"As sucessivas notícias de testes positivos de doping nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e de Londres 2012 - e a consequente perda de medalhas - são um sinal de que o problema é muito mais profundo do que o imaginado. Na verdade, poderemos chegar ao extremo de ir retirando medalhas até as atribuir ao primeiro atleta a não ter sido objecto de análise na competição... ou a um que tinha uma isenção terapêutica para o uso de substância dopantes por, supostamente, ser doente.
Programas de dopagem a este nível, profissional, não são feitos num qualquer laboratório caseiro: muitas vezes visam promover uma determinada substância ou produto.
Uma aplicação rigorosa das regras em vigor pode punir os infractores, mas não evita o doping nem persuade todos aqueles que acreditam que esse é requisito inevitável para vencer. E, ao contrário daquilo que se possa crer, existe um grande número de atletas que recorre de forma irresponsável à suplementação, apesar de sucessivamente alertados para os perigos dessa conduta. Sabem da existência de uma percentagem significativa de produtos contaminados, uns de forma consciente e outros por falta de qualidade e controlo dos laboratórios que os fabricam.
Discute-se qual o modelo a adoptar para gerir o controlo antidoping a nível mundial, investindo milhões de euros em laboratórios. Mas todo esse esforço será em vão caso não se invista ainda mais na educação dos atletas, treinadores e dirigentes. São estes a chave para o problema do doping. Esses exemplos deviam partir dos atletas e da sua mensagem. Valorizando os atletas que de forma pedagógica têm assumido essa luta. Se dúvidas houver quando à profundidade deste problema, basta consultar a lista de produtos que muitos dos atletas consomem. Ou a quantidade de atletas que padecem de doenças que justificam o recurso a substâncias proibidas."
Mário Santos, in A Bola
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