Últimas indefectivações

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Ainda o Mundial, agora o defeso e sempre Shéu

"Não que não tenha havido momentos empolgantes neste Mundial mas de um modo geral foi tudo muito sensaborão

1. O Mundial de futebol está a acabar. Surpresas atrás de surpresas, eis que - à hora que escrevo - há quatro selecções semifinalistas, todas europeias e nenhuma favorita à partida, se exceptuarmos a França. Pelo caminho ficaram, ainda na fase de apuramento, a tetra-campeã Itália, a três vezes finalistas vencida Holanda, depois na fase de grupos, a poderosa Alemanha e ainda campeã em título, a que se seguiram a Argentina em fase de decadência e o Brasil em roteiro de brinca-na-areia em que vem há muito insistindo. E também Portugal, que não sendo considerado favorito, é campeão europeu e pouco fez de registo para recordar. Este tem sido o campeonato onde verdadeiramente nenhuma selecção se evidenciou claramente melhor do que todas as outras. Ao contrário, há quatro anos, com a Alemanha e há oito anos, com a Espanha, as suas vitórias foram uma expressão natural e expectável da competição.
Cá para mim, gostaria que fosse o Reino da Sua Majestade a levantar o ceptro. Não porque empolgue, antes e sobretudo porque admito a simplicidade e nobreza que é apanágio do futebol jogado à inglesa, onde este grande desporto nasceu e se desenvolveu. Voltaríamos, assim, a 196 e ao seu único título conquistado depois de derrotar Portugal e a Alemanha. Reconheço, porém, que a França é mais poderosa e a Bélgica tem o melhor futebol das quatro selecções.
Curiosa é a circunstância de, desde 1998, o país anfitrião não conseguir ganhar o campeonato mundial. Nalguns casos, compreensivelmente, como a África do Sul, Coreia do Sul e Japão, noutros com decepção para os fortes países organizadores (Brasil e Alemanha).
Estes torneios são, cada vez mais, grandes acontecimentos planetários, com uma mediatização global constante e muito dinheiro em redemoinho, mais tarde ou mais cedo, pago pelos consumidores sem disso darem conta. Mas, quanto ao futebol jogado, vão piorando de quadriénio em quadriénio. Dos muitos que já acompanhei pela televisão, classifico este como o pior. Não que não tenha havido momentos empolgantes e alguns (poucos) jogos de excelência, mas, de um modo geral, foi tudo muito sensaborão, com minutos e minutos seguidos de futebol pastoso, sonolento e desinteressante. Cheios de tácticas medrosas e do medo de perder, os jogos arrastaram-se até ao sono a que, por vezes, sucumbi e à guilhotina do zapping que usei com conta, peso e medida.
Também ao nível das individualidades não houve nenhum jogador que tenha maravilhado. Precocemente afastados, Ronaldo e Messi não marcaram este mundial. Neymar foi uma desilução. Houve, é certo, jogadores num nível mais elevado, mas não hegemónico. Falo de Mbappé, Modric, Lukaki, Courtois e pouco mais.
Um ponto merece, em qualquer caso, ser revelado: a serenidade com que decorreu este campeonato, sem vandalismos ou actos de agressão de qualquer espécie. E, também, no que se refere às selecções que, de um modo generalizado, trabalharam com fair-play, mesmo nos momentos mais delicados de derrota ou de eliminação.
Assinalo ainda, com agrado, o excelente nível de transmissão de jogos feitos pela televisão russa. Se é certo que o que se passou nos relvados chegou até nós com elevado nível, designadamente nos pormenores que, não raro, é onde reside a diferença de qualidade, o que aqui refiro como mais conseguido foi o modo humanizante, oportuno, estético e sagaz como nos forneceram imagens e momentos em redor das partidas. Pormenores soberbos da festa na assistência, instantes nas bancadas que radiografaram a alma de espectadores entre a euforia e a decepção, momentos de saboroso convívio familiar e geracional que, em suma, nos transmitiram o itinerário para e em redor dos jogos. Por fim, a capacidade de seleccionar através de imagens o que se passou nas entranhas dos jogadores, homens vencedores e vencidos, após os jogos.

2. Entretanto, prossegue o mercado, pois claro. Creio, aliás, que muitos jogadores no Mundial se preocuparam mais com transferências reais ou virtuais do que com o torneio. Temos ainda mais de mês e meio à frente, com uma oversode de trocas, baldrocas e tapiocas.
Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões. Milhões.
Está o leitor cansado de ter tantas vezes milhões? Pois é isto que ouvimos e lemos a toda a hora neste defeso. Discutimos estes milhões como se de trocos se tratassem, como se fosse a coisa mais banal do mundo. Este ganha 3 milhões (líquidos com certeza, que é coisa diferente do que o comum dos mortais sente com o bruto nos impostos), aquele só assina por 4 milhões, a transferência está presa pela minudência de 5 milhões. É um fartote, um mundo à parte, com um escrutínio muito duvidoso e com o cagaço de os poderes políticos não se meterem e nada regulamentarem. Ao mesmo tempo, mais ou menos 5 euros num salário mínimo nesta Europe decadente ou vencimento de um alto funcionário de uma qualquer administração pública que cabe num dedo do salário de um futebolista mediano vindo de um qualquer canto do mundo é, aí sim, um caso sério que se discute ferozmente.

3. Felizmente ainda há espaço - embora cada vez mais diminuto - para falar de exemplos que perduram acima e para além dos milhões. Exemplos de carácter, de profunda dignidade profissional, de lealdade incondicional ao seu clube, de sensatez e de integridade em qualquer hora e em todas as funções. Refiro-me aqui a Shéu Han. Tenho bem presente o jogador de eleição que sempre foi, sem alardes de vedeta efémera, com a proficiência de um trabalho constante que, na minha memória, melhor personificou o atleta eticamente irrepreensível na lealdade para com colegas de profissão, que deveria constar dos manuais de acolhimento para todos os jovens que se lançam neste ofício. Sempre discreto, sempre atento, sempre um senhor, Shéu foi depois, em múltiplas funções, um responsável que serviu com toda a nobreza o seu clube de sempre, o Benfica. Entendeu agora terminar com as suas funções de secretário técnico e, no momento da despedida, quer Luisão, quer Rui Costa sintetizaram o seu perfil e percurso sem mancha. Impossível não ter saudades deste grande exemplo do futebol e do Benfica. Como benfiquista, o meu obrigado infinito a Shéu.

Contraluz
- Sorteio (I): a culpa foi da assistente...
... assim se decretou quando se deu pelo erro de trocar um 6 por um 9. Muito comum, esta conclusão de se atirar a responsabilidade para o elo mais fraco. Então que tal o 6 e o 9 terem um tracinho por baixo, como sempre aparece até nos jogos infantis? Então ninguém detectou logo o erro, no meio de tantos técnicos e funcionários da Liga?
- Sorteio (II): se o Benfica jogar os dois jogos do play off...
... de acesso à Champions enfrentará o Sporting no meio dessas duas partidas. Li e ouvi que deveria ter sido acautelado este «pormenor», como parece, aliás, que aconteceu antes. Mas será que nas primeiras semanas de competição as equipas não poderão jogar duas vezes numa semana, sem que isso, só por si, seja um factor de desvantagem?
- Ciclismo:
Começou a maior prova do calendário do ciclismo, o Tour de France. Felizmente, com Chris Froome. Para mim, a não perder a transmissão televisiva, um espectáculo dentro do espectáculo.
- Hóquei:
Vem aí mais um Europeu de Hóquei em Patins, desta vez na vizinha Galiza. Uma oportunidade para revalidarmos o título, já que o campeonato do mundo há muitos nos tem fugido quase sempre para a Espanha e também para a Argentina."

Bagão Félix, in A Bola

Goleada

"1. Madeira Rodrigues começou a perder as eleições a partir do momento em que anunciou Claudio Ranieri como novo técnico em caso de vitória. Porque desestabiliza (já critiquei a escolha de José Peseiro, mas está feita, e, mal ou bem, o clube tem de andar para a frente) e porque o sucesso de Ranieri no Leicester foi igual ao golo de Éder na final do Europeu. Momentos de glória que não os definem.
2. Para quem acabou de livrar-se do Bruno mau, não pode haver maior bandeira de esperança para o futuro do Sporting do que segurar o Bruno bom, que ontem em Alvalade deu uma das melhores conferências de imprensa de sempre do futebol português: chapeau!
3. Alguém acredita que Ronaldo escolheu a Juventus porque na primeira mão dos quartos de final da última edição da Champions, em Turim, os tiffosi da vechia signora aplaudiram aquele magistral golo de pontapé de bicicleta? Ronaldo vai para a Juventus porque é o clube de elite que quer e pode torná-lo no jogador mais bem pago do mundo, coisa que o Real não fez porque tem um daqueles presidentes que têm o ego maior que os jogadores. Onde é que já vi isto?
4. E também não venham tentar convencer-me que Carlos Vieira, eterno braço direito de Bruno de Carvalho (até ao fim, contra tudo e contra todos), pode decidir avançar sozinho para as eleições contra o seu Don Quixote. Não fosse o assunto tão sério e a saloia manobra de diversão até me faria sorrir.
5. Estão encontrados os novos campeões do mundo. O jogo decisivo disputou-se numa gruta em Chiang Rai, no norte da Tailândia, e terminou com uma goleada épica, resultante de uma estratégia táctica pensada ao pormenor e de um espírito de luta, sacrifício e união inabaláveis. Entretanto, dia 15 há um jogo qualquer de futebol em Moscovo.
6. Já não carrego no F5 há alguns minutos, vou ver se há mais candidatos à presidência do Sporting e novos Belenenses. Se for preciso snifo um pouco de amoníaco para aguentar o ritmo."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Quando o carrasco vira vitima

"Armando Nogueira (1927-2010), jornalista e escritor, um dos grandes génios comunicacionais do Brasil do século passado, escreveu: "O penálti é uma sentença de morte na qual o carrasco pode virar a vítima." O momento envolve múltipla tomada de decisão por parte de dois homens ao mesmo tempo, um que tem a bola nos pés e outro que, colado à linha de baliza, tem apenas as mãos para evitar a desgraça. A luta não é justa, porque os intervenientes na história não estão no mesmo patamar: o avançado só tem a perder – e há uma diferença fundamental entre quem só procura evitar a catástrofe e quem entra no despique para ser protagonista. No ‘tie-break’ do futebol há uma linha que separa o cumprimento da obrigação e a luta por inverter a regra, em diálogos que se resumem ao bem conhecido "eu sei que tu sabes que eu sei".
Tornou-se habitual recusar a ideia de que o penálti é uma lotaria. Que é competência e os melhores são especialistas, logo elementos valiosos no contexto global do plantel. Mas o treino, que serve para aumentar confiança e precisão, não teatraliza na totalidade as exigências inerentes: um jogador pode marcar 10 em 10 penáltis num treino, com bancadas vazias e irrelevância competitiva; pode dominar a corrida, a relação com a bola, com o guarda-redes e com a técnica de remate. Mas só quando chega ao jogo revela de que material é feito, pela pressão suplementar dos milhares nas bancadas, dos milhões nos quatros cantos do Mundo e da responsabilidade desmesurada sobre os tais carrascos que viram vítimas – muitos permanecem reféns de erros fatais que se perpetuam na memória comunitária.
Akinfeev, o capitão russo, não quis conversas com o adjunto quando este o abordou com um dossiê para lhe dar conta dos hábitos dos jogadores croatas. Fez-lhe sinal negativo e apontou para a cabeça enquanto bebia um gole de água, prova de que ainda não se rendeu às novas tendências tecnológicas: continua a pensar que bastam bons reflexos, poder intimidatório, capacidade para decifrar as intenções e boa memória para enfrentar o momento, dando rédea solta ao instinto e à observação do momento. Jorge Valdano disse que muitos escolhem um lado, voam e esperam notícias pelo caminho – como fez o croata Subasic quando parou o tiro de Smolov.
A Lei 14 obriga o guarda-redes à imobilidade. Walter Zenga, guarda-redes italiano dos anos 80 e 90, ironizou quando disse que "só falta taparem-nos os olhos com uma venda". O tempo transformou obediência em atrevimento e está hoje à vista que todos os guarda-redes se mexem (e bem) antes do disparo – o sujeito da acção deixou de ser só o marcador. Nestes momentos, o futebol deriva para um tiroteio especial. Pode não ser lotaria, mas os elementos diferenciadores não são os mesmos dos 120 minutos que ficaram para trás. As forças equiparam-se. É uma decisão à bofetada que não dignifica a grandeza do jogo, mesmo que lhe confira elevado sentido emocional e apele a todas as superstições. 
O medo alheio é uma arma do guarda-redes, por lhe assegurar vantagem táctica. Há quem faça tudo, por vezes até em demasia, para enervar o marcador, prolongando a angústia da espera, beliscando a confiança, gerando desgaste, criando nervos que diminuem a precisão. O penálti, que deixou nesta época de ser grande penalidade para o International Board, é o caminho mais próximo e seguro de todos quantos a lei autoriza para chegar ao golo. Antes, os envolvidos dividiam a esperança e a ameaça, num momento cuja decisão é desigual: alívio para um, dor para outro. Não é justo extremar sentimentos por tão pouco, nem é bonito que o jogo se decida num fuzilamento impróprio, apesar de ser potencial criador de heróis e vilões. Em 2018, pelo andar da carruagem, pode até definir o campeão do Mundo.

Modric e Rakitic são a alma croata
Modric e Rakitic estão para a Croácia, por talento e funcionalidade, como Xavi e Iniesta estiveram para o grande Barcelona – falta-lhes Messi mas esse é exemplar único e irreproduzível. O segredo para beneficiar da dupla magistral é encontrar forma de os integrar no colectivo. Com os russos jogaram muito recuados, com períodos de liberdade. Foi nesse parêntesis que a equipa jogou melhor e foi mais criativa.

Inglaterra mais forte que nunca
Quem apostava neles fazia-o em exclusivo com o coração; agora, quem põe as fichas nos ingleses pisca o olho à fortuna. A selecção de Gareth Southgate concentra, como nenhuma outra antes, qualidade individual com novas tendências estratégicas, tácticas e metodológicas. O esforço tem, pelo menos, duas décadas, mas só agora a ideia foi assimilada e até desejada pelos jogadores. Os adversários que se cuidem.

CR7 não deve perder o trono
Ronaldo foi um furacão que passou pelo Mundial: fez três golos à Espanha, um a Marrocos e saiu sem ruído. O problema é que Messi, Neymar, Salah e outros potenciais ‘Bola de Ouro’ também já estão em casa. A menos que nasça um herói esmagador até ao fim do Mundial, um Paolo Rossi dos tempos modernos, por exemplo, o trono vai continuar a ser de CR7. Mais ainda em ano de transferência para a Juventus."

O 13 da sorte e o Fascinante

"Moscovo - Nunca tive nada contra o número 13, nem pelo contrário, apenas contra a malta lá dos Olivais sul que tinha a mania de dizer treuze. Aliás, no totobola, o 13 é, pelo contrário, número de sorte.
Nunca mais fiz totobolas. Acho que desde o dia em que conseguimos um 13, eu e o meu primo Pedro, lá em Águeda.
O Bento e o Gomes estiveram no Mundial de 1986, que parece ter dado azar a toda a gente, a começar pelo próprio Bento, mas esta história é de muito antes disso. Num domingo ao fim da tarde, estávamos de radinho de pilha ao ouvido, escutando o que se passava na Luz, entre Benfica e FC Porto. De mão em mão, um papelito manhoso. Já tinha todos os quadradinhos confirmados até ao doze. Faltava o treze.Na Luz.
Para aí no último minuto (para nós já tinha passado da hora há horas), penalti contra o Benfica. Estava uma a um: isso lembro-me. E nós com a dupla: 1 e X.
Porra lá para o penalti!
Não me lembro quem o fez e não me lembro quem era o árbitro. Só me lembro do Gomes contra o Bento no último minuto na Luz e nós com o treze quase a cair para doze na mão.
O Gomes foi amigo. Ou o Bento. Aliás, sempre gostei dos dois, e o Bento foi embora cedo demais.
O Gomes falhou ou o Bento defendeu, pouco me importa. Era o treze!!!
Deu 21 contos. Gastámos quinze. Num Anglia Fascinante, aquele ao qual a malta chamava de Ora Bolas: gostavam da parte da frente e embirravam com o vidro de trás. Eu sempre fui fascinado pelo Anglia Fascinante!
Agora tenho outro. Quando apanhar o avião de Moscovo para Alcácer do Sal (via Lisboa), vou almoçar ao Fernando e Dália, lá no Porto Santana e, a seguir, de calção de banho, enfio-me no Fascinante e vou até á praia. Falar com Deus!"

A falta de ‘’Autoridade’’

"O “Ministério da Educação” só tem dois caminhos quando lida com questões do Futebol Profissional dos grandes clubes: ou os assume, como seus e os resolve, como uma prioridade, ou integra os clubes de Futebol Profissional na “Inspecção dos Espectáculos”

Com um grande mestre de Direito Internacional, nosso Professor há quase 50 anos, na “U.T.L.”, ex-ministro de Salazar, Prof. Henrique Martins de Carvalho, aprendemos o “Espírito da Lei”, o que é Razoabilidade, e a importância e relevância, do Direito Internacional nas relações e conflitos internacionais.
Mas a grande, e brilhante definição de Autoridade, quem não a soubesse, não passava no exame, que era feito de uma forma, que nunca tínhamos visto, (e esta já era a nossa terceira Licenciatura), o Professor sentava-se na cadeira do examinando e este na cadeira do Mestre ao que ele ordenava: faça-me o exame!
“Autoridade é a linha de força que mantém os homens fiéis a determinados fins. Em teoria são os fins do Estado (Conservação, Justiça e Bem-estar social), na prática são os que o Governo entende”...
Só que entre Território, População, e Governo, Justiça Comutativa e Distributiva, e, Direitos Sociais, sem esquecer a divisão e independência dos poderes, nada disto pode funcionar se não houver “Autoridade”.
Mas há 3 espécies de “Autoridades”: a primeira pelo conhecimento, a 2ª através de uma nomeação em “Diário da República”, a 3ª pelo número de pessoas que se podem “arregimentar”, para pressionar o Poder Político: Sindicatos!!! .
Mas quando não há, aparentemente, uma Autoridade, o que há é um Vazio de Poder.
E uma multiplicidade de autoridades é uma anarquia.
Sabemos que o “M.E.” (Ministério da Educação) não é perito em “Ciência Política” e muito menos a dita Secretaria de Estado da Juventude... e Desporto, que, sabe-se agora, tem especialistas em “Mirtilos”, mas sobre “Autoridade” sabem pouco ... .
Dizem que há uma crise no Futebol Profissional Português, parece que pode ter consequências graves, sobre tudo, por que estão a “mexer” no “ópio do povo”, e dizem também que é o “M.E.” que tutela o Futebol Profissional, dizem, mas ninguém aparece a exercer a sua Autoridade! . Será que se demitiram, ou que já foram demitidos, sem ninguém saber...?
É que é preciso saber gerir os bons e maus momentos do Futebol Profissional, já que não o querem integrar na “Direcção Geral dos Espectáculos”, onde devia estar.
Mas se Portugal ganhasse o Mundial de Futebol o Governo estaria, em peso, com um sorriso, a entregar a taça e várias condecorações..., disso não temos dúvidas...
Uma crise num clube “grande” de futebol, embora “Instituição de Utilidade Pública”, pode criar grandes embaraços ao Poder Político, que já está, neste sector, muito fragilizado com problemas sérios de “incompatibilidades” que o Ministério Público investiga.
Mas fingir que nada se passa, não resolve o problema e só agrava a situação, que se torna cada vez mais difícil, de ter um fim que, pelo menos, não arraste outros sectores para um “Buraco Negro”.
O “Ministério da Educação” só tem dois caminhos quando lida com questões do Futebol Profissional dos grandes clubes: ou os assume, como seus e os resolve, como uma prioridade, ou integra os clubes de Futebol Profissional na “Inspecção dos Espectáculos”.
Aliás é pena que não possam perguntar aos antigos dirigentes do “P.S.”, como dirigiam o Futebol depois do “25 de Abril”, já que faziam, exactamente, o mesmo que Salazar; é que é uma questão de regime e, por isso, é preciso dar-lhe relevância e importância, mesmo sem convicção, mas o que conta, em Política, é a eficácia.
Pensamos que o “M.E.”, terá, no futuro, que escolher assessores que percebam mais de Ciência Política do que de futebol e que a sua “Paixão” seja “levar a carta a Garcia” e não a paixão pelo Futebol que, no passado recente, obrigou dois Secretários de Estado a abandonarem o Governo, por terem ido a Paris, “À Boleia”, assistir a jogos de futebol.
Enfim, é sempre melhor exercer a Autoridade, de que se está investido, do que assobiar para o lado, por que isso enfraquece o Governo, o que, na nossa perspectiva, é mau para o País."

Alvorada... do Guerra

A Oeste de Pecos !!!


O "estado da nação" e do desporto em particular

"O desporto e o futebol em particular não podem ser compreendidos sem ter presente a conjuntura política, económica e social de Portugal.

Parte I
O "estado da nossa nação" tem, indiscutivelmente, implicações positivas no desporto de todos e para todos que ambicionamos alcançar, mas também implicações negativas, traduzidas nos problemas que afligem instituições e agentes desportivos actualmente: a falta de transparência e a corrupção, o ódio e a violência, a perda de competitividade e a falta de modernização, entre outros.
Mas já lá vamos. Vivemos no país da "geringonça", um exemplo de compromisso político e solução governativa viabilizada por partidos políticos (PCP e BE), que por natureza são contestatários face ao poder instituído. Do fracasso anunciado, a "geringonça" foi para além da lei da morte se libertando, vislumbrou uma saída, dirão alguns, aliviou o sufoco que o país ainda atravessa, dirão outros, perante uma crise económica e social que nos assolou enquanto sociedade, particularmente após 2012.
O ambiente político tem sido marcado pelo compromisso à esquerda, pacificação e concertação social e por uma uma oposição que não o tem sido verdadeiramente, marcada pela promessa adiada de renovação geracional e pela manutenção de um status quo que tem tornado, cada vez menos rica e plural, a discussão político-partidária no parlamento.
Somos, também, o país que tem ao leme duas figuras que interpretaram na perfeição a necessidade de compromisso político: Marcelo Rebelo de Sousa trouxe os afectos de que desesperadamente precisávamos, uniu os portugueses do litoral e do interior, exaltou um orgulho e a identificação nacional, que pareciam esquecidos nos tempos mais adormecidos do "cavaquismo" e da troika. António Costa trouxe a habilidade de enfrentar os momentos de tensão com diálogo e habilidade política, explorou as zonas cinzentas e potenciou políticas que, no curto prazo, voltaram a colocar a máquina a funcionar.
Talvez bafejados pelos ideais do bloco que suporta o governo, ou pela era digital e globalizada, em que tudo é informação e todos tendem a ter uma opinião sobre os acontecimentos, somos uma sociedade muito mais aberta, em que, pelo menos na aparência, a igualdade, a dignidade, a protecção social, o respeito pela diferença e a tolerância sob várias formas têm ganho terreno face ao conservadorismo que imperou teimosamente durante décadas. A distância entre Portugal e o mundo é hoje, indiscutivelmente, menor.

Parte II
Mas, será que o desporto, acompanhou esta tendência?
O desporto juntou-se à educação com o governo da "geringonça", numa simbiose que seria perfeita não fosse esbarrar na falta de programação política. Não existem verdadeiras linhas orientadoras para a actuação dos agentes do desporto, corremos ao sabor dos calendários competitivos e somos, profundamente, reaccionários face aos problemas que afligem essas mesmas competições. O movimento associativo continua no Portugal antigo e é, sobretudo, ao nível dos recursos humanos que se denota a causa de um certo estado de apatia.
Teimosamente, os portugueses são bombardeados através dos meios de comunicação social com o lado negro do desporto. O desporto, que tem um tremendo potencial económico e social, tem sido profundamente negligenciado, contrariamente ao que acontece noutros países mais "arrumados" quanto à política para o sector, quanto às pessoas que nele actuam e em relação aos valores sociais que se querem através dele promover.
No que ao futebol diz respeito, vivemos a duas velocidades. A Federação Portuguesa de Futebol, sob o magistério do Dr. Fernando Gomes, alavancou um projecto que tem garantido o sucesso das selecções nacionais, a qualificação dos quadros e a implementação de medidas que beneficiam o desenvolvimento do futebol desde as suas estruturas de base. A cidade do futebol é o centro de conhecimento e, nessa dinâmica, não posso deixar de destacar o quanto me orgulho do envolvimento de ex-jogadores profissionais nas estruturas directivas e operacionais da Federação, o que, durante décadas, foi verdadeiramente segregado.
A velocidade cruzeiro da FPF contrasta com a do associativismo desportivo em geral. A visão integrada de todos os clubes e estruturas desportivas esbarra no individualismo patente, na rivalidade desmedida, no desentendimento em matérias que exigiam um compromisso ao género da "geringonça". Os chamados "três grandes", que potenciam o lado comercial do desporto, não estão isentos de culpa neste ambiente de conflitualidade que dificulta a modernização do sistema. Se olharmos ao rendimento gerado por esta modalidade a ao impacto na economia local e nacional, é elementar que este problema não se circunscreve às paredes do sistema desportivo, a degradação do futebol é também a degradação da sociedade portuguesa e da sua imagem no mundo.
Como referi, a falta de programação estratégica para o sector preocupa, assim como preocupa a proliferação de fenómenos criminosos que tiveram o epicentro da sua exposição mediática, na época que findou, com a invasão da Academia do Sporting, em Alcochete.
Entrámos, indiscutivelmente, num ciclo vicioso: a falta de qualificação dos recursos humanos, a intolerância e o discurso do ódio, a incapacidade de compromisso dos nossos dirigentes e, sobretudo, a omissão dos que poderiam trazer novas ideias e medidas programáticas para o sector, impedem-nos de explorar o seu verdadeiro potencial, ao mesmo tempo que nos obrigam a correr atrás do prejuízo e dos fenómenos altamente gravosos para a imagem do desporto português, seja ao nível da falta de transparência e corrupção, seja ao nível do ódio e da violência que proliferam pelos recintos desportivos e fora deles.
Não tenhamos ilusões, o desporto é parte da sociedade e talvez o maior receptáculo dos problemas que esta apresenta em cada momento. O que nos tem limitado enquanto país, é a incapacidade para obter compromissos, definir medidas que não mereçam contestação e requerem acções concertadas. 
No Sindicato dos jogadores a estratégia política está traçada e áreas estratégicas de intervenção bem definidas, sabemos para onde queremos ir. No apoio jurídico, na educação e promoção das carreiras duais, na saúde e bem-estar, na comunicação, na investigação ou na promoção do futebol feminino queremos, dentro da nossa identidade, assegurar os direitos e legítimos interesses dos praticantes, ao mesmo que tempo que pugnamos por novas garantias para os futebolistas e as futebolistas, respeitadoras da sua condição de atletas, trabalhadores e pessoas. Nessa perspectiva, inspiramo-nos do que melhor existe lá fora e integramos a FIFPro com a convicção que de podemos enriquecer ainda mais o trabalho que fazemos a nível interno.
A visão 360 graus do Sindicato pretende alcançar e dar resposta a todos os problemas que assolam os nossos associados ao longo da sua carreia e depois de penduraram as chuteiras. Foi por isso que, perante a falta de qualificações, concebemos um programa de educação e formação à medida para os jogadores, desenvolvemos um programa de educação financeira, diagnosticando a forte iliteracia e gestão inadequado dos recursos financeiros obtidos pelos praticantes, apresentámos um projecto de saúde mental que pretende levar aos jogadores que lidem com perturbações deste foro ajuda médica especializada e constituímos um Fundo de Pensões que, juntamente com uma proposta de alteração legislativa, pretende responder às necessidades de financiamento e protecção social do jogador em momentos críticos do seu percurso: final de carreira, desemprego de longa duração, lesão ou doença grave e incapacitante. Na relação com a comunidade estamos em múltiplos projectos internacionais, financiados pelos programas Erasmus +.
Em síntese, o Sindicato reconhece o potencial do futebol e dos seus protagonistas e, por isso, define na sua actuação diária o exercício responsável das suas competências, em diálogo e concertação social, convictos que é das relações entre pessoas e pelas pessoas que representamos que faz sentido actuar no sistema desportivo.
E se o futebol, onde o interesse da competição se sobrepõe ao interesse individualizado dos seus actores, e onde sem equilíbrio competitivo não há negócio, não é possível criar uma solução ao género da "geringonça", preocupa-me e não posso deixar de questionar, que solução de futuro haverá para o nosso futebol?
Deixo apenas uma certeza, dado o progresso da sociedade Portuguesa, é o futebol que terá de correr atrás da modernização e valorização, e não o oposto."

O som de uma promessa a quebrar-se

"A França tem esse talento para esvaziar os sonhos dourados dos outros nas meias-finais. Reparem: esvaziar. Não é rebentar. É mesmo ir esvaziando lenta e cruelmente os sonhos alheios.

Ouviram? Foi o som de uma promessa a quebrar-se. Outra vez, embora de forma diferente. Parecia que era desta que a geração de ouro belga iria até ao fim. Cinco jogos, cinco vitórias. A recuperação heróica contra o Japão. A primeira parte de luxo contra o Brasil. A segunda parte de resistência e Courtois. Não havia dúvidas. Só faltava uma última curva, azul e enganadora. Uma curva onde a geração de ouro de Portugal se despistou uma vez, um muro onde se estampou novamente, numa altura em que do ouro original só restava Figo e algumas memórias brilhantes. É que a França tem esse talento para esvaziar os sonhos dourados dos outros nas meias-finais. Reparem: esvaziar. Não é rebentar. É mesmo ir esvaziando lenta e cruelmente os sonhos alheios.
No jogo de hoje, a Bélgica entrou brasileira, a dominar com a bola no pé. Dava impressão de estar a enredar o adversário numa teia. O jogo era como que o prolongamento das partidas anteriores. Os belgas jogavam como quem acabou de eliminar o Brasil num encontro épico. Os franceses jogavam como quem acabou de despachar o Uruguai num jogo deliberadamente morno. A diferença é que a Bélgica demorou a perceber que estava num jogo diferente, enquanto a França sabia desde o início que o jogo era outro. Eis outra arte dos gauleses, pelo menos destes: fazem-se de mortos e, no último momento, escapam à ferroada fatal. Mérito de França e de Lloris, que fez uma defesa de importância gordonbanksiana. Demérito dos belgas, a pairar como vespas, a picar como borboletas.
As gerações de ouro, como a belga, têm destas coisas. Na hora h, não sabem matar. Aos poucos, começaram a morrer, a perder forças, discernimento, clareza de raciocínio. Então sofreram um golpe tremendo e, por muita que fosse a confiança no talento dos jogadores, percebeu-se que só por milagre poderiam restabelecer-se. Nos minutos após o golo de Umtiti, no início da segunda parte, a França cresceu, começou a parecer-se mais com o monstro que é. A Bélgica minguou. Estar a perder 1-0 com esta França é muito pior do que estar a perder 2-0 com o Japão. Os jogadores belgas sabiam disso melhor do que ninguém e jogaram como se quisessem que toda a gente soubesse que eles sabiam.
Hazard, um destro com génio de esquerdino, andava às voltas sem sair da lâmpada. De Bruyne, a bússola da equipa, desmagnetizou-se. Lukaku era servido como um português numa esplanada algarvia em Agosto. Do outro lado, Varane reinava, imperial. Kanté continuava a sua saga de recuperação de bolas. Griezmann descia para pegar no jogo. E Giroud descobria a sua verdadeira vocação como trinco. O jogo seguia para o final. Da perspectiva dos belgas, era uma marcha fúnebre a avançar com uma lentidão mais sádica do que respeitosa. O som da inevitabilidade, como diria Mr. Smith. Um som tão medonho e inelutável que, no jogo dos quartos-de-final, pôs um gladiador como Giménez a chorar muito antes do derradeiro apito do árbitro. Para os franceses era o som de uma eficiência com o seu quê de cruel pois dá ao adversário a ilusão, pelo resultado, de que esteve muito perto de os bater. Mera ilusão.
Nós sabemos como custa. Em 2000, consolámo-nos com a história da “mão” de Abel Xavier. Em 2006, aceitámos o destino com uma resignação, um estoicismo, que, à sua maneira imperfeita, foram heróicos. Recuámos sem azedume e quis o mesmo destino que, dez anos depois, servíssemos a mais fria das vinganças por meio de um guião tão perfeito que só podia ser fortuito. Os belgas saíram sem aquele estrondo da humilhação que concede aos adeptos o prazer possível do desabafo e da crítica selvagem. Saíram depois de terem feito um grande campeonato, de terem provado que são uma grande equipa e não apenas um conjunto de jogadores talentosos e com a consciência tranquila de quem sabe que, por vezes, tudo isso é insuficiente para ganhar um campeonato do mundo. Sobretudo quando o asfalto da última curva antes da glória está pintado com o azul traiçoeiro da França."

“Dostoievski é botafogo”

"Sochi – Paulo Mendes Campos, escritor e jornalista mineiro, entrou nesta curiosa comparação: “Miguel Ângelo é botafogo, Leonardo é flamengo, Rafael é fluminense; Stendhal é botafogo, Balzac é flamengo, Flaubert é fluminense; Bach é botafogo, Beethoven é flamengo, Mozart é fluminense. Dostoievski é botafogo, Tolstoi é flamengo (na literatura russa não há fluminense); Baudelaire é fluminense, Verlaine é flamengo, Rimbaud é botafogo; Camões não é vasco, é flamengo, Garrett é fluminense, Fernando Pessoa é botafogo.”
Ele lá saberá, não entro em tal discussão.
Prefiro ver Dostoievski como Pelé. Pelé fazia o óbvio, mas o óbvio dele era impossível para os outros: fintava cinco defesas e a gente sabia que ele fintaria os cinco defesas, depois o guarda-redes, e o golo perfeito. Ficamos a pensar como aquilo foi feito, mas incapazes de repeti-lo. Dostoievski era Pelé misturado com Yashin: a sua parte negra tem um homem branco vestido de preto e a sua noite branca é um preto vestido de branco (camisola do Santos). Garrincha, por sua vez, era o óbvio pouco nítido. Vicente Feola, selecionador brasileiro em 1958, quis obrigá-lo a não fintar. Pôs uma cadeira no campo e disse: quando chegares à cadeira tocas para o companheiro do lado e vais receber a bola dele para lá da cadeira. Garrincha encolheu os ombros, foi direito à cadeira, passou-lhe a bola pelo meio das pernas e seguiu a sua correria.
Garrincha fintava os mesmo cinco defesas como Pelé, guarda-redes também, mas não fazia o golo perfeito: voltava para trás para fintar todos outra vez. Ora, isso não é Dostoievski. Isso é Kafka descarado. Depois da finta de Garrincha, todos os adversários ficavam como Gregor Samsa, acordando de repente transformados em enormes escaravelhos."

Benfiquismo (DCCCLXXXV)

Mãos à obra...!!!
O início do velhinho Estádio da Luz...

Vermelhão: Finalmente, bola a rolar...

Benfica 3 (4) - (3) 0 Napredak


Aí está, a bola já roda...
Primeiro jogo da época, com os habituais 'prós e contras'!!! A saudade de ver o Benfica era grande, mas entre o cansaço das cargas físicas, as faltas de ritmo, os jogadores novos (e este ano são muitos...), e as muitas substituições, nunca se 'vê' muito futebol... Esta pré-época, ainda vai ter mais uma variação: vamos jogar nos dois modelos: 433 e 442... Eu defendo esta opção, mas numa fase inicial, principalmente com os jogadores novos, poderá haver alguns problemas...

Mesmo assim, destaque os novos: Conti, Lema, Alfa a responderem positivamente... o Gedson, Heri e o Félix a dizerem que querem um lugar no plantel principal... o André Ferreira a mostrar qualidade... o Castillo a marcar...

Seis notas:
- o Parks não é, nem nunca será um '6' para o Benfica, é e será um bom '8' num modelo de três ou dois médios;
- gostaria de ver o Rafa na esquerda...;
- os Centrais Argentinos mostraram qualidades, jogadores diferentes, mas vão ser opção... mas ambos têm que apreender a jogar com as 'linhas subidas', algo que nunca fizeram nos anteriores clubes... muito trabalho para o treinador, e principalmente para o Jardel e o Luisão nas aulas que vão ter que dar...;
- o Alfa entrou a 'matar', creio que depois destes minutos, ninguém ficou com dúvidas sobre o mérito da decisão em 'recuperar' o médio!!!
- quando se discute o plantel do Benfica para a próxima época, tornou-se recorrente o argumento, já temos Extremos a mais... pois, eu discordo! Precisamos de flanqueadores que consigam desequilibrar ofensivamente... não é uma questão de quantidade, é uma questão de qualidade!!!
- Jonas totalmente recuperado! Admito que fiquei algo receoso com a lesão do Jonas no final da época e duvidei se com a idade dele, seria possível ter o Jonas 'solto', aquele Jonas que nós gostamos!!! Mas hoje foi visível que fisicamente está recuperado...

Shéu Lisboa e Benfica

"A ideia de Benfica é uma construção assente nas histórias concretas de todos aqueles que ajudaram a construir um clube garboso, plural e democrático: o Cosme Damião e o Félix Bermudes que sonharam alto e, desde baixo, deixaram uma inscrição popular definitiva na nossa agremiação; o Rogério Pipi e, depois dele, o José Águas que encheram as balizas de golos, inaugurando uma senda vitoriosa; o Coluna, o Eusébio e o Simões que nos ofereceram a Glória internacional; o Toni que, na sua bonomia e generosidade, tem a capacidade única de representar todas as qualidades do benfiquismo; e o Chalana, o Diamantino e o Carlos Manuel, capitaneados pelo gigante Bento, que juntaram as vitórias a uma vontade indómita, bem portuguesa, sustentada no antes quebrar do que torcer.
Se nomeio estes exemplos é porque, no essencial, são excepções, hoje ainda mais raras. O Benfica é nosso: dos adeptos que ficam sempre e não de dirigentes e jogadores que, transitoriamente, nos representam ou envergam o manto sagrado.
Há, contudo, um nome que não referi e que ajudou a construir a ideia de Benfica: o Shéu Han. Quando primeiro comecei a ir ao velho Estádio da Luz, no início dos oitenta, já o Shéu por lá andava há mais de uma década – sempre com uma delicadeza quase silenciosa na forma como tocava na bola e uma sobriedade elegante que o diferenciava em campo. Enquanto dirigente, transportou essa mesma moderação que exibia nos relvados para as estruturas do clube e, no meio de muitas tormentas que tivemos de ultrapassar, o Shéu lá estava sempre, como referência moral de ponderação e educação. Visto da bancada, como jogador ou como secretário-técnico, o Shéu foi sempre um pêndulo de sensatez e de racionalidade. Duas qualidades tão necessárias como escassas num clube de futebol. 
Mas foi, também, o Shéu contido quem melhor nos representou na forma como festejou exuberantemente com o Luisão a conquista do tetra, que nos devia ter levado ao penta. Aquela imagem celebratória, de dois gigantes que, em pleno relvado, se abraçam, perdurará como espelho do benfiquismo. De alguma forma, foi naquele abraço que nos encontrámos todos, adeptos e equipa. 
Não nos despedimos do Shéu, porque ele também é o Benfica. Mas, agora, que, a seu pedido, abandona as funções que desempenhou no clube nas últimas décadas, o Benfica não lhe pode agradecer apenas com um vídeo, lançado nas redes sociais, em pleno verão. O mínimo que podemos fazer é, num dia de Luz cheia, aplaudi-lo de pé, reconhecendo a forma como o Shéu nos representou e projecta uma imagem consentânea com a ideia do Glorioso. Aliás, por aquilo que corporiza, o Shéu Han podia bem ser o prefixo do nome do nosso clube: de Lisboa e de Benfica, mas construído a partir de uma matriz cosmopolita e moralmente íntegra, que, nós sócios, temos o dever de defender. Em todos os momentos."

Pedro Adão e Silva, in Record

As novas leis do desporto

"O Conselho Nacional do Desporto (CND), órgão que engloba o ecossistema das instituições desportivas, reuniu na semana passada, pela primeira vez após a conturbada fase final da época 2017/18.
Tive oportunidade de voltar a dirigir aos conselheiros a mensagem de que o CND pode, pela sua natureza e dignidade, ser reformado e ter no sistema desportivo uma preponderância muito maior do que tem, pela qualidade, especialização e experiência dos membros que o compõe. O CND pode e deve ter uma vocação mais interventiva e reforçar o elo entre as suas atribuições e o exercício dos poderes públicos que competem ao Estado.
Quanto à ordem de trabalhos, quero destacar o trabalho da Secretaria de Estado sobre três diplomas: a lei de combate à violência no desporto, o regime de formação para os treinadores desportivos e o estatuto do estudante/atleta.
Sobre o primeiro regime, acrescento que o compromisso político e o investimento na educação das novas gerações são indispensáveis par um combate eficaz aos fenómenos da violência no desporto. Sobre o regime de formação dos treinadores, saúdo que em cima da mesa esteja um regime flexível, e não facilitador, adequado à experiência e competências adquiridas pelos praticantes desportivos profissionais ao longo da sua carreia. Sobre o estatuto do estudante/atleta, reforço que é preciso ir mais a fundo, adaptando eficazmente os modelos de formação ao rigor do calendário competitivo. Na relação entre desporto e escola, o programa das UAAREs é um exemplo que deve ser multiplicado, uma aposta efetiva nas carreiras duais.
Termino com um enorme abraço para o senhor Shéu, Presidente da Comissão executiva do Sindicato entre 1988 e 1991, que "pendurou as botas" das suas funções institucionais. Destaco orgulhosamente o legado enquanto pessoa e desportista."