"Acredito que alguns benfiquistas andem com certo medo e pudor de olhar para as capas dos jornais. A proliferação de parangonas desfavoráveis ao Benfica, sem fontes ou com fontes inquinadas, segue a par da mais despudorada propaganda e da mais subserviente louvaminha a favor de outros emblemas. Não tem nada que saber: nesta fase do campeonato, os Vermelhos são dados como fora da corrida enquanto verdes e azuis-e-brancos envergam as faixas de campeões da treta, prefabricados sem entrar em campo. O que vale ao Benfica é que os directores de jornais ainda não decidem títulos.
Perguntarão os leitores: mas não há regras? Claro que há. Mas a existência formal de regras não significa nada sem o sentido da honra e o dever da ética. E na triste face em que o nosso País vive, a mais elementar das regras é a sobrevivência, para o que haverá que agradar ao patrão, obedecer ao capataz.
A crer na generalidade das parangonas, o Benfica já teria vendido a pataco todo o plantel, a equipa B, os juniores, começando já a despachar os sub-14. Claro que, em sentido contrário, outros emblemas já teriam recebido paletes de enormes reforços, contentores de grandes descobertas, caravanas de sorridentes promessas. Para esta época, ao pseudo jornalismo e ao alegado scouting só lhes falta vender o jardim-escola da Luz e entregar as faixas na pré-temporada aos campeões da propaganda. O Benfiquista comum, como qualquer ser humano, está sujeito à manipulação e à desinformação, quase sem uma contra-partida para tanto lixo tóxico. Nesse contexto, bem-haja ao Eduardo Salvio, o jogador profissional atento às interrogações e angústias dos adeptos. «As expectativas para esta época são boas», teve Salvio o cuidado de transmitir e foi o único a fazê-lo."
João Paulo Guerra, in O Benfica