignidade à equipa (escolher consoante o jogo) é indiscutível. Não interessa. Se fez o jogo da vida dele ou não, é pouco importante. Seria suplente na mesma.

Krovinovic
A primeira coisa que disse quando entrou em campo foi “calma”, anunciando aos colegas que não estava ali para agitar muito as águas. A dinâmica ofensiva do Benfica obrigou-o a ocupar espaços vazios que foram quase tão bem aproveitados como se ninguém lá estivesse. Tem uns pézinhos abençoados, mas ainda não está a carburar. O balneário do rio ave chamava-lhe Craquinovic, mas para já chamamos-te Filip e já é bom.

Diogo Gonçalves
Inserir afirmação exagerada sobre o Caixa Futebol Campus.

Mister Rui Vitória
Importante regresso às boas exibições e aos onzes titulares bem escolhidos. No final, dirigiu-se a um jovem adepto que exibia a cartolina “Rui, dá-me a tua ideia de jogo”, uma conversa que nos pareceu inconclusiva."

Vermelhão: Juntos

Benfica 2 - 0 Paços de Ferreira


Se este jogo tivesse sido jogado num contexto diferente: numa série habitual de vitórias, com os jogadores confiantes, o jogo nunca tinha terminado com menos de 5 ou 6 golos para o Benfica!!!
Chegou a ser desesperante ver tanto desperdício!!! Bolas nos ferros, ressaltos sempre traiçoeiros, sempre uma perna no caminho... azelhice ou falta de calma no remate, etc... Chegou a parecer, um manual em como falhar golos!!!

Como já tinha escrito antes, os últimos resultados não correspondiam às exibições, foram mentirosos, tal como o resultado de hoje!!! A grande diferença, é que hoje o guarda-redes (neste caso o Júlio... se tivesse sido o Varela era indiferente!!!), nem sequer 'tocou' na bola!!!
E o responsável maior, foi mesmo o Fejsa!!! Mesmo que tenha sido um Fejsa a 50% ou menos (não é normal o Fejsa perder tantos duelos...). A presença do nosso 'tractor' Sérvio, empurrou o Benfica para 'cima'!!! Defendemos mais alto, o Pizzi jogou mais perto dos avançados, e a nossa linha defensiva também subiu...

É verdade que o Paços mostrou ser um adversário 'macio' mas os outros também o foram!!! Mesmo o Braga pouco ou nada fez para marcar.... Jogámos mais 'altos', mais pressionantes, mais sufocantes!!! Depois foi só uma questão de 'pontaria'... e ela parecia estar bastante desafinada!!!
O Fejsa não foi o MVP do jogo, ainda está longe do melhor ritmo, mas foi fundamental...
O Rúben manteve a titularidade e fez mais um excelente jogo: critério e velocidade na primeira fase de construção; rápido e inteligente nas coberturas, e nas marcações... Se o Rúben tivesse mais um palmo de altura, provavelmente no final da época estaria vendido!!!!!!
O Zivkovic é claramente o nosso extremo em melhor forma...
Não deixa de ser irónico, que tenha sido uma bomba do Cervi a 'desbloquear' este jogo, sendo que os últimos minutos do Cervi, com o Portimonense, foram mesmo muito maus!!!

Horrível arbitragem!!! Horrível... perdi a conta às faltas não assinaladas sobre jogadores do Benfica nas imediações da área do Paços... Critério disciplinar horrível: autêntica caça ao Amarelo a jogadores do Benfica, valia tudo aos jogadores do Paços!!!
Esta semana será muito importante nas aspirações do Benfica na Champions e no Campeonato, sendo assim, esta vitória foi fundamental para voltar a 'dar' confiança aos nossos jogadores. Agora, é preciso ter alguma cabeça fria em Basileia e no Funchal...
Eu por exemplo, não jogava com o Jonas na Suíça... com o Krovi não inscrito, apostava mesmo no Ziv ou o Cervi no meio, e 'poupava' o Jonas para os Barreiros, onde vamos ter mais bola, e vamos jogar mais perto da área do adversário!!! E apesar do Seferovic querer 'mostrar-se' na Suíça, neste momento nota-se claramente que fisicamente perdeu velocidade...!!!

Jornal... Unidos como nunca

Manter o ritmo...

Avanca 26 - 30 Benfica
(16-16)

Mais uma excelente vitória, num Pavilhão onde não ganhámos o ano passado!!! Ainda por cima sem o Cavalcanti que se lesionou durante a semana, agravando os nossos problemas aos 9 metros!!!
Os últimos minutos da 1.ª parte não foram bons, mas no resto o jogo esteve sempre controlado... Os golos do Xico Pereira, são mais um indicador de futuro...

Cabazada...

Fabril 3 - 14 Benfica

Resultado pouco habitual, mas bem demonstrativo do momento da equipa...
Curiosamente jogámos duas vezes com o Fabril duas vezes na pré-época, e tivemos dificuldades!!!

Durante a semana tivemos a terrível noticia da lesão grave do Chaguinha!!! Se recuperar, só teremos o nosso melhor jogador praticamente nos play-off's, e depois não será fácil recuperar o ritmo...!!! Vai falhar a Taça da Liga, e a Taça de Portugal!!! O plantel é vasto, mas vamos seguramente sentir a falta do principal dinamizador do nosso jogos...

Anónimos e famosos da vida real

"Em suporte audiovisual e transmitido ao mundo através da funcionalidade do ecrã gigante do estádio a poucos instantes do início de um jogo de futebol este recentíssimo "sketch" do anúncio do alargamento da descendência do presidente teve o condão de, pela milésima vez, colocar na ordem do dia uma dúvida da maior importância para os sociólogos e para os terapeutas que se ocupam destas questões tão globais da influência, das transversalidades e da dependência do mundo do baixo entretenimento audiovisual na relação com áreas da informação e com as áreas do Poder instituído ou a instituir.
Eis, então, a questão necessariamente especulativa:
Tivesse Bruno de Carvalho sido dado a apresentar pela primeira vez ao público português não na condição de candidato e depois na condição de presidente do Sporting Clube de Portugal, como se verificou, mas na condição de um vulgar cidadão anónimo aspirante a "famoso" e apurado para um vulgar "reality-show" – onde entraria apenas como mais um Bruno Miguel – que favores (ou desfavores) receberia este tipo de personalidade dos seus colegas de internamento na "casa" e dos telespetadores destes concursos da "vida real"?
Achar-lhe-iam graça? Ou acabariam por se cansar do narciso e da chinfrineira? Teríamos, nessas circunstâncias hipotéticas, um Bruno Miguel saindo como vencedor depois de ter conquistado com o seu descaramento e linguarejar a simpatia de toda a gente ou, pelo contrário, seria o mesmo Bruno Miguel liminarmente expulso ao cabo da primeira semana de emissões do "espectáculo da vida real" castigado pelos extenuadíssimos demais concorrentes e pela crueldade do televoto popular? 
Colocando de lado os preconceitos aqui está um assunto que dá que pensar até porque se trata de um exercício especulativo alheio às magníficas emoções do futebol e às benesses do estatuto de presidente de um clube de futebol que conferem automaticamente a qualquer ex-cidadão anónimo uma posição de destaque na sociedade e uma reverência por parte dos mídia com que nenhum concorrente de um "reality-show" alguma vez ousou sonhar.
O Benfica revelou esta semana as suas contas. Há quatro anos que o clube não se endivida perante instituições financeiras. Neste período reduziu para metade a sua dívida à banca. Perante isto ninguém foi a correr para o Marquês de Pombal. O campeonato dos números pouco significa para os apaixonados para quem o campeonato da bola é tudo e mais do que tudo. Neste ponto, realmente, as coisas não andam famosas. Os benfiquistas quererão muito acreditar que aquele momento na noite de quarta-feira em que Luisão convocou os colegas para um abraço no meio do campo enquanto das bancadas chegavam o som terrível do descontentamento popular terá sido o arranque, em definitivo, para a temporada de 2017/2018. E já tarda."

Uma questão de coragem

"O dia de ontem ficou (como não podia ter deixado de ficar) marcado pelas reacções, vindas de todos os quadrantes, à poderosíssima mensagem de Fernando Gomes, um murro na mesa ou um grito de alerta daquele que é, neste momento, o dirigente português com maior prestígio a nível internacional. Sim, é verdade que o FC Porto goleou - com momentos espectaculares à mistura - o Portimonense, mostrando estar, a nível interno, mais do que preparado para a corrida pelo título, mas há dias (ontem foi um deles) em que um resultado, de qualquer equipa e mesmo que extraordinário, tem de passar para plano secundário em nome de interesses bem mais elevados.
As palavras do presidente da Federação Portuguesa de Futebol foram fortíssimas. E só podem merecer a concordância de todos os que amam o futebol - e até para os que o amam apenas por interesse, que também os há. Não foi, portanto, surpreendente o apoio que Fernando Gomes recebeu ao longo do dia. Surpresa (ou não, porque bem vistas as coisas só pode mesmo surpreender os ingénuos) foi a forma como os três grandes - mais FC Porto e Sporting, convenhamos, embora nenhum tenha ficado particularmente bem na fotografia - responderam ao apelo à paz com mais mensagens de guerra, provando (se de provas precisássemos) que as palavras deixaram, há muito, de ser suficientes. É preciso que quem tem, de facto, poderes para mudar o futebol português actue de forma séria e, acima de tudo, corajosa, nunca se vão entender. Será sempre cada um por si. Nem que haja uma (outra) tragédia."

Ricardo Quaresma, in A Bola

PS: Mesmo que tenha sido a 'medo', tenho que relevar que pela primeira vez, numa crónica de opinião, um jornaleiro tem a coragem de separar o Benfica dos outros!!! Eu sei que esta admissão é uma separaçãozinha, mas mesmo assim...!!!

Uma voz para ser seguida

"Fernando Gomes apelou ao combate imediato ao clima de ódio que está instalado no futebol português por responsabilidade clara e inequívoca dos três grandes. Sem dizer os nomes, o presidente da FPF identificou-os. As palavras são sábias e os conselhos adequados. Decididamente, é uma voz que, mais do que ser ouvida, deve ser seguida.
Honestamente, acredito que o passo seguinte será dizer, olhos nos olhos, estas ou outras palavras aos presidentes dos três grandes. Palavras que possam harmonizar posições e moderar impulsos, estabelecendo um compromisso que permita que a competição se desenrole dentro de um espírito minimamente tolerável. Se não resultar, resta acreditar que a Liga e os clubes serão capazes de criar regulamentação que agrave as sanções de quem prevarica e sobretudo as faça cumprir. É altura de assumir esta responsabilidade. Caso contrário, as palavras que tanto eco tiveram nos mais diversos quadrantes não terão qualquer efeito.
Ainda a propósito do artigo de Fernando Gomes, o Rio Ave manifestou indignação pela escolha da imagem que ilustrava o texto nas páginas do Record e que tinha jogadores da equipa vila-condense. Reconheço que a opção não foi feliz e por isso mesmo aqui fica o pedido de desculpas ao Rio Ave e ao presidente da FPF."