"Na contabilidade desta pré-época contabilizámos quantos futebolistas da equipa principal ficam e quantos saem. Especulámos sobre o assunto e alternámos entre o apocalipse e a descontração. Tendemos a esquecer que acabámos de fazer uma época de excelência e o que passou parece ter deixado de entrar na contabilidade.
No entanto, nesta contabilidade do que foi a época desportiva do Benfica importa ir um pouco além do óbvio. Importa perceber que há Benfica para além do excelente ‘triplete’ do futebol e que o nosso emblema triunfa num conjunto de actividades que têm tanto de eclético como de estruturantes em termos de formação e garantia de alicerces para o futuro.
Há poucos dias tivemos dois atletas medalhados nos Europeus de Canoagem. A medalha de ouro de João Ribeiro e o bronze de Teresa Portela terão obrigatoriamente de ser motivo de orgulho e realce. Terão obrigatoriamente de entrar no ‘deve e haver’ do sentir benfiquista.
No atletismo, a hegemonia de conseguirmos excelentes resultados (títulos!) na formação (juvenis, juniores e sub-23) deve significar mais do que uma nota de rodapé nas conversas entre benfiquistas. Diga-se que, na formação, o nosso Benfica obteve 28 títulos: 12 no atletismo; 5 no Hóquei em Patins; 4 no Futsal; 3 no Basquetebol; 3 no Voleibol; 1 no Andebol.
Cada um destes títulos tem o nosso nome, o nosso símbolo, o esforço de muitos atletas, treinadores e dirigentes. Cada um destes títulos é sinal de esperança num futuro eclético de um Benfica que, sendo na essência futebol, é muito mais do que apenas futebol. Cada um destes títulos deve, obrigatoriamente, entrar na contabilidade de uma época brilhante e que mais brilho tem se soubermos ver o Benfica para além do óbvio."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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