"Kobe Bean Bryant foi, talvez, dos jogadores mais carismáticos e talentosos que a NBA já viu. Kobe não era apenas um jogador, era uma figura, um exemplo a seguir e também um pai de família, bastante devoto demonstrando sempre todo o apoio e carinho às suas filhas (em especial a Gianna, que também foi vítima do mesmo acidente mortal que o pai, cuja a equipa era treinada por Kobe).
De game-winners no último segundo, “afundanços” por cima das estrelas da equipa adversária a recordes que dificilmente serão quebrados ou até o seu modo de encarar os desafios e de persistência qualquer que fosse o obstáculo a superar, Kobe deixou uma forte marca em todos os amantes do basquetebol à volta do mundo. Fosse porque estivesse praticamente a ensinar os bases da nossa equipa preferida a atirar ao cesto, ou pela sua incrível confiança em si próprio continuando a atirar depois de 10 e 12 lançamentos falhados, muitas foram as lições que este nos passou ao longo da sua carreira, e vida, que, infelizmente, têm um fim amargo e prematuro.
Assim, muitos são os momentos que nos fazem relembrar a lenda com um carinho especial e um sorriso na cara! Desde momentos de jogo que para sempre nos parecerão mágicos, ou outros grandes feitos fora das quatro linhas, fiquem com os melhores momentos (ou os mais sensacionais) a relembrar.
1.
A última dança – A 13 de Abril de 2016, naquele que viria a ser o seu último jogo profissional, Kobe Bryant conseguiu surpreender-nos uma vez mais. Kobe brindou-nos com uma performance memorável e nostálgica, marcando 60 pontos no seu último jogo! Numa época em que Kobe esteve mais em “cruise control” com um plantel cujo objectivo era desenvolver e aprender e não propriamente lutar pelo titulo, Kobe vinha com média de cerca de 17 pontos por jogo. Mas no último jogo, depois de uma carreira inteira a ser criticado por não passar a bola aos seus colegas de equipa, todos queriam era que este atirasse ao cesto. Assim, viria a culminar numa perfomance de 60 pontos que também incluiu o cesto da vitória, deixando todos com um sentimento nostálgico e de saudade de bons momentos vividos outrora.
No entanto, a última estatística anotada por Kobe num jogo de basquetebol viria a ser uma assistência, para Jordan Clarkson, jovem base na altura. Este foi quase como o momento do “passar da tocha” à geração seguinte.
2.
Os 81 pontos – Na época 2005/2006, aquela que viria a ser a mais forte estatisticamente de Kobe Bryant, a 22 de Janeiro de 2006 marcou 81 pontos numa vitória sobre os Toronto Raptors.
Contra uma equipa que não era forte candidata ao titulo, mas os Lakers de Kobe também se encontravam a meio dos oito candidatos a playoff da conferência Oeste, Kobe Bryant deixou o mundo do basquetebol estupefacto. Kobe Bryant viria a marcar 26 pontos apenas na primeira parte e, não estando satisfeito, marcou mais 55 pontos na segunda parte. Uma segunda parte que viu múltiplos defesas diferentes em Kobe, bem como alguns 2 para 1 e até 3 para 1 na defesa. Mas nada viria a parar o tiro certeiro de Kobe que, da linha de lance livre, viria a marcar o 81.º ponto, tornando-se assim na segunda melhor marca da história da NBA (atrás dos 100 pontos de Wilt Chamberlain) e a melhor da era moderna do Basquetebol.
3.
O mítico “jogo sete” – Em 2010, Kobe já era uma Lenda e a Super-Estrela da NBA, com quatro campeonatos ganhos, que incluíam um MVP das finais, um MVP da temporada regular, dois “scoring titles”, uma medalha olimpica e ainda três MVP’s do “All-Star Game”. No entanto, apesar de tudo, Kobe queria mais, Kobe sempre quis mais. Estando empatado em termos de campeonatos ganhos com o seu ex-colega de equipa Shaquelle O’Neal, Kobe estava determinado a ganhar mais um. Vindo de um campeonato ganho em 2009 contra os Magic de Dwight Howard, Kobe tinha algo a provar: que conseguia bater a super equipa de Boston que em 2008 tinha ganho o campeonato, com final contra os Lakers.
Uma série muito disputada, com Kobe a carregar o poder ofensivo do lado da equipa da cidade dos anjos, chegou ao “jogo sete”. Jogo este que viria a ser disputado em Los Angeles. Boston tinham uma táctica defensiva muito forte, desenhada para retirar os pontos fortes do ataque de Kobe e o obrigar a não ter a bola nas mãos nem a poder criar muito a partir do drible. Este foi o jogo que o próprio disse que não saberia como ganhar até o estar a jogar.
Ficará para sempre com um carinho especial pois não só foi o ultimo anel de Kobe, mas também pois foi um típico jogo de Kobe Bryant. Kobe fez seis em 24 lançamentos de campo, terminando com 23 pontos num jogo que ficou 83-79 a favor dos Lakers (demonstrando a forte defesa da época). Apesar de ofensivamente não ter sido nem de perto nem de longe dos melhores de Kobe, este conseguiu agarrar 15 ressaltos. 15 ressaltos contra uma equipa que contava com Kevin Garnett, Rasheed Wallace e Tony Allen.
Kobe mostrou-nos que nem sempre fazer tudo para a equipa ganhar passa por marcar pontos e, por vezes, é preciso parar e redirecionar o foco para se contribuir da maneira mais eficaz possível.
4.
Fundação da Mamba Academy – Uma academia que já estava em funcionamento desde 2016 teve a atenção de Kobe em 2018, ano em que este se tornou co-fundador do espaço. Kobe viria assim a abrir o centro de desporto, juntamente com alguns dos melhores nomes na indústria, que viria a albergar cinco campos de basquetebol, cinco campos de voleibol, dois campos de voleibol de praia, um sintético de futebol, entre outras instalações. Esta viria também a tornar-se na nova “casa” para a equipa de basquetebol da sua filha Gianna, equipa que Kobe era também treinador.
No verão, esta academia organizava vários “campus” de basquetebol para os jogadores poderem desenvolver as suas habilidades técnicas, bem como aprender mais acerca do jogo. A Academia viria também a ser visitada por algumas estrelas da NBA, como Paul George.
5.
O óscar depois da carreira – A 30 de Novembro de 2015, Kobe vinha a anunciar ao mundo, através de uma carta escrita ao “Players Tribune” intitulada de “Dear Basketball”, em como essa seria a sua última temporada e que o momento da reforma chegara. Kobe escreve a cara ao jogo do basquetebol, a explicar como sempre se manteve fiel ao jogo, sem fazer batota e que, apesar do seu amor continuar forte como se ainda fosse o jovem de cinco anos que pegou na bola pela primeira vez, o seu corpo já não aguentava mais.
Assim, usando esta carta, Kobe, juntamente com Glen Keane, transformou a sua carta numa curta metragem que viria ser lançada a 23 de abril de 2017. Esta curta metragem ficou nomeada para um Óscar da academia, Óscar esse que Kobe viria mesmo a ganhar, tornando-se no primeiro ex-jogador de basquetebol a alcançar tal feito.
Este era um típico momento “Mamba-mentality” de Kobe, a mostrar-nos de que com dedicação tudo era possível.
Assim relembramos, com saudade, Kobe Bean Bryant, a nossa estrela que partiu demasiado cedo. No entanto, e para citar textos que têm circulado nas redes sociais, se temos saudades de Kobe basta olhar à nossa volta pois este continua presente. Kobe é o jogo de poste de Devin Booker, Kobe é o trabalho de pés que DeMar Derozan tem, Kobe é a mentalidade de jogar 1×1 que Kyrie Irving carrega, é a mentalidade de liderança de LeBron James, é a confiança de Luka Doncíc, entre tantos outros.
Kobe, sem dúvida que deixou a sua marca no jogo e na vida que viveu. Poucas são as pessoas que carregam um propósito maior do que a vida em si, mas Kobe era uma delas.
Obrigado pela inspiração, motivação e memórias.
Para sempre, descansa em paz, Kobe Bean Bryant."