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domingo, 14 de setembro de 2025

Seleção? ‘Tou nem aí!’


"Uma sondagem divulgada dia 2 pelo instituto Ipsos-Ipec, em parceria com o jornal O Globo, pediu a dois mil brasileiros de 132 municípios que avaliassem, de zero a 10, o grau de fanatismo pela seleção. Metade, 48,5%, respondeu através de notas de zero a 4. Quase um terço, 32,4%, optou mesmo pelo zero. Porquê?
«Uma das razões é o crescente desgosto com a vida no Brasil, a política, as instituições e a seleção, único símbolo universal do país, acaba recebendo, indiretamente, muito do que as pessoas sentem», resume Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gere a carreira de centenas de atletas.
Para Bruno Brum, CMO da Agência End to End, empresa de soluções para o mercado desportivo, «a seleção, que por décadas foi sinónimo de identidade nacional, hoje compete em desvantagem com os clubes, que oferecem experiências mais próximas, constantes e personalizadas». «Para reconquistar relevância, a CBF precisa pensar a seleção como uma marca viva, que dialogue de forma contínua com as novas gerações, em vez de aparecer apenas em janelas de competição.»
«Primeiro, é inviável comparar a paixão que os brasileiros têm pelo seu clube com o que eles sentem pela seleção, segundo, os jogos são esporádicos, o que dificulta a criação de uma comunicação contínua, terceiro, a falta de resultados positivos nas últimas edições do Mundial e a ausência de grandes ídolos também levam ao distanciamento do torcedor», acrescenta Sara Carsalade, co-fundadora da Somos Young, empresa que realiza o atendimento a sócios de clubes.
«Os insucessos no Mundial afastam gradualmente os simpatizantes, que não podem ser confundidos com torcedores, e que, segundo evidências históricas, lidam mal com derrotas», concorda Thiago Freitas. Mas o executivo da Roc Nation Sports acrescenta «o êxodo cada vez mais precoce dos atletas mais talentosos sem criar vínculos com as torcidas dos clubes brasileiros» como outro fator de distanciamento.
Todos concordam também que os casos de corrupção — e afins — protagonizados por sucessivos presidentes da CBF, como Ednaldo Rodrigues, Coronel Nunes, Rogério Caboclo, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero ou Ricardo Teixeira, não passam impunes aos olhos dos brasileiros.
Atenção: a sondagem foi divulgada já em setembro mas efetuada ainda em junho, antes de Carlo Ancelotti se estrear como selecionador. Talvez o efeito Carletto, que já se notou na atmosfera diferente no Maracanã na vitória por 3-0 sobre o Chile, possa ter mudado alguma coisa…"

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