"A fantasia aí está de novo com o provável alargamento das Ligas de futebol. Agora com a rectificação mínima exigida traduzida numa Liguilha com efeitos retroactivos. E com o insólito de, na próxima semana, as equipas que, eventualmente, a venham a jogar terem de esperar pela decisão da FPF numa espécie de limbo desportivo.
Num momento em que a União de Leiria é apenas a ponta visível do icebergue da penúria em que está a maioria dos clubes e em que se fabricam todos os artificialismos burocráticos e contabilísticos para provar um virtual estado de equilíbrio e viabilidade financeira e económica, eis que a solução é aumentar o quadro da indigência.
Em vez de um sensato e aprofundado PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento - dos clubes em dificuldades e de uma adequada terapêutica face à bolha de anos a fio de ilusões, dá-se um salto em frente rumo ao... precipício.
A única lógica deste alargamento é a de ser o recibo de quitação de uma campanha eleitoral para a Liga. Mais nada.
Uma decisão que levará, por certo, a uma reengenharia de calendários para que tudo se acomode: campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga (vai continuar?), selecções nacionais, competições europeias. Em vez de 240 jogos iremos ter 304 (mais 27,5%)! E na 2.ª Divisão com 22 clubes haverá - imagine-se - 42 jornadas! Com estádios às moscas, salários em atraso, falências camufladas, e o país em crise... Enfim, pormenores perante tão abstrusa decisão da corporação.
Uma Liga cada vez mais alargada e alagada em contradições e dificuldades, que não em liquidez. Neste aspecto, será uma Liga cada vez mais exangue."
Bagão Félix, in A Bola