"No âmbito das guerras de audiências e de conteúdos a que se entregam os diferentes meios de comunicação social, o futebol continua a ser um produto-chave. Se um dia a sua difusão deixar de ter importância, colocará um sério problema na economia do “desporto-rei”.
Para já, existe uma “teledependência”. Os direitos televisivos representam orçamentos colossais. Os jogadores tornam-se estrelas, aumentam a sua notoriedade e o seu valor de mercado. E o mercado do futebol transforma a paixão em lucro e os adeptos em consumidores. O futebol está em todo o lado, ocupando o espaço mediático. Vários canais de televisão têm sido criados dedicados a esta prática desportiva. As emissões concedem a palavra aos convidados, “refazem-se” os jogos, e, não raras vezes, a emoção predomina mais do que a reflexão. A televisão reflecte e constrói os imaginários sociais através das suas imagens e dos seus discursos. Ela é um bom parceiro do “negócio”.
Os jornalistas também procuram o seu lugar neste casamento de conveniência. Se são promotores do espectáculo na televisão, dão uma certa sensação de independência na imprensa escrita ou na rádio. A transmissão de um jogo de futebol não começa no momento em que as equipas se encontram no campo e a bola colocada no centro do relvado. Tudo é “desenhado” antes: a chegada dos autocarros com os jogadores aos estádios, a concentração dos jogadores no túnel que dá acesso ao relvado, a entrada dos jogadores em campo, o momento dos hinos, a tiragem à sorte para a escolha do terreno, as pequenas acções de “carácter mágico”, como diria Marcel Mauss, antes do jogo e, depois do jogo começado, as reacções dos jogadores protagonistas dos momentos decisivos. Se os adeptos aceitam o seu afastamento relativamente ao evento em si, renunciando ao espaço, não rejeitam ver os jogos via a mediação da televisão. No fundo, o desporto de competição, e em particular o futebol, é considerado como uma manifestação exemplar do capitalismo globalizado."
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