"Escrevo esta crónica poucos minutos depois de saber da decisão dos jogos à porta fechada. As autoridades competentes resolveram agir em função do covid-19 e decretaram que, no futebol profissional, os encontros deste fim de semana (para já...) vão acontecer sem a presença de público. Não sou um perito em saúde pública, por isso não me vou pronunciar sobre a decisão. Se pensam ser a mais acertada para evitar contágios, aceito os argumentos científicos.
A única certeza que tenho é que é uma tristeza haver um jogo de futebol - ou de qualquer modalidade profissional e mediática - sem gente nas bancadas, mas neste caso há uma justificação. E forte. O que não se justifica é haver, semana após semana, milhares de atletas (que levam as suas modalidades a sério) sem gente suficiente a vê-los competir e a dar o melhor em prol de um clube, de uma paixão, de um dom.
E isso não tem que ver com contágios, mas sim com outra 'doença' que afecta grande parte dos portugueses: o vírus da falta de cultura desportiva. Desde o dia em que escrevo (terça) até ao dia em que jornada chega às mãos (sexta) - e agora vou tentar fazer futurologia... - vão ser longas horas de discussão sobre este tema, nas televisões, na Net, nos jornais. Vão ser muitos os indignados, os apoiantes e os peritos da decisão da porta fechada. Vão encher as redes sociais com teorias, mas são normalmente esses que nem metem o pé num estádio. E muito menos num pavilhão ou num rinque. E se lá fossem, vai uma aposta em como iriam passar a maior parte do tempo divididos entre criticar os árbitros, insultar os adversários e, até mesmo, os atletas da sua equipa? É certinho. O covid-19 é apenas mais uma forma de exteriorizar frustrações."
Ricardo Santos, in O Benfica
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!