"Horas antes do Estoril-Benfica, tertúlia vermelha, na minha zona de residência. Muito, mas muito ceticismo. Ripostei com firmeza. "Vamos ganhar". Ouvi críticas, demasiadas críticas. Percebi o desalento, depois do empate com o Belenenses, da derrota em Paris. Continuei a objectar. Fui convincente? Não sei, não sei mesmo.
Sei que o Benfica, pouco depois, bateu o seu oponente, num jogo sem casos, disputado num dos recintos mais complicados da nossa actualidade futebolística. Foi uma exibição deslumbrante? Não foi. Foi um triunfo inequívoco? Foi mesmo.
Na mesma roda de comparsas, fizemos a retrospectiva do embate. Voltei a ouvir censuras, muitas censuras. Insisti na réplica. Socorri-me de vários exemplos do nosso historial. Fui convincente? Não sei, não sei mesmo.
Sei que o Benfica é um universo numeroso, disso tenho orgulho incontido. Sei que o Benfica tem adeptos com opinião, muitas vezes desencontrada, disso tenho consciência irreplicável. Mas também sei que um Benfica desunido conduz, fatalmente, à tragédia. Disse-o em tom altissonante. Fui convincente? Sei, sei mesmo que fui.
Um benfiquista, por mais desassossegado que esteja, não pode, não deve, utilizar argumentos de um portista ou de um sportinguista. Tem direito a opinar? Tem, com certeza. Mas, mais do que tudo, tem o dever de procurar fazer a defesa do seu superior património emocional.
Os melhores benfiquistas reconhecem-se nos piores momentos. Como? Não descrendo. Antes, querendo. Antes ainda, crendo. Sempre. Sempre mesmo."
João Malheiro, in O Benfica
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