A lógica do presidente da Liga é a da quadratura do círculo: alargando-se o campeonato a mais equipas aumentam-se as fontes de receita, desde logo a dos direitos televisivos, como se estes fossem a panaceia para todas as malfeitorias.
Nas muitas entrevistas que ultimamente tem dado, espanta-me a inconsistência e, sobretudo, a insensatez com que ele defende as suas teses, que por isso não convencem ninguém. Afirmar que, a partir de 2012/2013, os direitos televisivos serão negociados colectivamente pela Liga é de uma leviandade alarmante, sabendo-se que há clubes contratualmente comprometidos com a Olivedesportos até 2017. A demagogia do discurso é tão imprudente que, por vezes, faz lembrar a de Vale e Azevedo, de má memória. É verdade que esta Liga com estes presidentes de clube tem o que merece mas, nestes tempos de crise e de penúria, é muito azar. Em vez de rever as regras dos pressupostos financeiros para o licenciamento, impondo controlos mais frequentes e mais apertados na execução orçamental e aplicando penas de despromoção aos prevaricadores, prefere varrer o lixo para debaixo do tapete e ensaiar uma fuga em frente.
O crime compensa. A verdade desportiva desta Liga está ferida de morte, mas isso pouco importa. O que importa é o mercado cada vez mais estrangeiro e menos português, os milhões das vendas e a descoberta de prodígios imberbes a caminho da Luz, do Dragão ou de Alvalade. É certo que o delito financeiro, desportivo ou mesmo penal goza no futebol de uma espécie de salvo-conduto para a impunidade, aqui e em todo o lado. Em Itália acontece o mesmo, mas preparem-se para o tsunami que aí vem."
Manuel Martins de Sá, in A Bola
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