Últimas indefectivações

sábado, 4 de janeiro de 2025

Antevisão...

BI: Antevisão - Braga...

Informações incorretas no jornal "Correio da Manhã"


"O Sport Lisboa e Benfica esclarece que são incorretas as informações e as comparações do jornal Correio da Manhã sobre os FSE's da Benfica SAD versus outros clubes.

Uma comparação e análise rigorosa deve ser feita incluindo as operações intragrupo, ou seja, as compras realizadas entre as empresas detidas pelo Sport Lisboa e Benfica e cujos valores permanecem no universo Benfica, não se tratando, portanto, de fornecedores fora do universo da SAD.
Este, aliás, foi tema de análise e clarificação na última Assembleia Geral de Acionistas.
Ao contrário do que foi escrito pelo jornal Correio da Manhã, em 23/24 os custos com FSE's da Benfica SAD para fora do universo Benfica correspondem a um valor de 55,8 milhões de euros, o que representa 21,8 por cento dos rendimentos operacionais com transações de direitos de atletas.
É, por isso, totalmente falso que a Benfica SAD gaste em fornecedores externos ao universo Benfica mais de um terço dos seus rendimentos. Na realidade, esse rácio está próximo de um quinto de toda a sua faturação."

Propostas: zero!

Alguma Dúvida?

Mesmo árbitro. Lance identico.

Tiago Martins, o árbitro que expulsa Bah

2025 ainda agora começou e já se repeita a tradição de décadas.

Pelo segundo jogo seguido, Mora tem carta branca para fazer o que quer...

Bah sempre a fazer das suas.

Velhos hábitos...

Mudaram a Lei?!

Bah, seu desgraçado!

Então e a aposta na formação, Bruno Lage?


"Seixal foi viveiro de pérolas na primeira passagem pelo Benfica e agora eclipsou-se neste regresso do técnico às águias

Na primeira passagem pelo Benfica (2018 a 2020), Bruno Lage lançou meninos como Florentino Luís, Ferro, Nuno Tavares e Tomás Tavares, ao mesmo tempo que potenciou João Félix de tal modo que, após 20 golos e oito assistências, seria transferido para o Atl. Madrid por € 126 milhões.
O que aconteceu, então, para que, cinco épocas depois, não se veja vislumbre sequer de aposta em pérolas do Seixal pelo técnico que substituiu Schmidt? Esta época, por exemplo, na montra da Liga, só quatro nascidos na cantera da águia foram utilizados por Lage e esses quatro são... Florentino (25 anos), António Silva (21), Tomás Araújo (22) e Renato Sanches (27). Note-se que João Rego (19) jogou 5 minutos no campeonato, mas ainda com Schmidt no comando.
O que é feito, então, da formação do Benfica? Não há um jovem que sirva para a equipa principal? Ou que possa ser potenciado na montra maior do futebol português? Até ver, a realidade diz-nos que não, que não há...
Ao invés, FC Porto e Sporting vão fazendo uso das pérolas das respetivas escolas. No caso dos leões, agora orientados por Rui Borges, destacam-se dois meninos de 17 anos, Geovany Quenda e João Simões, mas também Arreiol e Mauro Couto, ambos de 19; isto além dos consagrados frutos da Academia, Inácio, Bragança e Quaresma.
Pelos dragões de Vítor Bruno, outra mão cheia de diamantes em crescimento, com os holofotes a incidirem sobretudo em Rodrigo Mora (17 anos), mas também em Martim Fernandes (18) ou Vasco Sousa (21); a que se juntam João Mário, Gonçalo Borges e ainda os homens da casa, Diogo Costa e Fábio Vieira. Do Seixal é que, até ver, nada... à vista."

O Emblema e o Manto Sagrado


"O emblema do Sport Lisboa e Benfica, conforme descrito no seu portal oficial, constitui, sem qualquer sombra de dúvida, “a sua imagem de marca. Tal como a maior parte das tradições e símbolos do Clube, o emblema foi elaborado entre 13 de dezembro de 1903, quando surgiu a ideia de criar o Clube, e a data da sua fundação, a 28 de fevereiro de 1904. O tom, a vivacidade e a alegria da cor das suas camisolas, a águia como símbolo da sua independência, autoridade e nobreza, uma roda de bicicleta que representa o ciclismo como uma das primeiras modalidades do clube, a bola de futebol e a legenda de união e força conjunta - E Pluribus Unum (de todos um). Eis o nosso símbolo que tem deixado marca em Portugal e no mundo.”
A preservação das cores originais de um clube nos seus equipamentos desportivos reveste-se de um papel absolutamente essencial na perpetuação da sua identidade e no respeito pela sua história. Num contexto desportivo em que as tendências modernas e as pressões comerciais ganham cada vez maior expressão – por mais compreensíveis que estas possam ser – torna-se indispensável que os clubes saibam equilibrar a inovação com a reverência pelas tradições que constituem o alicerce da sua existência. As cores de um clube transcendem em muito a mera função estética; são um símbolo dos valores, da cultura e da essência que o tornam único, promovendo uma ligação emocional indissolúvel com os seus adeptos. Cada tonalidade, símbolo e pormenor presente nos equipamentos narra uma história. No caso do Sport Lisboa e Benfica, as icónicas camisolas vermelhas e brancas são fruto de escolhas meticulosas realizadas pelos seus fundadores. José da Cruz Viegas, beneficiando de acesso a catálogos britânicos de tecidos, optou pelo vermelho, uma cor que não só se destacava em campo, mas que também deixava uma impressão duradoura nos jogadores e adeptos. Por sua vez, Cândido Rosa Rodrigues, outro fundador, defendeu que as cores deviam captar a atenção dos transeuntes, uma vez que o clube jogava frequentemente em locais públicos. O vermelho foi adotado por evocar alegria, dinamismo e entusiasmo, enquanto os calções brancos tiveram como referência o Belem Football Club. Ainda que fundamentadas em critérios práticos, estas escolhas cromáticas passaram a corporizar ideais e princípios que, ao longo das décadas, se tornaram um património inalienável do clube.
A continuidade das cores originais nos equipamentos desportivos é, igualmente, uma homenagem a todos aqueles que, ao longo da história, contribuíram para moldar a identidade do clube. Conforme é frequentemente evocado pelos benfiquistas, estas cores representam “os ases que nos honraram o passado.” Desde os pioneiros até aos atletas e associados que inscreveram o seu nome na história do clube, as cores simbolizam uma ponte intergeracional que preserva as memórias de vitórias e sacrifícios que definiram o percurso do Sport Lisboa e Benfica. Esta lealdade às cores fundadoras garante que tanto os adeptos veteranos como as gerações vindouras reconheçam, nos equipamentos, os valores que sempre sustentaram o clube, mantendo viva a chama da sua tradição e os pilares da sua existência. Por outro lado, a inevitável modernização do desporto e as exigências de inovação levaram muitos clubes a introduzir variações nos seus equipamentos, particularmente nos alternativos e nos terceiros kits. Embora estas inovações sejam cruciais para atrair novos públicos e manterem a relevância no panorama da moda desportiva, é imperativo que o equipamento principal – e, idealmente, também o alternativo – permaneçam fiéis às cores originais. Este compromisso com a tradição não impede a evolução, mas antes estabelece um elo indelével entre o passado e o progresso contemporâneo, assegurando que as novas gerações vejam refletidos nos equipamentos os mesmos valores e símbolos que inspiraram os seus antecessores.
Além disso, as cores originais são uma forma imediata de identificação, não apenas para os adeptos, mas também para o próprio clube no panorama desportivo internacional. Num estádio ou numa competição global, as cores de um clube constituem a sua bandeira, a primeira e mais evidente manifestação da sua singularidade face aos concorrentes. A preservação destas cores traduz um respeito pelas raízes do clube, reforçando a sua coesão e projetando uma imagem de continuidade histórica enquanto se projeta para o futuro.
Em síntese, as cores fundadoras de um clube transcendem qualquer interpretação meramente estética; elas constituem um elemento central da sua alma e legado. Respeitar estas cores nos equipamentos é salvaguardar a identidade do clube face às pressões e transformações contemporâneas, permanecendo fiel aos valores que o sustentaram desde a sua génese. Desta forma, o clube não só honra o seu passado, como fortalece a sua ligação aos adeptos, garantindo que as futuras gerações continuem a encontrar nos equipamentos os mesmos valores e tradições que cimentaram o seu património.
No que respeita à revisão estatutária apresentada na Assembleia Geral Extraordinária, realizada a 21 de setembro no Pavilhão da Luz, foi amplamente debatida e aprovada uma proposta que submeti, a qual foi desenvolvida com base nos contributos de diversos sócios ao longo dos anos. Esta proposta visou regulamentar aspetos dos equipamentos do Sport Lisboa e Benfica e do seu emblema.
De acordo com os futuros estatutos vigentes, a proposta estabelece que o equipamento principal do Benfica mantenha o vermelho como cor predominante, complementado por detalhes em branco, admitindo, de forma limitada e pontual, a inclusão de outras tonalidades, como o preto, exemplificado pelo equipamento da época 2013/14. Introduziu-se, contudo, a obrigatoriedade de que o equipamento alternativo apresente sempre uma base branca, complementada preferencialmente por detalhes em vermelho, sem excluir a possibilidade de utilização de outras cores, como o preto, desde que o seu uso seja criterioso e em consonância com a tradição visual do clube. Esta abordagem visa harmonizar modernidade e respeito pelas raízes históricas.
Quanto ao terceiro equipamento, mantêm-se as diretrizes aplicadas nos últimos anos. Este equipamento, concebido como uma “tela criativa” para a marca Adidas, não está sujeito a restrições cromáticas, permitindo liberdade criativa para refletir tendências da moda desportiva contemporânea. A sua versatilidade assegura que este vestuário seja não apenas uma peça desportiva, mas também um elemento do quotidiano dos adeptos, conciliando funcionalidade e inovação.
Uma mudança significativa introduzida nesta revisão estatutária foi a obrigatoriedade de utilização do emblema original, a cores, em todos os equipamentos. Na proposta inicial, esta exigência limitava-se ao equipamento principal e ao alternativo, de forma a preservar a identidade visual nesses dois conjuntos. Contudo, após um debate alargado na Assembleia Geral e face ao feedback recebido dos sócios, ficou claro que a maioria dos associados defendia a utilização do emblema original a cores também no terceiro equipamento. Esta alteração foi aprovada com mais de 80% dos votos favoráveis. Assim, elimina-se a possibilidade de utilização de versões monocromáticas ou modificadas do emblema nos equipamentos de jogo. Estas variantes serão permitidas apenas em vestuário não destinado a competição, como equipamentos de treino, polos ou merchandising.
Com estas disposições, o Sport Lisboa e Benfica reafirma o seu compromisso com a preservação da identidade histórica, garantindo que os seus equipamentos continuem a refletir, com rigor, os valores e o legado que definem o clube."

Terceiro Anel: Lanterna Vermelha - S01 - Sorteio das Meias Finais

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Mercado - S08E02 - Águias de olho em promessa minhota

Zero: Tema do Dia - Caso Dani Olmo: o que está em causa?

Observador: E o Campeão é... - No Sporting e no Vitória "nada vai ser como antes"

TNT - Melhor Futebol do Mundo - Dani Olmo fora do Barça?...

ESPN: Futebol no Mundo #412 - Caso Dani Olmo e protagonismo brasileiro no Arsenal

Observador: Três Toques - Amorim ou Conceição: quem fará melhores compras?

BolaTV: Este Futebol não é para velhos #18 - Milan ou Barcelona, qual é o maior clube?

BolaTV: Lado B #20 - Especial Natal

BolaTV: Rivalidades #15 - O dérbi entre Palmeiras e Corinthians

O VAR foi uma das maiores conquistas do futebol moderno. Não há argumentos racionais que justifiquem o regresso ao passado


"A questão da “emoção” ou do “tempo perdido” esbate-se muito facilmente: a intervenção dos vídeo árbitros não está no top-3 dos motivos que mais fazem parar os jogos e a questão da quebra de emotividade não faz qualquer sentido, porque o que está em causa é a reposição imediata da verdade no jogo. Preferimos um partidaço emotivo, mas com mentira, (...) ou um jogo um bocadinho menos entusiasmante, mas com justiça? A escolha não é difícil

Roberto Rossetti, presidente do Comité de Arbitragem da UEFA, deu por estes dias uma entrevista ao La Stampa que vale a pena ler com atenção. O italiano abordou, sem preconceitos, a forma como vê o setor da arbitragem em tempos de grande exigência e pressão sobre os homens do apito.
Rossetti, um dos melhores árbitros da sua geração, fez a defesa intransigente da vídeo arbitragem, dando o exemplo do Argentina-México que arbitrou no Mundial de 2010: “Todo o mundo viu o fora de jogo de Carlos Tévez... menos eu.”
A sua sinceridade falou em nome de todos aqueles que não tiveram a felicidade de contar com essa ferramenta. Erros relevantes cometidos há uns anos seriam hoje corrigidos em dez, quinze segundos. Não deixa de ser frustrante, mas as coisas são como são.
No que me diz respeito, não tenho a mínima dúvida: a introdução da vídeo arbitragem foi uma das maiores conquistas do futebol moderno.
Apesar da sua ‘juventude’ - ainda não completou uma década de existência -, são incontáveis o número de jogos cuja verdade desportiva foi resgatada com eficácia.
Confesso, não percebo quem ainda defende o regresso ao futebol de antigamente. Não há, não pode haver argumentos racionais que o justifiquem.
A questão da “emoção” ou do “tempo perdido” esbate-se muito facilmente: a intervenção dos vídeo árbitros não está no top-3 dos motivos que mais fazem parar os jogos e a questão da quebra de emotividade não faz qualquer sentido, porque o que está em causa é a reposição imediata da verdade no jogo. Preferimos um partidaço emotivo, mas com mentira, ou um jogo um bocadinho menos entusiasmante, mas com justiça? A escolha não é difícil.
Olhem para os números: são incontáveis os penáltis que ficaram por assinalar ou que foram mal assinalados antes do VAR. Estamos a falar de milhares de golos mal validados ou por validar (lances de fora de jogo). Já para não contabilizar os vermelhos por exibir ou mal exibidos.
São tantos, mas tantos exemplos que é quase ofensivo referir um a um.
Hoje o erro continua a existir, não fosse o jogo jogado, treinado e arbitrado por pessoas. Mas são menos, muito menos do que foram.
O grande problema da tecnologia foi o do aumento de expetativas para o exterior. Desenhou-se a ideia de que a vídeo arbitragem terminaria com as más decisões nas quatro linhas, quando na verdade ela foi projetada para erradicar apenas as mais evidentes e factuais.
As outras (que são a maioria) ficarão sempre para a interpretação da equipa de arbitragem em campo. Nunca podem entrar nestas contas.
Ainda assim não deixa de ser verdade que há um conjunto de análises que não deviam acontecer, tendo em conta o auxílio precioso que as imagens hoje facultam. Quando isso acontece, estamos perante má vocação para a função, falta de treino adequado, relaxamento/desconcentração em sala ou mera incompetência técnica (para analisar situações à luz das leis de jogo).
Qualquer uma delas é grave em alta competição.
É fundamental criar, com tempo, planeamento e estratégia, um quadro específico de VAR's, totalmente independente da carreira de árbitro. Estamos a falar da separação de funções, tal como acontece agora com os árbitros assistentes.
Essa evolução permitirá trabalhar de forma mais personalizada e dedicada, com treinos mais específicos e frequentes. Será aí que se perceberá quem é mais qualificado e quem não tem perfil para a missão.
O futebol tem que ser paciente com este processo, como é com tantos outros, aqueles mais impactantes, que demoram o seu tempo a crescer, maturar, solidificar. Mas a perspetiva é boa e as coisas irão melhorar bastante. Tenho essa convicção."

SportTV: NBA - S03E13 - Thunder e Cavaliers são os principais candidatos?

Carta aberta ao Jorge Jesus


"Querido Amigo: o Jorge Jesus é, para mim, uma trindade: o homem bom; o trabalhador incansável, porque nunca repousa, num trabalho de transcendência (não lhe basta o que faz, quer sempre fazer melhor); e o excecional treinador de futebol. De facto, é mais conhecido como treinador de futebol de muitos méritos. A quem intente depreciar o mister Jorge Jesus que leia o seu currículo desportivo (agora enriquecido com o título de melhor treinador do Médio Oriente) e a resposta será concludente: um (repito-me) excecional treinador de futebol.
Não sabe Jorge Jesus fundir, sintetizar, concentrar numa obra de pensamento sistematizado e depurado a teoria da sua prática? Será trabalho para uma futura (ou nascitura?) tese de doutoramento de um jovem, tenha a idade que tiver. Fui adjunto de Jorge Jesus, no Benfica. Pude sentir como, a treinar, a sua eloquência se expande sem disciplina crítica, num livre jogo de intuições, observações, reminiscências, mas que os jogadores entendem e fazem suas. Jorge Jesus, nas suas palestras aos seus jogadores, tem a mesma espontaneidade, a mesma incerteza, a mesma emoção que ressalta de um jogo de futebol.
Mas o futebol não é mais do que futebol? Sem dúvida! Por isso, nenhum treinador é perfeito. Acontece com os grandes treinadores (e com os grandes homens, afinal) o que acontece com os quadros dos grandes pintores: tiram o seu relevo e a sua beleza do mesmo contraste de luz e sombra. E só à distância nos dão a ilusão de perfeitos.
À distância, quando os historiadores se deitarem ao estudo do currículo desportivo de Jorge Jesus concluem, por certo, que ele foi bem mais do que o melhor treinador do Médio Oriente. E o que nele há de mais saudavelmente espontâneo, até distante da tarefa reflexiva e elaboradora, é espontâneo, porque Jorge Jesus é sinónimo de futebol!
Na gala dos Globe Soccer Awards, que se realizou, no Dubai, a 27 de dezembro, subiram ao palco, para receberem os respetivos troféus, Jorge Jesus e Cristiano Ronaldo, dois portugueses: este, aos 39 anos ainda consegue ser o melhor jogador do Médio Oriente (acabo de aludir ao melhor jogador de futebol de todos os tempos, segundo muitos dos entendidos); aquele, porque ganhou, invicto, o campeonato saudita, como treinador do Al Hilal.
Quando comecei a trabalhar, com o meu Amigo, no Benfica, surpreendia-me a sua rápida e certeira leitura do jogo. Só mais tarde percebi que o Jorge Jesus vê o futebol com inocência e, portanto, o vê na origem. Entre Educação e Conhecimento a relação parece estreita, direi mesmo: íntima. E a educação, tendo a aula como referência central, parece ser o radical fundante do conhecimento.
Na Sociedade do Conhecimento, o excluído é o que se encontra excluído do conhecimento e portanto da escola. E o meu Amigo? Praticamente sem escola, sabe mais de futebol do que muitos (quase todos?) os licenciados, os doutorados, em educação física e desporto, ou em motricidade humana. Na Sociedade do Conhecimento (se bem penso) é preciso passar de uma educação que reduz o aluno a comandado, cujo horizonte de vida não pode ultrapassar o do professor, para uma educação permanente que só a vida pode proporcionar. Sem dispensar a escola, evidentemente. «Questionar não é só desconstruir; é também relativizar, olhar de outro ângulo, de outro contexto» (Pedro Demo, Educação e Conhecimento, Editora Vozes, Petrópolis, 2000, p. 132). E portanto relativizando a escola, deixando entrar nela, em verdadeiro processo dialético, a teoria e a prática de profissionais, como Jorge Jesus que, sem escola, também nos podem ensinar futebol — como o seu currículo desportivo o atesta.
Fui adjunto de Jorge Jesus, no Benfica. E, sendo embora licenciado e doutorado e professor agregado, aqui digo, publicamente, que muito aprendi da sua lucidíssima inteligência. Sim, por vezes, ele é um orador que parece narcisar-se com a sua linguagem. E porquê?
Sobre o mais, porque os seus habituais ouvintes, os seus jogadores, findas as palestras do seu treinador, e tendo mesmo em conta o espírito de rebeldia que anima os mais jovens, não escondem a sua admiração: «Este homem diz-nos de futebol o que ninguém nos disse.» E alguns chegaram a confidenciar-me (não minto): «Melhor treinador do que este? Não conheci, nem conheço.»
O sr. José Maria Pedroto que, com o apoio fraterno de Jorge Nuno Pinto da Costa, transformou radicalmente o futebol do FC Porto, era da opinião que o melhor treinador de futebol era sempre o ex-jogador da linha média. E acrescentava: «Vê o Manuel José e o João Alves? Sabem pensar o futebol. Não tenho receio em vaticinar: 'Serão, no futuro, grandes treinadores'.»
E foram. E ainda professava à minha ignorância futebolística: «O jogador da linha média precisa de ter, em todos os momentos do jogo, uma visão global desse mesmo jogo, para saber servir os seus companheiros.»
De José Maria Pedroto até hoje, o futebol evoluiu. Não só no treino, mas também taticamente. Hoje, deverão ter uma visão global do jogo todos os jogadores de um desporto coletivo. Mas será de salientar como o sr. Pedroto, há mais de 50 anos, já desejava, para a sua equipa, verdadeiros (e sirvo-me de uma expressão muito atual) «trabalhadores do conhecimento».
Evoco sempre com enternecimento o nome de Pedroto. Era um profissional de futebol com um saber disponível para a eternidade Ora, o meu Amigo sempre jogou na linha média. Se vivo fosse, o sr. Pedroto apresentá-lo-ia como exemplo da sua tese. Mas eu só queria dizer-lhe, uma vez mais, que o direito à vida se confunde, hoje, com o direito de aprender e que o meu Amigo é um dos meus Mestres.
Seu
Manuel Sérgio"

A piteira matou Piteira na história do Trio dos Ossos


"Hélvio fumava como um tubo de escape e era fininho, fininho, de osso bater com osso.

Piteira: em brasileiro é boquilha. Hélvio Pessanha Moreira era um furioso fumador e usava piteira. O povão não perdoou: passou a chamar-lhe Hélvio Piteira. Na verdade o próprio Hélvio, finguelinhas, de canelas finas, quase estaladiças, meias sempre em baixo, num molhe por cima das chuteiras, tinha algo de piteira na figura. Era Piteira e ficava-lhe bem. Em garoto, vindo lá do Bairro de Humaitá, em Niterói, (diacho que agora me lembrei do Humaitá, que jogou no FC Porto!), fazia de tudo como as mulheres a dias do antigamente. Isto é, começou a lavar roupa como ponta-esquerda de uma equipa amadora da rua onde morava, depois varreu o chão como volante, ou trinco, se preferirem, até se instalar como defesa-central, assim tomando conta do quintal das traseiras onde não passava nem passarinho, que é bicho de passar, se não não lhe tinham dado esse nome. Trabalhou para o Ministério da Marinha e ser profissional de futebol nunca lhe mereceu um pingo de interesse até chegar o Fluminense em 1944, batendo o pé da insistência e obrigar Piteira encolher os ombros e dizer que sim. Tinha vinte anos. Nascera no Campo dos Goycatazes no dia 20 de janeiro de 1924. Sujeito pacato de não se meter em encrencas. O mundo todo à sua frente. Aliás, o único que ficava atrás dele era o guarda-redes, pois então. Juntou-se, com a camisola tricolor vestida, a dois outros defesas, Mirim (que se chamava de verdade Valdemiro Teixeira) e um tal Ponce de León, com a sonoridade de fidalgo espanhol do tempo em que Pizarro caçava Atahualpa Yupangi no Vale do Urubamba, com uma sede devoradora do ouro dos incas. Os três juntos pareciam um. Eram tão, tão magros, que ficaram conhecidos por Trio de Ossos. De cada vez que entravam em campo era como se ouvíssemos um chocalhar de esqueletos igual ao do Comboio Fantasma da Feira Popular da minha infância. Mas eram ossos rijos, tenham lá calma. Sobretudo os das canelas calejadas de Hélvio Piteira. Chico Formiga, que jogou com ele no Santos, que o comprou ao Fluminense por 150 mil cruzeiros em 1949, dizia que Hélvio, «apesar dos caniços finos, sempre foi um defensor implacável no desarme e quase imbatível nas disputas pelo alto». Eram tempos do catano, e não há que ter medo da palavra. Do catano, meus amigos! Vejam só como entraram em campo as equipas do Olaria e do Fluminense no dia em que, com uma exibição francamente intolerável por parte de Piteira, os das Laranjeiras venceram por 8-2. Olaria: Zezinho; Leleco e Lamparina; Valter, Cláudio e Ananias; Alcino, Cidinho, Baiano, Zoé e Esquerdinha. Fuminense: Tarzan; Pé de Valsa e Hélvio Piteira; Índio, Mirim e Bigode; 109, Maneco, Simões, Orlando e Rodrigues. Convenhamos: com estes vinte e dois em campo quase era possível escrever um romance machadiano, do género das Memórias Póstumas de Brás Cubas ou coisa assim. Eu, por mim, pegava nos nomes de todos e escrevia-os para sempre na parede branca da memória. Lamparina? Zoé? Pé de Valsa? Brincadeira. Como diria Nelson Rodrigues depois de ver umas fintas do Garrincha: «Isso aí não existe!». E 109??? Há lá nome melhor para um ponta-direita do que 109???!!! Nem 115. E 115 tinha de jogar no meio, nos serviços de urgência que afastavam perigos e assustavam defesas. Defesas é como quem diz. Não assustavam o Piteira. Nos jornais da época gabava-se a sua capacidade de ser ‘sem-pulo’. Eu explico: ’sem-pulo’ porque era tão mais rápido que os avançados contrários e tão mais alto do que a maioria deles que, muitas vezes, despachava os lances pelo ar sem tirar os pés do chão. Nas bancadas, a populaça delirava. E gritava: «Sem-pulo! Sem-pulo! Sem-pulo!». Logo a seguir, Hélvio contrariava a voz do povo e, de repente, voava como um albatroz de asas aguçadas, os braços também fininhos, toda a ossatura tão leve que desobedecia à Lei da Gravidade. Muitas vezes jogava de barrete na cabeça. Barrete tricolor que o destacava no meio de todos os outros, como se isso fosse preciso. Depois, a piteira matou Hélvio Piteira. Fumava como um tubo de escape, apanhou cancro na garganta. Aos 60 anos, um ataque de tosse levou-o até ao céu como se fosse uma nuvem passageira…"