"Há vai ser um dia difícil para mim. Vou cortar o cabelo ao sr. António, e na cadeira do distinto barbeiro e ilustre benfiquista vou tentar responder a perguntas sobre as quais não faço a mais pálida ideia. Como muitos adeptos, o António imagina que qualquer dirigente do Benfica sabe quem entra, quem sai, porque entra ou porque sai. Vou tentar partir para o contra ataque mal chegue à barbearia/cabeleireiro:
- Que raio de adepto é o António que deixa vender os jogadores todos!!!
Mesmo antes da primeira resposta atiro logo a segunda a matar:
- Depois venham dizer mal do Jorge Jesus. Que pode fazer ele sem jogadores!!!
Enquanto tiro o casaco e me sento na cadeira para o corte disparo a terceira:
- O melhor era levar três do Estoril logo para ver se mudamos isto!!!
Depois tudo vai mudar, tenho que perceber que o António tem a tesoura e a navalha na mão, convém não abusar da sorte. Pensei e já tenho uma resposta que me parece válida para 90% das perguntas do António.
- Que quer amigo, é preciso pagar as contas, senão o clube acaba. Quer que isso aconteça?
Mesmo antes de Jorge Jesus entrar em campo com o seu primeiro onze de difícil solução, já eu tenho que estar preparado para responder a perguntas sobre as quais não imagino as respostas nem por aproximação.
Se mesmo assim a fúria do adepto estiver exaltada vou tentar apaziguar com um lacónico.
- Vai ver que os outros rivais também vão ter que vender muita coisa.
Mas o desporto tem estas coisas, o clube que ganhou tudo, e teve uma das mais espantosas épocas, é neste defeso uma amontoado de interrogações. Resta aos adeptos a alegria que logo à noite a bola já rola, e as nossas camisolas são fantásticas. Agora tem Jorge Jesus a palavra e isso é um activo importante para quem, como eu, acredita muito no seu valor."
Sílvio Cervan, in A Bola
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