"Uma esplendorosa fase de grupos prometia mais, ainda assim, assistimos a um excelente Mundial. Tivemos muitos e bons golos, grandes defesas, quebra de recordes, incerteza, emoção, e um campeão justo. Messi não conseguiu ser Maradona, e, mesmo conquistando o prémio para o melhor jogador do torneio, esteve longe do brilhantismo evidenciado noutras alturas ao serviço do seu clube. Faltou esse toque de Midas para que a Argentina dos 'nossos' Enzo Pérez e Garay se sagrasse campeã. Fazendo jus à velha máxima do futebol, no fim ganharem os alemães. E ganharam bem. Entre todas as selecções, a 'Mannschaft' foi a mais compacta, a mais empolgante, a mais refinada, e, sobretudo, a mais eficaz.
Juntamente com a detentora do título Espanha (precocemente afastada), o Brasil de Scolari foi quem mais desiludiu. Realizou um campeonato regular até às meias-finais, mas aí claudicou por completo, entrando para a história pela porta errada. É fácil criticar o antigo seleccionador nacional, e, por cá, muitos têm aproveitado a ocasião para ajustar velhas contas. Talvez seja justo lembrar neste momento que, com ele ao leme, a nossa selecção conseguiu os melhores resultados de sempre, e que, antes ainda, o mesmo técnico havia já sido campeão do mundo pelo seu país. Também me recordo de, com ele, Portugal vencer a Rússia pelos mesmos 7-1 que agora lhe acertaram em cheio. Não gosto de injustiças, nem de gente com memória curta, e ainda menos de lavagens de roupa suja - nas quais a comunicação social portuguesa é fértil.
Por falar em Portugal, talvez seja altura (agora sim) de avaliar a prestação do conjunto de Paulo Bento, os 0-4 diante de campeã Alemanha parecem-nos hoje francamente mais aceitáveis. E o empate com os Estados Unidos terá sido, também, face a tudo o que se viu, um resultado normal. Podemos pois classificar a participação portuguesa dentro de parâmetros que ficam longe de corresponder à imagem negra que os media - sempre ávidos de sangue - procuraram passar ao longo destas semanas."
Luís Fialho, in O Benfica
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