"O advento do resultadismo deu-se na segunda metade da primeira época Vitoriana na Luz. Depois de um início de temporada catastrófico em que já ninguém podia ver Rui Vitória nem pintado do bronze da estátua do Eusébio, o SL Benfica desatou a distribuir goleadas como quem distribuía almofadinhas "pró cú" e nougats nos estádios do antigamente. Como o pessoal não estava disponível para admitir que se calhar podia haver muito Benfica no pós Super Jota, escudamos-nos no "resultadismo" para justificar dois campeonatos de enfiada à frente do agora D. Sebastião de Vera Cruz.
Com o falecimento do Benfica Vitoriano na primeira noite futebolística de 2019, pensou-se que o "resultadismo" tinha apanhado o avião para o, à data, altamente importante, mas agora por artes mágicas totalmente esquecido, campeonato da Arábia Saudita. Sob a batuta de Bruno Lage, o Glorioso embarcou numa série infindável de grandes resultados, a enfardar sovas de 10, 6 e 5 como se de um Tarzan Taborda se tratasse, limpamos o catarro das gargantas de tanto golo gritar e quando demos por nós, as rotundas de Portugal estavam entupidas de maduros e crianças a destilar álcool por todos os poros das camisolas rubras que envergavam.
Obviamente que nisto do Benfiquismo, a felicidade não pode durar muito tempo. Damos ali duas semanas de descanso à mente e depois arrancamos novamente para uma depressão qualquer, talvez por acreditarmos que a raiva e o desânimo é que mantém o clube atento e focado. Vai daí e em menos de 2 meses de competição, fomos ao hospital psiquiátrico buscar o Sr. Resultadismo. Chanfrado como dantes, mas amado como sempre, foi atiçado ao treinador campeão nacional como se do José Mota se tratasse, porque no SL Benfica somos todos muito exigentes.
Ora bem amigos, o que de momento estamos a atacar são 11 vitórias em 12 jogos. Parecido só na primeira época do Eriksson, em que o único jogo não vencido foi um empate. 98% do que atiram ovos ao treinador do Benfica nunca tinham visto 11 vitórias nos primeiros 12 jogos da época, mas que se foda, somos exigentes, porra!! Nestes 12 jogos sofremos 4 golos. Repito, 4 golos. Nem vou ver quando foi a última vez que tal registo aconteceu, mas na temporada do Eriksson íamos com 5, portanto está à vista que caminhamos em terrenos habituais para os exigentes. Fazendo uma resenha do total de jogos Lageanos de campeonato, temos 29 vitórias, 1 empate e 1 derrota em 31 jogos. Extrapolando isto num só campeonato, são 88 pontos, que é como quem diz, segundo melhor registo de pontos a seguir ao recorde de 86 em 34 jornadas do Sporting de JJ. Em 31 jogos marcaram-se 101 golos. Média de 3,25 por jogo. Rai'sparta o resultadista.
No fundo, estamos a ver história passar-nos em frente aos olhos, mas como somos todos uns "exigentões" apontamos o dedo e criticamos. "Ahh mas no tempo do Rogério Pipi e do Eusébio e do Chalana e do Jamir...", sim, todo o percurso nacional de 2019, até hoje é digno desses todos. "Ahh mas em Maio é que se fazem as contas", sim e elas foram feitas com o 37º e na liderança para o 38º. "Ahh mas o campeonato é fraco", sim desde 1934/35 que é, daí a expressão "uma goleada à antiga". "Ahh mas na Liga dos Campeões", sim queremos passar da fase de grupos, com a mesma exigência que o Vitória de Setúbal quer passar da fase de grupos da Taça da Liga. "Ahh mas...", sim, gravem é todos resumos de 2019 que daqui a 30 anos vamos querer mostrá-los aos filhos e netos."
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