"No fim do clássico, Jesus disse que o jogo tivera uma intensidade só ao alcance das grandes equipas e Lopetegui elogiou os seus jogadores. Os comentadores riram-se: o jogo fora uma chatice! Julgo que não perceberam o que se passou.
Para Lopetegui, perder aquele jogo seria o fim da linha - e, talvez, o fim da carreira no Porto; para Jesus, seria voltar a morrer ingloriamente na praia. Para os dois treinadores, raros jogos tinham tido uma importância tão grande.
Depois dos 6-1 de Munique, o Porto só podia fazer uma coisa: estancar a esperada avalancha encarnada e depois tentar marcar. A estratégia só não resultou porque Jackson falhou estrondosamente um golo fácil. Quanto a Jesus, tinha de evitar a todo o custo sofrer golos, que podiam deitar a perder o trabalho de um ano inteiro.
Com isto na cabeça, as duas equipas disputaram a relva palmo a palmo - donde resultou um jogo chato mas sempre no fio da navalha. Cada movimento de uma equipa tinha de ter resposta por parte da outra. As substituições, pensadas ao pormenor, implicaram sempre alterações tácticas.
Os treinadores estudaram-se, espremeram os miolos, esgotaram-se - e no fim sentiam-se de consciência tranquila. O Porto conseguiu não deixar o Benfica fazer golos na Luz, ao fim de 92 jogos sempre a facturar, e só faltou marcar para tudo ser perfeito. O Benfica conseguiu não perder, num jogo só, o trabalho de uma época, como sucedera em duas ocasiões recentes.
A tensão máxima com que viveram o clássico explica as declarações dos treinadores no fim. E também a carga explosiva contida num abraço que parecia amistoso e acabou quase à estalada."
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