"Ser capitão de equipa já não é p que era. Tal qual a tradição. Adequou-se a um regime rotativista e fugaz. A ânsia monárquica de Dona Luísa de Gusmão de que mais vale ser rainha uma hora do que duquesa toda a vida, chegou ao futebol na versão masculina: mais vale ser capitão meia parte de um jogo do que um igual aos outros toda a carreira.
Há capitães para todos os gostos. Umas vezes, meramente etários, cronológicos ou quantitativos: ser o mais velho, o mais antigo no clube, o mais internacional (de onde?). Outras vezes em função do vedetismo, das camisolas vendidas ou de outro folclórico critério. Por fim, ligados a aspectos menos objectivos, mas mais apreciados: a experiência, a capacidade de liderança, a rectidão profissional, o amor à camisola (ainda há?).
O processo de escolha também é variável: designado pelo presidente, treinador ou director, eleito entre os pares, uma mistura de ambos, ou até por sorteio.
Com o fluxo constante de entradas e saídas, dificilmente há tempo para um capitão o ser de facto. A isto acrescem as substituições, que conduziram a uma curiosa hierarquia de capitães: o propriamente dito (que às vezes não joga), o vice-capitão e o vice-capitão do vice-capitão. Com a curiosidade de, às vezes, capitães e vices não se entenderem na mesma língua.
Ora ser capitão não deveria ser um título honorífico, curricular ou circunstancial. Até para não desvalorizar a função. A estabilidade de um capitão numa equipa é importante para a disciplina, a coesão, a prevenção de problemas e a construção de um espírito sólido de balneário. Para representar os jogadores dentro e fora do campo. Com a naturalidade de um líder. Com a autoridade de exemplo."
Bagão Félix, in A Bola
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